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    “É isso. Lápis na mesa!”  

    O exame durou exatamente uma hora. Ouvindo a voz da Professora Bridgette, abaixei o lápis e esfreguei os olhos.  

    “Huaam.”  

    Um bocejo escapou sem querer.  

    Estava francamente cansado. Mas era um cansaço diferente do habitual. Naquela semana inteira, não treinara.  

    Não por falta de vontade, mas porque fisicamente não conseguia.  

    Meu corpo ainda sofria as consequências da droga. Não tinha certeza de quanto tempo duraria.  

    Embora fosse ruim, também tinha seu lado bom.  

    Eu havia exigido demais do meu corpo nos últimos meses. Ele precisava de uma pausa merecida.  

    Dito isso…  

    “Hmm.”  

    Apertei o centro das sobrancelhas.  

    Minha cabeça doía.  

    Estava mentalmente exausto. Para compensar a falta de treino, dediquei a semana inteira aos estudos. Não só isso, mas também passei boa parte do tempo criando questões para Kiera.  

    De certa forma, também me ajudou muito.  

    Olhando para a prova, sentia-me confiante.  

    ‘Talvez consiga nota máxima.’  

    Não era impossível.  

    ‘…..Pode ser que não tenha dormido muito, mas no fim me beneficiou.’  

    As questões que criei para Kiera não eram cópias de livros. Eu as fiz sozinho. Antes de cada uma, estudava o assunto antes de escrevê-la.  

    Só me sentia confortável escrevendo quando tinha certeza de que saberia responder.  

    Foi mentalmente desgastante, mas valeu a pena.  

    ….E ainda me pagaram. Foi uma situação boa para todos1.  

    ‘Falando no exame, como ela foi?’  

    Fiquei curioso.  

    Afinal, ela pagou para aprender.  

    Mal virei a cabeça para olhá-la quando meus olhos encontraram sua figura. Recostada na cadeira, ela olhava para as unhas com ar casual. Quase como se esperasse algo.  

    Que diabos…  

    “Kiera, como foi?”  

    Essa era a pergunta que ela esperava, pois desviou o olhar das unhas para Josephine.  

    Ela encolheu os ombros enquanto abria a palma para ver melhor as unhas.  

    “Bem, o de sempre.”  

    “Então foi ruim?”  

    “Uh? Não…?”  

    Kiera piscou, e sua fachada quebrou.  

    “Não?”  

    Josephine inclinou a cabeça, franzindo a testa.  

    “Mas o de sempre não é ruim? Tipo, a pior da sala—”  

    “Ugh, porra. Tá bom, para.”  

    Kiera estalou a língua e desviou o olhar. Batendo a mão na mesa, sua expressão se contorceu. Parecia irritada.  

    Eu sabia o que ela pensava.  

    Balancei a cabeça, quase rindo. Que garota estranha. Estava prestes a desviar o olhar quando ela virou a cabeça e nossos olhos se encontraram.  

    Sua expressão mudou levemente.  

    Olhando para ela por um momento, finalmente disse com os lábios:  

    “Bom trabalho.”

    Suas sobrancelhas se ergueram levemente, e ela virou a cabeça. Balancei a cabeça novamente e cobri a boca.  

    “Huam.”  

    É, preciso dormir.  

    ***  

    “…..Acho que chegamos a um acordo.”  

    Um homem se levantou e estendeu a mão para Delilah.  

    “Também é perfeito que eu tenha vindo agora. Ouvi que os cadetes vão viajar. Espero que não se importe se eu acompanhar.”  

    “Não me importo.”  

    Delilah apertou a mão do homem.  

    “Ótimo.”  

    Com um sorriso feliz, ele inclinou a cabeça antes de recolocar o chapéu. Então, abaixando-o levemente, se despediu e saiu.  

    “Bem, nos vemos novamente.”  

    Clank—  

    A porta se fechou, deixando Delilah sozinha. Olhando para onde o homem saíra, ela fechou os olhos e suspirou.  

    “Inquisidor Hallowe2.”  

    Murmurando para si mesma, sentou-se na mesa.  

    Seus sentimentos eram confusos. Inquisidor Hallowe era um homem de reputação. Um dos melhores inquisidores do Império. De certa forma, um “aliado”.  

    Seu apelido era ‘O Cão’.  

    Se tivesse um alvo, o encontraria custasse o que custasse. Além disso, era extremamente habilidoso em encontrar pistas.  

    Era esse tipo de pessoa.  

    Mas havia um problema.  

    “…..Ele trabalha para a Central.”  

    Isso significava que estava sob ordens diretas de seu pai. Delilah não se sentia confortável com isso.  

    Principalmente porque não tinha certeza de seus motivos.  

    Ele estava ali para monitorá-la ou para continuar sua investigação?  

    “…..”  

    Delilah apertou as sobrancelhas. Sua cabeça começava a doer. Mas logo se acalmou.  

    “Certo, ele vai na viagem.”  

    ….Aquela que os cadetes do primeiro ano fariam. Nesse caso, por ora, não precisava se preocupar com ele a monitorando.  

    Talvez estivesse pensando demais e ele realmente viera por conta própria.  

    “Pode ser isso.”  

    Não podia garantir, mas por enquanto não precisava se preocupar.  

    Virando-se, pegou sua gaveta.  

    Precisava de algo doce naquele momento. Algo para tirar sua mente do assunto.  

    Mas…  

    “….”  

    Abrindo a gaveta, só viu embalagens vazias.  

    “….Ah.”  

    Piscando, afundou na cadeira e olhou para o teto.  

    “O que é a vida.”  

    ***  

    No dia seguinte, terça-feira, 11:30.  

    Cheguei à entrada da Academia. Estava entre os últimos a chegar, pois a maioria já estava lá. Todos pareciam animados com a viagem.  

    Eu? Nem tanto.  

    ‘…..Vamos logo acabar com isso.’  

    A maldita missão.  

    Esperara por ela a semana toda, e ainda não chegara.  

    “Haa…”  

    Era cansativo.  

    “Todos, me deem um segundo de atenção. Gostaria de apresentar alguém.”  

    A Professora Bridgette estava encarregada de nos levar ao local. Ao seu lado estava um homem de cabelos negros e olhos avelã. Parecia cansado, com barba por fazer.  

    Seu cabelo estava bagunçado, mas, fora isso, sua aparência estava limpa.  

    “Podem chamá-lo de Professor Hollowe. Ele nos acompanhará na viagem.”  

    Foi uma apresentação curta. Uma que os cadetes logo esqueceram quando a Professora continuou:  

    “Quando chegarmos à cidade, terão tempo livre. Mas antes, serão pareados em duplas. As duplas serão aleatórias.”  

    A Professora Bridgette mostrou uma caixinha.  

    “…..Por favor, façam uma fila.”  

    *  

    Ellnor.  

    Saindo do portal, a primeira coisa que senti foi o ar fresco. A primeira respirada foi quase avassaladora.  

    Depois, foi a paisagem que me tirou o fôlego.  

    ‘Uau.’  

    Montanhas imponentes cercavam o horizonte enquanto uma cidade aparecia, envolta por grossas muralhas. Com um só olhar, fiquei impressionado. Parecia saído de um livro de fantasia.  

    Queria vê-la de perto.  

    “Brrr~ Está frio.”  

    Ao meu lado, Josephine segurou os ombros.  

    “E-esse… Por que ninguém me avisou que estaria tão frio?”  

    “P-porra, idiota. Estava no anúncio.”  

    “É? E-ntão por que você está de mangas curtas?”  

    “E-eu a-aguento.”  

    Kiera tentou manter a pose, mas falhou miseravelmente enquanto seus lábios tremiam. Atrás delas, Aoife parou para olhar a cena antes de desviar o olhar.  

    Algo me dizia que ela nem estava surpresa.  

    ‘Por que ela está carregando tantos livros?’  

    Na mão, havia vários livros. Ela ia estudar?  

    Mas as provas já acabaram…  

    ‘Que seja. Não é da minha conta.’  

    Desviando o olhar delas, olhei para a direita, onde uma figura estava. Usando um casaco grande demais, Leon me encarou.  

    “…..”  

    O casaco era tão grande que só se via seus olhos cinza.  

    Notando meu olhar, ele perguntou:  

    “….O quê?”  

    “Você parece idiota.”  

    “….?”  

    Leon inclinou a cabeça.  

    “Estava escrito que faria frio.”  

    “E?”  

    “Então me preparei.”  

    “Preparei demais…”  

    Não é que não pudéssemos usar mana para nos aquecer. Além disso, nossos corpos eram mais resistentes ao frio.  

    Ele estava sendo exagerado.  

    “Todos, olhem aqui.”  

    A Professora Bridgette acenou.  

    “Como combinado, podem explorar a cidade. Mas fiquem com seus parceiros. Não se separem.”  

    Meu parceiro era Leon. Eu estava bem com isso. Era a pessoa com quem mais me sentia à vontade. Não só porque sabia meu segredo, mas também porque não precisava fingir com ele.  

    “Ainda é cedo. Nos encontramos no jantar, às 20 horas. Divirtam-se no breve descanso.”  

    Então, a Professora Bridgette saiu com o Professor Hollowe, que sorriu e acenou. Por algum motivo, senti seu olhar pausar em mim por mais tempo.  

    Achei que era impressão minha, mas…  

    ‘Não, impossível.’  

    Ele definitivamente estava me olhando.  

    Suspirei internamente. Esperava que fosse por algo bobo, como ser meu fã.  

    De qualquer forma, olhei para Leon.  

    “….”  

    Ele me encarou com expressão vazia.  

    Falei primeiro.  

    “Então… O que quer fazer?”  

    Olhei em volta. Os outros grupos ainda estavam por perto, provavelmente planejando.  

    “Temos umas oito ou nove horas. O que quer fazer?”  

    “…Você decide.”  

    “Isso…”  

    Suspirei e balancei a cabeça.  

    “Certo, vamos para a cidade primeiro. Depois decidimos.”  

    “….Ok.”  

    Olhei para frente e vi uma longa estrada. Brevemente, olhei as montanhas ao longe. Dava para ver neve no topo.  

    A paisagem rochosa tinha pouca vegetação, com fumaça saindo da cidade, contrastando com o cenário árido, levemente iluminado pelas casas.  

    Mal dei um passo quando senti um puxão.  

    “Ei.”  

    Era Leon.  

    Ele franzia a testa sob o casaco.  

    “O quê?”  

    “…..Eu não pareço idiota.” 

    1. No original, o equivalente a win-win, não sei se é uma expressão comum, por isso alterei![]
    2. Esse caba ta atrasado viu, desde o capítulo 41 nessa novela[]

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