Capítulo 162: Sombra Carmesim [3]
A Sombra Carmesim.
Um fenômeno que se espalhou pela Dimensão Espelho, sem deixar informações claras sobre sua origem, apenas que queimava tudo o que tocava.
Olhando ao meu redor, o mundo havia ficado completamente vermelho.
Tzzz~
Vapor começou a subir do meu corpo enquanto canalizava minha mana.
Mas essa não era minha principal preocupação. Olhando para baixo e observando as raízes que envolvia meus pés, me senti sufocado.
∎| Nvl 2. [Medo] EXP + 0,03%
∎| Nvl 2. [Medo] EXP + 0,01%
Notificações continuaram a piscar em minha visão.
Senti o som das batidas do meu coração ecoar em minha mente.
Um certo pavor tomou conta de mim, e uma sensação estranha de formigamento percorreu meu rosto.
‘O que é…’
No tempo que levei para piscar, as raízes, junto com a sensação, haviam sumido.
“Haaa… Haaa…”
Assim como o medo.
Com respiração pesada, me apoiei na estante de livros e me recompus.
Mais uma vez, vi as raízes.
Dessa vez, estavam mais longas que antes, chegando até meus joelhos.
Uma ideia cruzou minha mente.
‘Isso seria… um limite de tempo…?’
A árvore brotaria assim que as raízes tomassem completamente minha mente?
“H-Ha.”
Meu peito tremeu.
‘Preciso parar de enrolar.’
Se possível, queria que as Guildas investigassem a situação diretamente. Não queria que as coisas chegassem a esse ponto. Mas como convencê-las a me ajudar?
Não era como se eu pudesse dizer que visualizei a cidade inteira sendo envolta por uma árvore.
Não tinha provas para sustentar minha afirmação.
‘Certo, se ao menos tivesse provas.’
Não, está bem.
Agora tinha alguém que poderia ajudar.
Aoife.
‘Isso, com as informações del—’
“Hiaaaaakk!”
Um grito agudo que me fez tremer me tirou dos meus pensamentos. Virando rapidamente a cabeça para as janelas da biblioteca, vi uma mulher de meia-idade do outro lado segurando a cabeça.
Olhando para o céu, ela gritou com toda a força.
“Hieeaaak!”
O grito parecia vir das profundezas de sua alma.
Ela se tornou o centro de minha atenção, e antes que percebesse, já estava me movendo em direção à janela.
Me senti estranhamente tenso ao sair do prédio.
A ponto de me assustar com o som dos passos de Leon atrás de mim.
Olhei para o céu. Estava completamente vermelho, a Sombra Carmesim pairando opressiva acima, tingindo tudo abaixo de um tom sanguíneo.
Os prédios e infraestruturas, embora variassem em tons, tinham uma coloração semelhante. O clima antes alegre havia desaparecido, substituído por um senso de pânico. As ruas de paralelepípedos agora estavam praticamente desertas, com apenas alguns restantes — a maioria cidadãos mais fracos que não conseguiram fugir.
As únicas coisas deixadas para trás eram barracas abertas, jarros de álcool pela metade e papéis rasgados espalhados pelas ruas vazias.
Era uma cena assustadora.
“Hieeaaak!”
Gritos de terror continuavam a ecoar, cada vez mais distantes.
“Onde está todo mundo…?”
Aoife foi a primeira a falar, olhando ao redor com expressão sombria. Da mesma forma, meu olhar acabou se fixando em Leon, que examinava a mulher.
Ela já havia parado de gritar.
“Algo está errado?”
Como seu corpo a cobria, não conseguia vê-la direito. Só quando me movi para o lado para enxergar melhor entendi por que ela parara de gritar.
Minha expressão ficou sombria.
“…..Ela está morta.”
Era difícil descrever o que restara dela. Como se toda a água tivesse sido sugada, parecia uma versão mumificada de si mesma.
Ela não era a única.
Olhando ao redor, os cidadãos de antes agora estavam no mesmo estado.
No piscar de olhos, todos haviam se tornado múmias.
Meu coração ficou tenso.
“…..”
Leon se levantou em silêncio e olhou para mim. Senti o olhar de Aoife também.
“O que fazemos?”
“Uh?”
Pisquei.
“….Por que está me perguntando?”
Como diabos eu deveria saber?
“Você tem razão.”
Leon franziu a testa enquanto murmurava para si mesmo.
“Nem sei por que te perguntei. Só o fiz.”
Que isso?
“Que tal descobrirmos para onde os outros foram?”
Com a sugestão de Aoife, olhei ao redor. Podia deduzir mais ou menos para onde todos foram.
“Provavelmente correram para as estações das Guildas ou algum lugar seguro.”
Embora a maioria das pessoas presentes fossem super-humanos como nós, a Sombra Carmesim não poupava ninguém. A menos que tivessem reserva de mana suficiente, acabariam sucumbindo à sua influência.
Na verdade, nós também não tínhamos muito tempo.
“Devemos sair daqui.”
A cada segundo que passava, nossa mana diminuía. Precisávamos chegar às Guildas para encontrar uma solução.
‘Talvez tenham salas que nos protejam da Sombra.’
Não tinha certeza, mas era nossa única esperança.
O vermelho continuava a cobrir cada centímetro da cidade. Prédios vazios e restos mumificados à beira das ruas. Um silêncio opressor envolvia tudo. O que antes era uma cena movimentada agora estava desolada.
O Setor Decaycore havia caído.
Tak, tak, tak—
O único som que ecoava era o de nossos passos apressados em direção às sedes das Guildas.
Entrando em um beco estreito, o calor ao redor se intensificou e minha mana diminuiu ainda mais.
Estava escuro, e mal conseguia enxergar.
“Mais rápido.”
Acelerei o passo.
Saindo do beco, a luz voltou, ou melhor, o vermelho voltou… Entramos no Setor Sorrowvale. Diferente do Decaycore, os prédios eram um pouco mais extravagantes.
Fazia sentido, já que pertenciam às guildas.
No entanto, todos estavam vazios agora.
Tudo o que restava era o vermelho da Sombra.
“Vamos mais fundo.”
Corremos mais para dentro do Setor Sorrowvale. Havia dois distritos dentro dele: o externo e o interno, localizado bem no centro da estação. Esse era nosso objetivo.
“Por aqui deve ser mais rápido.”
Aoife sugeriu de repente, apontando em uma direção. Acenei e corri naquela direção.
Cada segundo importava e não podíamos desperdiçar.
Controlando meu fôlego, corri sem parar. Não sabia por quanto tempo, mas logo comecei a ouvir vozes à distância.
“Ah!”
Leon e Aoife também, acelerando o passo.
Segui atrás deles, dobrando uma esquina antes de parar em uma grande praça.
“Haaa… Haa…”
Imediatamente, avistamos uma enorme multidão à frente.
Todos pareciam se aglomerar em uma área específica.
“Me deixem entrar!”
“….Saiam da frente!”
“Para onde estão empurrando?!”
O pânico estava estampado em seus rostos, enquanto um brilho branco fraco os cobria.
‘Como esperado, todos vieram para cá.’
Diferente de nós, a maioria foi treinada para vir aqui.
Estava um pouco preocupado com os outros cadetes, mas a situação não estava tão ruim a ponto de terem dificuldade para chegar.
Na verdade, a maioria provavelmente estava bem.
Afinal, Aoife, Leon e eu é que tínhamos saído escondidos…
‘Droga.’
Percebendo isso, meu rosto se contorceu.
Não tinha um bom pressentimento sobre o que viria.
“Todos, por favor, acalmem-se! Acalmem-se! Permitiremos a entrada no bunker em breve. Não há necessidade de pressa!”
Uma voz ecoou da multidão.
Não consegui ver de quem era, mas assim que falou, a multidão se acalmou. Fiquei na ponta dos pés para ver melhor, e só consegui avistar uma grande estrutura em forma de cúpula.
“Estamos abrindo o bunker. Não há motivo para pânico. Ao entrar, encontrem um lugar e descansem até a Sombra Carmesim passar.”
O pânico que tomara conta da multidão começou a se dissipar.
“Haa…”
Aliviado, olhei para Leon e Aoife. Ambos com rostos vermelhos, mas pareciam bem.
“…..A Academia deveria reconsiderar nos enviar a qualquer lugar.”
Aoife foi a primeira a falar.
Olhando para mim, ela parecia exausta.
“Não sou só eu, né? Por algum motivo, toda vez que vamos a algum lugar, algo acontece. Já chega. Quero ficar na Academia.”
“Ha.”
Ri baixinho.
Foi sutil, mas o suficiente para fazer Leon e Aoife virarem a cabeça.
Aoife perguntou:
“O quê?”
“….Nada.”
Enxuguei o suor.
“É que não importa se estamos na Academia ou não. Algo vai acontecer de qualquer jeito.”
“O qu—Hã…”
Aoife coçou o queixo, abaixando a cabeça. Depois, inclinou-a para o lado e me olhou.
“Acho que você tem razão. Por que será?”
“Não sei.”
Olhei para Leon, que me encarou com uma expressão estranha. Quase como se estivesse enojado.
Como se dissesse: ‘É por sua causa.’
Ah?
‘Do que esse cara está falando?’
Bem, é verdade que participei da maioria desses eventos desagradáveis. Mas, em minha defesa, só estava fazendo coisas que deveriam ser dele.
Se alguém é o culpado, é ele.
Como se lesse meus pensamentos, a expressão de Leon mudou novamente.
Dessa vez, parecia dizer: ‘….Você é delirante.’
Esse cara…
“O que vocês estão fazendo?”
Alternando o olhar entre nós, Aoife parecia confusa.
“…..Perderam a cabeça por causa do calor?”
“Não.”
Olhei para ela estranhado.
Leon também, como se pensasse: ‘Ela está sendo estranha, não está?’
Acenei levemente: ‘Sim.’
Além de stalker, uma esquisita.
Aoife piscou várias vezes, sem palavras.
“O que vocês—”
Estrondo! Estrondo!
Seu discurso foi interrompido por um barulho distante, e meu corpo ficou tenso.
À frente, o bunker começou a tremer. Embora não visse, deduzi que os portões estavam se abrindo.
O barulho continuou por alguns minutos até parar.
Imediatamente, a multidão ficou agitada.
“Queremos ordem!”
A voz ecoou novamente.
“Ao entrar no bunker, mantenham a calma e não causem problemas. Se houver confusão, não hesitaremos em expulsá-los!”
Com essas palavras, a multidão se acalmou.
“Ótimo! Vamos começar!”
E, a partir daí, todos começaram a entrar ordenadamente. Segui em silêncio.
De vez em quando, usava a manga da camisa para enxugar o suor.
Embora minha mana me refrescasse, não era o suficiente para ignorar o calor.
“Hooo.”
Até respirar era um pouco difícil.
Felizmente, não demorou para entrarmos no bunker. Em dez minutos, era nossa vez de cruzar a pequena porta metálica que levava ao interior.
Um corredor estreito nos recebeu, levando a uma sala branca.
Duas pessoas de branco estavam de cada lado.
“Por favor, entrem na câmara.”
Cerca de vinte pessoas encheram a sala, e quando estava cheia, uma das pessoas de branco fechou a porta.
Claka, claka1—
Girando a roda no centro da porta, a pessoa de branco a trancou antes de levantar o polegar.
“Iniciar assimilação de temperatura.”
Swoosh—
A temperatura caiu rapidamente, estabilizando em algo normal. Não havia termômetro, então não sabia o quanto.
“Podem parar de canalizar mana.”
Fiz como instruído e parei, finalmente respirando aliviado.
Os outros também se apoiaram nas paredes, suando.
Claka, claka—
Assim que nos adaptamos, as portas se abriram novamente.
Mas, desta vez, do outro lado havia um enorme salão com centenas de pessoas.
“Fiquem à vontade.”
A pessoa de branco falou:
“…..Bem-vindos ao Último Refúgio.”
- Realmente não há traduções nesse caso…[↩]
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