Capítulo 143: Análise de Progresso [2]  

“Isso marca o fim do seu exame. Entregarei suas notas mais tarde. Para aqueles que não tiveram um grande salto em suas pontuações, por favor, não fiquem desanimados. Sempre haverá uma próxima vez.”

Ao ouvir as palavras do professor assistente, alguns cadetes mostraram expressões abatidas e acenaram com a cabeça.

A dura realidade era que nem todos eram capazes de melhorar significativamente.  

Pelo menos, quando comparados a Leon, Aoife e os outros.

Seu progresso foi bastante mínimo.

Mas, como se isso não fosse ruim o suficiente, aqueles que tiveram o menor progresso nesta rodada seriam colocados em uma lista de observação.

Se a próxima análise de progresso quase não mostrasse melhorias, então eles seriam, infelizmente, retidos por um ano ou expulsos da Academia.

A Academia investia muitos recursos para sustentar os cadetes.  

A Academia era um lugar duro.

Apenas os melhores dos melhores tinham permissão para ficar.  

“Você melhorou muito.”

Aoife disse, de pé com os braços cruzados ao lado de Leon.  

Ela estava olhando para o professor assistente responsável por seu grupo.  

“Você também…”

Leon respondeu brevemente.

Ele mais ou menos já sabia quais seriam seus resultados.

Por isso não estava surpreso.

Aoife continuou,  

“Com suas notas, você deve ser o primeiro no geral.”

“….Acho que sim.”

“Entendo.”

Diferentemente da última vez, Aoife não parecia particularmente incomodada pelo fato de não estar em primeiro.

Embora fosse verdade que ele estava classificado acima dela, a diferença entre os dois não havia aumentado. Na verdade, Aoife parecia ter diminuído a diferença.

Especialmente na parte de resistência mental.

Nisso, ela conseguiu superá-lo, o que foi uma surpresa para ele.

Leon estava prestes a mencionar isso quando percebeu uma mudança no ambiente.  

Um silêncio estranho tomou conta do campo de treinamento.

Virando a cabeça, Leon entendeu imediatamente o motivo por trás do silêncio.

“….”

‘Então é isso de novo.’

Julien estava prestes a fazer o exame de resistência mental.

Todos os presentes ainda se lembravam vividamente da última vez que ele fizera o exame.

Como não se lembrariam, quando ele criou tal cena?

Ainda estava gravado na mente de todos ali.

E, olhando ao redor, Leon viu que estava certo.

Neste exato momento,

Todos os olhos estavam fixos em Julien, que tinha os olhos fechados.

Ninguém disse uma palavra enquanto simplesmente o observavam.

Então,

Seus olhos se abriram, e sua voz ecoou suavemente dentro do campo de treinamento.

“Comece.”

***

Era uma sensação familiar.

Formigava meu corpo. Quase como se uma corrente de eletricidade de baixa voltagem percorresse meu corpo. Da sola dos pés até a cabeça.

A sensação percorria cada canto do meu corpo.

“0.1”

Assim como antes, o professor assistente chamou o nível de dor em voz baixa.

A pontuação era bastante simples.

Ia de zero a dez. Quanto maior a pontuação, mais doloroso era.  

Geralmente, as pontuações mentais estavam alinhadas, se não abaixo, do nível em que alguém estava.

Como eu estava no nível 2, minha tolerância à dor era esperada em torno de 2.

Quanto mais alto o nível de um mago, maior sua tolerância à dor.

“0.2”

A pontuação aumentou.

Mal dava para sentir.

“0.3”

Naquela época, foi nesse ponto que comecei a sentir algo.

Mas,

‘Nada.’

Eu não sentia nada.

“0.4”

“0.5”

“0.6”

Os números continuaram a subir.  

Mesmo assim, ainda não sentia nada.

Era estranho.

Naquela época, eu tinha certeza de que, nesse ponto, já havia sentido algo.

“0.7”

“0.8”

Os números continuaram subindo.

Abrindo os olhos, olhei ao redor. Todos estavam me olhando fixamente. Era estranho.

Por que todos estavam tão preocupados com minha pontuação?

“0.9”

“1.0”

O professor assistente continuou chamando a pontuação.

“1.1”

Ah, aí.

Senti algo ali.

Meu peito ficou pesado, e minha perna tremeu.

O desconforto começou.

“1.2”

“1.3”

Ainda não havia chegado ao ponto de se tornar dor, mas não era nada agradável.

“1.4”

“1.5”

“1.6”

Os números continuaram sendo chamados, e o desconforto ficou mais aparente.

Dito isso, ainda era desconforto.  

A dor ainda não havia chegado.  

“1.7”  

“1.8”  

“1.9”  

“2.0”  

A essa altura, eu podia dizer que os olhares com que todos me encaravam haviam mudado. Era como se estivessem olhando para algum tipo de maníaco.  

Não tinha como evitar.  

“2.1”  

“2.2”  

Eu ainda não sentia nenhuma dor.  

A situação era tão estranha que a Professora Kelson começou a ter dúvidas. Ela estava monitorando de lado o tempo todo para garantir que tudo corresse bem.  

“Você sente alguma dor?”  

“…..Não.”  

Respondi calmamente enquanto a voz do professor assistente ecoava ao fundo.

“2.3”  

“Você não?”  

Ela franziu a testa, abaixando a cabeça para verificar a pulseira.  

“Poderia estar com defeito?”  

Eu também me perguntei isso.  

Embora eu sentisse algo, não era nada como da última vez. Também me fez questionar se a pulseira estava com defeito ou não.  

“Não, sem problemas.”  

Após uma verificação rápida, a Professora Kelson se afastou.  

A maneira como ela me olhava mudou.  

“Você realmente…”  

Suas palavras terminaram ali.  

“2.5”  

“2.6”  

“2.7”  

A contagem continuou.  

A essa altura, a voz do professor assistente era a única coisa que ecoava pelo espaço de treinamento. Todos estavam ocupados demais me encarando com expressões pesadas.  

“2.8”  

“2.9”  

“3.0”  

“….!”  

Finalmente, senti algo.  

Meu braço esquerdo tremeu, assim como meu rosto. Expressões de alívio apareceram nos rostos de muitos cadetes.  

“3.1”  

“3.2”  

O aumento da dor foi rápido.  

Em apenas alguns segundos após a dor começar, ela se intensificou. Foi tão rápido que, por um momento, quase soltei um gemido.  

“…..”  

Meu corpo inteiro doía nesse ponto.  

Um certo calor cobria cada centímetro do meu corpo, dando a ilusão de que eu estava em chamas.  

“3.3”  

“3.4”  

A cada contagem, a dor piorava progressivamente.  

Apertei os dentes e segurei com força o braço da cadeira.  

“Kh…!”  

Finalmente, comecei a fazer sons.  

“3.5”  

A sensação de minha carne se rasgando consumiu meus pensamentos enquanto o fogo queimava minha pele. A dor era excruciante, roubando meu fôlego e me deixando ofegante por alívio.

“Huuu.. huu…”  

Respirando fundo, fechei os olhos.  

‘Lembre, lembre….’  

Afundei em minha consciência. Estava escuro e vazio. No entanto, dentro daquele vazio havia uma certa figura.  

Uma desfigurada.  

Caminhei até ela e coloquei minha mão sobre sua cabeça.  

Memórias inundaram minha mente.  

Uma criança. Uma irmã. Uma mansão em chamas.  

A dor que ele sentiu.  

Tudo isso, eu revivi.  

E…  

“3.6”  

“3.7”  

Finalmente consegui me acalmar.  

Comparado àquela dor, isso não era nada.  

Portanto,  

“3.8”  

“3.9”  

Mesmo com os números aumentando, meu corpo parou de tremer e eu fiquei parado.  

Imóvel.  

“4.0”  

A queimação parou.  

Senti uma nova dor desta vez.  

Sufocamento.  

Eu estava sendo sufocado.  

“Ukh…!”  

Embora não pudesse ver, podia imaginar meu rosto ficando totalmente azul. Submerso nas profundezas do oceano, era difícil respirar.  

“4.1”  

“4.2”  

O ar desapareceu, e senti um peso esmagador no peito.  

“4.3”  

O pânico arranhou minha garganta.

Comecei a ficar desesperado por ar.  

“4.4”  

Meus músculos se tensionaram, e meus pulmões queimaram a cada tentativa de respirar.  

“4.5”  

Segurando com força os lados da cadeira, minhas pernas começaram a espasmar.  

“Kh…!”  

Meu recorde anterior era 5.04.  

Eu estava extremamente perto de alcançar tal pontuação.  

Estava perto, mas…  

‘Posso superar?’  

Achei que poderia, mas estava começando a duvidar.  

Nesse momento, a dor era tão intensa que mal conseguia me impedir de desmaiar.  

Diferentemente da última vez, quando me isolei nas profundezas da minha mente, eu estava consciente de tudo.  

Mal conseguia me lembrar do que aconteceu na primeira tentativa.  

Antes que eu percebesse, a pontuação era essa e meu corpo começou a falhar. Desta vez, meu corpo não estava falhando.  

Não havia desculpas para mim.  

‘Devo fazer o mesmo que da última vez?’  

Me esconder em minha consciência interior?  

Isso não era difícil para mim.  

Tinha certeza de que seria capaz de superar facilmente minha pontuação anterior se fizesse isso.  

Mas,  

‘Não.’  

“Kh….!”  

Isso seria o mesmo que fugir.  

Aquele lugar…  

Era um lugar de conforto que eu havia criado quando tinha câncer e sofria de dor todos os dias.  

Tinha sido útil naquela época, pois eu precisava fugir da dor.  

O mesmo não podia ser dito sobre meu eu atual.  

Eu não precisava fugir da dor.  

Precisava resistir a ela.  

Meus inimigos não me deixariam entrar naquele estado de conforto.  

Eu só podia aguentar.  

“5.0”  

“Huaaa…!”  

Recuperei o fôlego.  

Por uma fração de segundo, consegui respirar novamente.  

Só para não conseguir no segundo seguinte.  

“Akh!”  

Meu corpo inteiro se curvou.  

A gravidade ao meu redor se intensificou.  

Mal conseguia manter as costas retas.  

“5.1”  

“5.2”  

“5.3”  

Clank! Clank!  

Minha mão direita escorregou da cadeira e meu corpo caiu para frente.  

“Akh…!”  

Naquela fração de segundo, vi preto e pensei que tinha desmaiado.  

“N-não.”  

Mas fui rápido em me impedir.  

Mordi a língua e cerrei os dentes.  

“N-ainda não…!”  

“5.4”  

“5.5”  

“5.6”  

Os números continuaram subindo, assim como a gravidade ao meu redor.  

Embora fosse apenas imaginária, meu corpo inteiro começou a se inclinar para frente como resultado. Antes que eu percebesse, meu rosto estava em meu colo.  

“H-huu… H-huuu…”  

Lutei para respirar.  

Era sufocante.  

“5.7”  

“5.8”  

Eu sabia que poderia parar agora.  

Já havia superado meu eu anterior.  

Ninguém diria nada.

Que a pontuação anterior foi um golpe de sorte ou algo assim.  

“5.9”  

Mas eu não estava fazendo isso por eles.  

Estava fazendo isso por mim.  

“6.0”  

Eu não estava tentando provar nada para ninguém.  

Não estava resistindo à dor por algum reconhecimento bobo.  

Não.  

…..Eu só não queria fugir dela.  

“6.1”  

Já que ela viria, eu tinha que me acostumar.  

“6.2”  

A dor cresce quando alguém não cresce com ela.  

Eu estava tentando crescer com a dor.  

E por essa simples razão,  

“6.3”  

“6.4”  

“6.5”  

Permiti-me senti-la.  

Permiti-me memorizá-la.  

…..E permiti-me abraçá-la.  

“Tosse…! Tosse.”  

Tossindo, olhei para cima. Para o professor assistente que ainda estava contando. Para a Professora Kelson, que me olhava com preocupação, e para os outros cadetes.  

“…”  

Parei de tossir então.  

“6.6”  

Apertando com força o braço da cadeira, me puxei para trás e endireitei as costas.  

“6.7”  

Olhando ao redor, fiquei sentado sem dizer uma palavra.  

“6.8”  

Mesmo com os números continuando a subir, permaneci quieto.  

“6.9”  

Minhas costas.  

“7.0”  

Permaneciam firmes.  

“7.1”  

“7.2”

“7.3”  

“7.4”  

“7.5”  

“7.6”  

“7.7”  

“7.8”  

“7.9”  

“8.0”  

“8.1”  

“8.2”  

Até o fim.  

Permaneci inabalável.  

E então,  

“…..Chega.”  

Finalmente terminei tudo.  

“…..”  

A contagem parou e a dor desapareceu.  

Quando olhei para baixo, meu corpo inteiro tremia. Na verdade, eu havia perdido completamente o controle do meu corpo.  

“Haa…”  

Fechando os olhos, inclinei a cabeça para trás.  

E então,  

“8.23”¹  

O professor assistente falou.  

“…Essa é sua pontuação final.” 

1. C A R A L H O O O O O OO O O O O O O O O O O O O[↩]