Capítulo 422: Armadilha [2]
O momento crescente de Julien começou a gerar um medo natural na mente de Johan, que rapidamente circulou sua mana, extraindo cada pedacinho de poder em seu corpo.
Estala!
Os músculos de Johan estalaram e se romperam, sua camisa rasgando e seus olhos ficando injetados de sangue. O vazio que o cercava encolheu exponencialmente, envolvendo seu braço firmemente.
Então, ele desferiu um soco, um que sugou o vazio ao redor deles, expondo o mundo exterior novamente.
Johan estava muito confiante de que qualquer um abaixo do Tier 5 não conseguiria defender e aguentar seu soco.
Se seu oponente levasse o soco diretamente, todo seu poder seria refletido de volta para ele, esmagando cada centímetro de seus ossos, ou até pior.
‘Sim, venha!’
Sua excitação só cresceu quando percebeu Julien se preparando para encontrar seu próprio punho.
Boom!
O punho de Julien colidiu diretamente com o de Johan.
Cra Crack!
Acompanhando o som explosivo estava um ruído de quebra enquanto o outro braço de Julien se quebrava.
Sangue escorreu de sua boca enquanto sua mão recuava. Em um confronto físico, Julien saiu por baixo.
Mas isso estava ok.
Porque…
Ele nunca esteve lá para começar.
“Uh?”
Os olhos de Johan se arregalaram em choque enquanto ele via o corpo de Julien se transformar no que parecia ser um grande pedaço do pavimento que explodiu em milhares de fragmentos, dilacerado pelo puro impacto de seu punho.
Pânico surgiu nos olhos de Johan.
Swoosh!
Com os lábios se separando, ele se virou para ver a figura de Julien aparecer bem atrás dele.
Johan cerrou os dentes e abriu sua palma, lançando-a na direção de Julien.
Swoosh!
Fogo irrompeu, disparando diretamente para Julien.
Para o choque e agradável surpresa de Johan, Julien não desviou. O fogo engolfou o corpo de Julien diretamente, mostrando apenas leves traços de sua silhueta em chamas.
‘Eu peguei—!’
O coração de Johan deu um salto repentino.
Sentindo uma leve presença vindo de trás, ele não hesitou em se virar mais uma vez e novamente lançar sua mão na direção oposta.
‘Era outra ilusão!’
Ele cerrou os dentes.
Assim que se virou e liberou as chamas na direção oposta, seu coração afundou em horror. Um par de olhos estava fixo nele — frios, profundos e indiferentes, como se ele não fosse mais que uma partícula insignificante.
Mas o mais importante.
Eles pareciam pertencer a um gato.
Antes que Johan pudesse entender o que estava acontecendo, um par de mãos queimadas emergiu de trás dele, agarrando sua boca e pescoço.
“Haa…”
Um sopro quente percorreu o pescoço de Johan enquanto os lábios de Julien se separavam.
“Tristeza.”
“….!”
Johan de repente sentiu uma tensão avassaladora se acumulando em seu peito, intensificando a cada segundo que passava, ficando mais pesada e sufocante.
‘P-pare…! Pare! Pa-re!’
Quanto mais a sensação crescia, mais Johan sentia sua cabeça latejar.
Bam, bam!
Era como se alguém estivesse martelando sua mente com uma marreta, aumentando a força a cada golpe.
Bam, bam—!
Isso tirou seu fôlego, impedindo qualquer palavra de sair de sua boca. Ele só conseguia gritar para Julien parar em sua mente.
‘P-pare! Pare!’
Mas Julien não podia ouvir seus pensamentos.
Como poderia?
…Bem neste momento, lágrimas escorriam por seu rosto levemente queimado enquanto sua mão tremia, sentindo leves tremores de dor percorrerem seu corpo.
A dor era intensa, e era essa dor que o impedia de regular seus poderes.
Ele simplesmente continuou a derramar suas emoções em Johan, que começou a tremer.
‘Pare! F-faça parar!’
Seus olhos começaram a ficar brancos.
A dor em sua mente atingiu níveis onde ele parou de pensar.
Seu corpo inteiro começou a ter espasmos, se debatendo e se contorcendo nos braços de Julien. Havia algo claramente errado com ele, mas Julien não percebeu.
Ele pensou que ele ainda estava lutando.
Então ele injetou mais.
E mais.
E…
Estrondo—!
Julien sentiu um respingo quente de líquido atingir seu rosto. Ele não registrou o que havia acontecido até o corpo que ele estava abraçando escorregar de seu aperto e cair no chão.
Baque!
“….”
Julien baixou a cabeça para olhar seus braços, que estavam cobertos de sangue.
Debaixo dele apareceu um cadáver sem cabeça, ainda vazando sangue.
“Ah.”
Foi então que tudo se registrou em sua mente e ele deu um passo para trás, seus músculos falhando devido ao esgotamento. Ele tentou ao máximo resistir, mas mesmo assim, seu corpo o traiu.
Baque.
Julien caiu de bunda.
“….”
Ele estava exausto, e ainda assim respirava normalmente.
Sua mente estava tão entorpecida que ele só conseguia processar vagamente o que havia acontecido. Tudo que ele sabia era que a luta inteira não durou mais que meio minuto no máximo.
Foi incrivelmente rápido.
Mas…
Ele havia matado um Tier 5.
Alguém que havia desenvolvido um domínio.
“….”
Olhando fixamente para o cadáver sem cabeça à frente, os lábios de Julien tremeram.
‘Eu fiz isso…?’
Magia Emotiva fez isso?
Como?
Como poderia…?
“Uekrh!”
Julien sentiu uma súbita dor latejante em sua cabeça. Ela bateu diretamente em sua mente, quase como se um martelo pesado tivesse batido diretamente nela.
Era excruciante.
Julien estremeceu e rapidamente desviou sua atenção para sua mão, onde seu anel repousava.
“P-pílulas…”
Ele murmurou, canalizando o pouco de mana que lhe restava.
“P-pílulas…”
Ele murmurou novamente, sua consciência desaparecendo.
‘Ah, não.’
Ele não podia deixar sua consciência desaparecer. Ainda não. Se o fizesse, estaria em grandes apuros.
Ele não podia.
Ele…
Baque!
Julien desabou no chão, sua consciência desaparecendo, lentamente sendo substituída por outra.
Ele arranhou o chão, travando uma luta desesperada, mas foi inútil.
Ele…
Lentamente perdeu a consciência, dando espaço para outra.
“….”
Um silêncio sinistro envolveu os arredores enquanto Julien ficava imóvel no chão por vários minutos.
Gradualmente, suas pálpebras começaram a se contrair.
Contraí. Contraí.
No momento em que os olhos de Julien se abriram, sua expressão mudou.
“Que diab—akh!”
Sentando-se abruptamente, ele estremeceu de dor.
“Arkh”
O grito de Julien reverberou no ar enquanto ele rapidamente coçava seu rosto e braços, só para a dor aumentar ainda mais.
“D-droga, faça parar! F-faça parar!”
Julien caiu no chão, se contorcendo de agonia a cada rolo. Cada movimento só intensificava a dor, enviando choques agudos por seu corpo.
“Kh.”
Ele mordeu com força sua camisa, abafando os gritos que ameaçavam sair dele.
‘Pare, faça parar! O que aquele bastardo fez!?’
…Ele só havia perdido o controle por um instante antes de recuperá-lo novamente. E ainda assim, quando recuperou o controle, tudo que encontrou foi dor.
“Argh!”
A dor era insuportável, deixando-o ofegante por ar, seu peito apertando como se estivesse sufocando.
Cada segundo se estendia, ampliando a agonia até parecer intolerável.
“P-pare, fa—”
“Por que você não está usando suas pílulas?”
Uma voz de repente cortou seus gritos. Em sua agonia, Julien conseguiu virar a cabeça para ver uma silhueta olhando em sua direção.
‘Um gato?’
Seus olhos eram profundos, e parado não muito longe dele, ele olhava para ele com uma expressão preocupada.
“Se você tomar as pílulas, deverá ficar bem.”
‘Pílulas? Que pílulas?’
…Pílulas à parte, o que era esse gato? Era o mesmo que a Coruja? Outro dos animais de estimação do parasita?
Não, isso não importava agora.
“O-onde?”
Tudo que ele podia pensar era em fazer a dor parar.
“P-pílulas? O-nde…?”
“Eh? Você não deveria saber?”
“….”
Julien cerrou os dentes e encarou o gato, que franziu levemente a testa. Então, virando a cabeça, olhou diretamente para a mão de Julien. Seguindo seu olhar, Julien viu o anel preto em seu dedo.
‘Isso, de novo?’
Ele havia notado antes quando a coruja olhou para ele. Ele não deu muita atenção por cautela, mas agora não tinha tempo para pensar em ser cuidadoso.
…Encarando a Coruja, Julien cerrou os dentes para suprimir sua dor antes de direcionar toda sua atenção para o anel, onde rapidamente canalizou sua mana.
Ele não tinha certeza total do que era, mas julgando pela aparência, parecia algo que poderia ajudá-lo a obter as pílulas que precisava.
‘Uma relíquia, deve ser uma relíquia.’
Fechando os olhos, ele canalizou sua mana para o anel.
“….!”
No instante em que o ativou, uma poderosa força de sucção irrompeu do anel, puxando sua consciência para fora de seu corpo.
Ele nem teve tempo de reagir antes de sentir sua consciência ser arrancada.
“….”
Uma leve brisa varreu os terrenos da Academia, carregando consigo o som distante de passos se aproximando, ficando mais alto a cada segundo que passava.
Lambendo sua pata, Pedrinha se virou e entrou nos arbustos, desaparecendo completamente em um dos muitos arbustos.
Farfalha~
‘Meu trabalho está feito.’
Pouco depois, algumas vozes ecoaram.
“Aqui!”
“….Tem alguém aqui!”
“Rápido!”
***
O mundo era branco.
Em um momento, Julien se encontrou sofrendo de dor excruciante e no próximo momento, se encontrou dentro deste estranho mundo branco.
“….”
Olhando para baixo, ele podia ver seu próprio reflexo.
Ele parecia completamente ileso.
“Eu não estou machucado?”
Ele não sentia nenhuma da dor que sentira antes.
Na verdade, ele se sentia incrível!
No entanto, o êxtase não durou muito tempo.
Franzindo a testa, Julien olhou ao redor. Tudo que ele podia ver era branco — uma extensão infinita de branco.
“Onde estou? Onde estão as pílulas? Como eu saio daqui?”
Estava estranhamente silencioso ao seu redor.
Tudo que Julien podia ouvir era o fraco eco de sua própria voz.
“Ei!”
Ele gritou no topo de seus pulmões, sua raiva começando a se acumular.
“O que eu devo fazer? Alguém!!”
Os olhos de Julien se moveram rapidamente, suas sobrancelhas se franzindo ainda mais. Memórias do ano passado voltaram, fazendo seu peito se apertar com inquietação.
Ele se sentiu preso novamente.
Não, de novo não…
Assim que ele estava prestes a falar, o chão sob ele ondulou de forma não natural, enviando um calafrio por sua espinha.
“….!”
Antes que ele pudesse reagir, Julien sentiu seus pés afundarem no chão, enviando ondulações se espalhando para fora.
“Mas o que..!!”
Julien se debateu e tentou libertar suas pernas, mas foi inútil.
“Ah!”
Tudo que ele fez só o fez afundar mais rápido.
“Urkhg! Akh!”
Batendo sua mão no chão, Julien enviou mais ondulações se espalhando. Elas se estenderam infinitamente pelo mundo branco, só parando quando outra ondulação apareceu.
Tak—
O fraco eco de um passo reverberou, parando Julien por um momento enquanto uma sombra cobria seu corpo.
Ao levantar a cabeça, seus olhos se arregalaram com a visão que o cumprimentou.
“Você—”
“Isso realmente foi muito difícil de preparar.”
Uma voz fraca ecoou antes que ele pudesse dizer suas palavras.
“Houve vários problemas aqui e ali, mas tudo aconteceu como eu planejei. Isso pode não consertar tudo, mas tenho certeza que conseguirei resolver a maioria dos meus problemas por agora.”
Era Emmet, que baixou a cabeça para olhar mais de perto Julien, cujo corpo estava afundando mais no chão.
Sua expressão chocada era uma visão para se ver.
“Você pode não estar familiarizado com este lugar, mas é um lugar muito querido para mim.”
Emmet estendeu as mãos, olhando para o mundo branco ao redor deles.
“Bem-vindo à prova das mentes esquecidas.”
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