Capítulo 21 - A fúria e o fiasco
Wian, com um leve tremor nas mãos, abriu a porta. Télos permanecia o mesmo, um lugar de beleza sublime, onde cada detalhe parecia exalar uma magia serena, uma promessa de paz.
No entanto, desta vez, havia algo perturbador. Não era a beleza que ressoava, mas sim um coro de gritos que invadia a praça principal. Gritos de desespero.
Ao observar mais atentamente, percebi que a cena diante de mim era grotesca. Humanos se voltavam contra os moradores deste local. A anarquia que se espalhava não era um capricho do destino, mas uma previsão precisa que a Kadri antecipara com precisão aterradora.
Com um estalo seco dos dedos, senti a fúria pulsar em minhas veias, pronta para desferir golpes implacáveis nesses novatos. Mas então, meus olhos o encontram:
Driemeier, o maldito, aquele que há muito tempo se tornou a sombra escura de minha existência . E ali estava ele, trazendo consigo todo o peso de nossa desavença.
“O destino, colocou em minhas mãos; uma última chance de ajustar as contas que há muito pesam sobre minha alma.”
— Vocês lidem com os demais; O lourinho, é meu. — Contava quatro figuras à frente. Wian, com sua precisão implacável, cuidaria de dois num piscar de olhos. — Aquele ali será minha diversão.
Como poderia explicar nossa rivalidade? Algo tão insignificante, e ainda assim tão corrosivo. Nunca o conheci de verdade, mas ele encontrou motivos para me odiar — como se a própria futilidade da adolescência tivesse conspirado para isso.
Minha primeira namorada foi a garota mais popular da escola, e ele, perdido em sua paixão juvenil por ela, decidiu que eu era o inimigo. E assim, numa madrugada qualquer, ligou para mim, interrompendo meu sono apenas para me ofender e, em seguida, desligar abruptamente.
Isso poderia ter sido o fim, mas não para ele. Não satisfeito, ele começou a espalhar rumores pela cidade, e com o peso da influência de sua família, esses boatos se espalharam de forma que não podia combater.
Foi por causa desses rumores, dessas mentiras infundadas, que eu a perdi.
Ele havia derrubado uma elfa ao chão, e, em meio a um delírio febril, gritava com uma convicção insana:
— Esta é a terra que Deus nos deu para conquistar!
A cena era tão absurda que não pude conter meu asco e incredulidade:
— Mas o que caralhos você pensa que está fazendo? Quer morrer agora ou depois?
O opressor estava cercado por um bando de seguidores covardes, que riam sordidamente enquanto ele a humilhava, ferida e ajoelhada diante dele. Sabia que o momento de agir havia chegado, mas junto com a fúria, vinha a consciência do peso de minhas próximas ações…
Com passos firmes e rápidos, avancei em direção ao Driemeier, ignorando os gritos de alerta de meus amigos. Seus olhos estavam fixos no paladino enquanto o mundo ao redor se desvaneceu em um borrão indistinto, ergui o punho, sentindo a tensão se acumular em meus músculos como uma tempestade prestes a explodir.
A mão rasgou o ar com um silvo feroz, encontrando o rosto do paladino com uma precisão devastadora. O impacto foi brutal, o som seco do choque ecoando pela praça como um trovão em meio ao silêncio.
Pego de surpresa, sua cabeça foi jogada para trás, e seu corpo, antes imponente, cambaleou, traído pela força descomunal que o atingira. A praça, antes preenchida por risos e gritos, mergulhou em um silêncio absoluto
Enquanto ele lutava para recuperar o equilíbrio, ainda atordoado pelo primeiro golpe, avancei com uma fúria implacável, como se a própria essência da violência tivesse tomado forma, desferindo golpe após golpe.
O tirano finalmente caiu.
Minha vontade era continuar desferindo golpes e esmagar ainda mais aquele corpo inerte. Mas que glória, que mérito haveria em bater em alguém que já se encontrava desacordado?
— Merda… ele já está desacordado…
…
Enquanto levavam os recém-chegados sob custódia, nós nos dirigimos para encontrar o sub-chefe da DIVIIP. Para minha sorte, não enfrentaria qualquer punição pelo que fiz a Driemeier; afinal, eles estavam atacando a população.
Wian e sua irmã subjugaram os outros com a mesma facilidade com que eu havia feito, mas agora, permaneciam em silêncio. Talvez por terem visto a fúria descontrolada que havia me controlado…
Ao chegarmos ao departamento policial, fomos recebidos por um ambiente agitado, onde a tensão parecia palpável no ar. O anão nos avistou assim que cruzamos a entrada e veio em nossa direção com passos rápidos e decididos.
Seu rosto mostrava um misto de alívio e urgência enquanto nos agradecia por termos contido a situação na praça principal. Mas, sem perder tempo, ele já mudou de assunto, como se a gravidade da nova situação exigisse total concentração.
— Preciso de vocês em outro caso — disse ele, a voz carregada de preocupação. — Houve um assassinato em uma hospedaria da Taverna “A Última Dose”. Acho que novos olhos podem trazer uma perspectiva diferente.
“Okay… isso é tragicômico”
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