Capítulo 143: Tempestade na floresta
Um relâmpago roxo atravessou as árvores de uma floresta, colidindo com uma figura alta antes de ser empurrado contra os galhos de uma delas.
Ajustando sua postura na vertical, Freud não perdeu tempo, disparando novamente da direção do seu inimigo e deixando um rastro roxo pelo caminho.
A espada larga em suas mãos atingiu o pulso do inimigo, porém o ataque não causou qualquer ferimento nele. Arregalando os olhos, o raiju recuou, evitando o soco que desceu contra ele.
‘Como esperado, ele é resistente’
Afinal, Freud escolheu este oponente por conta da sua estatura ser semelhante ao gigante que enfrentou quando estava junto a Silver.
Os raios roxos serpenteavam pelo corpo do jovem e, dobrando os joelhos, ele se impulsionou outra vez.
Flashes em roxo brilharam de um lado ao outro da floresta, e cada colisão entre o raiju e o gigante dispersou as folhas que os rodeavam.
Após diversos embates, o garoto dobrou o joelho e, inclinando o corpo, ele evitou o punho de seu inimigo. A cobertura de raios de Freud se enrolou no braço do oponente, arrepiando os pelos dele, embora não tenham o ferido.
Bang!
Dobrando o braço rapidamente, o gigante atingiu uma cotovelada no raiju. Com os reflexos aprimorados por sua ‘sobrecarga’, o jovem reagiu a tempo para bloquear o gole com a base de sua espada.
No entanto, ele não saiu ileso. Rolando diversas vezes até recuperar seu equilíbrio, Freud levantou-se e olhou para seu oponente.
Pela primeira vez desde que a luta se iniciou, o raiju ‘viu’ de fato seu inimigo.
Ele tinha cabelos longos e pretos, escorrendo até sua cintura. Seu corpo estava repleto de faixas, e uma cicatriz atravessou o centro de sua face.
— Você é daqueles que fala pouco, huh? — Entre algumas respirações Freud comentou.
‘Hora de colocar o que aprendi em prática’
Se havia uma coisa que ele aprendeu quando passou tempo com Silver, foi como provocar o inimigo.
Na verdade, ao invés de ‘ensinado’, seria mais preciso dizer que ele sofreu bastante nas mãos do dragão prateado e decidiu compartilhar seu ‘aprendizado’ com outra pessoa.
— Por que perder meu fôlego com um verme?
Porém, o resultado foi muito diferente do imaginado.
‘Esse merdinha?!’
No fim, foi Freud que acabou ficando irritado. Baixando sua postura, ele deixou seu torso quase paralelo ao chão, aumentando drasticamente o influxo dos raios roxos que o rodeavam.
Flashes roxos serpentearam furiosamente, queimando até mesmo a grama no solo.
Na visão de seu inimigo, ao arrancar, o jovem se tornou apenas um borrão. Instintivamente, o gigante levantou os braços, e após um brilho reluzente, uma linha de sangue se formou em ambos os membros.
Os olhos dele se arregalaram em surpresa pelo ferimento, mas seu oponente estava longe de acabar.
Sem pausa, Freud pousou no casco de uma árvore, sentindo a casca estalando sob seus pés.
Em um piscar de olhos, foi como se uma tempestade despencasse dentro da floresta, com os raios roxos atravessando o local em diversos ângulos diferentes.
‘Eu… Vou morrer!’
Seu sangue foi lançado ao ar, e o som de estalos constantes se tornou uma sinfonia caótica na mente do gigante.
Porém, embora devesse esquentar, seu corpo esfriou.
Em contrapartida, o sangue que correu em suas veias pareceu ter se tornado lava, fervendo apenas o lado interno de sua ‘casca’.
Adrenalina. Este hormônio poderia ser resumido como o impulso final para fugir ou lutar em uma situação de vida e morte, no entanto, o espírito do gigante levou isso a outro nível.
— Haah… — Uma névoa se formou com a respiração dele, enquanto seu coração martelava no peito.
De repente, um soco foi atirado por ele, expulsando o ar ao redor do punho. A colisão resultante deste ataque lançou faíscas e dispersou os raios forçadamente.
Manobrando o corpo, Freud deslizou pelo solo, deixando um rastro de queimado por onde passou. Com seus reflexos amplificados, o jovem conseguiu reagir a tempo de recuar para evitar outro golpe do gigante.
A descarga elétrica que percorreu seu pulso dele sequer pausou o ataque do oponente, e o impacto do golpe estraçalhou a árvore atrás do garoto.
Ao lançar outro soco, o punho do inimigo colidiu com a espada larga de Freud, empurrando-o novamente.
E este era o objetivo. Utilizando como impulso, o raiju disparou na direção de uma árvore, ricocheteando e retornando com o dobro da velocidade e força.
Desta vez, a tempestade também foi seguida pelo som estrondoso dos ‘trovões’, resultantes da colisão entre a dupla.
Detritos, cascos de árvore e lâminas de grama se misturaram na atmosfera, sendo expulsos pela pressão dos socos ou queimados pelos raios que cercavam Freud. A expressão se distorceu a cada colisão entre eles.
‘Ele está ficando mais forte?’
Em contrapartida, o gigante pareceu cada vez mais animado com o conflito. O fluxo de sangue correndo por suas veias se tornou tanto, que mesmo seu oponente pôde ver suas veias se tornando maiores conforme o tempo passou.
‘Essa é a mesma sensação!’
Embora não pudesse se comparar à luta que teve com Silver algum tempo atrás, na qual foi sobrepujado tanto em técnica quanto em força, mas ela trouxe o mesmo sentimento.
O de mergulhar na sua [autoridade].
‘Ainda não’
A quantidade de raios liberados por Freud diminuiu, antes da espada longa entrar em contato com o punho do oponente novamente. Desta vez, ao invés de tentar uma disputa de força, ele inclinou sua lâmina, deslizando pelo braço do inimigo deixando um rastro roxo para trás.
Aproveitando a energia cinética criada pelo movimento, o raiju rotacionou o corpo em 360°, quadruplicando sua força e criando uma auréola eletrificada.
‘Ainda não’
O golpe feriu o gigante, deixando uma marca retilínea de queimado em sua cintura, fazendo-o reagir rapidamente com um soco.
Ao se conectar com a figura do jovem, ele atingiu apenas uma aglomerado de raios, espalhando uma descarga que o congelou brevemente, antes de partir o solo.
Uma chuva de folhas desabou das árvores próximas, se juntando às lâminas de grama separadas do chão, diluindo um verde cativante no ambiente.
Clang!
A lâmina roxo-escura nas mãos de Freud foi lançada para longe, girando loucamente no ar.
Os braços do garoto tremeram com o choque residual, e seus olhos púrpuras observaram enquanto o punho do gigante aproximava-se rapidamente do seu rosto.
Inclinando o corpo para trás, o jovem saltou rapidamente, sentindo seus cabelos balançando com a rajada de ar. Realizando uma cambalhota, os lábios dele se abriram, mordendo o cabo da espada que coincidentemente surgiu no seu caminho.
Quando pousou no tronco mais próximo, os arcos de eletricidade ao seu redor estavam bem mais comprimidos do que antes. Os olhos dele ganharam um brilho neon, além de sua postura adotar a mesma forma de um animal, com os braços e pernas no chão.
Por outro lado, o corpo do gigante ganhou um tom vermelho graças à mistura do calor percorrendo por suas veias e o sangue dos cortes que recebeu.
A dupla se entreolhou por alguns instantes, e a leve brisa que atravessou o local trouxe o cheiro pungente da mistura entre queimado e ferrugem.
Como se fosse um sinal, o estalo de um dos raios que rodeavam Freud fez ambos se moverem.
O ar parece ser pressionado sob o braço do gigante, e o assobio retumbante causado pelo movimento demonstrou a força presente no ataque. Em contrapartida, um clarão roxo tomou conta de sua visão e os arredores do lugar.
Quando a luz retrocedeu, apenas o som intermitente de estalos causados por descargas elétricas permaneceu, vindo da figura ‘animalesca’ do raiju.
Ainda de pé atrás dele, o gigante não havia caído. Seu braço permaneceu suspenso, enquanto uma linha preta pôde ser vista claramente, separando o corpo dele na diagonal. Lentamente, o corpo dele se tornou partículas de luz, mostrando sua partida deste mundo virtual.
Por mais que a batalha tivesse terminado, Freud ainda não tinha.
‘SilverSilverSilver…’
Guiado por puro instinto, o raiju se lembrou do lutador mais forte que havia lutado até o momento antes de disparar floresta adentro, deixando um rastro roxo para trás.
Após atravessar alguns metros, o calor produzido pelos raios que rodeavam o raiju colidiu com uma rajada de ar frio.
Sentindo a mudança da atmosfera, o jovem reajustou o corpo antes de colidir com um pilar de gelo recém-criado. A mudança súbita de temperatura criou uma pequena explosão nos estilhaços espalhados pelo impacto.
Enquanto o corpo do jovem sobrevoava a floresta, sua visão focou-se em uma garota. Seus cabelos e olhos eram pretos, e um conjunto de cortes adornou os membros dela.
Embora os ferimentos trouxessem um toque de fragilidade a ela, suas palmas reuniram diversos projéteis congelados antes de dispará-los contra Freud.
Flashes roxos se misturaram com os cristais, refletindo belamente quando entraram em contato com a lâmina do garoto.
Ao pousar, os raios se misturaram com a espada dele, enquanto ele arrancava na direção da garota.
Inclinando-se para trás, as pupilas de Shizukana dilataram ao evitar um corte largo. Os olhos dela coçaram graças à proximidade com que o brilho elétrico passou deles e, apertando o punho, agulhas de gelo se condensaram ao redor do braço do oponente.
A eletricidade que rodeava Freud destruiu os projéteis antes deles o perfurarem, mas os olhos roxos-neon do garoto permaneceram indiferentes ao perigo.
Logo, a disputa entre eles se tornou um jogo de gato e rato.
O raiju avançou sem preocupações com ferimentos, balançando sua espada com sede de sangue. Por outro lado, a Yuki-onna recuou constantemente sob o assédio dele, construindo diversos projéteis para atacar e impedir o oponente.
Porém, a luta estava destinada a acabar cedo.
Após esquivar de diversos ataques do inimigo, os ferimentos da batalha contra Moon atingiram a garota.
Ao tentar dar um passo atrás, as pernas dela não obedeceram sua mente, forçando-a a ficar parada.
— Urgh! — Uma lâmina larga impala Shizukana, tirando um gemido de dor dos seus lábios.
‘Eu… Não vou cair sozinha…’
Abrindo ambas palmas, a garota agarrou Freud com força, aguentando a dor e os espasmos que a eletricidade causou no seu corpo.
Em poucos segundos, o ar ficou mais gelado, trazendo arrepios até mesmo para a dona do ataque enquanto centenas de pétalas congeladas se formavam ao redor da dupla.
Não desejando perder tempo, a garota disparou os projéteis já criados, colocando tudo que tinha para formar mais deles.
No fim, uma chuva intermitente de pétalas caiu na floresta, se entrelaçando com um ponto de eletricidade roxa.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.