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    Ellnor.  

    O dia seguinte. Na sala dos capitães.  

    Uma melancolia visível envolvia o espaço enquanto várias pessoas se sentavam ao redor da mesa.  

    “Há uma Fenda no Espelho, um Lobo Infernal de nível Terror junto com alguns de classificação inferior. Isso sem contar o Necromante, cuja força parece estar no mesmo nível, se não maior.”  

    O professor Hollowe foi quem falou.  

    “Já pedi reforços. O Império logo enviará um pelotão para nos ajudar.”  

    Sua expressão estava extremamente sombria, e além dele e da professora Bridgette, ninguém mais de Haven estava presente.  

    Os cadetes não tinham nada que fazer ali.  

    “…..Quanto tempo os reforços vão demorar?”  

    O capitão Travis perguntou do seu assento.  

    “Eles enviarão reforços imediatamente, ou vão esperar um pouco?”  

    “Não sei.”  

    O professor Hollowe respondeu com uma carranca.  

    O Central só havia dito que enviaria algumas tropas e cavaleiros de alto escalão para lidar com a situação.  

    Porém, ele não tinha certeza de quanto tempo levaria para chegarem.  

    Principalmente porque a situação ainda estava sob controle no lado deles. Cavaleiros de alto escalão não eram raros, mas ainda eram muito requisitados.  

    Era difícil mobilizá-los rapidamente, a menos que fosse uma emergência.  

    “Tsk.”  

    O professor estalou a língua ao perceber isso.  

    Recordando a cena do dia anterior, seus olhos se fecharam. Memórias do passado ressurgiram, e suas pálpebras tremeram.  

    ‘De novo, eu falhei.’  

    “Professor Hollowe.”  

    Uma voz o tirou de seus pensamentos. Era ninguém menos que a professora Bridgette.  

    “O que devemos fazer sobre a morte do cadete….?”  

    “…..”  

    Que tipo de expressão ele estava fazendo agora?  

    Hollowe se perguntou, recostando-se na cadeira.  

    Eles já haviam comunicado a notícia da morte do cadete para a Academia. Se fosse qualquer outro cadete, a situação não seria tão problemática.  

    Porém, este era a ‘Estrela Negra’.  

    O melhor calouro de Haven. Um dos gênios mais promissores do Império.  

    Era uma situação extremamente delicada.  

    A Academia enviaria alguém para recuperar seu corpo?  

    ‘Mas e se ele não estiver morto?’  

    O professor Hollowe esfregou a testa. Ele o viu ser engolido pelos mortos-vivos. Não havia como ele ter sobrevivido.  

    Era irreal.  

    Com esses pensamentos, ele suspirou.  

    “Por enquanto, nada.”  

    Aos poucos, o professor Hollowe encontrou sua voz.  

    “Já relatei tudo à Academia. O que acontecer a seguir será responsabilidade deles.”  

    Ele se levantou do assento.  

    Olhando ao redor por um momento, acenou com a cabeça sombriamente.  

    “Reunião encerrada.”  

    ***  

    Ao mesmo tempo. Em outra parte da cidade.  

    Leon se sentou e encarou o rio que fluía. A água era cristalina, e o vento frio soprava, espalhando seus cabelos pelo rosto.  

    “…..”  

    No silêncio que o cercava, a cadeira na extremidade oposta da mesa rangeu e uma figura se sentou.  

    “O que você está fazendo?”  

    Leon virou para olhar na direção da figura.  

    Com longos cabelos roxos esvoaçantes, não era outra senão Evelyn. Seu olhar… parecia estranho para ele.  

    “Você…”  

    Assim como seu tom.  

    Parecia uma mistura de tristeza e confusão.  

    “….não sente nada com a morte dele?”  

    “Sua morte?”  

    Certo.  

    Julien estava morto.  

    Ou pelo menos era o que todos pensavam. Ele sabia que não. Principalmente depois de ver seu olhar no final.  

    Leon sabia então que Julien tinha algum plano.  

    Ele sempre era assim. Pelo menos, a versão atual de Julien. Era alguém que o surpreendia vez após vez.  

    Por isso ele não estava preocupado.  

    Na verdade, estava curioso.  

    O que exatamente ele iria fazer…?  

    ‘Vou bancar o jogo por enquanto.’  

    “…..Não sei como me sinto.”  

    “Haa.”  

    Evelyn suspirou enquanto apoiava a cabeça na mesa e massageava a testa.  

    “Eu também não sei. Realmente não sei.”  

    Ela parecia perdida.  

    “Eu o odeio? Ou não o odeio?”  

    Resmungando para si mesma, ela bagunçou os cabelos.  

    Por fim, parou e ergueu a cabeça para encarar Leon.  

    “O que ele é, afinal?”  

    “….?”  

    “Toda vez que o vejo, ele é uma pessoa completamente diferente. Eu sei que você me disse que ele não é o mesmo Julien do passado, mas não consigo tirar essa imagem da mente. Que diabos eu devo fazer…?”  

    A voz de Evelyn falhou em certos momentos, mas nenhuma lágrima saiu de seus olhos.  

    Nos olhos de Leon, ele podia ver que, embora seus sentimentos remanescentes da infância ainda estivessem lá, haviam diminuído bastante.  

    Não eram românticos, mas ainda existiam.  

    Por isso seu olhar parecia pesado.  

    Principalmente quando ela prosseguiu perguntando:  

    “Qual versão de Julien morreu?”  

    “…..”  

    Qual versão?  

    Leon não sabia como responder.  

    Mas como decidiu bancar o jogo, acabou dando uma resposta.  

    “A que você não conhece.”  

    “A que eu não conheço…?”  

    Evelyn piscou, inclinando a cabeça confusa.  

    “O que isso signi—”  

    “O Julien atual não é o mesmo Julien das suas memórias.”  

    “Eu sei.”  

    Leon colocou a mão sobre a mesa e se levantou.  

    “Se sabe, então já deveria ter a resposta.”  

    “Uh…?”  

    Evelyn piscou novamente, aparentemente sem saber como reagir.  

    Dando uma última olhada nela, Leon respondeu.  

    “Apague todas as memórias anteriores do Julien em sua mente. O que você sente sobre a morte do Julien que conheceu na Academia? A Estrela Negra.”  

    Ele bateu na mesa uma vez.  

    “….Esse é o Julien que morreu.”  

    Leon saiu logo em seguida.  

    “O quê…?”  

    Evelyn ficou sentada em silêncio por um longo tempo. Parecia estar mergulhada em pensamentos. Ela não era a única.  

    Não muito longe dela, outra figura estava sentada.  

    Tendo ouvido toda a conversa, Kiera largou o lápis.  

    “…..”  

    Diante dela havia vários livros.  

    Certo, ela estava estudando. Por que estava estudando, afinal?  

    E essas questões.  

    Por que eram tão difíceis?  

    “Que inferno.”  

    Skrrtckk—1

    Amassando o papel à sua frente, Kiera xingou e o jogou para o lado.  

    “…..Tão irritante.”  

    Estudar era algo que ela tinha começado a gostar.  

    E mesmo assim…  

    Por que era tão irritante de repente?  

    “Droga.”  

    ***  

    “Você acordou de novo. Como está se sentindo?”  

    “Uma merda.”  

    Esfreguei os olhos e me sentei. Minha cabeça latejava, e tudo doía. Porém, essa sensação não durou muito.  

    “…..Hmm.”  

    Canalizando minha mana, percebi que meus ferimentos haviam cicatrizado novamente. Claro, ainda não estavam totalmente curados, mas eu os havia agravado durante o treino.  

    Meu olhar vagou inconscientemente para a pessoa em questão.  

    “Obrigado.”  

    E as palavras saíram da minha boca.  

    “….”  

    Foram recebidas com silêncio, pois ela mantinha as costas voltadas para mim.  

    Não me importei.  

    Eu estava começando a me acostumar com seu mutismo.  

    “Que garota rude.”  

    Daphne, que estava sentada ao meu lado, balançou a cabeça.  

    “Ela costumava ser muito mais animada, sabia?”  

    “Hurr… Hurr… Ela balançava nos meus braços às vezes.”  

    “Sim, sim! Lembro disso. Ela era tão fofa.”  

    “Hurr. Hurr.”  

    “Aurelia? Quer balançar nos braços do Gork de novo?”  

    “…..”  

    “Hahaha.”  

    “Hurr. Hurr.”  

    Enquanto os dois riam, me levantei. Minhas pálpebras pesavam, e eu não queria nada além de dormir.  

    Mas não tinha tempo para isso.  

    Precisava continuar treinando.  

    Precisava evoluir [Mãos da Enfermidade]. Estava perto.  

    「95%」

    Faltavam apenas 5%.  

    Estava perto, mas parecia tão distante. Principalmente porque o progresso estava estagnando.  

    “Haa.”  

    Certo, tanto faz.  

    Deveria conseguir na próxima sessão.  

    Ou na seguinte.  

    “…..”  

    Mais uma vez, perdi a noção do tempo.  

    O tempo parecia fluir em velocidade diferente enquanto eu me concentrava em absorver o elemento [Maldição] no ar e tentava entendê-lo.  

    Um padrão familiar começou a se formar.  

    Primeiro, eu perdia a noção do tempo.  

    Pinga!  

    Depois, o suor vinha.  

    Como se os dois tivessem um acordo, a dor vinha logo em seguida.  

    Ela atravessava meu corpo. Como se milhares de agulhas perfurassem cada parte de mim.  

    “Uhk…!”  

    Eu resistia à dor o máximo possível.  

    Minha tolerância à dor era alta.  

    Mesmo assim, cheguei a um ponto em que não tinha escolha a não ser sucumbir.  

    O mundo escurecia, e eu acordava novamente.  

    “Acordeee~ Como está se sentindo?”  

    Uma saudação familiar.  

    Quase tinha virado rotina para mim.  

    “Uma merda.”  

    Esfregando os olhos, olhei ao redor.  

    A dor havia sumido de novo, e meu corpo estava curado. Era hora de recomeçar.  

    Acenei com a mão para verificar meu progresso.  

    “….”  

    Só para pausar e piscar os olhos.  


     

    「95%」

     

    “Uh…?”  

    Cobri minha boca. Por um instante, senti vontade de rir.  

    “Haha.”  

    Não, eu ri.  

    Simplesmente saiu da minha boca sem permissão.  

    Pisquei para ter certeza de que estava vendo direito.  

    E ainda assim…  


     

    「95%」

     

    Os resultados permaneciam os mesmos.  

    Nada havia mudado.  

    Senti meus lábios tremerem.  

    ‘Acabei de desperdiçar um dia…?’

    Toda aquela dor, e tempo. Para quê?  

    Esfreguei a cabeça.  

    ‘Não, não é hora de entrar em pânico.’  

    Talvez eu não tivesse treinado o suficiente.  

    Olhei ao redor. Meu olhar finalmente pousou em Aurelia. O tempo todo, seu único foco era o Dragão.  

    Como se nada mais importasse para ela.  

    Abri a boca, mas a fechei novamente.  

    ‘De novo.’  

    Repeti o ciclo mais uma vez.  

    Não tinha escolha.  

    A única pessoa em que podia confiar era eu mesmo.  

    Fechando os olhos, passei pelo ciclo novamente.  

    Começava com a imersão.  

    Depois, o suor.  

    Por fim, a dor.  

    E então…  

    Escuridão.  


     

    「95%」

     

    “…..”  

    Encarei a janela em branco, de costas no chão.  

    “Não entendo.”  

    Por quê…?  

    Por que o progresso parou?  

    Havia algo que eu estava perdendo? Claramente, esse método funcionava até agora. Por que não estava mais funcionando?  

    “Por quê?”  

    Meus olhos novamente se voltaram para Aurelia.  

    Queria perguntar a ela, mas me controlei. Sabia que ela não responderia. Isso era algo que eu precisava descobrir sozinho.  

    “…..”  

    Mas não importava o quanto eu tentasse, minha mente continuava vazia.  

    Não conseguia pensar em nada.  

    ‘Isso não é algo que consigo fazer sozinho.’

    A dolorosa percepção da minha situação ficou clara.  

    Ergui minha mão, bloqueando o sol distante. Ele brilhava intensamente, e meus olhos começavam a doer.  

    Uma sombra cobriu meu rosto.  

    Apertando o punho, minha mão lentamente ficou roxa.  

    “…”  

    Sentindo a superfície áspera do chão nas minhas costas, virei a palma e olhei para minha mão. Estava totalmente roxa devido ao efeito de [Mãos da Enfermidade].  

    Um simples toque e eu poderia lançar o feitiço em outra pessoa.  

    Uma habilidade bastante conveniente quando usada junto com Tecer de Éter.  

    “Como será que é a sensação.”  

    Usei tantas vezes em oponentes, mas ainda não sabia como os outros se sentiam sob o efeito do feitiço.  

    Eles só se sentiriam fracos? ….Ou havia mais?  

    “…”  

    Um pensamento repentino me ocorreu.  

    Antes que percebesse, minha mão estava perto do meu rosto.  

    E então…  

    Coloquei-a sobre meu rosto.  

    “…”

    Não lembro de nada depois disso. 

    1. Entrail fazendo o próprio rastracktrackrastracktrack dele[]

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