Índice de Capítulo

    Voom—

    O espaço ondulou e uma perna surgiu.  

    Três figuras surgiram do nada. O próprio ar mudou quando os três pisaram.  

    Vestindo armaduras de metal grossas com o emblema de um leão dourado, eles olharam ao redor.  

    “Chegamos…?”  

    Perguntou o capitão Wesley Reijnder da Brigada do Leão Infernal.  

    Olhando em volta, sentia o frio arrepiar sua pele. Com uma juba loira, bigode e corpo robusto, ele era perfeito para a Brigada.  

    “Urr, capitão. Está frio~”  

    Atrás dele estavam os outros dois membros da Brigada.  

    Samantha, de cabelo curto preto e olhos azuis, tinha uma marca distintiva no queixo. No Nível 5, ela era uma membro importante.  

    Já ao seu lado, com longos cabelos pretos cobrindo o rosto e postura curvada, Ray olhava em volta resmungando.  

    “…..Estou cansado. Quero voltar. Por que sempre eu?”  

    “Pare de reclamar.”  

    Samantha suspirou.  

    Ray era um membro peculiar. Difícil de descrever, mas se ela tivesse que resumir, seria ‘Extremamente introvertido’.  

    Se não fosse por essa missão envolver uma área com alta concentração de [Maldição], não o teriam trazido.  

    Passando os dedos pelos cabelos, ela olhou para as muralhas ao longe.  

    “Hmm, aquela é a cidade?”  

    “Deve ser.”  

    Respondeu o capitão.  

    Samantha acenou, com os olhos brilhando de interesse.  

    “Disseram que é um necromante. Quão forte será?”  

    “Tem gente vindo.”  

    Assim que o capitão falou, alguns indivíduos apareceram. Reconhecendo um deles, um sorriso surgiu no rosto do capitão.  

    “Se não é uma cara conhecida. Não esperava vê-lo aqui, Inquisidor Hollowe.”  

    “Finalmente chegaram.”  

    Arrumando os cabelos, o Inquisidor Hollowe olhou para o capitão.  

    “Chegaram muito mais rápido do que imaginei.”  

    “Haha, bom, estávamos com tempo livre, e como isso envolve uma Fenda no Espelho, a Central considerou o local importante.”  

    “Verdade.”  

    Virando para olhar a cidade, o Inquisidor indicou com o queixo.  

    “Vamos conversar. Tenho muito para informar.”  

    ***  

    Começou com a fraqueza.  

    Meu corpo ficou mole e perdi o controle. Olhando para o céu sem expressão, não conseguia me mover.  

    Como se estivesse completamente paralisado.  

    ‘….É isso?’  

    Não parecia tão ruim.  

    Pelo menos até minha cabeça começar a doer. O mundo girou e meu estômago embrulhou.  

    “….”  

    Algo começou a subir.  

    A cada minuto, aumentava.  

    E então….  

    “Blergh.”  

    Tudo saiu da minha boca.  

    “…!”  

    Mas eu ainda estava paralisado. Só conseguia ficar imóvel no chão enquanto o vômito escorria.  

    “Ukh…!”  

    Era tanto que comecei a sufocar.  

    ‘Não consigo respirar.’  

    “Blergh.”  

    E como se não bastasse, continuava saindo.  

    De olhos arregalados, deitado no chão, incapaz de fazer nada enquanto meu fôlego escapava.  

    Uma sensação estranha, quase sufocante, tomou conta da minha mente enquanto tentava encontrar espaço para respirar.  

    Mas… simplesmente não aparecia.  

    “….!”  

    Estava ficando sem oxigênio.  

    A sensação ficou mais forte enquanto meu corpo entrava em espasmos.  

    ‘Ar…! Preciso de ar!’  

    Gritei internamente, mas meu corpo não me obedecia.  

    Cospe—!  

    O vômito continuava.  

    Meus joelhos tremiam, meu pescoço se contorcia.  

    O mundo estava escurecendo.  

    A sensação era insuportável, sufocante.  

    Mas eu nada podia fazer.  

    Aos poucos, perdia a consciência.  

    E ainda assim, havia uma ironia nisso tudo.  


    ∎| Nv. 1 [Mãos da Enfermidade] EXP + 0.3%  


    ∎| Nv. 1 [Mãos da Enfermidade] EXP + 0.01%  


    Eu finalmente estava progredindo de novo…  

    ‘Haaa…’  

    Tudo ficou escuro.  

    “….”  

    Quando acordei, a primeira coisa que vi foi a notificação diante de mim.  


     

    「97%」

     

    Funcionara.  

    “Parece que alguém acordou de novo. Como está se sentindo?”  

    “….”  

    Dessa vez não respondi como de costume.  

    Em vez disso, me levantei e fiquei de joelhos. Olhei para minha mão.  

    Estava roxa novamente.  

    “H-Hu.”  

    Meu peito tremia de nervosismo. Sabia o porquê. Recordando a dor que sentira, hesitei.  

    Era um tipo diferente de dor.  

    Sufocante, afogante. Não estava acostumado.  

    Porém, pensando na situação, cerrei os dentes.  

    “Preciso fazer isso.”  

    Olhei para uma certa figura.  

    …..Eu não morreria.  

    Ela estava me protegendo. Mesmo sem demonstrar, se importava.  

    Só precisava aguentar a dor.  

    “Ok.”  

    Fechei os olhos.  

    Então, levei minha mão ao rosto.  

    Baque!  

    Dessa vez caí para frente.  

    Cospe—  

    E engasguei novamente com meu próprio vômito.  

    A sensação voltou, o sofrimento continuou. Mesmo assim, no meio da tortura, foquei toda minha percepção nas sensações.  

    Da paralisia ao enjoo, a latejada na cabeça.  

    Concentrei-me em cada detalhe.  

    Precisava entender completamente o feitiço para evoluí-lo. Seus efeitos, como agia.  

    Foquei nesses pensamentos.  

    ‘Dói.’  

    ‘Não consigo respirar.’  

    ‘Não consigo focar.’  

    ‘Meu estômago dói.’  

    ‘Estou com fome.’  

    ‘Estou com sede.’  

    Quanto mais analisava, mais entendia a profundidade do feitiço.  

    Não só enfraquecia, como causava todo tipo de dor.  

    Ficou claro para mim.  

    ‘Isso é horrível.’  

    “…..”  

    Ao acordar, verifiquei a barra de progresso.  


    「99%」

    Estava quase lá.  

    Faltava apenas uma experiência para evoluir [Mãos da Enfermidade]. Idealmente, teria que me torturar de novo, mas não o fiz.  

    “…..”  

    Sabia que não adiantaria.  

    Esfregando os olhos, verifiquei meu corpo. Como esperado, estava curado. A voz de Daphne chegou até mim.  

    “Hm? Não vai fazer o mesmo dessa vez?”  

    “…..Não.”  

    Dessa vez respondi.  

    “Oh? Finalmente está falando com a gente de novo?”  

    Daphne falou como se estivesse chocada. Cocei o rosto. O vômito ao redor havia sumido, minhas roupas limpas.  

    Olhei para ela e abaixei a cabeça.  

    “Obrigado.”  

    “….Não foi nada. Não foi nada.”  

    Ela acenou.  

    “Não fiz nem perto do que a Aurelia fez. Se quer agradecer alguém, agradeça a ela.”  

    “Certo.”  

    Concordei.  

    Era verdade. Sem Aurelia, não teria chegado até aqui.  

    E, ao mesmo tempo, sem ela, não evoluiria. Dei alguns passos em sua direção, parando a alguns metros.  

    “…..”  

    Como sempre, ela encarava o Dragão de Pedra.  

    “Estou quase lá.”  

    Comecei a falar.  

    “Cheguei no limite do que posso fazer sozinho.”  

    Realmente, havia chegado no limite.  

    Apesar de faltar apenas 1%, sabia que não cruzaria essa linha sozinho.  

    “Não sei quanto tempo os reforços do Império vão demorar, mas estou quase no próximo nível. Não sei como alcançá-lo.”  

    “…..”  

    Ignorando seu silêncio, abaixei a cabeça.  

    “Por favor, me ensine.”  

    Mais uma vez, pedi que me ensinasse.  

    Sabia que não precisava. Apesar de sua ‘frieza’, ela vinha me ensinando diligentemente.  

    Toda vez que meu corpo se recuperava, sentia uma energia vindo dela. Guiava meus caminhos, como usar a mana com eficiência.  

    Até parecia que a pureza do meu mana melhorara.  

    ‘Estava Corrompido da última vez. Como está agora…?’  

    Pena que não podia verificar.  

    “…..Por quê?”  

    Novamente, Aurelia perguntou.  

    Não hesitei.  

    “Porque preciso.”  

    “…Precisa?”  

    Aurelia se virou, e nos encaramos.  

    Sorri.  

    “Não quero morrer. Quero voltar para Ellnor. Você também não quer voltar?”  

    “….”  

    Não houve resposta, mas era óbvio.  

    Sentei-me e encostei minhas costas nas dela.  

    “Estou pronto quando você estiver.”  

    Sabia que o que fosse necessário para evoluir traria dor extrema.  

    Mas estava pronto.  

    Se fosse para superar tudo e alcançar o próximo nível, aguentaria a tortura.  

    “…Por que faz isso consigo mesmo?”  

    Até Aurelia parecia confusa com minha perseverança.  

    “Vi você se torturar até a morte repetidas vezes. Não liga para seu corpo. Como se nem se importasse. Por quê…? Por que faz isso?”  

    “….”  

    Não respondi de imediato.  

    Sem olhar para trás, encarei à frente. Ao longe, Daphne, Gork e Liam estavam juntos. Notando meu olhar, acenaram.  

    Senti vontade de sorrir, mas não o fiz.  

    Não conseguia.  

    Ainda assim, refletindo, pressionei os lábios.  

    “….É pelo mesmo motivo que você.”  

    “Eu?”  

    “Quero voltar.”  

    Sim, queria voltar.  

    Mas não para Ellnor.  

    Para outro lugar. Muito mais longe.  

    Um lugar que talvez nunca mais visse. Mesmo assim, valia a pena tentar.  

    Por isso aguentava a dor.  

    “Não somos tão diferentes.”  

    A voz de Aurelia ecoou atrás de mim.  

    “Por isso não queria te ensinar.”  

    “Eu sei…”  

    Uma mão fria tocou minhas costas, e meu corpo tremeu. A dor voltou, como lava percorrendo cada parte.  

    “…..”  

    Suportei em silêncio.  

    “Pessoas como nós nunca serão felizes.”  

    No silêncio, sua voz continuou.  

    “…..Sempre corremos atrás de coisas que sabemos ser impossíveis.”  

    Mal conseguia focar.  

    A dor dominava cada pedaço.  

    “E mesmo sabendo, não conseguimos parar.”  

    Meus ombros tremeram.  

    Meu coração tremeu.  

    “Somos amaldiçoados a ser assim.”  

    Uma dor indescritível tomou conta. Meu corpo fraquejou, mas uma mão me segurou.  

    “Gostando ou não, continuamos perseguindo metas sem sentido.”  

    Ela me manteve ereto.  

    “Odeio isso.”  

    Impedindo que eu caísse.  

    “Odeio você.”  

    Me mantendo firme.  

    “Odeio você porque me odeio.”  

    Permitindo que eu visse adiante.  

    “….E por isso, não consigo deixar de torcer por você.”  

    Minha visão mudou.  

    Uma notificação apareceu.  

    E em um instante, toda a dor sumiu.  

    “Ah.”  

    Meus ombros ficaram leves, assim como meu peito.  

    Só senti alívio.  


     

    Nv 1. [Mãos da Enfermidade] –> Nv 2. [Presa da Pestilência]


    ‘Consegui.’

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