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    “Combinar os dois Conceitos?”

    Julien inclinou a cabeça. Sua expressão mostrava clara confusão com a sugestão.

    “…Isso é mesmo possível?”

    E com razão.

    Como dois Conceitos poderiam ser fundidos? Embora a ideia já tivesse passado por sua mente antes, foi apenas um pensamento vago. Ele nunca realmente acreditou que fosse possível.

    E ainda assim…

    Aqui estava ele, sentado diante de uma das humanas mais fortes do mundo, sendo questionado se já considerara fundir os dois.

    Seria realmente possível?

    “Eu não sei.”

    Delilah encolheu os ombros, esfriando todos os pensamentos anteriores de Julien.

    Seu rosto ficou desanimado por um momento.

    “Então por que você…?”

    “Eu estava curiosa.”

    De fato, era pura curiosidade de sua parte. Ela estava curiosa.

    Curiosa para saber se era possível fundir dois Conceitos. Era possível? Delilah não tinha ideia, já que não havia precedentes reais no passado. Ninguém afirmara que era impossível, por isso ela fez a sugestão.

    Os ‘Conceitos’ de Julien já eram bastante poderosos.

    Ela queria ver o que aconteceria se ele tentasse fundi-los.

    Quão poderoso ele se tornaria?

    “Hmm.”

    O rosto de Julien franziu-se em uma carranca enquanto ele baixava a cabeça, uma leve onda de energia agitando o ar. Os dedos de Delilah pararam no meio do movimento.

    Erguendo a sobrancelha, ela olhou atentamente para Julien.

    ‘Ele está tentando.’

    Era uma pena que ela não pudesse ver o que estava acontecendo em sua mente.

    Delilah estava muito curiosa para ver o processo de fusão.

    Ela só poderia se contentar com as mudanças sutis que estavam ocorrendo ao seu redor. Não eram nada significativas, mas Delilah sabia que ele estava tentando algo.

    E então…

    Ela ficou em silêncio enquanto o observava.

    “….”

    Das mudanças sutis em suas expressões às leves pulsações que ele ocasionalmente liberava. Delilah registrou todas as mudanças em sua mente.

    No início, nada mudou.

    Tudo parecia quieto.

    A expressão de Delilah permaneceu inalterada enquanto ela o observava.

    Ela estava esperando.

    Esperando que ele fizesse algo, e não precisou esperar muito.

    Swoosh—

    Uma leve brisa passou pela sala, fazendo as cortinas ondularem suavemente. O cabelo de Julien moveu-se levemente, e suas roupas se agitaram na leve rajada.

    As mudanças eram sutis, mas Delilah conseguia percebê-las.

    Um estranho pulso de mana percorreu a sala. Um que desapareceu rapidamente junto com a brisa.

    “…..”

    O mundo ficou estranhamente quieto logo depois. O suficiente para fazer Delilah franzir a testa.

    É isso? Ele falhou?

    Sim, faria sentido se ele falhasse—

    Então, os olhos de Julien se abriram.

    No momento em que o fizeram, Delilah prendeu a respiração.

    Seu olhar.

    Havia algo naquele olhar… ou na falta dele.

    Estava vazio.

    Como se ela estivesse olhando para um recipiente vazio.

    Era tão vazio que Delilah sentiu como se estivesse olhando para um espelho. O ambiente parecia extremamente sufocante, como se duas grandes mãos pressionassem sua garganta, apertando com força.

    Claro, isso era apenas sua imaginação.

    Julien ainda era muito fraco para fazer qualquer coisa contra ela.

    …Mas a sensação estava lá. E isso era o suficiente para Delilah.

    ‘Ele teve um vislumbre de algo.’

    Quanto? Ela não sabia.

    No entanto, baixando a cabeça para olhar o pequeno buraco que aparecera como resultado de sua batida forçada, Delilah se viu franzindo os lábios.

    ‘Nada mal…’

    O rosto de Julien empalideceu consideravelmente alguns segundos depois de abrir os olhos. Seu olhar, que parecia vazio momentos antes, recuperou seu brilho habitual e, após algumas respirações profundas, ele conseguiu se recompor.

    Delilah sentiu o canto de seus lábios se erguer.

    “Então?”

    Ela perguntou, seu tom suave.

    “O que você viu?”

    “….H-ha.”

    Julien não respondeu imediatamente.

    Segurando o peito, ele lambeu os lábios e balançou a cabeça.

    “Eu não sei.”

    Ele respondeu com honestidade.

    “…Estava vazio.”

    Ele não conseguia encontrar as palavras certas para descrever o que viu além de ‘vazio’. Sim, porque isso foi tudo o que ele sentiu e viu.

    Era um vazio sufocante que o puxava para baixo.

    Um que…

    “Ok, chega.”

    Delilah pressionou a mão contra a mesa, tirando Julien de seus pensamentos. Quando Julien levantou a cabeça, a viu se levantar.

    “Vamos.”

    “….Vamos?”

    “Sim.”

    Julien inclinou a cabeça, evidentemente confuso. Eles não estavam apenas…? No entanto, antes que ele tivesse tempo de entender, o corpo de Delilah encolheu alguns centímetros. Agora ela parecia ter mais ou menos sua idade.

    O que diabos…?

    A confusão de Julien só aumentou quando ela abriu a porta do escritório.

    “Vamos.”

    “O quê, para onde?”

    Julien se levantou e Delilah parou, virando a cabeça para olhar para ele. Com uma expressão séria, ela respondeu:

    “….Recuperar o que você roubou de mim.”

    “????”

    ***

    “Hahaha. Eu sabia que você me entenderia, Leon.”

    Aoife disse alegremente enquanto batia sua garrafa na de Leon.

    “Achei que você não gostasse de beber. O que causou a mudança repentina?”

    “Bem, você sabe… Com as coisas melhorando agora, pensei que poderíamos comemorar um pouco.”

    “Estranho, mas ok.”

    Com olhos desfocados, Aoife bateu sua garrafa no sofá. Um pouco do líquido respingou da lata, caindo sobre a superfície do sofá.

    “Haaaa! Eu precisava disso!”

    “…”

    Sem que ela soubesse, espiando pela fresta da porta que separava a cozinha da sala, estava uma figura solitária. Observando tudo com um olhar frio. Vá em frente. Beba. Mais. Caia. Theresa havia perdido as contas de quantas vezes a amaldiçoara.

    Ela não precisou amaldiçoar por muito tempo. Em alguns minutos, o comportamento de Aoife começou a mudar.

    “L-Leon?”

    “Sim…?”

    “Por que há dois de… Hic! V,você?”

    Bate—!

    Aoife esticou a mão para frente, acidentalmente dando um tapa no rosto de Leon no processo.

    “Uah!? Por que você fez isso?”

    “Oh? Ah!? Hihihihihihihi.”

    Bate—!

    Ela o atingiu novamente.

    “Chega!”

    “Hihihihihihihi.”

    “Droga… Estou começando a me arrepender disso.”

    “Ah? Por quê?”

    “Olhe para você mesma.”

    É hora.

    Theresa respirou fundo. Seu coração batia forte, mas ela sabia que não era hora de ficar nervosa. Ela então ajustou suas roupas e deu o primeiro passo.

    “Hihihih. L-Leon, por que há três de você?”

    “Eh… não? Saia de perto!”

    “Hmm? Theresa? O que você está fazendo a,qui?”

    Theresa respirou fundo novamente. Com ou sem debuff, a terceira Rainha Demônio era tão aterrorizante quanto parecia. Apenas um vislumbre de seu olhar fez suas pernas parecerem gelatina… a bela, mole e saltitante gelatina…

    mastiga.”

    Theresa enxugou a saliva que escorria do canto de seus lábios. Sua mente havia divagado por um momento.

    Ela olhou para a Rainha Demônio.

    Que poderoso enfeitiçamento.

    “Theresa…?”

    Desdobrando o papel em seu bolso, ela o entregou a Aoife.

    “Assine.”

    “O que é… Hic! isso?”

    “Assine. Me faça feliz.”

    “Oh?”

    Aoife inclinou a cabeça enquanto estudava cuidadosamente o papel em sua mão. Virando-o de lado, inclinou a cabeça novamente.

    Ba… Baque! Ba… Baque!

    Theresa podia sentir seu próprio coração batendo descompassado enquanto ficava rígida em seu lugar. Esse método funcionaria? Ela assinaria? Ela finalmente recuperaria sua liberdade…? Todos os tipos de pensamentos passaram pela mente da criança naquele momento.

    E…

    “Ha. Claro. Assinar. Por que não?”

    Aoife olhou ao redor.

    “Caneta… onde posso conseguir uma c—”

    “Aqui.”

    Theresa foi mais rápida, entregando-lhe uma caneta com dedos trêmulos. Ela então apontou para o local exato onde queria que ela assinasse.

    “Assine.”

    Seria isso finalmente…?

    “Oh… Hic.”

    A caneta pressionou o papel.

    Theresa lambeu os lábios que haviam secado. Ela observou enquanto a caneta deixava uma pequena marca no papel. Seus dedos dos pés se enrolaram para dentro à vista.

    Continue.

    Só mais um pouco.

    Só um pouco…

    “Bleergh!”

    “…Uh, ah?”

    O tempo pareceu ter parado naquele momento.

    Tudo aconteceu tão repentina e inesperadamente que Theresa mal teve tempo de processar o que havia acontecido.

    Não.

    Mesmo se tivesse tempo, ela provavelmente não teria conseguido.

    “Bleergh!”

    Pisca. Pisca.

    “…”

    Sua pequena mente parecia ter entrado em colapso enquanto Aoife se curvava e…

    “Bleeergh!”

    Vomitava em cima do sagrado papel de missão.

    “Ah, estou me arrependendo de fazer isso. Aoife, vomite aqui.”

    Leon correu com um pequeno balde que Aoife rapidamente pegou antes de vomitar seu coração.

    “Bleeeeeeargh!”

    O mundo parecia sombrio naquele momento. Baixando a cabeça e olhando para seu papel coberto de vômito, Theresa abriu a boca.

    “…”

    Mas nenhuma palavra saiu.

    A vida finalmente atingiu o coração da jovem garota.

    “Venha aqui. Deixe-me levá-la para seu quarto. Ugh. Vamos.”

    Não demorou muito para que ela ficasse sozinha na sala comum.

    “Hick… Hick…”

    Ela fez barulhos, mas nenhuma lágrima saiu de seus olhos. As palavras anteriores de Aoife haviam traumatizado o coração da jovem.

    E então…

    Click.

    A porta se abriu.

    Quando ela levantou a cabeça, Theresa viu uma figura familiar entrando no apartamento.

    “O que está acontecendo aqui… o que…”

    Era o papai falso. O homem corrompido pelo mal. Ele olhou ao redor em completo espanto.

    Ao seu lado estava uma garota alta com cabelos longos e negros. A visão dela fez a expressão do Capanga ficar tensa.

    “O que há com toda essa bagunça aqui, e por que você está sozinha?”

    Andando em direção a Theresa, Julien se ajoelhou, encontrando seu olhar. O nariz de Theresa se contraiu enquanto ela apontava para seu papel.

    “…Aquilo…”

    “Hm?”

    Julien olhou casualmente na direção que ela apontou antes de encontrar o papel.

    “Isso é…?”

    “…Um.”

    “Por que está assim?”

    “…”

    Com um par de olhos vazios, Theresa baixou a cabeça. O que ela não percebeu foi a mudança abrupta na expressão de Delilah enquanto olhava para Julien.

    “Você ensinou a ela?”

    “O quê? Ah, não. Isso é…”

    Ele coçou a cabeça. ‘Como vou explicar isso?’, murmurou silenciosamente para si mesmo.

    “Eu só acabei de aprender. Como poderia ensinar a ela?”

    “…Sério?”

    “Por que essa pergunta?”

    “Ela parecia exatamente como você…”

    “Haa. Acho que sei o que está acontecendo. Deixe-me ver. Oh?”

    Julien piscou, seus olhos pairando sobre o papel coberto de vômito.

    “Você conseguiu que todos assinassem?”

    “…Un.”

    Theresa assentiu sem vida. Segurando as costas como se fosse um velho, ela sentou no chão, relembrando o passado quando esteve tão perto de derrotar as três Rainhas Demônio.

    “…os bons velhos tempos…”

    Julien e Delilah trocaram olhares. Ela sussurrou para ele:

    ‘Você realmente não ensinou a ela?’

    ‘Eu acho que não…’

    Até ele estava começando a duvidar.

    “Bem…”

    Riiip—!

    “…?”

    “Vamos mudar as regras do jogo. Que tal isso.”

    Julien virou a cabeça e apontou o polegar para Delilah.

    “Se você conseguir que ela assine, está tudo bem. O que acha?”

    Theresa aceitou o pedaço de papel com um olhar vazio. Sua mente parecia passar por todos os tipos de pensamentos antes de seu rosto se iluminar em um grande sorriso.

    Vendo sua reação, Julien virou-se para Delilah e estava preparado para explicar a situação quando…

    “Ela passa muito tempo assistindo—”

    “Eu aceito.”

    “…”

    Ele mal conseguiu dizer uma palavra antes de ver Theresa entregando a Delilah uma barra de chocolate, a troca suspeitamente parecida com um acordo de drogas. Um que foi trocado por uma assinatura.

    “Pronto.”

    Theresa olhou para o papel com olhos brilhantes. Depois de olhar para Theresa por alguns segundos, Julien levantou a cabeça para olhar para Delilah.

    “Você, esta não é a primeira vez que a vê, é?”

    “…Hum?”

    Delilah inclinou a cabeça, abrindo a barra e dando uma mordida. Piscando seus grandes olhos, ela balançou a cabeça.

    “Não.”

    “O quê? Quando você…?”

    “Aoife veio até mim.”

    “Ela foi?”

    “Sim.”

    “Ah.”

    Tudo fazia sentido.

    Não, espera.

    “Então por que você não disse a elas que ela não era humana?”

    “Pensei que elas sabiam.”

    “Ehh…”

    ‘Ela tem razão’, Julien murmurou para si mesmo.

    “…Você não poderia pelo menos ter resistido um pouco?”

    “Hm? Por quê?”

    “Não, esqueça.”

    “Aqui.”

    Com o brilho permanecendo em seus olhos, Theresa cutucou a perna do papai falso.

    “Missão completa.”

    E segurou o papel no alto. Como para exibir sua conquista.

    “Sim. Eu vi.”

    “…E?”

    “Bem, está tarde agora.”

    “Mas…”

    “Vá dormir por agora. A partir de amanhã, você poderá assistir Justice Man novamente, está bem?”

    Apertando o queixo com a mão, Theresa cedeu.

    “Bem, tudo bem.”

    Ela enrolou o papel e o acariciou suavemente. Ela podia ceder nisso. Afinal, estava realmente se sentindo um pouco cansada.

    “Tudo bem, vá para a cama.”

    “Um.”

    Trotando de volta para seu quarto, Theresa parou subitamente. Pensando por um momento, suas pequenas pernas trotaram de volta para onde o papai falso estava, e ela cutucou suas roupas.

    “Sim?”

    “Obrigada, você.”

    Theresa inclinou a cabeça.

    “Hmm.”

    Então, como se isso não fosse o suficiente, Theresa lembrou-se de algo e se curvou ainda mais.

    “Obrigada… desgraçado.”

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