Capítulo 8: Fenris… um dragão?

[Ótimo! Suas respostas foram satisfatórias o suficiente, eu lhe aceito como meu sucessor garoto]

Ele proclamou soando um pouco aliviado, como se retirasse um grande fardo de suas costas.

— Então… posso saber seu nome agora? — Eu estava realmente curioso para saber a sua identidade. 

E, agora que eu me tornaria seu sucessor, acho que tinha o direito de saber quem atualmente seria meu ‘mestre’.

[Abra seus ouvidos bem criança, você tem a honra de se tornar o sucessor do grande Fenris o…]

A voz começou a falar, com seu tom novamente preenchido de arrogância.

Mas foi cortado por um garoto um tanto animado.

— O lobo assassino de Odin, né? Tipo o filho de Loki e o pai de Hatí e Skoll certo? Eu sempre achei lobos muito maneiros, coisas do tipo ‘Eu sou o alfa’ ou ‘Tudo pela alcateia’ parece super foda de se falar — Silver fez poses enquanto dizia as frases, mostrando seu atual entusiasmo. 

—  O sucessor daquele que causou o Ragnarok isso não soa mal… — O garoto continuou, assentindo para seus próprios pensamentos.

[Não me compare com aquele cão sarnento! Eu sou Fenris não Ferir, FENRIS!]

A voz dessa vez estava borbulhando de raiva. Como se tivesse sofrido um dos maiores insultos da sua vida. 

O que era exagerado se considerasse que foi só uma pequena confusão de identidades… Bem pequena, o erro foi uma única letra.

[Eu sou um dragão. DRAGÃO! Já  me cansei de ser confundido com esse projeto de lobo, mesmo que eu seja muito mais poderoso que ele]

Nos próximos minutos, o que aconteceu foi uma sessão longa e demorada de um desabafo sobre confusão de identidades. 

‘Isso ajudou a reunir algumas informações sobre ele, então, quem sou eu para reclamar?’

Bem, ele aparentemente é um dragão. Fato que ele afirmou e reafirmou muitas, mas muitas vezes.

Aparentemente também havia o detalhe sobre ser o único dragão prateado existente, cuspindo algo como apenas sua existência ser o suficiente para colocar o lobo Fenrir na sua sombra. 

Além de ter dito algo sobre o lobo não aguentar nem sua primeira forma, mesmo com todas suas limitações.

Falando sobre o local de nascimento de todos os espíritos. O [Mundo espiritual], onde de acordo com ele, sua presença era recebida com a submissão de diversos outros espíritos. Dizendo que se não fosse pelo [Outbreak], ele não estaria nessa forma deplorável dependendo de um contrato para continuar seu legado.

Algum tempo depois, ele se cansou de reclamar e voltou a falar diretamente comigo.

[…Agora você entende? Não confunda o grande eu com um simples cão sarnento]

— Oh, parece que seu chilique acabou — Eu falei sarcasticamente.

[Cough cough, enfim, garoto, tire as suas roupas e fique no centro do altar]

Tossindo embaraçado, ele me pediu para… Tirar as roupas? Inconscientemente, coloquei minhas mãos ao redor do meu corpo como proteção.

 [Ei, em que tipo de coisa você está pensando garoto? E o que há com esse rosto de nojo?]

Disse o perverti… Digo, o dragão que me pediu para tirar as roupas.

— Não me peça coisas estranhas Fenrir, pensei que isso era para poder virar um [Contratante] e não cumprir nenhum feitiche estranho seu — Chamando ele pelo nome do causador do Ragnarok novamente, expressei minhas dúvidas sobre o seu pedido anterior.

[É FENRIS, garoto, já disse! E de que feitiche você está falando? Suas roupas vão ser destruídas no processo se continuar usando elas]

— Eu nunca ouvi sobre as roupas serem destruídas no processo de se tornar um [Contratante] — Respondi duvidosamente. 

Na novel, isso nunca foi dito em lugar algum, o autor falou sobre [Contratantes] naturais como Hana. Além do mais, embora não tenha dito muito sobre o ritual de contrato, nunca foi dito nada sobre o fato das roupas serem destruídas no processo.

[Um [Contratante]? Garoto, você acha que eu limitaria meu sucessor a ser um mero [Contratante]? Não! Você vai ser muito mais do que isso, agora pare com essa pose estúpida e vá para o centro do altar]

Eu não sabia dizer se ele estava desdenhando dos [Contratantes], ou só dizendo para não limitar minha visão a somente isso.

Ignorando isso, andei até o centro do altar, onde havia o olho dourado com pupila dracônica enquanto começava a tirar minhas roupas.

Quando eu cheguei ao centro, ele voltou a falar.

[Estenda as mãos]

De volta ao tom imperial, ele comandou. O que eu obedientemente escutei e cumpri estendendo ambas mãos.

Sentindo algo pesar em minhas mãos, comecei a observar exatamente o que era aquela coisa. O que realmente me surpreendeu foi o fato de ser um coração. 

Sim, um fodendo coração. Pulsando e tudo.

O coração era completamente dourado com linhas negras funcionando como veias. Me impedindo de observar por mais tempo, Fenris falou novamente com seu tom imperial.

[Devore-o]

Então isso é para comer… Espera, comer?!

— Vai com calma amigão, eu não vou comer isso aqui não.

Isso era literalmente um coração, eu que não vou comer uma coisa dessa.

[Chega de frescura garoto, não queria poder para não perder? Aí uma oportunidade de consegui-lo. Então não enrole mais e coma]

— … — 

O silêncio reinou por alguns momentos na sala do altar, até que eu finalmente tomasse uma decisão.

Abrindo minha boca, eu mordi um pedaço do coração. Enquanto ele descia pela minha garganta senti ela, junto a todo meu corpo queimar. Mas isso não me impediu de terminar de comê-lo.

Sentindo meu corpo todo queimar, não pude deixar de gritar com a dor que parecia queimar cada pedaço do meu corpo. 

Diante dos meus olhos, eu vi chamas prateadas envolverem meu corpo.

Depois de uma quantia de tempo que eu não pude identificar precisamente quanto foi, a dor desapareceu deixando somente a sensação de ter o corpo preenchido de poder.

[Como se sente garoto?]

— Mais forte… — Foi a descrição mais simples que consegui encontrar para isso. 

Eu senti que meus olhos poderiam ver mais longe e enxergar mais precisamente que antes. Também percebi que meus sentidos estavam várias vezes mais afiados.

Com esse upgrade todo no meu corpo. Uma dúvida surgiu em minha mente.

— O que exatamente aconteceu comigo?

[Você se tornou um dragão]

A resposta para minha dúvida surgiu, mas ela era simplesmente inacreditável.

— Um dragão…? Eu me tornei um fodendo dragão?!

Isso… Era realmente possível? Mudar de raça simples assim?

[Se acalme garoto, você vai realmente ficar surtando a cada pequena coisa que acontecer de agora em diante? Isso é realmente estúpido]

Ele disse, com algum desdém em seu tom.

— Quando mudar de raça se tornou uma coisa pequena? 

[Tecnicamente falando, seu corpo só se adaptou para ter um [Coração dracônico] então… Você não é um dragão completo]

— Então… eu só ganhei outro coração, né?  

Simples o suficiente eu acho…

Isso não é nem um pouco simples. Mas acabei de me lembrar que esse mundo não é comum, sabe, espíritos e essas coisas então…

[Hm? Nenhum chilique nem nada?]

Ele parecia um pouco decepcionado… Então esse fudido fez isso de propósito?

— Parece que  a lógica comum não se aplica aqui então… Nah, só vamos fazer esse contrato logo

Eu voltei a colocar minhas roupas enquanto dizia isso, era meio estranho e constrangedor perceber que estava pelado o tempo todo em que tive meus chiliques.

Enfim, vamos logo para esse ritual de contrato.