Capítulo 98 - O presente do demônio
Dentro da torre, Byron encontra-se com a sobrancelha arqueada, intrigado com a pequena árvore de onde brotam os ramos que estendem-se clareira afora. Rubi, ao seu lado, também observa a planta com entusiasmo.
“Incrível, não é?”, diz a succubus.
“Impressionante”, o diabo comenta, fascinado.
“Pensei em deixá-la viva até lidarmos com as garras-brancas.”
“Isso facilitará bastante as coisas no curto prazo. Realmente, uma surpresa incrível”, Byron fala, sorrindo com satisfação. “Agora entendo o motivo da sua empolgação.”
Rubi lança-lhe um olhar incrédulo. “Essa não era a surpresa…”, ela corrige.
Ele se contenta com muito pouco, pensa a succubus.
Ela aponta para o enorme buraco no centro do local. “Está ali.”
Curioso, Byron se aproxima da borda e se impressiona com a profundidade do fosso. E logo, a luz refletida do tesouro ao fundo chega aos seus olhos.
Ele vê uma pilha reluzente de moedas de ouro, tão alta que quase alcança a estatura de Rubi.
Ao lado do monte, estão outros objetos, igualmente brilhantes como as moedas, organizados pelo chão como objetos em uma mesa. Variando entre cálices de prata, peças metálicas ornamentadas, uma armadura cinzenta, gemas soltas e até mesmo um baú.
O tesouro emana um brilho cálido, refletido pelas paredes de pedra úmida e irregular da câmara.
“E aqueles seriam os espólios de Naganadeliumos, não é?”, questiona ele, ainda impressionado.
“Sim. Estava uma bagunça, mas eu arrumei”, responde Rubi com naturalidade, como quem fala de uma estante desorganizada.
“E a surpresa, tem a ver com eles?”
“Sim… e não”, diz ela, com um sorriso enigmático.
A succubus caminha até a beirada da borda com passos leves e aponta para baixo, seu dedo indicando algo muito além do tesouro visível.
“Está ali.”
O diabo arqueia uma sobrancelha, ainda mais intrigado, e se inclina sobre a borda. Uma brisa morna sobe do abismo, trazendo o cheiro de terra antiga e algo metálico no ar.
A meio caminho até o fundo, cravada na lateral de uma saliência rochosa, repousa uma espada.
A arma brilha intensamente, como se tivesse luz própria. Seu cabo longo exibe ornamentos intricados, e a parte visível da lâmina, larga e perfeitamente polida, reflete a luz como um espelho.
“Uma espada larga?”, Byron questiona, agora com um toque de confusão misturado à sua curiosidade.
“Tem algo especial nela”, Rubi comenta. “Queria que você desse uma olhada.”
“Eu não entendo muito de armas e equipamentos. Mas se é o que deseja, eu dou uma olhada”, o diabo responde, encarando a arma. “Só não entendo o por que aquela espada estaria ali? Não consigo ver uma razão lógica para isso.”
Byron não vê, mas a pergunta faz o semblante confiante de Rubi vacilar e a cauda dela se espicha por um instante. “Aquilo foi eu. Precisei de um degrau pra poder pular pra fora do fosso”, ela responde, num tom casual, mas cuidadosamente vago, como quem tenta desconversar algo.
“Hum”, murmura o demônio, acenando a cabeça com um ar de compreensão. “Agora eu entendo, mas eu diria que esse foi um método pouco inesperado.”
É mas foi a melhor maneira que eu encontrei de sair dali sem precisar te invocar ou destruir a parede, ela relembra, o rosto quente de constrangimento. Como que eu ia explicar que fiquei presa num buraco? Que tipo de lorde demônio faz isso?
“Enfim, você pode pegar ela e dar uma olhada?”, ela pede, voltando ao assunto.
“É claro.”
Mais uma vez, Byron se cobre em chamas e assume sua forma demoníaca. Um ser imponente, de pele vulcânica e asas membranosas.
Ele salta no buraco, abrindo as asas para planar lentamente até a espada.
Rubi observa da borda enquanto Byron voa até a espada.
Ele se aproxima e estende o braço, grande e musculoso, até o cabo da arma e, sem esforço, puxa a lâmina da parede.
Byron se vira e começa a subir de volta até Rubi.
A succubus observa com atenção como a arma contrasta com o enorme corpo do demônio.
O cabo longo encaixa-se perfeitamente em sua mão e, mesmo com o tamanho colossal de seu corpo, a lâmina, larga e comprida, quase do tamanho de Rubi, ainda mantém as proporções de uma espada bastarda nas mãos de um cavaleiro.
É perfeito, ela pensa, com a cauda balançando, inquieta de empolgação.
Byron aterrissa, seu corpo encobre-se em chamas e assume sua forma humanoide.
Rubi ainda segue atenta, examinando o diabo de cima a baixo. Mesmo sem a transformação ainda não ficou ruim, ela constata. Vai ter que usar as duas mãos, claro, mas ainda assim.
“O que achou?”, ela pergunta, ansiosa.
O demônio examina a espada em suas mãos, correndo o olhar do cabo até a ponta. “Como eu disse, não entendo muito de armas. Mas esse me parece um bom equipamento.”
“Então… eu queria que você ficasse com ela.”
Byron arqueia uma sobrancelha, confuso. “O que?”, ele questiona, como se tivesse perdido um pedaço da conversa.
“Eu queria saber se você não tem interesse em aprender a usar espadas.”
“Por que isso tão de repente?”
“Sinceramente, vi como você é forte. E também sentir que você tem potencial pra ser ainda mais poderoso. Só que pra isso, acho que você tem que tentar algo novo.”
Já percebi que o Byron não tem uma classe ou maestrias fora das raciais. Parece que ele treinou a vida toda só com as características naturais de raça, ela reflete. Não sei como isso impacta o Byron, mas não consigo deixar de imaginar o quão poderoso ele seria se usasse alguma arma, ou até mesmo se especializasse em alguma classe.
Byron fica com uma expressão perdida, ponderando sem saber como reagir e a torre fica em silêncio por alguns segundos.
“E então, o que me diz?”, Rubi questiona. “Não precisa ser essa arma, mas ao menos essa dai não vai quebrar na sua mão e com espadas podemos acelerar seu treinamento usando um pac…”
Mas Byron a interrompe. Crava a ponta da espada no chão e a segura firme com as duas mãos. Em seguida, curva-se com um joelho ao chão, um gesto solene, quase reverente.
“Eu nunca me imaginei treinando esse tipo de coisa, mas, se a senhorita acha que esse é o caminho, não irei questionar.”
Rubi esboça um sorriso simples, mas carregado de alívio.
Ainda bem que ele aceitou a espada. Acho que a única outra maestria que eu poderia compartilhar com ele, seria o arco. Mas eu não consigo imaginar ele lutando a distância, muito menos com uma arma que precisa de mais sutileza, ela pensa, enquanto sua cauda relaxa. A espada até combina. Ele já é um cavaleiro mesmo.
“Eu sei que é. Pode confiar”, diz Rubi, com firmeza. “Talvez eu até consiga te passar alguns dos meus feitiços.”
Byron baixa o olhar, e um sorriso torto se forma no canto da boca. Um riso abafado escapa.
“Quanto a essa última parte, creio que não será necessário”, ele responde, sem encará-la. “Feitiços na mão de um diabo como eu… seriam um desperdício.”
O olhar de Rubi suaviza.
É bem visível o quanto ele gosta de feitiços, ela pensa, com uma ponta de empatia. E eu entendo porque ele pensa assim. Diferente de mim, o Byron não teve a opção de escolher nascer em uma raça que tem afinidade de conjuração.
O diabo continua ajoelhado, os ombros levemente caídos, o olhar perdido no chão.
Behemoths naturalmente não têm um atributo mágico alto e não podem conjurar feitiços enquanto transformados. Num mundo onde um erro pode custar tudo, gastar tempo e recursos em coisas que não temos afinidade é muito arriscado, ela analisa. Mas… sei que pode valer a pena. Ainda mais, se posso ajudá-lo.
“Relaxa”, diz ela, com a voz leve e acolhedora. “Eu posso te ensinar alguns macetes. Você não é o primeiro Behemoth que eu ajudo.”
Byron finalmente ergue os olhos e vê a succubus sorrindo. Um sorriso largo, seguro, que exala confiança e convicção. Ele solta uma leve risada, contagiado pela certeza que ela transmite.
“Agora que estamos mais tranquilos, podemos encaixar o seu aprendizado bem no começo da fase dois”, ela afirma.

Bom dia, boa tarde e boa noite a quem estiver lendo isso.
Dia 13/07/2024 postei os primeiros capítulos dessa novel. Tive o apoio de muita gente, amigos, pessoas do site e leitores. Hoje, um ano depois, ainda sigo postando essa história que me diverte muito.
Quero agradecer muito as todos que puderam me deram forças para continuar até aqui.
Demorei postar essa mensagem pois muitas coisas culminaram na mesma época, aniversário da novel, a marca de 100 capítulos, com a marca de 35.000 visualizações e em breve já é o aniversário da Illusia.
Em uma forma de comemorar isso, vou divulgar agora o Character Design da Nossa protagonista.
Já postei algumas imagens dela antes, mas esse seria o character desisgn oficial.
Ps.: Eu tenho o hábito(Vício) de encomendar várias artes da Rubi com artistas diferentes(talvez um dia eu poste em algum lugar da novel), mas eu finalmente, depois de muito tempo(e dinheiro gasto), encontrei um que fizesse a ficha de design que eu queria.
Ps2.: No site, a marca de 100 capítulos já foi batida, mas eu não gostaria de contar os prólogos como parte do 100º capitulo (não tem nem 500 palavras em um deles) o capitulo que seria o 100º postado, seria o 99(existe o capitulo especial de fim de ano no meio do volume 2).
Ps3.: Quem sabe o Byron não ganhe uma imagem(finalmente) que venha junto de uma possível nova ficha com as habilidades dele?
Mais uma vez, muito obrigado mesmo.
Arte por: @HozumiOuO
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