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    “….”  

    O corpo de Delilah pairou suavemente sobre uma vasta floresta. Seu rosto estava inexpressivo enquanto escaneava os arredores.  

    “….Nada.”  

    E para sua grande decepção, ela não via nada. Como se todos os alunos tivessem desaparecido, mal havia vestígios deles.  

    Sentiu a cabeça latejar ao pensar nisso.  

    ‘Por que isso continua acontecendo?’  

    Ela já havia considerado essa ideia antes, mas agora estava mais clara do que nunca.  

    Julien.  

    Ele não deveria ter permissão para sair da Academia. Era um desastre ambulante. Sempre que ele estava presente, problemas ocorriam.  

    O fato dos últimos cinco meses terem sido os mais pacíficos que ela teve no último ano era a prova perfeita disso.  

    Delilah fechou os olhos e suspirou.  

    Ela estava prestes a partir quando sua expressão mudou levemente, seu olhar voltando-se rapidamente.  

    “Oh.”  

    Uma aura poderosa irrompeu à distância, indo direto em sua direção.  

    Olhando para ela, Delilah sentiu o coração afundar, mas permaneceu firme no lugar sem fazer movimentos bruscos.  

    “Você…!”  

    Uma figura logo parou diante dela. Com um corpo robusto e musculoso coberto de cicatrizes, cabelo vermelho flamejante que parecia crepitar como fogo e olhos amarelos penetrantes que queimavam com intensidade, ele a encarou com um olhar ameaçador.  

    “O que você está fazendo aqui?”  

    Seu tom estava longe de ser amigável ao se dirigir a ela, e Delilah só pôde baixar levemente a cabeça.  

    “Uma dos Sete Monarcas, Delilah Vahe Rosenberg, saúda o Guarda Real, Joseph Megrail.”  

    Apesar de suas ações, seu tom não era nem um pouco subserviente, e o homem diante dela franziu a testa.  

    Embora fosse membro da família secundária, ainda era parte da família Megrail. Ele sabia tudo sobre os feitos de Delilah e o que ela havia feito naquele dia.  

    Não havia ninguém da família Megrail que não soubesse sobre ela.  

    Era por isso que ele não a via com bons olhos.  

    “Deixe-me repetir.”  

    Sua voz grave ecoou suavemente pelos arredores enquanto o ar ao seu redor se agitava.  

    “….O que você está fazendo aqui?”  

    Delilah não estava necessariamente banida de Bremmer, mas sabia que era melhor não vir aqui.  

    A menos que fosse convocada, ninguém queria lidar com ela.  

    Sua aparição normalmente exigia que ela enviasse uma carta com antecedência para solicitar a presença de outro Monarca. Só então a família real se sentiria mais confortável com sua presença.  

    Ninguém sabia o que essa louca iria fazer.  

    “….”  

    Delilah permaneceu imóvel, seu rosto inalterado. Olhando para baixo, ergueu levemente a cabeça.  

    “Você vai fingir que não sabe por que estou aqui?”  

    “Isso não é algo que deveria lhe concernir.”  

    “Não é?”  

    Os olhos de Delilah se estreitaram, e suas íris negras como tinta escureceram ainda mais, tornando-se uma cor negra abissal.  

    Olhando para aqueles olhos, Joseph sentiu sua mente mergulhar neles, e por um momento, quase caiu. Mas foi breve, pois ele rapidamente se libertou.  

    “Hoo.”  

    Ele então lançou um olhar furioso para Delilah.  

    “Temos tudo sob controle. Não meta o nariz em nossos assuntos. Você, de todas as pessoas, deveria entender isso melhor.”  

    A situação era extremamente delicada no momento. Não apenas os alunos de Haven estavam desaparecidos, mas também as pessoas do Império Aurora.  

    As notícias da situação ainda não haviam chegado aos outros Impérios, e as coisas ainda estavam relativamente calmas, mas Joseph sabia que era apenas uma questão de tempo.  

    ….Isso era apenas a calmaria antes da tempestade.  

    Assim que tudo fosse revelado, a situação se tornaria um desastre diplomático.  

    E se isso não bastasse, a princesa também estava desaparecida. Uma grande parte da Unidade da Guarda Real havia sido enviada para a floresta em busca de pistas.  

    Esses eram os melhores entre os melhores do Império.  

    Com eles trabalhando juntos, Joseph estava até confiante de que poderiam derrotar um Monarca.  

    “…..Por favor, volte de onde veio. Só direi isso uma vez, você não é bem-vinda aqui. Se tiver algum problema com isso, pode ir diretamente à família principal.”  

    “…..”  

    A expressão de Delilah permaneceu inalterada diante de suas palavras, e a pressão que emanava de seu corpo aumentou vários níveis. Apesar disso, Joseph permaneceu firme.  

    Mal conseguia respirar, mas não deixou transparecer.  

    “Tudo bem.”  

    Por fim, Delilah cedeu e acenou com a cabeça.  

    ‘Ótimo.’  

    Joseph suspirou aliviado ao vê-la ceder e estava prestes a falar novamente quando a figura de Delilah começou a desvanecer.  

    “Farei como você disse. Vou me encontrar com a família real.”  

    “….!”  

    A expressão de Joseph mudou drasticamente ao ouvir suas palavras.  

    “Espere…!”  

    Ele esticou a mão para impedi-la, mas já era tarde demais, pois sua figura desfocou e desapareceu do local.  

    “Ah!!!”  

    Joseph sentiu vontade de arrancar os cabelos. Ele só havia dito aquelas palavras para dissuadi-la de ficar, mas quem diria que ela as levaria a sério?  

    “Oh, não…”  

    Joseph olhou ao redor, ansioso.  

    “Estou ferrado. Estou acabado.”  

    Ele sabia…  

    Ele sabia que acabara de convidar um desastre ambulante para a família real.  

    “Argh!!”  

    ***  

    As paredes haviam desmoronado, os mosaicos estavam estilhaçados e o brilho ao redor do altar havia se apagado.  

    O que antes formava a igreja há muito estava destruído, restando apenas os vestígios do que um dia foi o glorioso santuário que o Arcebispo construíra.  

    Leon olhou ao redor sem dizer uma única palavra.  

    “….”  

    Não, era mais como se ele não pudesse dizer nada.  

    A dor percorreu seu corpo enquanto suas mãos e pés estavam pregados nos bancos de madeira.  

    Olhando ao redor, ele podia ver que os outros estavam em situação semelhante, todos acordando para se encontrar no mesmo estado.  

    Com uma mordaça na boca, ninguém conseguia proferir uma única palavra.  

    No final, a única coisa que podiam fazer era olhar para a frente, onde um homem estava de pé.  

    “Todos acordaram?”  

    Suas costas estavam viradas para eles enquanto ele encarava o altar à sua frente.  

    “….Lamento que as circunstâncias tenham me forçado a fazer isso, mas depois de tudo que vocês fizeram, não tive escolha a não ser agir assim.”  

    A voz do Arcebispo estava extremamente frágil enquanto ele continuava a olhar para o altar.  

    Leon engoliu em seco enquanto olhava para frente, e sua mente congelou ao notar uma presença atrás dele.  

    “….!”  

    Seus olhos se arregalaram ao ver várias pessoas de branco atrás dele. Mas não era isso que o abalava, não, era o estado em que estavam.  

    Alguns faltavam membros, enquanto outros tinham vazios assustadores onde partes de seus rostos deveriam estar. Eles permaneciam de pé atrás dele, suas formas grotescas projetando sombras sinistras que tremeluziam na luz fraca e falha da igreja.  

    Seus olhos turvos se fixaram nele, e Leon sentiu todo o seu corpo endurecer.  

    Foi nesse momento que ele entendeu algo.  

    ‘Não posso fugir.’  

    Ele não podia repetir o que havia feito antes.  

    Sua mana estava completamente vazio, e qualquer ação sua significaria sua morte.  

    Estava… acabado para ele.  

    Leon sentiu o coração afundar ao pensar nisso, e o desespero finalmente começou a subir de dentro dele.  

    ‘Não, assim não…!’  

    Leon queria fazer algo, e sua mente acelerou enquanto tentava pensar em todas as possibilidades, mas independentemente do que tentasse, nada…  

    Sua mente estava em branco.  

    Ele não conseguia pensar em uma única solução.  

    ‘Não.’  

    O desespero realmente começou a corroer seu coração.  

    ‘O que eu faço? O que eu faço? O que eu faço…?’  

    A mente de Leon continuou a acelerar enquanto ele tentava pensar em todas as maneiras de sair da situação, mas seus pensamentos logo foram interrompidos pelo Arcebispo, que falou novamente.  

    “Eu queria ter tempo com todos vocês. Queria que o sangue entrasse em seus corpos naturalmente, para que se misturasse com seu sangue, mas vez após vez, vocês desafiaram meus desejos.”  

    Finalmente, o Arcebispo se virou, revelando seus olhos brancos e turvos, vazios de qualquer sanidade.  

    “Eu deveria ter feito isso desde o início. Só dei um gostinho antes porque leva várias tentativas para ser realmente eficaz, mas isso não é mais uma opção.”  

    O Arcebispo se virou novamente, e desta vez seu olhar caiu sobre uma certa pessoa que estava sentada no canto com um olhar cansado.  

    Leon o reconheceu instantaneamente.  

    Era o cadete misterioso. Seu coração afundou ao vê-lo.  

    ‘….Eu estava errado sobre ele.’  

    O primeiro erro de Leon foi pensar que o cadete misterioso era forte. A realidade era que ele não era diferente dos outros. Ele havia sido enganado por sua aparência naquela época devido à sua sensibilidade sobre o possível retorno de Julien, mas estava errado.  

    Tão errado.  

    “Vamos começar com você. Quero que todos vejam o que acontecerá com vocês em breve.”  

    O Arcebispo então agarrou Emmet pelos cabelos, arrastando-o para frente, diante de todos.  

    “Ugh…!”  

    “Olhem!”  

    Ele gritou, seu olhar caindo sobre todos.  

    “Ukh…!”  

    Em seu aperto, o cadete lutou com todas as suas forças para se libertar do Arcebispo, mas foi inútil. Não importava o quanto ele se debatesse, o aperto do Arcebispo permanecia firme.  

    Kiera, Aoife, Evelyn, Aiden, Jessica e todos os presentes encararam a cena enquanto o desespero lentamente começava a subir em seus corações.  

    ‘Acabou.’  

    ‘….Como podemos escapar disso?’  

    ‘Isso será eu?’  

    ‘Não quero morrer assim.’  

    ‘Socorro.’  

    “Não adianta. Acabou.”  

    O Arcebispo falou como se soubesse exatamente o que eles estavam pensando, saboreando suas expressões enquanto pressionava a mão sobre o cadete.  

    Imediatamente, sua mão brilhou e Emmet parou de se debater.  

    Seu corpo ficou mole e uma projeção logo apareceu para todos verem.  

    “Olhem!”  

    O Arcebispo gritou de maneira fanática.  

    “….Isso é o que acontece quando me desafiam! Arrependam-se pelo que fizeram! Paguem por seus pecados!”  

    Ele então começou a rir de maneira maníaca.  

    “Arrependam-se!”  

    As palavras do Arcebispo ecoaram por toda parte.  

    Enquanto isso, a atenção de todos se voltou para Emmet, que se viu diante de um mundo branco familiar.  

    ‘Isso é…?’  

    Ele olhou ao redor e seu coração começou a afundar.  

    ‘….É este lugar de novo.’  

    Instantaneamente, Emmet entendeu a gravidade de sua situação e sua boca secou.  

    O Anel do Nada.  

    Ele havia sucumbido ao seu poder.  

    “Então, depois de tudo isso… ainda falhei.”  

    Ele não tinha mais vida, pois seu sangue se fora, e mesmo que tivesse, assim que isso acabasse, tudo o que restaria dele seria nada.  

    ‘Acabou.’  

    Ele lentamente começou a perder sua expressão. Não, era mais como se não conseguisse fazer expressão alguma.  

    Ele entendia que estava acabado.  

    Como poderia sair?  

    Emmet ergueu a cabeça e olhou para o mundo branco. Sem perceber, deu um passo à frente, e o chão sob ele ondulou.  

    Tak—  

    “Bom, bom…! Continue!”  

    Do lado de fora, o Arcebispo gritou, sua expressão se distorcendo de prazer.  

    “Logo! Logo você perderá completamente o senso de si mesmo.”  

    De fato, quanto mais Emmet caminhava, mais seus olhos ficavam turvos. Para todos assistindo, podiam vê-lo lentamente perder a noção de si mesmo.  

    A pior parte…?  

    Ele não podia fazer nada além de continuar andando.  

    Lenta e cuidadosamente, ele continuou a se mover. No mundo branco sem fim, ele caminhava.  

    Mas, apesar de quão longe caminhasse, Emmet não perdeu completamente a noção de si mesmo.  

    Principalmente porque esta não era a primeira vez que se sentia assim.  

    “Essa sensação familiar de desespero… já a senti antes.”  

    Na Terra, quando estava preso em sua casa, com o câncer devorando lentamente sua mente.  

    Naquela época, ele suportara a dor.  

    E o mesmo era verdade neste momento.  

    Seja passado, presente ou futuro.  

    Nada havia mudado.

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