Eu nunca acreditei no amor à primeira vista. Sempre me pareceu um devaneio romântico, um capricho das mentes poéticas. Mas, ao vê-la diante de mim, senti que algo transcendente aconteceu. 

    O tempo parou subitamente, como se o próprio universo tivesse retido o fôlego. O mundo ao meu redor desapareceu, mergulhado em um silêncio profundo e avassalador. 

    A realidade, com todas as suas banalidades e rotinas, foi suspensa em um instante de eternidade. Naquele breve momento, tudo o que eu pensava sobre o amor e a vida foi questionado.

    Sem romantização ou erotização, eu só conseguia descrever ela em duas palavras, simplesmente linda. Nada menos que isso, nada mais, parecia uma obra de arte, acho que já estou enrolando demais, mas foi o meu primeiro e único amor até hoje, quase 800 anos e nunca encontrei ninguém que chegasse ao seu nível.

    Despojado de qualquer tentativa de romantização ou erotização, só poderia descrevê-la em duas palavras: simplesmente linda. Não há exagero, nem diminuição. Ela parecia uma obra de arte viva, um testemunho da perfeição. 

    Talvez eu esteja sendo prolixo, mas foi meu primeiro e único amor verdadeiro. Em mais de quinhentos anos de existência, jamais encontrei alguém que se comparasse a ela. 

    Sua lembrança é um peso que carrego, um fardo doce e amargo que atormenta minha alma. A beleza que ela possuía era uma ironia cruel do destino, uma provocação constante à minha incapacidade de esquecê-la.

    — E quem é esse retardado que está babando? — A elfa olhava para mim

    O anão, relatou a situação para ela e, em seguida, nos conduziu até uma pequena sala. O ambiente era austero, contendo apenas uma lousa e algumas carteiras dispersas. 

    Ele nos pediu que aguardássemos, prometendo que em breve nos ensinariam os fundamentos desse mundo estranho e desconhecido. Enquanto esperávamos, a ansiedade e a curiosidade travavam uma batalha dentro de mim. 

    Cada detalhe daquele espaço minimalista parecia carregar um peso, uma preparação para o que estava por vir. Vou resumir os acontecimentos para vocês, para que não percam tempo com minúcias desnecessárias.

    Um mundo repleto de magia, onde dragões imponentes voam pelos céus, masmorras escuras escondem perigos e guildas variadas disputam poder sob o olhar caprichoso dos deuses. Nada disso surpreende, dado o caráter peculiar deste lugar. 

    Aqui, o arcano está em todo lugar, moldando o cotidiano de seus habitantes, enquanto os dragões são mais do que simples criaturas lendárias, representando as forças incontroláveis que governam suas vidas.

    A eletricidade, é o fundamento sobre o qual repousa toda a nossa sociedade moderna. Imaginem, por um instante, um mundo privado desse recurso. O que restaria senão um colapso absoluto, uma desordem insana?

    Igualmente, este lugar encontra-se preso nas garras da magia. Privados de seus encantos, os habitantes não teriam sequer a menor possibilidade de uma existência digna. Sem o brilho dos feitiços, que infundem vida e calor ao cotidiano, a sobrevivência tornar-se-ia um fardo insuportável. 

    As ruas, antes vibrantes de energia mística, seriam reduzidas a meros corredores de miséria e desespero. A magia, portanto, não é apenas uma comodidade, mas a própria essência que mantém a sanidade e a ordem em um mundo que, sem ela, mergulharia inevitavelmente na escuridão.

    As tensões raciais, embora dissimuladas sob uma frágil fachada de civilidade, persistem como um veneno latente. Diversas raças, compelidas a coexistir por milênios, aprenderam o amargo ofício da tolerância mútua, mas a desconfiança permanece inabalável. 

    A tecnologia, neste lugar, é uma peculiar e dissonante fusão entre os rústicos instrumentos da era medieval e os sofisticados eletrodomésticos animados pelo poder arcano. A simplicidade brutal das forjas de ferro coexiste com a sutileza mágica de artefatos que parecem ter vida própria.

    Na cidade, o poder absoluto reside nas garras da dragonesa negra, que governa com um domínio inquestionável. Seu castelo, uma fortaleza imponente próxima ao centro, ergue-se como um monumento ao seu poder sombrio. 

    Dia e noite, o terreno é protegido por uma legião de mortos-vivos, entidades macabras que ela mesma criou e controla. Além da dragonesa negra, outros dragões governam seus próprios territórios com autoridade inquestionável.

    Acima da cidade, pedaços de terra flutuam no céu, formando um conjunto de ilhas aéreas. Estes pedaços de terra, suspensos magicamente, compõem o conselho, onde os representantes de cada raça se reúnem para deliberar sobre questões políticas.

    Aqui, o real, o dólar e qualquer outra moeda terrestre não possuem valor algum. Neste mundo, a economia gira em torno de pequenas moedas prateadas e douradas, chamadas tostão e pila, respectivamente. As pessoas comumente dizem “tenho 5 pilas” ou “estou sem nenhum tostão”

    Cem tostões equivalem a uma pila, e uma pila é suficiente para sustentar uma pessoa por um ano inteiro com uma alimentação decente.

    Fundar uma guilda exige três selos de aprovação e três membros fundadores. Esses selos podem ser fornecidos por outras guildas, órgãos públicos ou indivíduos influentes. Cada guilda criada representa um grupo social específico, como aventureiros, mercadores e até mesmo cozinheiros. 

    A afiliação a uma dessas organizações é um processo relativamente simples: basta submeter um pedido acompanhado de seu histórico de trabalhos. Sim, currículos são uma realidade inescapável até neste mundo.

    Há mais alguns detalhes mencionados que escapam à memória, mas recordo-me claramente do nome daquela elfa magnifique: Kadri. Ela é a chefe da DIVIIP, uma organização de grande importância. 

    Quando Kadri está ausente, um anão assume o comando, mas apenas nessas circunstâncias. Sendo uma elfa da primavera, traz consigo a graça e a vitalidade dessa estação.

    Há ainda algo de suma importância que foi mencionado: todas as raças neste mundo carregam um fardo. Por exemplo, você já deve ter ouvido falar que os anões são ferreiros exímios, mestres na arte da metalurgia. 

    No entanto, aqui, tudo o que um anão constroi está inevitavelmente destinado à ruína. Cada obra de suas mãos calejadas, por mais perfeita que seja, encontra um destino de destruição. Mas ninguém sabe qual é a nossa maldição.

    — Vocês começam amanhã, às oito em ponto. Se se atrasarem, descontarei de seus salários — disse Kadri com um olhar severo. — Bem-vindos a Télos, a maior cidade do continente de Enchantria!

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