Capítulo 78: Para crescer [2]
Apesar de ter acabado de subir de patente, eu não estava satisfeito com meu ritmo atual de progressão.
No momento em que alcancei o Tier 2, percebi que o ritmo de crescimento começou a estagnar. Se eu concentrasse toda a minha atenção como antes no manual, só conseguiria ganhar 3-4% por dia. Uma diferença enorme em relação aos 8-9% que costumava obter.
Fazia sentido de certa forma, mas o progresso era muito lento para mim.
E foi por isso que pensei em perguntar a Delilah.
De todas as pessoas que eu conhecia, ela era a única que eu achava que teria uma resposta para os meus problemas. Ela era a mais forte.
Certamente, ela conhecia um método, certo?
Toc.
Foi por isso que investi muito do meu dinheiro nas barras de chocolate.
Vem, você está tentada, não está?
“…Você quer uma maneira de ficar mais forte, mais rápido?”
O tom dela traiu sua confusão enquanto inclinava a cabeça.
Eu balancei a cabeça.
“Meu ritmo atual de progresso é muito lento.”
“Lento?”
Ela fechou os olhos brevemente. Perdi o controle do meu corpo no momento em que ela fez isso. Era como se eu estivesse flutuando no ar.
A sensação foi passageira, desaparecendo tão rápido quanto apareceu.
“O qu—”
“Você alcançou o Tier 2.”
Sua voz cortou a minha enquanto seus olhos se abriam.
“Você não está satisfeito com seu progresso? Está alinhado com a maioria dos cadetes mais talentosos.”
“Não.”
Seria mentira se dissesse que estava. Embora fosse de fato rápido, quando me comparava com os melhores cadetes da Academia, mal estava conseguindo acompanhar.
Eu não conseguia sustentar o cronograma de treinamento absurdo que estava me impondo.
A diferença entre mim e os outros estava ficando cada vez maior.
Se as coisas continuassem nesse ritmo, então eu tinha certeza de que logo perderia tudo que havia conquistado.
Eu precisava de mais…
“…”
Delilah não disse nada e apenas me encarou. Ela parecia estar em profunda reflexão, com as sobrancelhas levemente franzidas.
Esperei pacientemente por ela falar.
Ela era a única em quem eu podia pensar para uma solução. Os outros professores apenas me diriam para treinar mais ou comprar um manual melhor.
Eles também me deram uma lista de vários exercícios que eu precisava seguir, o que eu fiz.
Mas ainda não era o suficiente.
“…Você parece bastante desesperado por crescimento.”
O silêncio que pairava na sala foi quebrado pelas palavras de Delilah enquanto ela se dirigia a mim.
Notei sua expressão antes de apertar os lábios.
Desesperado?
Eu queria rir. Já havia passado do ponto do desespero há muito tempo.
“…”
Não respondi, mas era como se ela pudesse ler minha expressão.
Gradualmente, seus olhos se voltaram para o meu braço direito.
“Tem algo a ver com o que eu te disse?”
“…”
Novamente, não respondi. Não era que eu não quisesse responder, mas apenas não achava sábio naquele momento.
…Eu não queria que meu maior segredo fosse revelado.
Que eu não era Julien, mas alguém que havia tomado seu corpo.
Era um segredo que apenas uma pessoa sabia, e eu planejava que ninguém mais descobrisse. Era um segredo perigoso. Algo que eu não podia arriscar que alguém descobrisse.
Se eu concordasse, então provavelmente haveria uma chance de que eu fosse forçado a revelar que não era Julien.
‘Além disso, parece que ela consegue perceber se estou mentindo ou não.’
Por essas razões, permaneci hesitante.
“Tudo bem.”
Achei que ela discordaria devido ao meu silêncio, mas, para minha surpresa, ela acabou balançando a cabeça e concordando.
“…Você vai?”
“Encontre-me amanhã às 22 horas perto da floresta na entrada da Academia.”
Delilah me deu uma data e horário.
Mas antes que eu tivesse a chance de ficar feliz, ela acrescentou.
“Não farei isso de graça. Preciso de um favor seu. Você é livre para concordar ou não. Não vou forçar.”
Um favor?
Engoli em seco antes de perguntar cuidadosamente:
“Qual é o favor?”
“Nada demais, mas antes disso…”
Delilah estendeu a mão.
Inclinei a cabeça, confuso.
“Sim?”
O que ela queria?
Seguindo seu olhar, tive um súbito entendimento e senti meus lábios se contraírem. Estendendo a mão para o bolso, perguntei:
“Quantas?”
“Todas.”
“…”
***
Clanque—
Observando a porta do escritório se fechar, Delilah encarou a pilha de barras à sua frente.
“…Ele.”
Um som estranho escapou de seus lábios enquanto sua boca tremia. Cobrindo a boca rapidamente, ela olhou ao redor.
“Heh…”
Seus ombros tremeram.
Isso continuou por vários segundos antes que ela respirasse fundo e se acalmasse.
Tentando ao máximo não olhar para os “produtos” à sua frente, ela se recostou na cadeira. Seus pensamentos voltaram a Julien.
‘Ganancioso’
Essa foi sua primeira impressão.
Que ele estava sendo ganancioso. Seu ritmo de progressão era impressionante. Ela podia dizer com uma rápida análise de seu corpo que não havia sido fácil. Havia sinais de exaustão por todo ele, e muitas de suas fibras musculares estavam rompidas.
Se continuasse assim, ele inevitavelmente morreria de exaustão.
Foi por isso que ela decidiu ajudá-lo.
“Talvez, em vez de ganância, ele esteja sendo perseguido por algo…”
Algo de que ele não podia escapar.
Como…
“O Céu Invertido.”
E se…? Ele tivesse realmente desertado deles? Pensando em todos os incidentes em que esteve envolvido, realmente parecia haver algo errado.
Em todos os incidentes em que ele esteve envolvido, a organização parecia ter sofrido algum tipo de perda.
Todos, exceto um…
“O Incidente da Prisão.”
Foi o único incidente em que o Céu Invertido conseguiu ter sucesso. Foi por isso que ela acabou visitando ele.
Ela queria confirmar algumas coisas.
“Hmm.”
Mas ele era realmente um homem difícil de ler.
Uma folha em branco.
…Ou pelo menos era o que ela pensava até alguns momentos atrás.
Pela primeira vez, ela viu algo nele. A desesperança que ele tinha por crescimento.
Por que ele estava tão desesperado?
Delilah estava curiosa. Havia claramente algo que ele não queria dizer. Ela não pressionou por uma resposta.
Não achava que ele seria tão ingênuo.
Suas respostas viriam com o tempo. Disso ela tinha certeza.
E por isso, ela concordou em ajudá-lo.
“…Sinto que tive prejuízo.”
O favor que pediu a ele não era nada demais. Ela apenas pediu que ele fizesse parecer que ela não estava fazendo isso de graça.
Ela tinha sua própria agenda egoísta ao ajudá-lo.
“É justo.”
Delilah se recostou na cadeira e olhou para o teto, distraída.
Seus pensamentos foram interrompidos por um súbito barulho de batidas, e seu corpo se ergueu da cadeira enquanto ela se lançava em direção à mesa onde estavam as pilhas de barras.
Toc-toc—
“Chanceler?”
Uma mulher entrou pouco depois.
“…”
Apenas para seus passos pararem diante da cena que a recebia.
Piscando duas vezes, Jasmine, a vice-chanceler da Academia, encarou a cena diante de si com certa dúvida. Ela viera relatar a situação atual do festival.
Olhando para Delilah, que estava curvada sobre a mesa com uma pilha imponente de barras diante dela, ela questionou a visão atual.
Uma ilusão?
Jasmine piscou uma vez apenas para ver a mesma cena.
Apertando os lábios, perguntou calmamente:
“…Devo voltar mais tarde?”
***
No dia seguinte.
Nos campos de treinamento fora do salão de aula.
“A aula de hoje será um pouco diferente do habitual. Cada um de vocês será secretamente designado para o nome de um cadete e, durante a aula, sua tarefa será analisar cuidadosamente suas fraquezas e pontos fortes.”
O professor responsável pela aula de hoje era um homem alto e corpulento com a cabeça careca. Se havia uma aula que eu menos esperava, era provavelmente esta.
[Treinamento Físico e Execução]
Era uma aula dedicada principalmente àqueles que eram adeptos da classificação [Corpo]. No entanto, só porque tendia para aqueles mais habilidosos na classificação [Corpo], não significava que não seria útil para os outros.
Todos eram capazes de praticar os três caminhos.
Aqueles com talentos apenas conseguiam aprender mais rápido.
“Por favor, prestem atenção.”
A voz alta do professor ecoou por toda a área de treinamento enquanto ele apontava para um pequeno chapéu no chão ao seu lado.
“Se olharem para este chapéu aqui, encontrarão os nomes de todos os seus colegas. Quero que formem uma fila ordenada para coletar o nome do cadete que ficarão responsáveis por analisar.”
Uma longa e ordenada fila começou a se formar enquanto o professor continuava a falar.
Eu me movi silenciosamente em direção à fila e ouvi alguns cadetes conversando. Principalmente Josephine e os outros.
“Hm~ Será que vou pegar quem? Heh. Se eu pegar aquela vadia, vou garantir que ela tire uma nota baixa.”
“Vadia?”
Aoife inclinou a cabeça.
“Quem mais? Kiera, é claro.”
“Oh.”
Ela acenou com a cabeça como se entendesse.
“Eu estou ouvindo.”
Pena que Kiera ouviu tudo.
“Iii!”
Ignorei-os e continuei prestando atenção ao professor.
“Lembrem-se. Esta é uma tarefa anônima. A outra parte não deve descobrir quem vocês são. Se eu receber qualquer indicação de que vocês divulgaram essa informação ou que eles descobriram sua identidade, vocês falharão imediatamente na tarefa e perderão um crédito.”
A algazarra e o barulho que cercavam o lugar cessaram. De repente, a expressão de todos ficou séria.
Perder um crédito por uma tarefa dessas…
“Chega de mim1. Peguem um nome e podemos começar com a tarefa.”
De maneira ordenada, um cadete após o outro se aproximou do chapéu perto do professor e pegou um cartão. No momento em que os cadetes olharam para os cartões, a maioria mostrou uma mudança de expressão.
Alguns ficaram felizes, enquanto outros mostraram olhares de desespero.
Não podia culpá-los. Alguns cadetes eram simplesmente melhores que os outros, e era difícil entender o que estavam fazendo.
Fiquei quieto na fila e esperei minha vez.
Não demorou muito, e no momento em que cheguei perto do chapéu, estendi a mão e peguei um cartão.
“…”
Minha expressão não mudou no momento em que peguei o cartão.
No entanto, o mesmo não podia ser dito sobre o que senti internamente. Sem olhar para trás, coloquei o cartão no bolso e saí para a área de treinamento.
À distância, avistei uma figura.
Ele estava no centro com sua espada já desembainhada. Começou a executar um movimento.
Seus movimentos pareciam fluidos, quase como se não houvesse atraso neles.
…Minhas passadas pararam enquanto eu encarava a figura distante que parecia ter atraído a atenção de todos os cadetes próximos.
[Leon Ellert.]
Por que tinha que ser ele, de todas as pessoas?
- Para aqueles que estranharam, no original está: That’s enough of me.[↩]
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