Capítulo 40 — Floresta [4]
Havia apenas uma abertura que eu poderia explorar para atacar. Um momento em que o inimigo estaria tão ocupado com Leon que não se importaria comigo.
…..A chance surgiu, e eu a aproveitei.
Eu não me envergonhava de minhas ações. Colher os frutos do esforço de outra pessoa. Eu escolhi o caminho mais fácil e menos perigoso.
Eu tinha certeza de que Leon não se importaria com isso.
Mas…
‘Ele ainda está de pé.’
Parecia que o inimigo ainda estava de pé.
Aquele golpe não foi suficiente?
Eu não hesitei em me aproximar dele por trás. Uma sensação de queimação percorreu meu antebraço, fazendo com que eu parasse bem atrás dele.
Naquele breve instante, eu vi um pequeno círculo mágico pairando na ponta de seus dedos, direcionado para Leon.
“….”
Mesmo agora, em tal estado, ele estava…
‘Por que ele está tão desesperado?’
Eu pressionei minha mão contra seu ombro, e o mundo escureceu logo depois.
‘Uh…?’
Uma sala de tamanho médio.
Foi assim que o mundo apareceu para mim.
‘O que está acontecendo?’
Meu corpo flutuou enquanto eu olhava ao redor. Não parecia uma visão. Eu sentia que estava no controle total, e embora não pudesse falar, eu podia olhar ao redor e me mover normalmente.
“Você finalmente acordou.”
Então, eu ouvi uma voz.
Uma mulher estava sentada ao lado da cama onde um homem descansava. Havia outras três pessoas ao lado do homem. Dois meninos e uma menina. Eles pareciam jovens, no início da adolescência.
‘Quando eles chegaram aqui?’
“Quem são vocês? Onde estou?”
Um rosto familiar. Ele estava mais jovem, mas era sem dúvida ele.
Professor Bucklam.
‘O que é isso…’
“Ah…”
“Pai.”
“Pai.”
Informações entraram em minha mente naquele momento.
Uma época em que um incidente ocorreu, e ele sofreu ferimentos graves, esquecendo todas as suas memórias. Ele acordou para descobrir que era casado e tinha três filhos. Um famoso mago com várias teses revolucionárias em seu nome.
Era quem ele era e como o mundo o conhecia.
“Quem são vocês? Por que estão me olhando assim? E por que…”
Ele apertou o peito.
Emoções que eu não esperava inundaram minha mente. Era uma emoção familiar, e meu coração apertou brevemente.
“….Meu peito está assim?”
Amor familiar.
Mesmo com suas memórias apagadas, suas emoções não haviam sumido. As pessoas desconhecidas à sua frente… Ele ainda se importava profundamente com elas.
Foi por isso que ele conseguiu superar a confusão e viver uma vida normal.
Porque ele as amava.
“Robert, coma isso. Está do seu gosto?”
“Pai, experimente. É o seu favorito.”
“Nós fizemos para você.”
“Ah, sim…”
Calor.
Era caloroso.
“Essa foi a primeira vez que nos conhecemos. Era um dia ensolarado, e você se aproximou de mim todo nervoso…”
Mas aquele calor…
Quanto tempo ele poderia realmente durar?
“Essa é a foto que tiramos quando Natalie nasceu.”
“Esse é o Jason.”
As fotos.
Eram familiares e, ao mesmo tempo, desconhecidas. Aquecia seu coração ver, mas também trazia um vazio. A pessoa na foto… Era ele, e ainda assim… ele se sentia desconhecido.
Aquele era realmente ele?
“Quanto tempo você acha que vai levar para ele recuperar as memórias?”
“Não deveria demorar muito. Ele sofreu um trauma craniano grave.”
O médico disse casualmente enquanto olhava uma série de documentos.
“Levaria no máximo um ano para ele recuperá-las.”
“Você ouviu, Robert?”
Sua esposa sorriu para ele.
Alívio era evidente em sua expressão.
“Você vai recuperar suas memórias!”
“…Sim.”
Ele sorriu de volta para ela.
Mas seu coração não.
‘….O eu de antes era tão melhor assim?’
Seus filhos pensavam que sim.
“Pai, quando você vai recuperar suas memórias?”
Todos os dias.
“Sinto sua falta, pai.”
Eles faziam a mesma pergunta.
“Quando podemos ter nosso pai de volta?”
Quando ele voltaria?
‘Eu não sou bom o suficiente?’
Esses pensamentos corroíam sua mente todos os dias. Por que ele havia esquecido suas memórias sobre eles, mas não seus sentimentos?
Não teria doído tanto se fosse o caso…
E também foi por causa desses sentimentos que ele rezava para si mesmo todos os dias.
‘Eu os amo.’
‘Eles não me amam.’
‘É porque eu os amo que devo ir.’
‘Deixe-me desaparecer.’
‘Deixe-o voltar.’
‘Por eles… Você deve voltar.’
“….”
Eu olhei em branco para a cena à minha frente.
‘O que é isso?’
Os sentimentos. Tudo o que ele sentia… Eles eram tão vívidos em minha mente. A dor, o amor e tudo o que passava por sua mente…
Eu senti tudo.
Gradualmente…
Estava começando a se tornar insuportável.
Ele carregava essa dor todos os dias.
“Doutor? Tem certeza de que está tudo bem? Já faz um ano, e ele ainda…”
“Estou tão perplexo quanto você, Senhora Bucklam.”
Eu fui trazido de volta por uma certa conversa.
“Então, quando posso esperar que ele se recupere?”
“….Não tenho certeza.”
A expressão difícil do médico e a expressão de dor no rosto de sua esposa.
Isso corroía sua mente.
‘Estou tentando.’
‘Eu realmente estou…’
‘….mas ele não está voltando.’
‘Por que você não está voltando?!’
Era assim todos os dias.
Quanto mais o tempo passava, mais isso corroía sua alma.
“…”
“…”
“…”
Os jantares eram silenciosos.
E assim também era a casa que antes era vibrante e cheia de vida.
“Choro… Choro… Choro…”
Tudo, exceto pelo ocasional choro que ele ouvia enquanto vagava pela mansão que, de outra forma, estava vazia.
O calor…
Tinha sumido. Estava frio. E solitário.
‘Volte….’
‘Não aguento mais isso.’
‘Quanto tempo tenho que viver assim?’
Suas emoções eram como uma corrente para ele.
‘Não é minha culpa ser diferente.’
‘Mas ainda sou ele.’
‘O que havia de tão melhor nele do que em mim?’
Elas o mantinham preso a esse sofrimento.
‘Por que não consigo me livrar do seu passado?’
“….”
A dor continuou.
Ele envelheceu, e sua família também.
O mesmo aconteceu com o sentimento de estranhamento.
“Adeus.”
“…”
Ele era apenas um homem vivendo no corpo de outra pessoa.
Ele podia ver isso em seus olhos e nos olhos de todos os outros. Seja no trabalho ou em casa. Tudo o que ele recebia eram olhares de pena e estranhamento.
Era solitário.
Sua vida era.
Tak—
O único conforto que ele tinha era o jogo de damas.
Tak—
Ninguém jogava com ele, mas…
Tak—
Isso estava bem. Pelo menos ninguém o julgava.
Porque…
Era a única coisa que lhe restava.
.
.
.
“…..”
Eu olhei ao redor. Era o mesmo parque na Academia. Os alunos caminhavam, e uma brisa agradável passava.
À distância, um homem jogava damas sozinho.
Ele estava sozinho, mas satisfeito.
“Posso ajudar você?”
Ele virou a cabeça para me dirigir. Seus olhos eram calorosos, e seu sorriso também.
“…Você tem alguma dúvida? Eu tenho um tempo livre.”
Ele colocou a peça no tabuleiro.
“Não é como se eu tivesse muito mais o que fazer mesmo.”
“…”
Eu balancei a cabeça e me sentei.
“Oh?”
“Me ensine a jogar.”
“…..”
O Professor me olhou. Ele parecia de repente encantado.
“Você quer jogar? Sabe jogar?”
“Eu não sei.”
“Hahaha.”
Até sua risada era calorosa.
“Venha, eu te ensino.”
Ele começou a me ensinar.
“As peças só podem se mover na diagonal.”
“Assim?”
“Sim.”
Ele continuou a explicar.
“É assim que você captura as peças e como você…”
Ele parecia bastante apaixonado.
Eu ouvi quieto e segui suas instruções.
Parecia bem fácil…
“Acho que entendi. Podemos começar.”
“Bom. Bom.”
Tak, Tak, Tak—
“Você perdeu.”
“….”
Eu olhei para o tabuleiro e franzi a testa.
Eu não durei nem alguns movimentos.
Que tipo de…
“De novo.”
“Vamos lá.”
Tak, Tak, Tak—
De novo, eu perdi.
Mas…
“De novo.”
Eu não desisti.
Tak, Tak, Tak—
“Isso… Você está trapaceando?”
“Hoho, eu só sou melhor.”
“Isso é besteira. Vamos de novo. Vou te vencer desta vez.”
“Linguagem.”1
Tak, Tak, Tak—
As partidas continuaram. Cinco, dez, vinte, cinquenta…
Eu perdia todas.
O Professor ria com cada vitória. Por outro lado, eu ficava mais irritado.
“Você tem que estar trapaceando!”
Bang!
Eu bati minha mão na mesa.
Eu já havia esquecido minha postura.
Agora… Eu não estava fingindo. Eu estava sendo eu. O verdadeiro eu. Quanto tempo fazia?
“De novo…!”
Era libertador.
Ser eu mesmo novamente.
Neste mundo, eu não precisava me preocupar em ser descoberto ou no que os outros pensavam de mim. Eu podia simplesmente ser eu.
Tak, Tak, Tak—
Movi as peças.
“Boa jogada.”
“….É natural.”
“Mas não é o suficiente.”
Tak—
“….”
Velho esperto.
“De novo.”
“Hoho.”
As derrotas continuaram, mas, estranhamente, não pareciam ruins. Pelo contrário, cada vez que eu perdia, eu gostava mais do jogo.
Especialmente quando eu via que estava durando mais e mais no jogo.
Eu encontrava alegria no meu progresso. Quase como quando aprendi o feitiço pela primeira vez.
O tempo voou assim.
“Ah! Tão perto!”
Eu continuei a jogar.
“Quase te peguei ali!”
E ele continuou a me vencer.
“Espere só!”
Mas…
“Aí! Ah não!!”
Eu estava chegando mais perto.
“É isso— Droga! Seu maldito bastardo!”
Até que…
Tak—
“…”
Minha peça caiu no tabuleiro, e eu olhei para cima.
Houve um silêncio enquanto nós dois nos olhávamos.
O Professor Bucklam sorriu com um calor tão raro que me fez perceber o que havia acontecido.
“Eu venci…”
Depois de tantas tentativas, eu finalmente havia vencido.
Eu estava tão imerso no jogo que não havia percebido.
“Você venceu.”
O professor acenou com a cabeça. Enquanto fazia isso, sua figura gradualmente começou a desaparecer. Mas mesmo em tal situação, ele não se esqueceu de sorrir enquanto abaixava a cabeça.
“Até mesmo um falso como eu…”
Ele parecia feliz.
“…É divertido de estar junto, certo?”
Ele desapareceu logo depois.
Eu sentei no banco por um longo tempo.
“….”
Olhando quieto para o tabuleiro.
No final…
Tudo o que ele queria era ser reconhecido.
∎| Nível 1. [Medo] EXP + 7%
Não por seu passado.
Mas por seu presente.
∎| Nível 1. [Alegria] EXP + 13%
Foi ali que eu entendi.
Não há nada mais assustador do que a solidão.
∎| Nível 2. [Tristeza] EXP + 4%
Neste dia, o Professor Bucklam foi preso.
Julien Dacre Evenus. Leon Rowan Ellert. Kiera Mylne. Anders Lewis Richmond.
Esses eram os nomes dos quatro cadetes que derrotaram o professor renegado.
- Ta realmente como “language” no original[↩]
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