Capítulo 88 - O Deus do Dinheiro Vs. O Ambientalista — Parte III
Antes que Sam pudesse completar o raciocínio, Alex utilizou a Energia Externa restante de forma explosiva. E o solo sob os pés de Alex, que Sam havia tornado movediço e depois reconfigurado, foi violentamente transmutado. Onde antes havia terra e asfalto, agora havia um pistão de puro metal cromo, impulsionado pela Energia Externa. Não foi um salto; foi um lançamento.
O corpo de Alex se tornou um projétil, um ICBM de luxo, disparado em uma trajetória parabólica devastadora em direção ao prédio mais sólido e simbólico da área. A aura dourada de 80% transformou-se em um cometa incandescente. O som de seu deslocamento rompeu a barreira do som local. Sam reagiu instintivamente. “Ambiente Vivo! Bloqueio de Trajetória!” Sam gritou, forçando o ar, os detritos e a própria pressão atmosférica a formarem uma barreira de atrito contra o projétil humano.
O impacto da força ambiental contra o corpo de Alex foi o equivalente a bater em uma parede de titânio. O corpo de Alex tremeu, a aura oscilou, mas ele não parou. Ele estava comprando a passagem, o valor de sua Energia Externa era o lastro daquela velocidade.
— Seus obstáculos são meros custos operacionais! — Alex levantou a voz.
A cidade, agora, estava mergulhada no pânico. Os civis restantes fugiram, percebendo que o nível da luta havia ultrapassado o conceito de ‘batalha de rua’ e entrado na escala de ‘desastre natural’. Sam, vendo que não conseguiria parar a trajetória, usou o ataque que havia preparado: “Silêncio da Matéria!”, e um anel de energia silenciosa, invisível e destrutiva, irrompeu da mão de Sam e perseguiu Alex. O Silêncio da Matéria não visava anular o movimento molecular. Em outras palavras, anular o valor de Alex.
Alex percebeu o perigo. O Silêncio da Matéria era a antítese do Dinheiro. Se o movimento molecular fosse anulado, o valor material de Alex não poderia ser trocado, nem capitalizado. Ele não diminuiu a velocidade, mas inclinou o corpo, torcendo no ar. O anel de silêncio passou raspando suas costas. Onde o ar foi tocado pelo Silêncio da Matéria, o som parou, a luz estagnou, e o próprio tempo parecia ter se engasgado por um instante.
O Alex-Cometa-Dourado atingiu o Banco Central. BOOOOOOMMMMM! Não foi uma explosão, foi uma implosão controlada e direcionada. O prédio de vidro e concreto, um símbolo de solidez financeira, desintegrou-se como um castelo de cartas. O corpo de Alex atravessou o teto e os múltiplos andares como se fossem papel molhado, desapareceu em um turbilhão de estilhaços de vidro, detritos de mármore e, o mais importante, toneladas de valor. Sam parou na rua, no meio dos destroços. Ele fechou os olhos, sentindo o ambiente, a aura de sua técnica de Clima e Terreno analisando o que acabara de acontecer.
“Ele se sacrificou para recarregar,” Sam ponderou. “Ele sabia que estava acabando. Agora, ele não terá mais 80% de Energia Externa. Ele terá 100%… E uma capacidade de repertório que eu mal consigo conceber. Terei de pará-lo antes dele me atacar…”
A nuvem de poeira e destruição pairou sobre a quadra, silenciada pela destruição. Então, veio o rugido. Não um rugido de dor ou fúria, mas o som da absoluta prosperidade. O pó de concreto foi instantaneamente varrido por uma onda de choque dourada que era menos energia e mais ostentação. A aura de Alex irradiava como um pequeno sol recém-nascido. O cheiro de pó e ozônio foi substituído por um odor agridoce e potente — metal precioso e papel-moeda recém-impresso. Do centro dos escombros do que fora o Banco Central, Alex emergiu. Ele não estava apenas em pé. Ele estava flutuando ligeiramente acima dos detritos.
A sua aura não estava mais nos 80% de Energia Externa, que eram difíceis de controlar. Estava no 100%, mas não era o 100% de um humano comum. Era o 100% de um deus material!
O corpo de Alex não era mais apenas coberto pela luz dourada. A própria pele parecia cintilar com o brilho de partículas de ouro em suspensão. Ele tinha os olhos fechados, aproveitando a sensação do valor absoluto.
“Recarga completa. Não. Sobrecarga. Ele não só recarregou, ele se alimentou de todo o valor do Banco. Ele está no ápice do que a técnica Dinheiro pode oferecer.” A análise de Sam agora carregava uma pitada de preocupação intensa.
Alex abriu os olhos. Seus íris não eram apenas douradas; eram espelhos microscópicos que refletiam o símbolo do dólar, girando lentamente. Ele exalava o poder literal do mercado global.
— Isso… isso é fluxo de caixa, Sam… Você me ensinou uma lição de custos operacionais. Em troca, eu vou te ensinar sobre o poder ilimitado.
Alex estendeu a mão na direção de Sam, e uma manifestação literal da densidade financeira ganhou corpo. Do solo entre Sam e Alex, a alguns metros de Sam, uma torre de moedas de ouro, empilhadas em uma coluna perfeitamente sólida e maciça, irrompeu do chão com a velocidade de um arpão. A coluna tinha a espessura de um tronco de árvore e o peso de um caminhão, e o objetivo era atravessar Sam.
Mas Sam não hesitou, pois o instinto de portador gritava o perigo material daquele ataque. O ouro, sendo um elemento de alto valor, carregava uma densidade e força que ultrapassavam a de qualquer projétil. “Ambiente Invertido!” Sam rugiu, acionando a habilidade. No exato momento em que a torre de moedas de ouro ia atingi-lo, Sam inverteu a propriedade física da área imediatamente à sua frente. A coluna de ouro, que deveria ser incrivelmente pesada e ter uma inércia devastadora, instantaneamente se tornou leve e repulsiva. Subitamente transformado em um objeto de massa próxima a zero, ouro ricocheteou em Sam como um balão inflável e foi arremessado de volta na direção de Alex, perdendo toda a sua forma e se desfazendo em uma chuva de confetes dourados que não tinham mais o peso do metal, mas a leveza do papel.
Alex, vendo seu ataque transformado em uma piada carnavalesca, inclinou a cabeça, nem um pouco surpreso — Impressionante, Sam. Você pode inverter a lei da física, mas não o valor do ativo.
Em um movimento rápido e imperceptível, Alex moveu a mão no ar, como se estivesse assinando um cheque. E os milhões de fragmentos de moedas de ouro, agora leves como confetes, que flutuavam no ar, não voltaram a ser ouro maciço. Em vez disso, cada um deles se tornou uma minúscula lâmina com a borda afiada e a velocidade de um estilhaço de vidro balístico, visando perfurar Sam por todos os ângulos. Não era mais força bruta; era uma execução de capital altamente refinada e multifacetada. A chuva de confetes se tornou uma tempestade de navalhas douradas.
Sam teve que reagir com a única coisa que poderia garantir sua sobrevivência contra um ataque que o cobria em 360 graus: uma defesa baseada na negação total.
“Recolocação!”
E com isso, Sam matou o ataque de Alex…

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