Capítulo 34 — Sorriso
Notícias sobre as conquistas de Julien em Haven rapidamente chegaram à casa dos Evenus, perto de Westernborn, uma das duas regiões sob a administração da Baronia Evenus.
“…..Isso não faz sentido.”
Aldric M. Evenus murmurou enquanto olhava para os arquivos à sua frente.
Já fazia um tempo desde que ele havia ouvido as notícias sobre seu filho se tornando a Estrela Negra, e mesmo agora, ele tinha dificuldade em acreditar no que lia.
Aquele era realmente seu filho…?
Embora não fosse incompetente, ele também não era tão competente assim.
E, enquanto lia o novo relatório, suas sobrancelhas se franziram ainda mais.
“Não está fazendo sentido.”
Se não fosse pelo fato de Leon ter confirmado pessoalmente que era Julien, ele teria acreditado que havia algo errado com ele.
Tok—
Uma figura entrou após bater na porta. Era um jovem de cabelos castanhos e olhos cor de avelã. Sua expressão era limpa, e seu rosto tinha uma simetria perfeita. Por todos os aspectos, ele era um homem bonito.
“Pai.”
Ele se dirigiu a Aldric com educação ao entrar.
“….Linus.”
“Sim.”
Linus inclinou a cabeça em reconhecimento. Ele era o segundo filho da Casa Evenus e o próximo na linha para assumir a posição.
Diferente de Julien, ele tinha uma disposição mais calorosa e parecia mais acessível.
“Você notou algo estranho com seu irmão antes que ele partisse para o instituto?”
“…Hm? Irmão? Aconteceu algo?”
“Dê uma olhada nisso.”
Aldric deslizou os papéis sobre a mesa. Apesar de confuso, Linus caminhou até a mesa e examinou os documentos.
“Isso…”
Gradualmente, sua expressão se tensionou. Ele colocou o papel de volta e olhou para cima.
“…..Isso é real?”
“Sim.”
Aldric acenou com a cabeça.
“Eu não te contei ainda porque eu mesmo achei difícil de acreditar. Leon confirmou tudo.”
“Ah, é mesmo…”
Linus olhou casualmente para os documentos mais uma vez antes de concordar.
“Se Leon disse isso, então não há com o que se preocupar.”
Sua expressão parecia genuína. Com um suspiro, Aldric tamborilou os dedos sobre a mesa de madeira. Então, ao olhar casualmente para Linus, que estava encarando os documentos com uma intensidade estranha, ele acenou com a mão.
“Você pode ir.”
“Hm…? Agora?”
Linus pareceu surpreso com a dispensa repentina.
Aldric não olhou para cima e se sentou em sua cadeira.
“Eu só queria confirmar com você. Já que concordamos, vou esperar Julien voltar após os exames intermediários para confirmar.”
“Ah… Entendo.”
Apesar de relutante, Linus não discutiu e acenou com a cabeça em entendimento. Então, com uma pequena reverência, ele saiu da sala.
Barulho—!
Um grande corredor apareceu à frente de Linus assim que ele saiu. Era amplo, mas vazio.
Tak. Tak.
O som de seus passos ecoou ritmicamente enquanto ele calmamente se dirigia ao seu quarto, localizado no segundo andar da propriedade dos Evenus.
Ao entrar em seu quarto, ele fechou a porta atrás de si e foi até sua escrivaninha, onde serviu uma bebida para si mesmo.
Gole.
A queimadura persistiu em sua garganta enquanto ele saboreava a bebida.
O copo esvaziou e a dor na parte de trás de sua garganta diminuiu, esfriando sua cabeça no processo. Respirando fundo, ele se sentou no sofá enquanto murmurava um nome.
“…Julien.”
Era o nome de seu irmão mais velho.
Seu aperto no copo se intensificou, e sua expressão se distorceu.
“Você finalmente decidiu revelar seu verdadeiro eu…?”
Uma imagem surgiu em sua mente.
A de um indivíduo específico. Olhando para ele com um olhar frio enquanto sua casa queimava e todos que ele amava morriam.
“Malvado do caralho…”
Ele cuspiu baixinho pelos dentes enquanto seu aperto no copo se intensificava.
Outros podem não saber, mas ele sabia.
Seus pesadelos lhe contavam…
Julien.
Seu irmão.
Ele era um monstro esperando para destruir tudo o que eles tinham.
***
Não havia muitas coisas que eu poderia fazer agora que estava machucado. Treinar aparentemente estava fora de questão, mas eu me recusava a acreditar que não havia uma maneira de eu treinar sem usar meu corpo.
Era por isso que eu estava de volta à biblioteca.
“Que tipo de absurdo é isso…”
Ainda havia muitas perguntas que eu tinha sobre as seções em inglês e como os livros estavam aqui. Presumivelmente, este mundo era um jogo. Não seria estranho haver inglês neste mundo se essa fosse a razão pela qual o inglês estava presente.
No entanto…
‘E se este mundo não for um jogo…?’
Talvez fosse porque tudo parecia tão real, mas havia algo que me incomodava no fundo da mente. E se…? E se…?
“Haaa…”
Minha cabeça latejava com a ideia.
Eram pensamentos malucos, mas minha mente não conseguia evitar divagar para lá de vez em quando. Infelizmente, havia algo que se tornava mais claro para mim quanto mais eu tinha esses pensamentos.
E era que…
“Eu ainda sei muito pouco.”
A Dimensão do Espelho, este Império, os outros Impérios e sua história. Se eu não podia treinar com meu corpo, então não havia razão para eu perder tempo sem fazer nada além de aprender.
‘Talvez eu encontre as respostas que procuro aqui… E também uma maneira de treinar sem forçar meu corpo.’
O que era exatamente o que eu estava fazendo.
“Vamos ver….”
Olhei ao meu redor, examinando todos os livros cuidadosamente alinhados nas estantes. Desde teoria mágica até história, eu peguei livro após livro.
Havia também alguns interessantes da seção em inglês que eu peguei.
Quando terminei, eu havia reunido mais de uma dúzia de livros.
“….”
Conseguindo encontrar uma área bem isolada da biblioteca, coloquei os livros na mesa e me sentei na cadeira.
Baque.
Os livros eram bem grossos e eram muitos, mas…
“Eu tenho que fazer isso.”
Conhecimento era importante.
Mesmo que eu estivesse relutante em fazer isso, eu não tinha escolha a não ser fazê-lo.
E com esses pensamentos, eu comecei a abrir o primeiro livro.
“Ah, certo…”
Mas assim que fiz isso, lembrei de algo e tirei um par de óculos do meu bolso. Era algo que o médico havia me dado.
O dano que meus olhos sofreram era bastante sério.
A ponto de eu não ter escolha a não ser usar óculos sempre que precisasse ler.
“Que estranho…”
Eles pareciam estranhos, e eu me vi apertando os olhos algumas vezes. Eu não tinha certeza se me acostumaria com isso, mas como era temporário, ignorei o desconforto e comecei a ler.
Eu já havia passado por coisas piores.
Vira—
***
Havia algumas coisas que Aoife mantinha em segredo do mundo. Quase ninguém sabia disso sobre ela, e ela nunca planejou que alguém descobrisse.
E isso era…
“Ba dum~ Ta tum~ Lalala~”
Ela gostava de cantar quando não havia ninguém por perto.
“Ba dum~ Ta tum~”
Era assim que ela era quando não precisava fingir ser perfeita. Falhas não eram algo que a família Megrail aceitava. Pelo menos, não por fora.
“Ba dam~”
Seus pés pararam e seu olhar caiu sobre as fileiras de livros à sua frente.
Ela estava atualmente na biblioteca.
Pode ter sido apenas a segunda semana do instituto, mas para uma aluna exemplar como ela, trabalhar fora das aulas era extremamente importante.
Como mais ela poderia se tornar a Estrela Negra?
Desde que entrou no instituto, seu objetivo sempre foi arrancar a posição de Julien. Ela era de descendência real, e o fato de não ser a primeira, apesar de todas as suas vantagens, a fazia se esforçar para trabalhar mais.
Ela podia aceitar que havia pessoas mais talentosas do que ela.
O que ela não podia aceitar era perder para elas quando tinha vantagens tão claras. Isso deixava um gosto amargo em sua boca.
Como se o mundo estivesse dizendo que ela não estava fazendo o suficiente.
Que ela… não era o suficiente.
“Mhmmm~”
Havia também outra coisa que ela realmente gostava na biblioteca.
Era que quase não havia ninguém lá.
Ela podia cantar livremente sem problemas. Bem, até um nível moderado. Havia a chance de um cadete estar escondido em algum lugar, mas ela poderia silenciá-lo se necessário.
“….”
Ela olhou ao redor e olhou para as estantes de livros.
[Teoria Mágica]
[Teoria de Combate]
[Inglês]
Ela coletou todos os tipos de livros. Havia muitas aulas que ela frequentava, e era, portanto, importante que ela acompanhasse todas elas.
Aoife até chegou a pegar alguns livros para aulas que seriam ministradas no próximo semestre.
Ela era tão dedicada assim.
“Hmm~”
A pilha estava lentamente aumentando. Um livro, dois livros, três livros…
Não importava quantos livros ela tivesse. Diferente dos outros cadetes, ela podia pegar quantos quisesse.
Afinal, o Vice-Chanceler era seu primo.
“Ta da~”
Tudo estava indo bem.
Aoife nunca havia estado de tão bom humor. Tanto que ela até se viu dançando levemente.
Para! Para!1
Mas tudo isso parou em um certo momento.
“….”
Seus passos cessaram e sua expressão ficou tensa.
Um rosto que ela menos queria ver. Ele usava um par de óculos escuros que ela não reconhecia. Estranhamente, combinado com seu blazer escuro e colete, ele parecia bem. Seus olhos cor de avelã por trás dos óculos tinham um charme peculiar, compelindo-a a olhar para eles.
Diante dela estava a última pessoa que ela queria ver.
“….”
Sua boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu.
Segundos se passaram, e tudo o que ela podia fazer era abrir a boca como uma tola, tentando encontrar uma desculpa, algo… para justificar suas ações… para… para… mas…
“….”
Nada.
Sua mente estava em branco.
Vira—
Seus pensamentos foram abalados pelo som de uma única página sendo virada. Quando ela olhou para cima, viu Julien encarando seu livro com sua expressão indiferente habitual.
Era como se ele não estivesse nem um pouco incomodado com suas palhaçadas.
“Huuu…”
Aoife não sabia por que, mas sentiu um suspiro de alívio ao pensar nisso.
‘Talvez ele não tenha visto…’
Sim, poderia ser isso.
Ele deve ter perdido.
Franzindo os lábios, ela se virou e se preparou para voltar, quando…
“Cantar…”
“….!”
A voz fria de Julien alcançou seus ouvidos, fazendo-a estremecer involuntariamente.
“…Faça isso em outro lugar da próxima vez. Quase perdi minha visão. Não planejo perder minha audição.”
- No original estava “To! To!”, mas nos dois esse trecho ficou estranho…[↩]
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