Índice de Capítulo

    Boa noite, último capítulo do dia (3 extras, 1 diário e 1 comprado pela nossa querida Whalien, que por meio do patreon da Illusia, decidiu nos patrocinar, agradeçam a ela!!!)

    Os trinta minutos que tínhamos à nossa disposição passaram mais rápido do que eu havia antecipado.

    Tzzzz—!

    Imerso em minha prática, mal ouvi as palavras da professora.

    “Olhem só! A aula acabou. Vocês podem ir embora se quiserem. Se tiverem alguma dúvida, podem me perguntar. Ficarei aqui por mais alguns minutos.”

    Ela continuou, pressionando a mão contra o pódio.

    “Se ainda não o fizeram, por favor, coloquem seus nomes na lista. Vou deixá-la aqui por hoje. Voltarei para recolhê-la amanhã de manhã.”

    A sala ficou agitada então, e foi só quando ouvi o barulho que percebi completamente que a aula havia terminado.

    “Hua… Estou tão cansada~”

    “Nem me fale. Ainda bem que não tenho mais nada depois disso. Acho que vou comer algo na cantina.”

    “Oh, vou com você.”

    “Ah, certo. Antes de irmos, vamos nos inscrever para o evento.”

    “Claro.”

    Eu franzi a testa e olhei para cima.

    As conversas estavam atrapalhando minha concentração. Eu suspirei e me recostei na cadeira.

    Pensei no que consegui realizar durante a aula.

    E…

    ‘…..Não muito progresso.’

    Eu ainda estava preso nas onze runas.

    Quase não consegui nada nos trinta minutos que me foram dados.

    A última runa simplesmente se recusava a se conectar.

    Diferente da última vez, porém, eu consegui aprender a controlar minha frustração. Quanto mais eu entendia uma emoção, mais eu podia controlá-la.

    Por isso, não fiquei desanimado. Tendo já experimentado a intensa frustração que vinha com o fracasso, era preciso muito mais do que isso para me frustrar.

    “Hmmm.”

    Eu olhei para meu horário.

    Não havia outra aula que eu precisasse frequentar.

    “Devo….?”

    Olhei ao meu redor. O barulho na sala de aula estava começando a diminuir. O lugar era grande, e eu me sentia mais revigorado ficando aqui.

    Como não tinha vontade de voltar, decidi ficar e praticar mais.

    À medida que a sala começava a esvaziar, senti os olhares dos outros cadetes em mim enquanto saíam, provavelmente se perguntando por que eu ainda estava lá.

    Era um pouco perturbador, então esperei que todos saíssem antes de retomar minha prática.

    Só então me senti em paz e comecei a praticar novamente.

    Uma Runa—Duas Runas—Três Runas…

    Desta vez…

    “….Eu vou conseguir.”

    ***

    Na vida, há altos e baixos que todos experimentam.

    É algo que vem com a idade. Quanto mais velho se fica, maiores são as chances de experimentar um baixo.

    Leon hoje experimentou um baixo.

    “O que foi aquilo…?”

    Sentindo o olhar de Evelyn, ele se viu virando a cabeça para longe dela. Ela era a única que se preocupou em ficar para trás para conversar com ele. Todos os outros simplesmente foram embora.

    “Você realmente achou que aquilo foi engraçado?”

    “Ah.”

    Leon apertou os lábios.

    Como ele poderia dizer a ela que não tinha piadas preparadas e entrou em pânico? A única razão pela qual ele se voluntariou em primeiro lugar foi para impedir Julien de participar.

    Ele não esperava que Julien retaliaria daquela forma.

    “….”

    Leon franziu a testa e se viu cerrando os punhos.

    Se ao menos ele tivesse se preparado…

    Ele não teria usado a piada de Julien se estivesse pronto.

    Embora…

    “Heh.”

    Ele sentiu o estômago doer um pouco ao se lembrar da expressão de Julien quando ele se levantou para se voluntariar.

    A expressão de mágoa e traição em seu rosto…

    “Hehe.”

    Isso o fez rir sem querer. Até que sentiu um certo olhar. Ele atravessou seu rosto e doeu bastante.

    “Você…”

    Como esperado. Uma Evelyn horrorizada encontrou seu olhar. Seu rosto estava pálido, e ela deu vários passos para trás.

    “Não me diga…”

    “Não.”

    Leon a interrompeu e tentou se explicar.

    ‘Eu estava rindo da expressão que Julien fez.’

    Mas parou antes de falar.

    Como exatamente ele poderia dizer isso…?

    Interpretando mal sua luta interna, Evelyn deu mais um passo para trás enquanto a realização surgia nela.

    “Então você realmente riu da piada de Julien naquela hora.”

    “Uh…?”

    O rosto de Evelyn se contorceu. Ela parecia querer dizer algo, mas parou e suspirou.

    “Prometa uma coisa, Leon. Só… não se inscreva para o stand-up. Não sei por que você quer fazer isso, mas você simplesmente não é adequado para isso.”

    Antes que ele tivesse a chance de dizer algo, Evelyn foi embora.

    A única coisa que ele conseguiu lembrar enquanto ela saía foi a decepção em seu rosto ao olhar para ele.

    Isso…

    “Haaa…”

    Naquele momento, Leon levantou a cabeça para olhar para o alto teto.

    Havia apenas um pensamento que passou por sua mente então.

    “…..Eu os salvei.”

    Sim.

    Ele era um herói.1

    ***

    No final da tarde.

    Já estava escuro lá fora, e os campos de treinamento estavam vazios.

    Quase.

    Clank——!

    Um grande barulho metálico ecoou por todo o amplo terreno enquanto uma grande caixa preta caía no chão com um som alto.

    O ambiente tremeu levemente enquanto ela quicava no chão duro.

    Pinga…! Pinga.

    O som foi acompanhado pelo barulho de suor caindo e o som de respirações pesadas.

    “Haaa… Haa…”

    Aoife olhou para a caixa à sua frente com um rosto pálido.

    “Cinquenta quilos…”

    Esse era seu limite atual. Era o mais pesado que seus poderes de telecinesia podiam levantar.

    No entanto, era inútil.

    Embora fosse de fato o máximo que ela podia levantar, seu controle não estava lá.

    35kg era seu peso confortável. O peso no qual ela podia controlar a caixa livremente. Não era muito, mas como uma Mago Mestre no limite, esse era seu limite.

    Qualquer coisa, além disso, e ela perderia todo o controle. Isso significaria que ela só conseguiria levantar o item, mas não movê-lo.

    Pinga! Pinga…!

    O suor continuou a escorrer por seu rosto enquanto ela afastava o cabelo do rosto. Estava grudento de tanto suor.

    “…..Acho que é hora.”

    Aoife verificou a hora. Eram 22h, quase hora do toque de recolher.

    ‘Certo, preciso preencher o formulário.’

    O do festival.

    Seu plano original era fazê-lo depois do jantar, mas ela estava tão imersa em seu treinamento que esqueceu.

    “Espero que a lista ainda esteja lá.”

    Deve estar.

    Ela estava prestes a arrumar tudo quando seu bolso vibrou. Franzindo a testa, ela pegou uma pequena esfera.

    Suas sobrancelhas imediatamente se ergueram, e ela rapidamente tocou na esfera.

    Um rosto ilusório apareceu. Um homem bonito com cabelo vermelho curto e olhos amarelos distintos apareceu.

    “Irmão?”

    Ele não era outro senão seu irmão, Gael K. Megrail.

    Imediatamente, Aoife limpou a garganta e arrumou o cabelo. Era algo que ela fazia inconscientemente.

    “Há uma razão para você ter me chamado?”

    —Há uma razão para eu chamar minha irmãzinha?

    Um sorriso familiar a cumprimentou. Aoife tentou sorrir de volta, mas se viu incapaz. Especialmente quando notou o quão pálido ele parecia.

    Seus punhos se cerraram.

    “Como você está…?”

    —Haha, estou bem. Por que está tão preocupada?

    Ele levantou o braço direito e o flexionou.

    —Minha mana pode estar selada, mas meu corpo não está. Olhe só isso!

    Tudo o que Aoife viu foi um braço magro. Quase não havia músculos.

    Ela forçou um sorriso novamente.

    “Parece bom…”

    —Ah, qual é. Dá para ver que você está mentindo.

    “Não estou.”

    Ele inclinou a cabeça.

    —É óbvio.

    “Não é.”

    Aoife insistiu, tentando manter o rosto sério.

    —Haaa… O que eu vou fazer com você?

    No final, ele se resignou e suspirou.

    —Tudo bem, você venceu. Você não estava mentindo.

    “Sim.”

    Aoife finalmente encontrou um pequeno sorriso. No entanto, não durou muito. Especialmente quando notou suas bochechas, que começavam a ficar encovadas.

    ‘….Irmão.’

    Ela mordeu os lábios secretamente.

    Ele nem sempre foi assim. Houve um tempo em que ele era o centro das atenções. O príncipe herdeiro e o próximo na linha do trono.

    Se apenas…

    Seus punhos se cerraram com força, e uma imagem apareceu em sua mente.

    Com uma arrogância que combinava com alguém de seu talento, ela ficou diante de seu pai.

    ‘Sele sua mana.’

    Ele, o Imperador do Império, não pôde fazer nada além de olhar para ela de forma impotente.

    Seu talento era muito brilhante.

    A fortaleza que sua família tinha estava começando a se desfazer. Um novo poder começou a emergir, e eles não podiam fazer nada a respeito.

    ‘Lembre-se. Eu sei meu valor. Se você quiser me manter neste Império, é melhor atender às minhas demandas. Você pode tentar me eliminar agora, mas duvido que consiga. Quando chegar a hora, vou me juntar a outro Império.’

    Até agora, ela conseguia se lembrar de sua voz arrogante ecoando pelos corredores do palácio real.

    ‘Não estou sendo irracional. Só quero ver o quão comprometido você está em me manter. Suprima a mana dele, assim como fez com os plebeus. Faça isso por cinco anos, e você terá minha lealdade.’

    Uma figura se aproximou.

    ‘Eu farei isso, pai. Por favor, deixe-me fazer.’

    Aoife cerrou os punhos.

    Ela tinha apenas quinze anos na época. Três anos se passaram desde então, e todos os dias essas memórias a assombravam.

    Ela se lembrava de tudo. Da expressão impotente de seu pai ao olhar resignado de seu irmão, que, apesar de ser mais talentoso que ela, não teve escolha a não ser parar de praticar mana pelos próximos cinco anos.

    Cinco anos não pareciam muito, no entanto, para alguém como seu irmão, que tinha um grande reservatório de mana, selar sua mana era equivalente a aleijá-lo.

    Seu corpo, que estava acostumado à alta quantidade de mana, começou a falhar, resultando em sua condição atual.

    —Tosse…! Tosse!

    “Irmão!”

    O rosto de Aoife mudou.

    —Tosse… Estou bem. Não se preocupe. É só… o de sempre.

    No entanto, vendo o quão insistente seu irmão estava, ela só pôde morder os lábios e assistir enquanto ele segurava um lenço próximo à boca.

    —De qualquer forma… tosse… Só queria ver como você estava se saindo no instituto. Vendo seu estado atual, você deve estar treinando. Acho que não vou tomar mais do seu tempo.

    “Ah, não, está tudo bem.”

    —Só faça o que precisa. Me ligue quando precisar de algo.

    “….”

    —Ah, e…

    Ele parou para olhá-la. Aoife encontrou seu olhar.

    —….Não guarde rancor do pai pela decisão. É algo que eu concordei em fazer também.

    Aoife franziu a testa.

    —Apenas foque em si mesma e não pense em vingança. Ela… não é alguém que você pode alcançar.

    “….”

    Aoife cerrou os dentes com força. Ela estava prestes a repreendê-lo quando seu rosto desapareceu.

    —Lembre-se das minhas palavras. Certifique-se de comer bem e não guarde rancor do pai!

    A última coisa que Aoife viu foi seu rosto sorridente.

    “….”

    O silêncio tomou conta de seus arredores enquanto ela ficava parada nos campos de treinamento sem dizer uma palavra.

    “Haaa…”

    No final, tudo o que ela pôde fazer foi soltar um longo suspiro.

    “….Como se eu pudesse perdoá-lo.”

    Seu pai…

    Ele era tão culpado quanto ela.

    Isso era claro para ela.

    1. O herói que precisamos[]

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