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    Pluft—!

    Senti meu corpo afundar profundamente na água fria. No início, o frio me pegou de surpresa, atingindo-me como um caminhão e tirando meu fôlego.

    No entanto, lentamente comecei a me acostumar.

    “Uaaah!”

    Emergindo da água, respirei fundo.

    “Uff… Uff…”

    Estava extremamente escuro lá fora, e eu mal conseguia ver meu entorno. Senti uma sensação arrepiante de pavor flutuando na lagoa.

    A água era negra como tinta, e enquanto movia braços e pernas para me manter à tona, senti uma inquietação persistente na mente.

    E se eu não fosse o único ser vivo nesta bacia?

    O pensamento me deu calafrios.

    Respirando fundo mais uma vez, afastei esses pensamentos. Em retrospecto, fui realmente um pouco precipitado em minha decisão de pular.

    Quanto eu poderia realmente confiar em Delilah?

    …Mas ao mesmo tempo, eu entendi algo. Se ela realmente quisesse se livrar de mim, não precisaria passar por todo esse trabalho.

    Era a única razão pela qual eu sentia que ela não estava mentindo para mim.

    ‘Vá até a cachoeira. Além dela, você encontrará uma caverna. Vá até lá.’

    A voz suave de Delilah chegou ao meu ouvido de onde eu estava. Olhei ao redor para determinar de onde vinha sua voz, mas percebi que não vinha de lugar nenhum.

    Estava…

    Na minha cabeça?

    “…..”

    Havia tantas coisas que eu queria perguntar, mas decidi ficar em silêncio e apenas seguir suas instruções.

    ‘Cachoeira, caverna…’

    Repeti as mesmas duas palavras em minha mente.

    Embora eu nunca tivesse jogado muitos jogos antes, o cenário de caverna atrás de cachoeira ainda era algo que eu conhecia.

    Era um clichê.

    Normalmente, porém, alguém encontraria tesouros além da caverna.

    Não tinha certeza se encontraria um tesouro.

    Rooom—

    O rugido da cachoeira ficou mais forte quanto mais eu me aproximava, ecoando alto em minha mente enquanto eu tentava ignorar o som e seguir em frente.

    Era alto, e eu lutava para avançar enquanto a correnteza continuava a me puxar para trás.

    “Merda…”

    Gastei uma energia considerável tentando passar pela cachoeira. Minha tentativa de mergulhar por baixo dela foi breve, durando apenas alguns segundos nas profundezas escuras e geladas.

    “Uaaah!”

    Saindo da água, respirei fundo.

    “…..Isso.”

    Como eu deveria passar por isso?

    ‘Vá em frente. O que está esperando?’

    A voz de Delilah ecoou novamente em minha cabeça. Eu queria reclamar, mas decidi contra isso e apenas empurrei para frente com toda minha força.

    Não havia maneira indireta de fazer isso. Eu tinha que passar pura e simplesmente com poder e resistência.

    “Ugh…!”

    Eventualmente consegui cruzar a cachoeira, mas a um custo…

    “Ahhh… Ahhh… Ahhh…!”

    Desmoronei em uma pequena plataforma rochosa, ofegante. Movimentar-se era difícil, e meu corpo estava completamente exausto, mole de cansaço.

    Meus pulmões estavam em chamas e meu corpo inteiro estava gelado. Minhas roupas encharcadas pioravam a situação, aumentando o frio.

    ‘Provavelmente devia ter tirado a roupa antes.’

    “Merda…”

    A pior parte era saber que isso era apenas o começo.

    Como esperado, as palavras de Delilah me alcançaram pouco depois.

    ‘Você não tem muito tempo. Quando se recuperar, entre na caverna.’

    “Uhhh.”

    Olhando para cima sem expressão, ouvindo o rugido da cachoeira não muito longe, forcei-me a levantar e cambaleei até a caverna.

    Estava cansado e quase sem fôlego.

    Mas isso não significava nada se eu pudesse ficar mais forte.

    “Que tipo de treinamento será e-“

    Parei no momento em que pus os pés na caverna.

    “Ah…”

    Não sabia como reagir. Olhando adiante, meu corpo estremeceu. Mais de uma dúzia de pares de olhos me encaravam com hostilidade inconfundível.

    Senti arrepios na pele.

    E então…

    ***

    Nhac. Nhac.

    Duas pernas finas e infantis balançavam precariamente na beira de um pequeno penhasco, enquanto dois olhos profundos e negros estavam fixos na cascata distante da cachoeira.

    Nhac. Nhac.

    A pequena figura infantil não era outra senão Delilah, que saboreava a barra em suas mãos.

    Era doce, crocante e…

    “Slurp1.”

    Ela limpou o canto dos lábios.

    Só de pensar, já a fazia salivar.

    Havia uma razão para ela gostar de se transformar em uma criança. Era para poder saborear melhor a barra. Com um corpo menor, podia levar mais tempo para comê-la e aproveitá-la.

    “Sou esperta assim.”

    Havia uma restrição rigorosa que a impedia de comprar qualquer barra de chocolate. Algo imposto a ela por causa de um incidente no passado. Por isso, as barras eram extremamente preciosas para ela.

    Mais do que qualquer dinheiro no mundo.

    Nhac. Nhac.

    Suas pernas continuaram a balançar.

    Além da cachoeira, ela podia ver uma figura.

    Ele estava lutando sozinho contra uma dúzia de monstros. A caverna em que estava era um famoso local de treinamento para cadetes. Com monstros da Dimensão Espelho, servia para dar aos cadetes experiência real.

    Estritamente falando, os cadetes só podiam entrar na caverna após a primeira metade do primeiro ano.

    No entanto, considerando o quanto ele queria melhorar, ela decidiu deixá-lo ir.

    Claro…

    Ela tinha um objetivo com isso.

    Observar suas habilidades.

    “….Oh?”

    Suas mãos pararam quando viu vários fios finos se estendendo de seu braço. Eles se enrolavam em seu braço e se espalhavam pela caverna, limitando o espaço para os monstros se aproximarem dele.

    Não só isso…

    “Ele fundiu a habilidade com um feitiço. Interessante…”

    Não era um conceito único ou algo assim. Mas certamente não era algo que todos os cadetes sabiam fazer.

    Nesse caso, também lhe dava espaço para respirar, já que os monstros não podiam atacá-lo de todos os lados de uma vez.

    “Nada mal.”

    Essa era sua avaliação atual.

    Nada mal.

    “…..”

    Outra mudança aconteceu quando uma corrente materializou-se em sua outra mão.

    Com uma mão enredando os monstros com fios para impedir seus movimentos, ele manuseava as correntes com a outra mão habilmente, defendendo e atacando simultaneamente.

    Alternando entre ataque e defesa.

    O que chamou a atenção de Delilah foi seu movimento de pés.

    Era… cru. Mas havia algo neles. De certa forma, pareciam ser a chave para sua transição entre ataque e defesa.

    Quanto mais Delilah observava, mais surpresa ficava.

    Ela ficou em silêncio, observando Julien à distância.

    Era óbvio que ele tinha acabado de aprender esse método, dado a rigidez de alguns de seus movimentos, mas…

    O que aconteceria se ele dominasse tudo?

    Quanto mais forte ele poderia ficar?

    Perdida em seus pensamentos, Delilah não percebeu que seu aperto na barra havia falhado.

    “Uh…?”

    Quando percebeu, a barra havia caído de sua mão.

    “Ah, não…!”

    Delilah esticou a mão para pegá-la, mas devido ao seu tamanho pequeno, não conseguiu alcançá-la. Suas mãozinhas eram simplesmente inúteis.

    Embora houvesse vantagens em sua habilidade de polimorfia, também havia desvantagens.

    Uma delas era que seus poderes eram reduzidos e levaria vários segundos para ela voltar ao normal.

    “…..”

    No silêncio que se seguiu, Delilah só pôde assistir em desespero enquanto a barra caía no chão.

    Pluft—!

    “…”

    A barra afundou profundamente na água, misturando-se com a escuridão ao redor.

    Com sua habilidade, Delilah ainda podia ver a barra.

    Ela estava afundando.

    Cada vez mais fundo na bacia.

    A barra doce e saborosa. A textura rica e suave que derretia em sua língua. O estalo satisfatório a cada mordida…

    “Ah.”

    Delilah recostou-se e olhou para o céu sem expressão.

    Olhar: Tristeza. Eu o domino.

    ***

    Em uma sala escura pertencente ao ‘Coletivo Pano de Fundo’, uma figura solitária estava sentada diante de uma mesa de madeira fracamente iluminada por uma pequena lâmpada.

    O som de sua caneta arranhando o papel ecoava pela sala, pontuando a seriedade intensa estampada em seu rosto.

    “…..Quase.”

    Uma dúzia de papéis diferentes estava espalhada pela sala.

    Olga se via em uma situação muito perigosa. O roteiro estava pronto. Ela já o havia entregue ao conselho de admissão.

    No entanto…

    “Não, eu preciso.”

    Era para já estar perfeito.

    Mas ao se lembrar da performance do cadete, ela se viu incapaz de dormir.

    Sua performance…

    Foi tão impactante. Capturou perfeitamente a essência de Azarias. Na verdade, sua performance acrescentou uma profundidade que ela mesma não tinha visto.

    “Ele só tem três cenas…”

    Não era o suficiente.

    Ela ansiava por ver mais de sua performance.

    “Pode arruinar tudo, mas não consigo evitar.”

    O roteiro era perfeito em todos os aspectos. Ela estava confiante de que receberia sua primeira nota cinco estrelas, mas…

    “Eu preciso de mais.”

    De Azarias.

    Do cadete que interpretou Azarias.

    Todos os escritores querem criar obras-primas. Mesmo que estejam confiantes de que já têm uma obra-prima, se uma chance de melhorá-la surgisse, eles agarrariam a oportunidade.

    Olga era uma dessas escritoras.

    *

    Olga, obcecada com seu roteiro, passou a noite toda o ajustando. Adicionando e removendo cenas continuamente.

    Era uma perfeccionista. A menos que todas as cenas fluíssem perfeitamente, ela não as aceitaria.

    Assim, desde o ensaio, ela passou a semana inteira trancada em seu quarto tentando melhorar o roteiro.

    *

    Exatamente uma semana depois de se trancar em seu quarto, Olga levantou-se de sua cadeira.

    “Pronto…”

    Um roteiro completo apareceu diante dela.

    Era pelo menos algumas páginas mais grosso que o roteiro normal. Isso significava que a peça duraria mais do que o planejado. Isso por si só causaria um pouco de problema.

    “Vale a pena.”

    Os ajustes eram perfeitos.

    Azarias, que deveria ser apenas um personagem secundário, de repente tinha um papel maior. Ainda era um vilão menor. Mas agora tinha uma profundidade incrível.

    Não só isso, ela não havia apenas mudado suas cenas.

    Olga fez pequenas alterações para tornar o personagem mais consistente com Julien.

    “Haha, isso é…”

    Massageando os olhos, Olga pressionou o pequeno orbe ao seu lado.

    “Rodney, preciso de um favor. Quero que chame o comitê. Gostaria de apresentar um novo roteiro, e…”

    Ela fez uma pausa breve, passando os olhos pelo novo roteiro.

    “…gostaria que o comitê avaliasse a peça durante o festival.”

    1. Seria algo como sorver, mas como ela está engolindo e limpando a boca, optei pela maneira original[]

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