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    Boa noite, lembrem-se de pegar o cargo de Advento no servidor da illusia para sempre ficarem atualizados sobre a obra. Dito isso, vamos para esse combo de dias da mãe, hoje e amanhã.

    Eu estava cansado. Esfregando os olhos, olhei ao redor. Estava em frente à biblioteca novamente.  

    Cada parte do meu corpo doía. Os efeitos colaterais da ‘água’ ainda não haviam desaparecido completamente.  

    Além disso, as mudanças bruscas de temperatura colocaram grande estresse no meu corpo.  

    ‘…..Isso é pior do que o treino normal.’  

    Geralmente ficaria cansado após o treino, que era extremamente intenso, mas isso era outra coisa.  

    “Você chegou cedo.”  

    Vindo do outro lado estava Leon. Com olheiras escuras sob os olhos, ele se aproximou com as costas curvadas.  

    ‘Parece que ele não se saiu bem.’  

    Na verdade, ele parecia ter se saído pior do que eu, o que era surpreendente.  

    “Como você está se sentindo?”  

    “…..Não bem.”  

    Leon respondeu enquanto apoiava a mão na parede da biblioteca.  

    “I-Uekh!”  

    Eu dei um passo para trás.  

    Ele parecia que ia vomitar.  

    Levantando o dedo para mim, o rosto de Leon se contorceu. Ele estava lutando para se segurar.  

    Olhando para ele, por um momento, um pensamento perigoso passou pela minha mente.  

    Minhas mãos formigaram e meu rosto se contraiu.  

    ‘Só um não faria mal, certo? Só para ver se ele vomita…’  

    Mordi os lábios e balancei a cabeça. Não, isso—  

    Abri os olhos e notei que Leon estava me encarando. Seus olhos estavam injetados de sangue e sua expressão era sombria. Era quase como se ele pudesse ler meus pensamentos.  

    Ele balançou a cabeça.  

    “Me poupe.”  

    “…”  

    Lambi meus lábios.  

    Meu corpo começou a tremer novamente.  

    Os olhos de Leon ficaram mais vermelhos.  

    “O que você está fa—”  

    “Bleeergh!”  

    Ele vomitou.  

    As palavras que estavam prestes a sair da minha boca pararam e eu olhei para ele confuso. Leon continuou a vomitar por alguns segundos antes de limpar o canto da boca.  

    “P-pronto.”  

    Ao mesmo tempo, ele me encarou furioso.  

    “…..Eu não disse nada.”  

    “Você estava prestes a dizer.”  

    “Mas não disse.”  

    “Porque eu agi primeiro.”  

    “Tsk.”  

    Fiz um som de desaprovação.  

    Que pena.  

    De qualquer forma, olhando ao redor, vi que havíamos causado um pequeno alvoroço. Sem hesitar, entramos no prédio.  

    Não havia muitas pessoas lá dentro, assim como da última vez.  

    O ambiente estava mal iluminado, e a bibliotecária estava atrás de uma mesa de madeira com um livro nas mãos. Notando nossa aparência, suas sobrancelhas se franziram levemente. Parecia que ela se lembrava de nós. No final, ela não disse mais nada e eu soltei um suspiro de alívio.  

    Felizmente, o que fiz da última vez não foi o suficiente para ela nos banir completamente.  

    Sentando-me, olhei para Leon.  

    “Vamos continuar de onde paramos.”  

    “…..Sim.”  

    Ainda me encarando, Leon virou as costas e foi para a seção de botânica. Por outro lado, deixando minhas coisas na mesa, fui para a área de Classificação de Monstros.  

    Havia mais de mil livros diferentes na minha frente.  

    Felizmente, a maioria tinha ilustrações, o que facilitava a busca.  

    ‘É uma pena que a bibliotecária não saiba muito.’  

    Perguntei a ela ontem se sabia algo sobre a Árvore de Ebonthorn, mas ela balançou a cabeça. Por isso, não tivemos escolha a não ser procurar as informações sozinhos.  

    As Guildas não nos deram acesso à biblioteca deles, e duvido que alguém se incomodaria em nos ajudar, já que estavam ocupados.  

    No final, esse era o único jeito.  

    Vira—  

    Folheando casualmente as páginas, procurei por pistas.  

    O que mais me surpreendeu foi a quantidade de monstros registrados nos livros.  

    Os números eram ridículos.  

    “Huam.”  

    Encostando nas prateleiras, continuei virando as páginas. Quanto mais eu folheava, mais sonolento ficava.  

    Havia tantos livros, e ainda assim, nenhum tinha o que eu precisava.  

    “Esse também não.”  

    Acabei de colocar outro livro na prateleira quando parei.  

    “…..”  

    Olhando para o outro lado, dois olhos amarelos encontraram meu olhar. Do outro lado estava Aoife, me encarando com uma expressão estranha.  

    “…..”  

    “…..”  

    Ficamos cara a cara por um breve momento antes que eu quebrasse o silêncio.  

    “O quê?”  

    “…Você gosta muito da biblioteca, não é?”  

    “Gosto…?”  

    Pensando bem, eu passava muito tempo na biblioteca da Academia.  

    “Acho que sim.”  

    Aoife acenou com a cabeça e a conversa terminou ali. Ou assim eu pensei. Assim que virei para pegar outro livro, sua voz ecoou novamente.  

    “Está procurando algo específico?”  

    “…Estou.”  

    “Oh.”  

    Ela acenou novamente, e o silêncio retornou. Foi estranho, mas principalmente porque ambos éramos ruins em conversar. Voltei minha atenção para o livro quando parei e olhei para cima.  

    Aoife ainda estava me encarando.  

    Mas o que…  

    “Precisa de ajuda?”  

    “…..Por quê?”  

    “Ah, só…”  

    Aoife coçou a nuca.  

    “….Você parecia muito sério. Pensei que talvez precisasse de ajuda.”  

    Franzi os olhos.  

    “Qual é o verdadeiro motivo?”  

    “O quê?”  

    A voz de Aoife subiu levemente.  

    Foi sutil, mas o suficiente para eu perceber. Fechei o livro e o coloquei de volta na prateleira.  

    Então olhei diretamente nos olhos de Aoife. Ela manteve meu olhar, mas, por fim, baixou os olhos e suspirou.  

    “Tá bom, tudo bem.”  

    Ela apertou a testa.  

    Olhando para trás, seu olhar se fixou em uma pessoa à distância. Com cabelo preto até os ombros e um nariz longo, ele estava sentado em uma das cadeiras lendo um livro.  

    Não parecia haver nada de errado com ele à primeira vista.  

    Olhando para Aoife confuso, ela sussurrou:  

    “Ele é parente de uma das pessoas desaparecidas.”  

    “…..Oh?”  

    Meu interesse finalmente despertou e olhei melhor para ele.  

    Não fomos totalmente informados sobre a situação, já que ainda estávamos em treinamento, mas pelo que sabia, a equipe desaparecida tinha mais de trinta pessoas. Eram membros de todas as quinze Guildas.  

    “Você está perseguindo ele?”  

    “Uh?”  

    Aoife virou a cabeça para mim.  

    “Perseguindo? Do que você está falando? Eu nunca faria isso. Por que está me acusando?”  

    “…..”  

    Inclinei a cabeça.  

    Ela falou anormalmente rápido. Quase como se estivesse se justificando.  

    “…..Porque é isso que você está fazendo agora.”  

    “Não, estou apenas me adiantando. Só o segui da residência dele até aqui.”  

    “Sim, não. É perseguição.”  

    “…..”  

    Aoife me encarou.  

    Olhando discretamente para trás, ela sussurrou:  

    “Não é perseguição. E mesmo que fosse… Qual o problema?”  

    “…..Uh?”  

    Como se percebesse o que disse, Aoife cobriu a boca.  

    Respirou fundo e afastou as mãos.  

    “Sinto que há algo errado com a situação.”  

    “…..”  

    “Não, mais do que a situação, é o posto de suprimentos. Tive uma sensação estranha desde que cheguei. Pensei que, ao falar com os parentes das vítimas, descobriria algo.”  

    “E como está indo?”  

    “…..Ainda não encontrei nada.”  

    Balançando a cabeça, ela pegou um livro.  

    “Por isso estou aqui.”  

    Abrindo-o, começou a ler.  

    Fiquei olhando para ela por alguns segundos antes de pegar meu próprio livro.  

    ‘…..Parece que ela também sentiu que algo estava errado.’  

    Não só Leon, mas Aoife também. Porém, diferente dele, não tinha certeza se o ‘pressentimento’ dela tinha a ver com a árvore.  

    Olhando para o homem que Aoife estava observando, ele parecia normal à primeira vista.  

    ‘Ela disse que é parente de uma das vítimas desaparecidas…’  

    Havia algo errado com as vítimas?  

    Pensei nas palavras dela por um minuto antes de balançar a cabeça. Por enquanto, precisava focar em encontrar pistas sobre a árvore.  

    Era minha prioridade no momento.  

    Encostado na prateleira, folheando o livro, falei:  

    “Árvore de Ebonthorn.”  

    “Hm?”  

    Aoife olhou para mim.  

    Mantive meu olhar no livro.  

    “Você perguntou se eu precisava de ajuda. Preciso de informações sobre isso.”  

    “…..”  

    Notando o silêncio de Aoife, olhei para ela. Com uma expressão pensativa, ela parecia refletir profundamente. Então, sentindo meu olhar, voltou sua atenção para mim.  

    “Por que está procurando isso?”  

    “…..Você vai me ajudar ou não?”  

    “Não, é que…”  

    Aoife fechou o livro.  

    “…..Se precisar muito, conheço um jeito.”  

    “Oh?”  

    Fechei meu livro.  

    “Como?”  

    “Esqueceu quem eu sou?”  

    “Ah.”  

    “Posso ir até as Guildas e pedir que me digam tudo o que sabem. Se me der uma hora, consigo todas as informações.”  

    “Tão rápido?”  

    “Sim.”  

    Uau.  

    …..Não sabia como me sentir. Olhando para Aoife, percebi algo.  

    ‘Princesas são realmente úteis.’  

    “Está pensando algo rude?”  

    “Não.”  

    Mantive minha expressão neutra. Por dentro, estava chocado.  

    Como ela sabia?  

    Estava prestes a dizer algo quando, de repente, as cores ao meu redor mudaram, ficando vermelhas.  

    Tudo aconteceu num piscar de olhos. Num momento, o mundo estava normal; no seguinte, tudo estava vermelho.  

    “Uh?”  

    Todas as cabeças viraram para as janelas.  

    Lá fora, as pessoas olhavam para o céu com rostos pálidos. Algumas apontavam, enquanto outras corriam.  

    Olhei para a cena por alguns segundos até Leon aparecer.  

    Ele parecia em alerta máximo.  

    Olhando para nós, seu olhar pousou em Aoife por um instante antes de voltar para mim. Com um único olhar, todos soubemos o que estava acontecendo.  

    Como não saberíamos, depois do treino de hoje?  

    Foi quando Leon murmurou:  

    “Sombra Carmesim.”  

    WOOOM~  

    Um pulso sinistro varreu o posto.  

    “Ukh..!”  

    “Kh!”  

    Um calor escaldante envolveu tudo.  

    Foi tão rápido e repentino que quase ninguém teve tempo de reagir. Felizmente, nosso treino nos ajudou.  

    Sem hesitar, canalizei minha mana e o calor dissipou.  

    Uma sensação fresca envolveu meu corpo.  

    Mesmo assim, minha expressão estava sombria.  

    Sabia que não duraria mais de uma hora assim.  

    “Akh!!”  

    “Socorro!”  

    Os gritos das pessoas lá fora ecoaram. Embora a maioria aqui fossem super-humanos mais fortes que eu, havia civis fracos, habitantes naturais do lugar.  

    Eles não conseguiam se proteger do calor.  

    “Haaa… Haaa…”  

    Respirando pesadamente, olhei para o mundo carmesim ao redor.  

    Virei para Leon quando percebi que não conseguia me mover.  

    Olhando para baixo, vi minhas pernas e estremeci. Enrolando meus tornozelos e subindo até os joelhos, havia raízes familiares.  

    Diferente de antes, quando só cobriam meus tornozelos, agora alcançavam meus joelhos.  

    Enroscadas em minhas pernas, elas me impediam de me mover.  

    “Ukh!”  

    Tentei me mexer, mas meu corpo não saía do lugar.  

    “Haaa… Haaa…”  

    Meu coração acelerou, e notificações piscaram diante de meus olhos.  



    ∎| Nv. 2. [Medo] EXP + 0.05%
    ∎| Nv. 2. [Medo] EXP + 0.02% 
     

    Antes que percebesse, o medo havia se enraizado em minha mente.  

    Um medo que só piorava com o vermelho que cobria o mundo.  

    A Sombra Carmesim havia caído.

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