Capítulo 114: Interessante [1]  

Swoosh—  

“Estamos quase lá.”  

Karl correu para frente enquanto seu grupo o seguia. Virando a cabeça, ele olhou para eles e os pressionou a acelerar.  

“…Último esforço. Devemos estar entre os primeiros.”  

Embora dissesse isso, ele não acreditava nisso. Eles haviam perdido muito tempo tentando alcançar os times da frente.  

‘Monstros.’  

Era tudo o que Karl conseguia pensar ao olhar para as pontuações em sua pulseira. Desde o início até agora, os dois primeiros grupos mantinham uma liderança estável.  

Só havia parado recentemente.  

Provavelmente, já havia pessoas lutando contra o monstro chefe.  

‘Tudo bem, eles estarão exaustos quando chegarmos. Podemos roubar a morte deles depois que todos estiverem cansados.’  

Era um plano viável.  

Um que ele planejava fazer.  

Ou pelo menos, originalmente planejava.  

“O-o que é isso…?”  

Parado na entrada da câmara principal, Karl olhou ao redor com a boca aberta. O mesmo aconteceu com seus companheiros, que olhavam com expressões igualmente chocadas.  

“…Fios.”  

Eles cobriam todo o espaço.  

O monstro chefe era algum tipo de aranha? Esses foram os pensamentos iniciais de Karl ao olhar ao redor e avistar alguns rostos familiares à distância.  

“Isso…”  

De Johnathan e seu time a Aoife e seus membros. Com expressões sombrias, todos olhavam para uma direção específica.  

Para um certo homem.  

Quando Karl virou a cabeça para ver onde estavam olhando, seus olhos se arregalaram.  

“…Ah.”  

Ele…?  

Sua aparência sozinha se destacava. Karl o conhecia. Tendo o observado antes do exame começar, ele não pensou muito nele.  

“Por que todo mundo—”  

E então ele parou.  

Ele percebeu. Uma criatura enorme repousava não muito longe de Julien. Não, na verdade… Parecia sem vida.  

De repente, ele se lembrou das expressões dos outros grupos.  

Lentamente, as peças começaram a se encaixar em sua mente e sua expressão mudou novamente.  

“M-mas como…?”  

Incapaz de acreditar, ele usou sua habilidade. Ele lembrava distintamente que a aura de Julien era mediana a acima da média.  

Como pod-  

“Ah…”  

Piscando, ele se certificou de que estava vendo direito.  

Ele não estava, e como se as palavras estivessem presas em sua garganta, Karl engoliu em seco.  

“Haaa…”  

De repente, ele sentiu dificuldade para respirar.  

Mesmo Julien não olhando para ele, era como se mãos invisíveis apertassem sua garganta, sufocando-o até a beira do desmaio.  

Olhando para ele.  

Ou mais especificamente, para a aura ao seu redor, ele sentiu sua garganta secar.  

“…Isso.”  

A aura ao redor de seu corpo.  

Era avassaladora.  

***  

Absorver as memórias e emoções de alguém não era fácil.  

Não só eu tinha que lidar com as consequências de reviver suas memórias, mas também tinha que me livrar de suas emoções remanescentes.  

Se não fizesse isso, elas ficariam presas dentro de mim, tornando mais difícil absorvê-las.  

Era por isso que eu tinha que fazer isso.  

“…..”  

Mas não era o único motivo.  

Recuperando o controle de mim mesmo, olhei para a criatura abaixo de mim. Ela estava imóvel, em seus últimos suspiros.  

Mesmo assim, ainda não estava morta.  

Ela só havia sido enfraquecida por minha magia de maldição. Então, sem pensar duas vezes, olhei para seus olhos negros antes de fechar o punho.  

Puchi!  

Jorros de sangue respingaram em mim.  

[+5000 Pontos]  

Pouco depois, minha pulseira vibrou e ouvi um som baixo.  

“…..”  

Mantendo meu olhar no mamute, levantei lentamente a cabeça para olhar para o dispositivo de gravação e os outros cadetes.  

Havia outro motivo pelo qual eu precisava de uma plateia.  

….Eu queria que o mundo entendesse que eu não era a Estrela Negra à toa.  

Eu estava em um ponto onde precisava parecer mais forte do que realmente era. Em uma posição onde não podia esconder minha força. Eu tinha que fazer o oposto.  

E olhando ao redor, eu sabia que havia feito um bom trabalho nisso.  

Então…  

Me virei para o meu grupo.  

Além de Kiera, que me olhava com uma expressão fechada, todos estavam com a boca aberta.  

“V-você…? Desde quando você consegue fazer algo assim?”  

Ignorei a pergunta de Josephine e respirei fundo.  

“Vamos.”  

Passando por eles, entrei no túnel.  

Enquanto caminhava, não olhei para trás. Não era para manter as aparências ou algo do tipo.  

….Era porque meu corpo estava se desfazendo.  

Os efeitos colaterais da pílula estavam começando a aparecer. A dor estava se tornando insuportável. Eu precisava sair dali.  

Felizmente, eu sabia que ninguém viria atrás de mim.  

Eu havia feito uma performance que os dissuadiria de fazer isso.  

E eu estava certo.  

[Você saiu do Labirinto; Time Julien e seus ajudantes]  

[Pontuação do Time — 5670]  

[Rank 1]  

***  

O ambiente era cinza.  

À distância, um sol branco pendia no ar. Mãos subiam do chão, alcançando os quatro indivíduos dentro do mundo.  

Estrondo!  

“Droga…!”  

“Preciso de uma ajudinha aqui!”  

Os quatro tentaram resistir, lançando vários feitiços e usando suas armas para se defender das mãos que os agarravam.  

Mas…  

“Ah, merda…!”  

Era uma tentativa inútil.  

Não importava o que fizessem, as mãos se regeneravam e continuavam voltando.  

“….”  

Não muito longe deles, uma figura estava parada.  

Na frente dela, outras duas figuras. Aziel e outro indivíduo de força similar à dele. Ele se chamava ‘Black’ e era um membro de nível Demônio. Um soldado sem mente cujo único propósito era seguir ordens.  

Com suas armas em punho, eles a atacaram.  

SHIIIING—!  

Mas isso foi inútil. Com um simples aceno de sua mão, o espaço diante deles se dobrou e a direção de seus ataques se desviou dela.  

“O quê…?!”  

Delilah permaneceu impassível.  

‘Quanto tempo já se passou…?’  

Ela havia perdido a conta. No começo, era apenas uma pessoa. Ele era forte, mas não era algo que Delilah não pudesse lidar.  

No entanto, no exato momento em que ela extraiu seu domínio, outras cinco figuras apareceram. Eles não eram tão fortes quanto Aziel, mas ainda assim eram fortes. Mas não era sua força que a incomodava. Era o completo desprezo por suas próprias vidas que tornava as coisas difíceis para ela.  

Com seus esforços combinados, conseguiram mantê-la em um impasse.  

“Ha…”  

Vendo a expressão de Delilah, Aziel sorriu com desdém.  

“Já se passaram várias horas. Agora, todos os cadetes já devem estar mortos ou gravemente feridos.”  

“….”  

“Que pena. No final, tudo isso aconteceu porque você não conseguiu nos derrotar rápido. Veja o que acontece quando o mundo inteiro vê seus melhores cadetes morrerem nas mãos do chefe.”  

Aziel falou com um tom cheio de autoconfiança. Como se o resultado já estivesse predeterminado.  

Durante todo o confronto, ele havia sido muito falador. Sua missão era ganhar tempo. Ele não estava ali para derrotar Delilah.  

Ela simplesmente não era alguém que ele podia vencer.  

Apontando sua arma para Delilah, uma longa lança, seu corpo explodiu com uma onda poderosa de mana. O resultado de sua ação fez com que as mãos próximas se esfacelassem enquanto a lança em sua mão brilhava mais forte.  

“…..Lembre-se. Quando tudo acabar, você será o centro das atenções do mundo. E não de uma forma boa.”  

Logo, o domínio começou a mostrar sinais de instabilidade, com rachaduras aparecendo por todo o mundo.  

Isso tudo devido à influência do ataque de Aziel.  

Como um membro de posto inferior, ele era poderoso. Era do mesmo nível que Delilah, Tier 9. Embora não fosse tão forte quanto ela, não era um ninguém.  

Ele tinha certeza de que seu ataque pelo menos faria algo a ela.  

E então, dando uma última olhada em Delilah, ele empurrou sua lança para frente.  

“Vá e encontre os cadetes com quem você se importa tanto.”  

SHIIIIING—  

Como se o golpe sugasse todo o espaço ao seu redor, o ambiente girou junto com a lança.  

Era uma cena devastadora.  

Acompanhada por um assobio suave que ecoava no ar. Onde quer que a lança fosse, tudo se quebrava.  

Crack! Crack!  

“…..”  

Em resposta ao ataque, Delilah permaneceu imóvel.  

Seus olhos, que haviam ficado completamente negros, estavam fixos na lança enquanto sua imagem se refletia neles.  

Quando a lança estava a alguns centímetros dela, parou.  

“Uh….?”  

Aziel a olhou atônito.  

Seus músculos se tensionaram enquanto tentava empurrá-la, mas foi em vão. A lança. Não se mexia.  

“…..”  

Delilah o encarou com uma expressão vazia. Quase como se estivesse sem vida.  

Então…  

O mundo encolheu.  

Shlup—!  

A cor voltou ao mundo enquanto a escuridão recuava dos olhos de Delilah, e ela se viu em um ambiente familiar.  

“…..”  

O silêncio tomou o ambiente enquanto ela ficava parada.  

Estendendo a mão, uma pérola negra apareceu em sua palma. Dentro dela, várias figuras apareciam. A atenção de Delilah se fixou em uma específica. Ele a olhava com um olhar horrorizado.  

Olhando de volta, Delilah inclinou a cabeça levemente antes de pressionar dois dedos.  

Cr Crack—  

A pérola se esfarelou instantaneamente.  

Esfregando os dedos para se livrar dos estilhaços remanescentes, Delilah se virou para a entrada do Labirinto.  

Levantando o pé, ela pisou no chão uma vez.  

Um som de vidro quebrando ecoou logo depois, enquanto uma película invisível se quebrava sob seu passo. Agachando-se, ela abriu a porta que levava ao Labirinto. Enquanto fazia isso, estendeu sua mana para dentro do Labirinto para ver a situação atual.  

Mas…  

“Hm?”  

Seus movimentos pararam quando o fez.  

Piscando várias vezes, ela estendeu sua mana novamente. Vendo que obteve o mesmo resultado, seus olhos se arregalaram levemente.  

“…Nada?”  

Delilah esperava ver uma situação desesperadora ao entrar no Labirinto, mas, para sua surpresa, tudo estava perfeito.  

Quase perfeito demais…  

“O que aconteceu?”  

A ponto de ela começar a questionar se algo realmente havia acontecido ou não.  

Franzindo a testa, Delilah tirou um pequeno dispositivo do bolso. Era um cubo do tamanho de uma bola pequena. Tocando nele, uma pequena projeção apareceu.  

Uma figura apareceu assim que ela ligou a projeção.  

“…..”  

Uma figura que ela conhecia muito bem.  

E…  

Ele parecia ter ficado em primeiro lugar.  

Baixando a cabeça para olhar a entrada, ela olhou de volta para a projeção. Ou mais especificamente, para o cadete que aparecia nela.  

‘Foi você…?’