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    “Ufff.”  

    Joguei o roteiro na mesa e soltei um longo suspiro.  

    A situação havia tomado um rumo que eu não esperava. De certa forma, era uma situação agradável.  

    Não apenas garantiria créditos extras, mas também não era perigosa.  

    “Acho que estou começando a ficar cansado de tanto perigo.”  

    Eu precisava de uma pausa disso.  

    No entanto, havia um pequeno problema.  

    “…..Não sei se conseguirei lidar com as outras partes.”  

    A única razão pela qual me saí tão bem até agora foi porque ressoei com o personagem, ou melhor, com a situação.  

    Todas as emoções que ele sentia no roteiro. Cena. Eu podia perfeitamente ressoar com elas, pois já as havia experimentado antes.  

    Foi também por isso que consegui fazer uma performance tão boa.  

    Mas…  

    “Isso é o limite.”  

    O que aconteceria se eu fosse colocado em uma situação completamente desconhecida? Como eu iria replicar a cena?  

    Eu não estava muito confiante em minha atuação.  

    “Ugh.”  

    Minha cabeça latejava quanto mais eu pensava na situação.  

    No final, decidi deixar as coisas como estavam.  

    Eu receberia o roteiro em breve. Quando isso acontecesse, eu saberia se estava ferrado ou não.  

    “Por enquanto, devo focar no treinamento.”  

    Verifiquei minha barra de experiência.  

    “Dez por cento.”  

    ….Isso equivalia a cerca de dois dias de treino. Depois disso, finalmente avançaria para o próximo nível.  

    Mal podia esperar por isso.  

    A ponto de imediatamente me sentar no chão e começar a praticar o manual.  

    Fiz um voto ali.  

    Amanhã ou depois…  

    “Eu vou avançar para o próximo nível.”  

    ***  

    No meio da noite.  

    Kiera estava em seu lugar habitual, olhando para o céu noturno pela janela. Seu olhar refletia as estrelas que brilhavam intensamente no céu.  

    “….Que bagunça.”  

    Já fazia um dia desde que ela teve aquela visão estranha, e, por algum motivo, ela não saía de sua mente.  

    Era como se se recusasse a sair de seus pensamentos.  

    Ela tentou agir como se nada tivesse acontecido durante a aula hoje, mas as imagens e emoções continuaram a assombrá-la até agora.  

    “O que há de errado comigo?”  

    Já era 1 da manhã e ela ainda estava acordada. Ela tentou dormir, mas as imagens e emoções continuaram a surgir em sua mente, impedindo-a de fazê-lo.  

    Sentada perto da janela, seu olhar continuou a vagar para o lado de fora.  

    Estava quieto lá fora. O leve brilho emitido pelas lâmpadas iluminava suavemente o caminho abaixo, enquanto a grama e as folhagens balançavam gentilmente na brisa noturna.  

    Enquanto Kiera se deixava afundar na visão abaixo, seus olhos capturaram uma imagem específica refletida no vidro da janela. Era uma visão que fez suas sobrancelhas se franzirem.  

    ‘Quantas vezes foi, Ki? Limpe depois de si mesma!’  

    ‘Olha essa bagunça!’  

    ‘Por que você nunca me escuta, Ki? É tão difícil limpar?’  

    ‘Espere até você envelhecer e ter filhos no futuro. Quero ver como você vai mandá-los limpar.’  

    “Ugh, tá bom… tá bom…”  

    Tirando os olhos da janela, seu olhar caiu sobre uma meia fora do lugar.  

    Clicando a língua, Kiera saiu de seu lugar e a jogou em um dos cestos de roupas sujas.  

    Seus olhos percorreram o quarto, procurando por qualquer coisa fora do lugar.  

    Só quando teve certeza de que tudo estava em ordem que ela soltou um suspiro de alívio.  

    “Graças a Deus.”  

    Não havia nada que a irritasse mais do que desordem em seu quarto.  

    Tinha que ser perfeito.  

    Examinando o quarto mais uma vez, Kiera finalmente se jogou de volta na cama. Seus olhos rubros fitaram o teto acima, vazios.  

    Seus pensamentos mais uma vez se voltaram para a visão, e sua expressão não pôde evitar de se desfazer.  

    “De novo…”  

    Por quanto tempo isso continuaria?  

    Já estava começando a ficar chato. Não, já estava chato. A ponto de ela considerar fazer algo que normalmente evitava.  

    “….Devo?”  

    As memórias e sentimentos ressurgiram novamente.  

    Eram memórias como essas que a levavam a fazer algo que ela detestava.  

    Fechando os olhos, o mundo ao seu redor começou a ser engolido por uma escuridão total. Ela se espalhou de seu corpo, envolvendo a área ao redor.  

    Na escuridão que começou a dominar seu entorno, os olhos de Kiera tremeram. Assim como seu corpo.  

    “Haa… Haaa…”  

    Apesar de suas melhores tentativas de controlar a respiração, Kiera estava tendo dificuldade em mantê-la estável.  

    A cada segundo naquele mundo escuro, Kiera se via cada vez mais incapaz de esconder os traços de pânico e medo que lentamente começavam a dominar sua mente.  

    Suas palmas começaram a suar, e sua visão começou a ficar embaçada.  

    ‘Espere… preciso aguentar.’  

    Kiera mordeu os lábios com força. Um gosto metálico grudou em seus lábios enquanto ela mordia com força. Uma dor aguda invadiu sua mente, mas ela se manteve firme.  

    ‘Tenho que aguentar…’  

    Mais.  

    Por mais tempo.  

    “Haa… Haa…”  

    A cada segundo, o ritmo de sua respiração ficava mais tenso, lutando contra seu peito. Sua visão ficou embaçada enquanto gotas de suor se multiplicavam em sua testa.  

    Pinga…! Pinga.  

    Apesar disso, Kiera continuou a persistir.  

    ‘Mais… Agora não. Ainda não….’  

    A escuridão…  

    Era algo que Kiera temia e detestava. Trazia memórias terríveis à sua mente. Memórias que ela queria mais do que tudo esquecer.  

    No entanto, a escuridão também era parte de seu poder.  

    Rejeitar a escuridão era o mesmo que rejeitar metade de si mesma.  

    “P-para encontrar mais, eu preciso…”  

    Sua tia era apenas o começo de sua caça. Mesmo agora, Kiera conseguia se lembrar vividamente do passado. Uma imagem surgiu em sua mente. Era a imagem de um certo quarto. Seu quarto.  

    O quarto estava destruído e em caos.  

    Vidros quebrados cobriam o chão enquanto os móveis estavam virados, seus conteúdos derramados e espalhados pelo quarto.  

    As gavetas estavam abertas, seus conteúdos revirados e jogados no chão.  

    O que antes era um ambiente aconchegante que ela chamava de quarto estava completamente tomado por caos e desordem.  

    “….Eles definitivamente estavam procurando por algo.”  

    Disso, Kiera tinha certeza.  

    Mas não era a única coisa que ela sabia. Ela também tinha certeza de que sua tia não havia feito isso sozinha. Alguém ou uma organização a ajudou a fazer isso.  

    Kiera não sabia nada sobre a organização. Não importava o quanto pesquisasse ou o quão fundo procurasse, seus esforços não trouxeram nada.  

    A razão pela qual visitou sua tia foi porque queria respostas.  

    Respostas sobre quem era a organização e por que eles fizeram o que fizeram. E, claro, o que viria depois seria sua destruição.  

    A mente de Kiera estava firme nisso.  

    Seu objetivo de vida era se vingar. A qualquer custo, ela planejava erradicar todos os membros daquela organização.  

    “Kh…!”  

    Foi por isso que ela colocou seu medo de lado e suportou a escuridão que a cercava.  

    Era fria.  

    ….E solitária.  

    Mas mesmo sob tanto estresse, a mente de Kiera permaneceu firme.  

    ‘Mais.’  

    ***  

    Ao mesmo tempo, em um local desconhecido dentro da Dimensão Espelho.  

    “Você está com sorte. Parece que os superiores estão bastante satisfeitos com seu desempenho.”  

    Uma mulher alta com longos cabelos loiros e olhos vermelhos, Rose, se dirigiu a Robert com um sorriso.  

    “Você não é nada mal para um ex-professor de uma das academias mais prestigiadas do Império.”  

    Ela deu um tapinha em seu ombro.  

    “De qualquer forma, me siga, tenho um presente para você.”  

    “Um presente?”  

    Robert inclinou a cabeça, confuso.  

    Ele ainda estava tentando se acostumar com o novo ambiente. Tudo parecia novo para ele, e a escala do lugar o deixou pasmo.  

    Olhando ao redor, parecia que ele havia entrado em um novo mundo.  

    Uma grande cúpula que cobria todo o espaço.  

    Prédios que pareciam alcançar o topo da cúpula.  

    Caixas de metal se movendo e luzes coloridas.  

    O lugar parecia um mundo completamente diferente.  

    “Você vai se acostumar.”  

    Rose o tranquilizou enquanto continuava a caminhar.  

    “Eu também fui assim na primeira vez que vim. Provavelmente, todos foram iguais. Nenhum de nós realmente sabe a origem dessa tecnologia e seu lugar ao lado de nosso líder. Nem é um espaço muito grande. No entanto, certamente causa impacto, não é?”  

    “….Sim.”  

    Robert assentiu distraidamente.  

    Tudo parecia tão novo e fresco para ele. Mas, ao mesmo tempo, também parecia bastante confuso. O barulho era bastante intenso.  

    “O único que provavelmente sabe a resposta para tudo isso é nosso líder. Ele foi quem criou este espaço.”  

    “Líder?”  

    “Mhm.”  

    Rose acenou com a cabeça e não disse mais nada.  

    Robert a seguiu em silêncio até ser levado para um dos prédios altos. A porta ‘swoosh'1 se abriu, deixando o pobre professor assustado enquanto ele recuava.  

    “Hahaha.”  

    Rose riu ao ver sua reação.  

    “Ela não vai te morder. Entre.”  

    “….Ah.”  

    Engolindo sua saliva, Robert acenou com a cabeça e seguiu adiante. ‘Swoosh’ As portas se fecharam atrás dele, mas, diferentemente da última vez, ele não teve tempo de se preocupar com elas, pois sua atenção se voltou para outro lugar.  

    Com um piso de mármore polido e luzes brilhantes no teto, uma multidão de pessoas vestindo vários tipos de roupas permaneciam no local, conversando entre si.  

    Mais uma vez, Robert ficou sem palavras, mas, novamente, a voz de Rose o tirou disso.  

    “Me siga. Os elevadores estão aqui.”  

    “Elevador…?”  

    Ding—!  

    A parede se abriu, e os olhos de Robert se arregalaram.  

    Rose entrou e o puxou para dentro.  

    “Não faça muitas perguntas e apenas me siga. Você vai se acostumar com o que está vendo eventualmente.”  

    As portas do elevador se fecharam, e Robert sentiu uma sensação de afundamento. A sensação o assustou, mas ele escolheu ficar quieto.  

    “Ah, certo.”  

    Lembrando-se de algo, Rose vasculhou o bolso antes de tirar um pequeno objeto e entregá-lo a ele.  

    “O que é isso…?”  

    “É chamado de telefone.”  

    Rose começou a explicar enquanto Robert mexia no dispositivo.  

    “Permite que você se comunique dentro da sede. Não funcionará lá fora. Não sei muitos detalhes, mas é o que é. Você pode usar o dispositivo para me ligar ou qualquer um com quem esteja familiarizado.”  

    “Sim…?”  

    Piscando, Robert mexeu no ‘telefone’. Ele teve dificuldade em entender suas funções. Ele estava prestes a perguntar a Rose, mas antes que pudesse, as portas do elevador se abriram, revelando uma sala grande onde várias pessoas vestindo mantos brancos estavam.  

    “Ei, Rick!”  

    Rose chamou alguém pelo nome.  

    Eventualmente, um dos indivíduos de manto branco apareceu. Seus traços permaneciam obscurecidos por um tecido estranho cobrindo seu rosto, tornando difícil discernir seu gênero. No entanto, pelo tom e ressonância de sua voz, assim como pelo nome que Rose usou, parecia ser homem.  

    Robert sentiu o olhar de Rose quando ela se virou para ele.  

    “Temos um novo. Me passe um frasco.”  

    “….Um frasco?”  

    “Sim.”  

    “Entendido.”  

    Com um aceno, Rick saiu. Ele voltou pouco depois segurando um pequeno tubo que continha um líquido vermelho estranho.  

    Robert apertou os olhos para ver melhor.  

    “O que é isso?”  

    “Para você.”  

    Rose o entregou a ele, deixando Robert surpreso.  

    “Para mim?”  

    “Sim. É sua recompensa.”  

    “Ah…”  

    Olhando para o líquido, Robert hesitou antes de perguntar:  

    “Mas o que exatamente é isso?”  

    A essa pergunta, Rose exibiu um sorriso. Era um sorriso sinistro que fez Robert tremer.  

    “….Você acreditaria em mim se eu dissesse que isso é o sangue de um deus?”

    1. Eu não tanko quando esse caba faz isso[]

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