Capítulo 276: Nunca parou de sorrir [6]
[….Conseguimos!]
Amélia gritou de alegria.
[Hahaha.]
David riu junto com ela. Com olhares animados, os dois saíram do prédio. Eles conversavam sem parar, e enquanto Amélia falava, David fez uma pausa. Seus olhos estavam fixos nela.
….Era a primeira vez que a plateia via uma expressão daquelas nele.
Ele parecia que ela era tudo que ele podia ver.
E todos podiam entender. Desde o início da peça, Amélia nunca tinha rido nem falado tanto.
Amélia nunca tinha mostrado esse lado dela.
Ela era tão…
[Linda.]
[Eh?]
Amélia inclinou a cabeça enquanto olhava para David.
[O que você disse?]
[Ah, eh…]
Com o rosto corado, David gaguejou. Como se vapor estivesse saindo de sua cabeça, ele olhou para o lado com inocência.
A cena foi bem retratada. A plateia podia entender o que ele estava sentindo e por que estava reagindo daquela forma.
[Hehe.]
Suas ações fizeram Amélia rir enquanto cobria a boca.
David levantou a cabeça e olhou para ela com uma expressão boba.
[O quê? Por que você está rindo?]
[Hmm. Quem sabe?]
[Você achou que eu era bonita?]
[…!!]
O rosto de David ficou completamente vermelho. Sua reação provocou uma onda de risadas na plateia.
Ele era tão bobo…
[I-isso…! Eu estava falando do céu.]
[Claro.]
Amélia respondeu provocativamente enquanto dava um leve soco no ombro dele.
[Não! Sério!]
[…O que você disser.]
[Ah!!!]
David rugiu de vergonha, fazendo a plateia rir ainda mais.
‘Isso é tão engraçado.’
‘…Hahaha, isso me lembra dos velhos tempos.’
‘De repente, quero ser jovem de novo.’
O clima no teatro estava leve. Todos pareciam estar gostando do espetáculo. Isso também era verdade para Olga.
‘….A atuação dela melhorou um pouco.’
Não era nada excepcional para ela. Comparado a Arjen, ou até mesmo ao Julien anterior, estava abaixo do nível deles.
Na verdade, pensando em Julien, o olhar de Olga pausou nele.
Quanto mais ela olhava para ele, mais decepcionada ficava, e no final, acenou para si mesma.
‘Parece que tomei a decisão certa em substituí-lo.’
Enquanto pensava nisso, virou a cabeça para olhar o jovem ao seu lado. Ele também estava olhando para Julien, seu olhar nunca se desviando dele.
No início, seu olhar estava cheio de um certo interesse, mas conforme a peça continuava, lentamente começou a diminuir até haver uma queda perceptível em seu interesse.
No final, ele acabou balançando a cabeça levemente sem dizer uma palavra.
Ele continuou assistindo à peça em silêncio.
Mas era óbvio por sua reação que ele não pensava muito nisso.
E era verdade.
….Até agora, a peça era agradável.
Era envolvente, e a plateia estava totalmente investida.
Mas…
Era só isso.
Não havia nada impressionante nela.
Era simplesmente uma peça de romance típica. Nada nela parecia inovador. Pelo menos, não quando comparada à peça principal.
[Hehehe.]
A risada de Amélia continuou a ecoar pelo teatro.
Era uma risada refrescante e despreocupada. Uma risada contagiosa que fazia os outros ao redor quererem rir também.
[….Hehehe.]
No final, David acabou rindo junto com ela.
[Hehehe.]
[Hehehe.]
Os dois riram juntos, seus rostos cheios de sorrisos.
Era uma visão calorosa, e as luzes ao redor dos dois se intensificaram. Era como se o sol estivesse brilhando sobre eles.
Mas logo, o sorriso de David desapareceu.
O que substituiu sua expressão foi uma sombria.
Como se sentisse a mudança repentina em seu comportamento, Amélia olhou para ele.
[O que foi?]
[Não, é só que…]
David fez uma pausa, as palavras parecendo lutar para sair de sua boca.
<…Foi naquela época que percebi o egoísmo das minhas ações. Em minha busca por vê-la sorrir, eu a forcei a sentir felicidade. Bem diante dos meus olhos, eu estava privando alguém de sua vida. A culpa lentamente começou a me consumir.>
[…Você está bem com isso?]
[Ah.]
Amélia baixou a cabeça, o sorriso em seu rosto lentamente desaparecendo enquanto entendia para onde a conversa estava indo.
Ainda assim, apesar de seu sorriso desaparecer, ela não deixou que sumisse completamente.
….Ainda permanecia em seus lábios.
[No início, eu não estava.]
Amélia falou, seu tom suavizando um pouco. Com a cabeça baixa, olhou para suas mãos.
[Eu posso sentir. No momento em que fui aceita, senti uma emoção que raramente sentia, e normalmente evitava. Alegria… Eu não sabia que seria assim. É a primeira vez que o mundo parece tão colorido e brilhante.]
Com um olhar amargo, mordeu os lábios.
[Isso me fez perceber que não posso viver assim. Se continuar nesse caminho, só vou viver mais, mas qual é o sentido de viver assim? Eu quero atuar. Eu quero estar aqui. Eu quero sorrir. Eu quero…]
Amélia olhou para cima e o sorriso que lentamente desaparecia de seu rosto voltou.
Então, como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros, seu tom suavizou ainda mais.
[…Ser livre.]
Ela então voltou sua atenção para David, que a olhava com uma expressão chocada.
[Agora, eu estou realmente feliz. Nunca fui assim antes, então por favor me deixe sentir mais. Me deixe… ser livre por mais tempo.]
[…..]
O tempo todo, David manteve seu olhar nela.
Ouvindo seu pedido, ele permaneceu em silêncio. Era difícil dizer o que ele estava pensando, e o rosto de Amélia começou a mudar.
[Ah, entendo… Esqueci de considerar seus sentimentos. Isso mesmo, você deve—]
[Não tire conclusões assim tão rápido.]
David a interrompeu de repente.
Com meio sorriso no rosto, coçou a nuca.
[Eu só estava pensando no que fazer para te deixar feliz. Primeiro, precisamos te ajudar a praticar para a próxima peça. Oh! Também há vários lugares que quero te levar. Você já foi ao centro da cidade? Tem alguma roupa que quer comprar? E o restaurante do Cappero? Já foi lá?]
De repente, David começou a falar muito. Ele parecia animado, falando sobre todas as coisas diferentes que queria fazer com ela.
Desde ir ao centro da cidade até visitar certos pontos turísticos.
Ele divagou sem parar.
[….]
O tempo todo, Amélia o encarou com um simples sorriso.
Um sorriso simples, mas venenoso.
*
As cenas mudaram.
Assim como David havia prometido, ele levou Amélia para todos os lugares.
[Experimente isso. É um bolo.]
[Uaaaahhhh!!!!]
A expressão de Amélia explodiu no momento em que deu uma mordida no bolo. Seus olhos brilharam, e a colher em sua mão cavou sem parar no bolo.
[Espera! Você está indo rápido demais! Pode engasgar!]
[Hmm! Nhac…! Muito… Nhac! Bom!!]
[Espera, deixa um pouco para mim!]
[Mhhhhhh!! Gooooostoso!]
[Nããão!]
A cena trouxe sorrisos e risadas novamente para a plateia. Era uma cena agradável e calorosa que a plateia apreciou.
Mas, ao mesmo tempo, quanto mais feliz eles a viam, mais pesado o sentimento em seus peitos ficava.
….A plateia estava começando a se apegar a ela.
E quanto mais se apegavam, mais percebiam o quão severas eram as consequências de suas ações.
Mas eles não podiam dizer nada.
Eles eram apenas membros da plateia. E mesmo que pudessem interferir, nenhum deles realmente queria fazer isso. Ela simplesmente parecia tão…
Feliz.
[E-eu estou com medo… Estou tendo segundas intenções… podemos não…?]
[Só segura mais um pouco. Estamos quase lá.]
[I-isso, a-acho que já está bom. É muito alto. E-eu sinto meu coração saindo do peito. Oh não~ O que eu faço?!]
[Só segura.]
[Eu não sei!]
[Chegamos. Pode abrir os olhos.]
[Ahh~ Não. Acho que estou bem.]
[Para.]
David se moveu atrás dela e tirou suas mãos do rosto. Amélia manteve os olhos fechados, mas não adiantou, pois David os abriu à força.
[Nããão!]
Ela gritou, mas foi em vão, e logo suas pálpebras foram abertas.
Foi naquele momento que ela viu. Rosa, laranja, roxo… Todos os tipos de tons coloriam o céu, desenhando uma imagem linda enquanto o sol mergulhava no horizonte.
As nuvens brilhavam com uma luz dourada, e toda a cena se refletia no oceano calmo, criando uma visão pacífica e hipnotizante.
[….]
Amélia sentiu perder o fôlego.
Refletido em suas pupilas estava a cena perfeita diante dela. Era linda, e ela não conseguia desviar o olhar.
David ficou ao lado dela com um sorriso satisfeito no rosto.
<Lentamente, ela estava começando a se abrir para mim. Quanto mais tempo eu passava com ela, mais eu percebia o quão diferente ela era da primeira vez que a conheci.>
A paisagem mudou.
Eles apareceram em um zoológico.
Amélia olhava ao redor com os olhos arregalados enquanto não parava de falar, apontando para os animais que cercavam o lugar. O tempo todo, David a seguia com um sorriso bobo no rosto.
<Eu sabia que o que estava fazendo a estava matando, mas não conseguia parar. Seu sorriso… Era simplesmente tão lindo. Eu queria ver mais dele.>
E ele viu.
As cenas continuaram, e conforme mudavam, o sorriso de Amélia ficava cada vez maior.
A plateia testemunhou tudo de seus assentos. Eles observaram cada aspecto de seus dias brilhantes.
Eles viram Amélia começar a se abrir.
Transformando-se de uma garota que raramente sorria, para uma que não conseguia parar de sorrir.
Isso…
Trouxe um sorriso para os rostos de todos que assistiam.
<Está me tomando um tempo para me ajustar ao novo ela, mas quanto mais eu vejo, mais viciado eu fico. Aposto que nossos colegas de classe anteriores ficariam com tanta inveja.>
[Espera, para. Eu não acho que isso seja uma boa ideia.]
[Ah, por favor…]
[Sim, isso não está bom. Desculpe. Talvez da próxima vez?]
[Não!]
David ficou do lado de fora de um pequeno prédio. Ele estava sozinho, e atrás da porta estava Amélia.
Por algum motivo, ela não queria sair.
[Eu não quero sair! Meu cabelo está uma bagunça, e minhas roupas são muito grandes.]
[Vai! Não me faça esperar mais. Se fizer isso, vou arrombar a porta.]
[Não!]
[Estou indo!]
[….]
Suas palavras foram recebidas com silêncio, e foi então que David deu um passo à frente e forçou a porta a abrir.
[Kyaaak!]
Um grito seguiu enquanto Amélia tentava manter a porta fechada, mas não adiantou, e a porta finalmente se abriu completamente, revelando seu rosto.
[….]
Foi naquele momento que o mundo inteiro ficou em silêncio e o tempo parecia congelar.
[I-isso, p-or favor n-ão me julgue. É a p-rimeira v-ez que e-stou tentando isso então…]
No silêncio, o gaguejar tímido de Amélia enquanto se mexia era o único som que podia ser ouvido. Mas suas palavras não trouxeram reação, e quando ela olhou para cima, finalmente viu.
[….]
Um David com uma expressão chocada.
Seus olhos estavam fixos nela, e cor começou a tingir seu rosto. Ele parecia sem palavras, e quando Amélia viu isso, sua voz ficou cada vez mais baixa.
Eventualmente, o palco inteiro ficou em silêncio.
Até que a boca de David se abriu e ele disse:
[Linda.]
<Esse momento…>
Enquanto a voz de David ecoava baixinho no ar, o palco começou a escurecer.
<Provavelmente foi o maior arrependimento da minha vida. Eu deveria ter apenas dito a ela como eu me sen…>
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