Capítulo 32 — Análise de Progressão [4]
Caminhei calmamente em direção à cadeira sob os olhares de todos os cadetes.
‘No final, acabei sendo o último.’
Não me importei. Na verdade, isso me ajudou a entender melhor como o teste funcionava e a compreender o que não funcionaria bem. Um exemplo disso seria morder a língua.
Durante o teste, um cadete acabou mordendo a própria língua enquanto tentava se impedir de gritar.
Ele acabou indo para a enfermaria.
“Coloque a pulseira. Vou começar quando você estiver pronto.”
Click—
Senti meu corpo formigar no momento em que a pulseira se fechou no meu pulso.
‘….Que estranho.’
Ela parecia bastante pesada.
“Hue.”
Respirei fundo e olhei para o professor assistente. Mesmo agora, eu ainda não entendia o motivo de seu descontentamento.
No entanto, tais coisas eram triviais para mim.
Meus pensamentos rapidamente se concentraram no exame em questão.
‘Será que….’
Olhei novamente para o professor assistente e depois para a pulseira em meu pulso.
‘….Quanta dor eu devo passar na vida antes de finalmente me tornar imune a ela?’
Senti o canto dos meus lábios se curvarem ao pensar nisso, enquanto murmurava:
“Estou pronto.”
Estaria eu perto de tal ponto?
“Pode começar.”
*
A dor começou leve no início.
Ela formigava meu corpo. Quase como se uma corrente de eletricidade de baixa voltagem estivesse percorrendo meu corpo. Da sola dos pés até a cabeça.
A sensação percorreu cada canto do meu corpo.
“0,1”
A voz do professor assistente ecoou ao fundo.
A dor se intensificou.
Mas…
‘É só isso…?’
Olhei ao redor. Todos estavam me olhando. Observando atentamente enquanto eu estava sentado na cadeira e o professor assistente anunciava a pontuação.
“0,2”
Ainda não havia quase nenhuma dor. Isso não era dor. Eu estava familiarizado com a dor. Ela não parecia tão fraca.
“0,3”
O formigamento se intensificou, mas ainda era tolerável.
Desconfortável seria a palavra certa para descrever a situação atual.
Sim…
Desconfortável.
“0,4”
Meu peito ficou um pouco mais apertado, mas ainda era tolerável.
“0,5”
“0,6”
“0,7”
Finalmente, senti uma sensação familiar. Dor. Estava finalmente começando.
Ainda não era intensa, mas estava lá. Pairando na parte mais profunda da minha mente, começando a arranhar seu caminho para cima.
“….”
O tempo todo meus olhos estiveram abertos, observando ao redor sem fechá-los nem uma vez.
Eu queria ter certeza de que estava consciente.
“H-huh…”
Em algum momento, percebi…
Respirar estava ficando cada vez mais difícil.
“0,8”
“0,9”
Quanto maior os números, mais difícil ficava para mim respirar.
Eu ainda persisti.
Isso era…
“1,0”
“Ukh…!”
Um gemido escapou dos meus lábios.
A dor era aguda e diferente. Ao contrário de antes, quando parecia que eletricidade corria pelo meu corpo, a sensação mudou. Agora era mais como se eu estivesse sendo esfaqueado de todos os lados.
“1,1”
Uma facada no peito.
“Ukh!”
“1,2”
Uma facada no braço.
“…khhh!”
“1,3”
Uma facada na perna.
“….Kaugkh!”
“1,4”
A dor se concentrou em um ponto único e estava menos espalhada. Essa dor era muito mais difícil para a mente do que a anterior. Especialmente porque ficava mais aguda e forte a cada chamada.
“1,5”
“1,6”
“Khak…!”
A contagem continuou, e com cada número, a dor se intensificava. Eu pensei que seria capaz de tolerá-la, dado o quanto de dor eu havia suportado ao longo da vida, mas isso foi um pensamento ingênuo da minha parte.
Dor…
Eu ainda não estava acostumado a ela.
Meus lábios tremeram ao pensar nisso, enquanto eu murmurava:
“Kh… B-besteira…!”
‘Então você está me dizendo que, depois de todo esse tempo, ainda sou um escravo da dor…?’
“H-ha…!”
“1,8”
Como isso poderia ser?
“1,9”
“Kh….!!!”
Como isso poderia ser….!!
“2,0”
“…..!!!!!”
Quase vacilei quando senti meu corpo tremer e meus braços balançarem descontroladamente.
A dor mudou novamente. Não era mais como se eu estivesse sendo esfaqueado de todos os lados. Agora parecia que eu estava sendo literalmente espremido vivo.
Como se uma pedra enorme estivesse repousando sobre meus ombros, gradualmente ficando mais pesada a cada segundo.
Mas mesmo em tal situação…
Eu persisti.
“2,1”
“Ah—!”
Quase gritei naquele momento.
Estava perto. Tão perto. Mas me segurei.
‘Não, ainda não…’
2,1 era alto. Com certeza era… mas eu esperava mais de mim mesmo.
Como eu poderia me satisfazer com uma pontuação dessas?
Eu…
Que me gabava de conhecer a dor?
“2,2”
Como isso se comparava à dor que senti quando meus pais morreram?
Era incomparável. Era uma dor diferente, mas era uma dor que tirava o fôlego e o mantinha assim por meses.
Cada dia… Sabendo que eles se foram, para nunca mais serem vistos…
O vazio que isso trazia.
“H-ha…”
Isso ardia no meu coração.
‘É mais suave do que aquela dor…’
Então… Que razão eu tinha para não ser capaz de suportar essa dor?
Que razão…!?
“2,3”
“Kh…!”
E quando comparada à dor que senti quando me disseram que eu morreria cedo?
Que eu não tinha futuro para esperar? Que eu deveria simplesmente desistir e viver o resto do que restava da minha vida.
Besteira!
Besteira…!
Besteira….!!!
Como isso se compara a isso….!
De quem você está tirando sarro?!
“2,4”
….E a dor que senti quando vi meu irmão mais novo quase se matar na visão?
“Kh…!”
E a dor das minhas repetidas falhas em tentar entender um único feitiço?
E isso?!?
Que besteira!
Besteira! Besteira! Besteira! Besteira! Besteira! Besteira! Besteira!
‘Ahhh…!’
Sem perceber, o mundo ao meu redor havia escurecido e o barulho externo desapareceu.
Levei um tempo para perceber, e quando percebi, já não gritava mais.
Não havia mais necessidade.
Eu não estava mais sozinho.
Era só eu e a dor agora.
Certo…
Mais uma vez, éramos só nós dois.
Mesmo nesta vida, ela ainda me assombra.
No entanto, simultaneamente, caminha ao meu lado.
Eu anseio me livrar dela, mas não consigo reunir forças para descartá-la.
Por que será?
Era uma pergunta boba quando eu pensava nisso.
No final, a dor é a única que permanece ao meu lado, nunca realmente me deixando.
Minha única e verdadeira companheira.
É por isso que….. eu sei que não posso me livrar dela.
‘Haha…’
Assim é a minha vida.
“Huaaa….!”
A luz voltou aos meus olhos quando senti minha cabeça cair para trás.
“Khh…! Kh…! Kaht!”
Meu corpo começou a se mover por conta própria e meus braços se debateram.
Kata! Kata! Kata!
Sem perceber, eu havia perdido o controle do meu corpo, que começou a se debater sozinho, a cadeira chacoalhava violentamente com meus movimentos.
No meio do caos, senti algo escorrer dos meus olhos enquanto encarava o professor assistente, que me olhava com os olhos arregalados.
Embora eu tivesse perdido o controle do meu corpo, não havia perdido o controle da minha mente.
Mesmo enquanto ele se debatia e entrava em espasmos, eu não desviava o olhar do professor assistente.
Nem uma vez…
“Kk…!”
‘Por quê…?’
Isso persistiu por vários segundos até que meu corpo finalmente começou a se acalmar.
Kata… Kata…
“….”
O silêncio persistiu ao redor enquanto eu continuava a encarar o professor assistente.
Algo fervia no meu peito enquanto eu o encarava.
Ameaçava transbordar a qualquer momento, enquanto meu maxilar se apertava e eu segurava firme os braços da cadeira.
“….Por que você parou?”
A ponto de eu me encontrar rosnando para ele.
“O teste…”
Cuspi cada palavra através dos dentes cerrados.
“Por. que. você. parou.”
Era difícil descrever o tipo de raiva que eu estava sentindo agora.
Não era uma raiva nascida da frustração. Era diferente. Muito mais viciosa que isso.
Ódio…
Sim, essa era a palavra certa.
“P-por quê…?”
Mais uma vez… Esse homem!
Meu peito arfava.
“Você…!”
“Pare aí, cadete.”
Uma voz desceu sobre mim, me interrompendo no meio da frase. Uma figura familiar entrou, seus saltos clicando no chão enquanto ela caminhava para ficar na minha frente.
Professora Kelson.
“E-ele me parou…! Ele…”
“Eu parei você.”
A professora interrompeu de repente, me chocando e fazendo minha boca se fechar.
Ela me parou…?
Estendendo a mão, ela tocou minhas bochechas e puxou a mão de volta, mostrando-me o dedo.
“….Foi por isso que eu parei você.”
Só então percebi a gravidade da situação.
“Sangue…?”
“Seu sangue.”
“….Ah.”
O que estava sangrando?
“Seus olhos estão sangrando. Eu não tive escolha a não ser parar o teste. Se eu tivesse continuado por mais tempo, você poderia ter ficado cego permanentemente.”
“…..Entendo.”
Então, no final… Meu corpo falhou comigo. Se ao menos…
“Você ainda não entende a realidade da situação, não é?”
Quando ouvi a voz da professora novamente, olhei para cima e inclinei a cabeça. Só para prender a respiração ao perceber algo…
Todos.
Seja os do meu grupo, ou os dos outros grupos.
Todos estavam me olhando.
Diferente de antes, todos tinham expressões semelhantes.
A razão para isso ficou clara pouco depois.
“5,04”
A professora disse em um tom baixo, enquanto olhava profundamente nos meus olhos.
“…..Essa é sua pontuação final.”
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