Índice de Capítulo

    Bang!

    Um som de impacto ressoou pelos corredores do hospital. 

    ‘O quê?!’

    As sobrancelhas da jovem se arquearam, pois ela sentiu claramente seu punho atingindo o inimigo, no entanto, o corpo dele nem mesmo se moveu com o golpe.

    Seus olhos brilharam em azul, e mesmo quando o chão se partiu sob a força da gravidade que ela colocou no seu oponente, ele não se curvou ou pareceu ser afetado levemente por isso.

    Existiam apenas duas razões para tal coisa ocorrer. Sua força era grande o suficiente para a gravidade não incomodá-lo, ou a habilidade dele poderia interferir com a dela de alguma forma.

    ‘Então eu preciso aumentar a pressão!’

    Após suas pupilas adotarem o formato de uma supernova, Moon colocou ainda mais energia em subjugar o inimigo com seu elemento.

    No entanto, não importa o quanto ela tentou, o alvo permaneceu irresponsivo. Os dentes da jovem se cerraram, e ela estava prestes a iniciar uma nova onda de ataques quando seu corpo congelou.

    A razão de seu corpo ter congelado assim não foi medo, e sim uma reação física que nem sua própria dona soube explicar o porquê.

    Um arrepio percorreu o corpo dela, seguido do frio enquanto seu sangue começou a fluir mais devagar e seus membros não seguiram suas ordens, Moon genuinamente começou a entrar em pânico.

    ‘Se mexe! Se mexe, se mexe…’

    Tum Tum!

    Enquanto ela repetia essas palavras em sua mente, os batimentos do coração dela diminuíram drasticamente, como se estivesse preparado para parar.

    Uma sensação de pressão tomou o pescoço da jovem e, com a mão do inimigo inimigo enrolada em sua garganta, ela teve seu corpo levantado.

    ‘É assim que eu vou morrer?’

    Encarando os olhos escarlate do oponente, Moon se questionou, parando momentaneamente as tentativas de se mover.

    ‘Não! Eu ainda tenho muita coisa para fazer!’

    Ela havia acabado de confessar para Silver e descobrir que tinha uma chance com ele, seu clã ainda precisava ser organizado e a irmã de Akame continua desaparecida. Nada disso iria se realizar sozinho, então Moon não poderia morrer.

    Um leve espasmo em seu dedo trouxe esperança para a jovem, e com muito esforço seus lábios se abriram. Pela primeira vez na vida dela, uma quantidade exorbitante de esforço foi colocada na simples tarefa de falar, mas valeria a pena.

    —  [Lyri…

    —Yuki, Moon? O que vocês estão fazendo? — A voz de Argent atravessou o corredor, pausando o movimento da dupla.

    ‘Yuki?’

    Foi como se um raio houvesse a atingido e, pela primeira vez desde o início da disputa, a garota olhou para seu oponente.

    Cabelos brancos puros amarrados em um rabo de cavalo, e os olhos antes escarlate da mulher começaram a se desfazer, adotando uma cor azul límpida. Mahina Yuki, a professora de Silver e prima de Argent.

    ‘Merda! Eu quase morri porque não olhei para o rosto dela!’

    Enquanto Moon ponderava sobre a identidade da mulher, o mesmo ocorreu do lado oposto.

    ‘Moon? Acho que Argent tinha mencionado algo sobre isso…’

    Inclinando a cabeça levemente, a mulher olhou para os fios roxos do cabelo da jovem, descendo até os olhos de cor ametista. Percebendo que a descrição que recebeu por mensagem batia, ela pensou mais profundamente sobre as mensagens enviadas por sua prima.

    ‘Ela parece ser amiga de Silver ou algo assim…’

    Assentindo para o próprio raciocínio, ela liberou seu aperto do pescoço da garota, a permitindo retornar ao chão.

    — Cough! Cough! — Tossindo para expulsar a sensação de aperto em sua garganta, Moon olhou com um pouco de ressentimento para Yuki. — Será que você não poderia ter pegado um pouco leve?

    — Isso foi leve… — A mulher piscou algumas vezes. — E foi você que atacou primeiro.

    — Meu mal. — Incapaz de refutar, a jovem se desculpou. — Viu algo estranho no caminho até aqui?

    ‘Talvez haja algum outro grupo no hospital…’

    — Sim. — A resposta foi bem sucinta, sem deixar espaço para má interpretação.

    ‘Então eles estão mortos’

    Se existe algo que a novel explicou sobre Yuki, foi o fato dela ser bem sanguinária com seus inimigos e o quanto o ‘vaga-lume’, Yoshiaki Seiji, discordava deste modo de agir.

    ‘Não que eu ligue para o que ele acha’

    De qualquer forma, ela tinha que lidar com o perigo imediato. 

    — Podemos conversar dentro do quarto? — A garota perguntou, embora seu tom implicasse quase que uma ordem.

    Ignorando isso, Yuki acenou expressando aceitação. A dupla se recompôs enquanto se dirigiam até o quarto de Argent.

    ❂❂❂

    — Eu disse para você não sair! — exclamou Oliver, segurando a mão de Argent e acompanhando-a até a cama.

    Durante este processo, o homem ainda poupou um olhar raivoso para Yuki, o qual a mulher percebeu mas ignorou.

    — Estou grávida, não paraplégica. — Enquanto dizia isso, ela inclinou a cabeça, olhando na direção de seu esposo. — E não olhe assim para Yuki.

    A boca do homem se abriu e fechou múltiplas vezes, mas, no fim, ele se manteve calado.

    — Bem… — Esfregando o pescoço para se livrar da sensação de dormência, Moon olhou para Yuki, e então para Oliver sentindo a tensão entre a dupla.

    — Tentaram alvejar a mim e Silver quando estávamos conversando do lado de fora. — A jovem se recostou na parede próxima a porta enquanto dizia. — Mas não precisa se preocupar, depois dele lidar com isso, é improvável que tenha mais assassinos no hospital.

    ‘Melhor não estressar ainda mais a grávida na sala’

    Ela estava sendo otimista aqui, mesmo considerando que praticamente três grupos foram eliminados, nada poderia negar a existência de qualquer outro grupo no hospital.

    — Não precisa tentar me acalmar. — Um sorriso gentil surgiu na face de Argent, enquanto ela chacoalhava a cabeça lentamente.

    Antes da jovem responder, a porta se abriu. Os ombros de Moon tencionaram, porém a visão de alguns fios de cabelo prateados acalmou seus nervos.

    — Yuki? — Olhando para sua professora, Silver levantou uma sobrancelha, estranhando a presença dela.

    — Eu chamei ela aqui. — Sua mãe respondeu a pergunta que ainda não havia sido feita. 

    — Oh? De qualquer forma, você gosta de algum médico daqui? — Ignorando brevemente a presença da mulher, o jovem voltou sua atenção para Argent.

    — Não exatamente. — Olhando para o rosto de seu filho, a mulher percebeu que a pergunta não foi feita apenas por preocupação. As sobrancelhas dele estavam baixas, parecendo haver milhares de pensamentos em sua mente.

    — Menos mal. Vou conseguir alguém qualificado para auxiliar na nossa viagem até o meu território. — decretou Silver.

    — Não vai acontecer. — Ao invés de Argent, foi Oliver que disse, com seu tom frio atravessando o ar como uma faca.

    Os olhos dourados do jovem se encontraram com o abismo presente nos de seu pai, entrando em uma disputa silenciosa.

    — O que?

    — Não. Vai. Acontecer. — Enfatizando cada palavra, o homem rangeu os dentes. — Estamos perfeitamente bem aqui.

    — Bem? Desde quando várias pessoas armadas vindo atrás de você é considerado ‘bem’?! — A voz dele subiu um pouco, enquanto suas sobrancelhas franziram com força.

    — Isso é porque… — Sem tirar os olhos de seu filho, Oliver se aproximou do garoto, apontando um dedo diretamente para o peito dele. — Eles estavam atrás de você!

    Parados frente a frente, ambos mantiveram o apoio ao seu próprio ponto, parecendo prestes a entrarem em uma disputa física.

    — Não quer ir? Tudo bem, mas a mãe vem comigo. — A raiva estava clara em sua voz, e Silver empurrou a mão de Oliver para longe de si.

    ‘Eu deveria intervir?’

    Esse pensamento cruzou as mentes de Yuki e Moon. A mulher não disse nada por saber que o homem não gostava muito dela, então qualquer coisa dita por ela provavelmente iria piorar a situação.

    Já a garota estava prestes a dizer algo a favor de Silver mas, assim que seu olhar se cruzou com o de Argent, ela engoliu todas as suas palavras.

    — Silv está certo. — O homem abriu a boca para refutar, mas sua esposa levantou uma mão para impedi-lo.

    ‘É uma boa chance de rever a pequena Akame, além de poder ficar mais próxima do meu filho’

    — Sigh… Ok, vou pegar as nossas coisas…

    — Não precisa, meus subordinados vão fazer isso. Só preciso fazer algumas ligações. — Silver cortou Oliver diretamente, antes de caminhar na direção da porta.

    O jovem poupou um olhar para Yuki e Moon, mas saiu sem dizer nada.

    ❂❂❂

    Do outro lado da porta, Silver olhou para a mulher de cabelos castanhos, a qual permaneceu apoiada na parede do corredor.

    — Tem certeza que não tem nenhum assassino nos arredores? — O jovem questionou, olhando diretamente nos olhos dela.

    — Absoluta. Eu tentei contatar o grupo que estava faltando no corredor, mas não consegui nenhuma resposta. — Cruzando os braços, a mulher respondeu enquanto desviava o olhar para o fundo do corredor.

    Ela já não vestia mais uma máscara no rosto, e um uniforme padrão para a recepção tomando o lugar da roupa discreta que usara durante a tentativa de assassinato.

    A roupa consistia em uma camiseta social branca e um blazer azul-escuro, e um lenço enrolado no pescoço. 

    Um crachá estava pendurado em seu peito, com uma foto 3×4 e o nome ‘Eve Schuller’ escrito de forma clara.


    ‘Eu esperava só dar a descrição do “pombo-correio” e desaparecer da vista dele para sempre’

    Para dizer a verdade, a mulher era a mesma recepcionista que atendeu Silver inicialmente. Ela atuou para conseguir sair da recepção, mas o medo sentido foi genuíno.

    — Tem algum lugar quieto aqui? — Ignorando a expressão pensativa da mulher, ele perguntou.

    — Sigh, me acompanhe. — Se separando da parede, Eve começou a caminhar, sem virar a cabeça uma vez para saber se ele estava acompanhando.

    ‘Deveria tentar fugir?’

    Esse pensamento atravessou a mente dela, mas se extinguiu rapidamente quando olhou para Silver por cima de seu ombro. Eram os mesmos olhos que tornaram um de seus companheiros em cinzas, qualquer movimento errado e ela teria o mesmo destino.

    A dupla caminhou pelos corredores em silêncio. Cada passo atingiu a mente de Eve com força e, mesmo ao tentar cumprimentar seus colegas com um sorriso, sentiu que parecia um pouco forçado graças à sua situação.


    Ao entrar em uma sala mais ampla, eles notaram cabines de vidro à direita, preenchidas com materiais de isolamento acústico. À esquerda, sofás largos em frente a duas televisões e um filtro de água com copos ao lado completavam o cenário.

    O espaço aberto trouxe um leve alívio para a mulher, no entanto, a presença do dragão prateado apagou essa sensação.

    Abrindo a porta de uma das cabines vazias, ela gesticulou para que ele entrasse. Quando Silver não o fez, Eve olhou com confusão na direção dele. 

    — Que sorriso estranho é esse? — A expressão do jovem estava bastante vazia, encarando-a profundamente. Os lábios da mulher tremeram e seus olhos buscaram segurança em qualquer coisa que não fosse Silver.

    ‘Que merda de pergunta é essa?!’

    De primeira, ela não tinha chance alguma de fugir e, mesmo se isso acontecesse, para onde ela iria? 

    Embora estivesse usando um nome falso, o jovem já havia visto seu rosto então, com dinheiro o suficiente, ele poderia encontrá-la. Além disso, se por algum motivo ela decidisse voltar ao seu contratante, Eve certamente seria eliminada como queima de arquivo.

    ‘Ele acha que eu vou fugir?’

    — Tenho que parecer tranquila para nenhum dos meus ‘colegas’ desconfiar. — Liberando um largo suspiro, o sorriso da mulher retornou.

    — Certo, espera aqui fora. — Sem dar tempo dela responder, Silver entrou na cabine, fechando a porta após. 

    Abraçado pelo silêncio da cabine, o jovem retirou seu [SC] do bolso e, depois de navegar pelas opções, a imagem familiar de Hikari surgiu em um holograma.

    — Preciso de alguns dos seus para buscar os pertences dos meus pais. — Olhando diretamente nos olhos azul-gelo da kunoichi, ele ordenou.

    [Ok, vai ser feito o quanto antes.]

    Percebendo a urgência pela expressão de Silver, ela preferiu não questionar imediatamente para não colocar mais fogo no incêndio.

    — Quero Mitis, Hans e Beatriz prontos quando eu chegar. — A dupla de cavaleiros seria a quarta linha de defesa para seus pais, e a santa tomaria conta da saúde de sua mãe com o auxílio de um Dr. do hospital.

    [Vou deixá-los prontos. E quando você chegar, vamos conversar?]

    O olhar de Hikari se tornou bem mais caloroso, conhecendo ele há um bom tempo, ela sabia que o jovem estava irritado.

    — Fuuuh… Com certeza. — respondeu Silver e, com o desaparecimento da kunoichi, a cabine retornou ao profundo silêncio.

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