Capítulo 90 - O Deus do Dinheiro Vs. O Ambientalista — O Acordar Contra Aquele que Rege o Sol.
A força do último ataque de Repulsão de Alex, impulsionada pela fúria do Deus Material, superou toda e qualquer defesa que Sam poderia conjurar. Sam se tornou um projétil incontrolável de entropia, disparado para fora da cidade, em direção à muralha verdejante que protegia a retaguarda de Bertioga — As montanhas da Serra do Mar.
O corpo de Sam, em velocidade supersônica, atingiu o Morro da Pedra Branca. A montanha, tão maciça e milenar, cedeu como argila úmida. E a força do impacto fez Sam atravessar a montanha inteira, do lado da praia ao lado do Parque das Neblinas, deixando um buraco de perfuração perfeito e um rastro de fumaça e poeira que se espalhava pela mata densa. Sam foi arremessado para fora da montanha e caiu no chão, ao lado do Parque das Neblinas, perto da floresta densa e úmida.
Silêncio…
Sam se levantou, cambaleante. O rosto estava sujo de terra, sulcado por filetes de sangue fresco que escorriam da testa e do canto da boca. Agora, sua camisa era apenas um amontoado de fibras penduradas em um corpo coberto de ferimentos abertos, roxos e inchados. Ele estava quebrado, mas não derrotado. A mente estava clara, apesar das dores intensas.
Ele limpou a boca com a mão, vendo o sangue fresco e denso que maculava a palma. Em sua mente, a figura espectral de sua Sombra, Vide, se manifestou, pairando como uma sombra dentro da sombra da floresta.
— Por que não acaba com isso logo? — Vide interpelou, em um tom sem emoção, mas com a urgência fria da razão.
Sam fechou os olhos, respirou o ar frio da floresta e buscou a conexão elemental que a cidade havia negado com a sua saturação de valor. O cheiro de mata e umidade era um bálsamo para sua técnica.
— Vide? Ham! Não fale assim. A técnica dele tem um repertório infinito. Não é algo tão simples. — Sam ponderou, analítico, contrastou de forma assustadora com seu estado físico destroçado.
— Por que acha que ele atacou o Banco Central?
— Para recarregamento da Energia Externa. Se ele tiver recarga em alta escala, e a Energia Externa se estabelecer em 100%, o repertório de habilidades da técnica Dinheiro dele também cresce com essas recargas.
— Acertou, mas esqueceu um detalhe importante. O repertório de habilidades do Dinheiro dele cresce de forma equivalente à quantidade de valor que é tocado por ele. Por isso fui ao Banco Central… Nesse momento, ele está muito mais poderoso que você, e no mundo, o que mais tem são coisas atribuídas direta e indiretamente ao valor. Quanto mais tempo isso aqui durar, será melhor para ele e não o contrário.
— Mas como terminar com isso logo, se você acabou de dizer o que eu estou pensando… Ele está mais forte que eu no sentido de repertórios, de variáveis. — Sam admitiu a desvantagem com uma frustração controlada.
— Sam, você não usou nenhuma de suas habilidades avançadas de fato ainda. Por que está cauteloso? E por que está fingindo esforço?
Sam olhou para as florestas, sentia a Respiração do Mundo o restaurar lentamente, mas insuficientemente — Eu estou analisando. Especificamente a ideia de destruir essa cidade inteira para acabar com qualquer tipo de valor que tenha aqui… Isso limitaria ele.
— Isso seria tolice. Faria ele sair dessa cidade e região, e partisse para as cidades ao lado. Espalharia o que está acontecendo aqui para o resto do estado inteiro. Se ele escolhe ir para São Paulo, a cidade mais rica da América Látina, a chance de vencê-lo seria negativo. — Vide reconheceu o bom ponto do Sam.
— Entendi… Mas agora, não é mais possível partir para um frente a frente tão próximo. Mesmo que eu use minha Energia Externa em uma porcentagem alta, ele estará mais rápido. E em repertório, ele tem vantagem pois não sabemos nada do limite da técnica dele, do prazo… É possível que recarregado como está, o limite dele pareça eterno. Mas eu…
— Você está esquecido, Sam. Assim, até parece ser um portador que só tem habilidades ofensivamente agressivas.
Sam deu um leve soco no ar, despertando seu breve esquecimento — Ah, sim… Vide, entendi. Se não faço ideia do limite dele, isso me torna vulnerável. Por isso superá-lo seria impossível. Eu não preciso superá-lo, e sim só anulá-lo.
— Estou feliz que tenha recuperado a memória.
— Ok, Vide… Usarei o Pleno Na— De repente, Sam foi interrompido.
FOOOM! Uma aura dourada como o sol do meio-dia, impulsionada pela Repulsão em 100% de Energia Externa, atingiu Sam em segundos. Alex havia rastreado a Absorção de Valor Residual que Sam havia forçado com o Ambiente Invertido, e seguiu o rastro de energia de Sam até as montanhas. O Capital não tolera fugas.
Sam foi jogado mais uma vez para longe, colidindo com a floresta densa. Ele se levantou, limpando a boca mergulhada em sangue: “Esse babaca não vai me deixa—”, ele foi interrompido novamente.
POW! CRASH! Alex atacou novamente, teletransportando-se e usando a Repulsão para arremessar Sam agora para o alto. Sam estava no ar, um alvo indefeso. Alex usou a Repulsão de novo, o jogando contra os solos florestais da região, arrastando Sam literalmente contra as árvores como quem esfrega o dedo numa formiga pela mesa toda sem parar.
Sam era a entropia esmagada pela ordem financeira e pela execução implacável. Nessa situação, sorrindo seriamente, sangrando mais e mais ferimentos sendo abertos por segundo, outros até sangrando mais… Sam disse a Vide, com a voz rouca e a determinação implacável de um homem que havia aceitado a morte como um passo tático.
— Ele sabe… Sabe o que estou pen- — Em mais um ato de rastro, Sam foi acertado antes de terminar o que buscava dizer.
PUF! Atacado pela lateral, Sam foi atingido agressivamente e arremessado para dentro de uma lagoa entre as grandes e densas árvores. “Ele sabe o que você está pensando, Sam. Ele alcançou esse nível.” Vide constatou em um tom surpreso, confirmando a impressão que ambos já observavam — A técnica de Alex, o Dinheiro, tornava de seu portador um deus na terra.
As coisas pareciam fora de controle, anormais e em situações desfavoráveis, mas vieram a piorar quando, inesperadamente em um segundo, toda água da lagoa em que se encontrava Sam, sumiu, secou, desapareceu — o que fez Sam cair em uma queda livre contra o fundo da lagoa, cheio de pedras, fendas e galhos afiados de madeira —, mas não se machucar por ter conseguido cair em pé, calmamente. Com uma respiração ofegante, Sam levantou a cabeça e seus olhos se depararam com Alex, no alto, voando a aproximadamente uns dez a quinze metros de distância.
— Vide, você me disse que ele sabe o que estou pensando? — Sam observava seriamente seu adversário, que no alto simulava um sol mais próximo.
— Ele evitou você de falar Pleno Nada. Isso ainda em pensamento, sem você ao menos falar.
— Mas o Plen- — PUF! Novamente, Sam foi impedido de falar, e dessa vez, sua respiração acabou por ser negligenciada. Instantaneamente, muita água doce começou a sair das centenas de ferimentos por todo corpo do Sam — e literalmente, os ferimentos se abriram e começaram a jorrar água doce, causando de forma imediata, a destruição dos tecidos.
“Desgraçado! É a água dessa lagoa!” Com raiva, Sam sentiu e viu inúmeras partes de seu corpo — ombro, braços, pernas, bochecha e pescoço —, começarem a ter o tecido corroído, descascada, extremamente avermelhada e em uma fervura agoniante.
— HA!HA!HA! O QUE ACHA DISSO, SAM? ESTÁ LEGAL? — Gargalhando do alto, Alex ria aos montes, chegava a bater palmas e a chorar de alegria. — POR QUE NÃO TENTA ME MATAR DE UMA VEZ? ESTÁ SE CONTENDO?
E parado, encarando o solo de pedras escuras ao fundo da lagoa, com tantas ruínas de árvores ao redor que buscavam cortá-lo quase que pela força da natureza, e na posse de seu estado de raiva… Enfim, Sam abraçou o ato que era verdadeiramente de sua essência amoralista, pragmática e incabível.
— Vide, eu não me importo se o que vou fazer agora, fará Alex ir para Santos, São Paulo, e que isso resulte em mais destruição… Pois eu sou um agente-portador da Alliance, e nada é melhor para a Alliance ver um país inteiro protegido pela Torre, colapsando.
Ele voltou seu olhar para o céu acima, o mesmo céu palco da glória de Alex regida sobre o sol, e que portanto, finalizou para Vide.
— Para que não reste nenhum pingo de valor que ajude Alex, ao mesmo tempo, buscarei ao máximo matá-lo… E caso necessário, também destruir tudo ao redor. Lembrei que sou quem não necessita de condições ou termos para fazer algo, eu sempre só faço… Ativar! Energia Externa 100%!…

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