Capítulo 13 - Pulsos de uma ameaça
Resumindo: um portal se abriu perto de minha casa e, de acordo com ele, eu DEVO fechá-lo. Claro, por que não? Parece que todas essas tarefas inevitavelmente recaem sobre mim. Existe uma ironia nisso, uma espécie de piada cósmica que não consigo deixar de notar.
Embora eu me queixe sobre isso, não posso deixar de encarar a situação com um sorriso cínico, acompanhado de uma pitada de curiosidade. Será que meu desdém disfarça um interesse genuíno pelo caos?
“Sim, eu entendi: é perigoso, e se eu te der a chave do portal, você me dá um item mágico em troca. Mas onde está esse portal? A apenas um quilômetro da minha casa? Nossa, está mais perto do que eu gostaria. E o que está saindo dele? Zumbis?”
“Ah, francamente, eu preferiria lidar com um bando de goblins. Preciso ir rápido? Sem dúvida, não quero que algum desavisado se aproxime do portal.”
Peguei meu espelho de bolso, minha única linha de comunicação com ele depois que saí de casa. A sorte estava do meu lado: era noite, e minha família dormia profundamente, sem se perguntar para onde eu estava indo a essa hora.
Segui o caminho que ele me indicou, mas mesmo à distância, algo parecia errado. Uma luz avermelhada atravessava a escuridão da noite, vindo de um campinho de futebol. Sem dúvida, algo muito errado estava acontecendo ali.
Ao me aproximar, a visão que se desdobrou diante de mim era de um horror indescritível. No centro do terreno, um portal avermelhado pulsava com uma luz antinatural, como um ferimento aberto no tecido da realidade.
Dessa abertura infernal, saíam figuras desumanas, cadáveres ambulantes decompostos que cambaleavam de forma grotesca. Esses zumbis, com olhares vazios e bocas entreabertas soltando gemidos desarticulados, arrastavam-se pelo campo. A carne putrefata pendia de seus ossos expostos, criando um espetáculo de decadência e morte que ecoava a podridão da própria alma humana.
Era como se todo o desespero e a miséria do mundo tivessem encontrado ali sua manifestação mais crua e visceral, um reflexo perturbador daquilo que todos tememos encarar: a inexorável marcha da morte.
Avancei o mais furtivamente possível, tentando silenciar o maldito reflexo no espelho que insistia em murmurar em minha mente. Felizmente, um zumbi não possui sentidos aguçados — afinal, sendo um morto-vivo, seus sentidos já não são mais do que ecos de uma existência passada.
Era como se toda a capacidade de percepção tivesse sido drenada de seus corpos, deixando apenas a fome insaciável e uma movimentação torpe.
Contei quatro dessas criaturas abjetas, mas o portal permanecia aberto, com a luz sinistra. Era inevitável que mais delas continuariam surgindo se eu não agisse rapidamente para fechá-lo.
A ideia de um número crescente de mortos-vivos andando pelo campo trazia uma sensação de desespero que me envolvia como uma neblina sufocante. Se a quantidade deles aumentasse… bem, eu estaria prestes a entrar em uma enrascada monumental.
Meu objetivo é claro: fechar o portal antes de me preocupar com os mortos-vivos. Se me atrasar tentando eliminá-los, certamente aparecerão mais. Decido me esgueirar à distância, contornando cuidadosamente o campo em vez de seguir direto em direção aos monstros.
Cada movimento precisa ser calculado e cuidadoso, mas sem sacrificar a velocidade.
Finalmente estava me aproximando quando, de repente, algo novo começou a emergir do portal. Merda! O horror daquela visão inesperada fez minha mente girar com pensamentos caóticos. A realidade parecia distorcer-se ao meu redor, como se o próprio universo zombasse da minha tentativa.
Mais uma vez, a fragilidade da minha situação me golpeava com força, e o desespero sussurrava em meu ouvido, ameaçando derrubar a tênue coragem que ainda me restava.
Diferente dos outros, esse era colossal. Sua mão imensa já ocupava boa parte da saída do portal, uma visão grotesca e intimidadora que gelava o sangue nas minhas veias. A realidade da situação se impunha com um peso esmagador: eu não consigo lidar com essa porra sozinho.
A visão do monstro emergindo, acompanhada pelo som sinistro de seu rugido abafado, marcava não apenas o desafio iminente, mas também a possível ruína de tudo que eu tentava proteger. Conforme a noite caía ainda mais sobre o campo, o portal pulsava com uma luz ominosa, prenunciando uma batalha que poderia muito bem ser a minha última.
Subitamente, uma realização me atingiu como um raio: a criatura estava tendo dificuldades para sair do portal, quase como se estivesse presa, a passagem sendo pequena demais para seu tamanho imenso.
“Preciso fechar isso AGORA.”
Meus olhos captaram um brilho não muito distante — uma pedra vermelha brilhante situada ao lado do portal.
Desculpe, mas é óbvio que isso é a chave. Parece até uma grande falta de criatividade de um certo autor, pensei com um misto de urgência e ironia. A situação era tão ridícula que, mesmo no meio de um pesadelo real, eu não conseguia evitar uma reflexão sarcástica sobre a simplicidade da solução.
No entanto, o luxo de ponderar sobre a criatividade alheia não era algo que eu podia me permitir naquele momento. O tempo estava contra mim, e a ameaça crescente exige ação imediata.
Rapidamente, corri em direção à pedra, cada passo ressoando com o peso da responsabilidade. Agora, não era apenas uma questão de sobrevivência, mas uma corrida contra o tempo para impedir que uma ameaça colossal se libertasse completamente.
A luz avermelhada da pedra parecia pulsar ao ritmo de meu coração acelerado, cada batida um lembrete do que estava em jogo. A ironia de toda a situação não me escapava — um simples objeto brilhante, praticamente clamando para ser a chave de tudo, como se o destino estivesse rindo da minha urgência.
No entanto, não havia tempo para reflexões filosóficas; cada segundo perdido poderia significar a libertação de algo verdadeiramente apocalíptico. Sentia o peso do momento como uma mão invisível pressionando meus ombros, obrigando-me a confrontar a magnitude do perigo que se avolumava diante de mim.
E meus queridos leitores, é a hora de usar o anel!
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