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    No décimo andar de um prédio comercial abandonado em Dynami, as três horas propostas pelo agente Nahome a Zarek já haviam passado, e a hora de cobrar a saída havia chegado. Ao lado do drone da Torre, ele subiu novamente os andares do prédio pelo elevador.

    — Localizei dois portadores dentro do raio de 5km, Nahome — informou o drone, que sobrevoava um pouco acima de seu ombro esquerdo.

    — Além do Zarek, não sabe me dizer qual é o outro portador? — perguntou Nahome, enquanto acendia seu cigarro com um isqueiro.

    — Não é possível concluir a localização perfeita do outro portador — respondeu o drone.

    Nahome soltou uma longa baforada de fumaça, seus olhos fixos no painel do elevador que mostrava a contagem regressiva dos andares. Ele refletia sobre a situação, ciente de que o confronto com Zarek seria inevitável e potencialmente letal.

    — É impossível isso acabar bem — disse Nahome, com o olhar concentrado na seta do painel que indicava a subida do elevador.

    Quando o elevador finalmente parou no décimo andar, as portas se abriram com um chiado metálico. Nahome avançou com passos determinados, seu olhar atento a qualquer movimento suspeito. 

    — Mantenha a guarda alta — murmurou ele, mais para ele mesmo do que para o drone.

    A forte ventania na enorme cobertura do edifício fazia os cabelos de ambos balançarem agressivamente.

    — Você demorou, Nahome. Pensei que tivesse esquecido do prazo que você mesmo criou — provocou Zarek, com os braços cruzados e onde uma expressão de tédio morava no rosto.

    Nahome ignorou a provocação, dando um último trago em seu cigarro antes de jogá-lo no chão e esmagá-lo com o pé. Seus olhos fixaram-se em Zarek, avaliando cada movimento.

    — As três horas acabaram, Zarek. A hora de seguir o que eu mandei é agora — disse Nahome, sua voz estava firme e sem hesitação, a postura de seu corpo era ereta e a expressão séria em sua face emanava segurança.

    Zarek riu, um som frio e desdenhoso.

    — Estou me perguntando se realmente acha isso necessário, sabe? É que eu não to com ânsia para uma lutinha — ele respondeu, erguendo a mão ao cabelo e se auto acariciando. — Por que só não esquece e dá uma saidinha.

    — Saia de Dynami, Zarek. 

    — Tss-Tss — Zarek riu discretamente — Vocês da Torre são realmente idiotas.

    Como um cavaleiro corajoso e honrado, Nahome sacou seus revólveres em um movimento fluido, disparando duas balas que voaram na direção do seu adversário.

    Bam! Bam! 

    Zarek, um portador de primeira classe, ou seja, a classe mais alta e dos portadores mais poderosos, sorriu com desdém.

    — Aah, Nahomezinho… Isso é idiotice.

    A técnica do Zarek era a “General Attacks”, ou em português, Ataques no Geral.

    — Inlos: General Attacks

    Ele nem precisou levantar a mão e as balas de Nahome pararam no ar a centímetros do seu rosto, caindo no chão com um tilintar metálico.

    A queda dos projéteis no chão levantou um pouco de acidez, algo que Zarek percebeu rapidamente. Sorrindo, ele comentou.

    — Balas de Nullite, o tal elemento químico e anti-portadores, não é, Nahomezinho? —  Contendo sua gargalhada, ele finalizou — Eu amo essas coisinhas que vocês da Torre criam.

    Nahome manteve a calma, apesar da pressão da situação.

    — Deixe-me te mostrar uma coisa legal — disse Zarek. 

    Assustadoramente, Zarek não fez nenhum movimento, nenhum gesto. No entanto, um buraco escuro, aparentemente na realidade, se abriu ao lado dele, emanando energia de dentro. Zarek ria, contendo-se com a mão na boca. Nahome olhou para aquilo, perplexo.

    — Que coisa é essa?

    — É um ataque que estou guardando há um tempo e acho que está na hora de usar — afirmou Zarek, enquanto olhava para o círculo na realidade.

    — Ataque?

    Do buraco energético, inesperadamente e a alta velocidade, saíram várias facas de cozinha em direção a Nahome, que saltou para o lado, esquivando-se do ataque. 

    Swooish! Swooish! Swooish!

    Ele rapidamente sacou um de seus revólveres e voltou a disparar tiros de nullite contra Zarek, desta vez uma série de disparos precisos, com cada bala visando pontos vitais.

    Bam! Bam! 

    Zarek desviou dos projéteis com movimentos rápidos e graciosos, com extrema facilidade. O agente não percebeu, mas em um piscar de olhos, Zarek já estava atrás dele. 

    — Ahm? 

    Nahome, que ainda estava agachado por ter se jogado anteriormente, rapidamente se levantou e se virou, disparando contra o portador. Contudo, nada disso adiantou.

    Bam! Bam! Bam!

    Desfaz — disse Zarek, e instantaneamente, os tiros disparados por Nahome se desfizeram, sumiram, basicamente deixaram de existir.

    — Co- O que? 

    Nahome se afastou de Zarek, recuando com passos para trás, enquanto Zarek o acompanhava lentamente com seus passos tardios e falando.

    — É engraçado, meu velho amigo. Eu poderia já ter te matado há muito tempo… talvez essa seja a grande vantagem de ser um portador. Você sabe em que momento uma vida poderia já ter sido dissipada. Vocês humanos são tão frágeis quanto uma folha de caderno molhada, sabia?

    De repente, o drone que voava baixo um pouco afastado de Zarek e Nahome alertou.

    — Nahome, estou detectando a aproximação de um portador para o local em que estamos.

    Nahome olhou para trás, direto para o drone, com uma expressão preocupada e perguntou.

    — Quem é?

    — Talvez agora a brincadeira esquente mais — comentou Zarek, que parou de caminhar na direção de Nahome e ficou parado, com um sorriso maldoso no rosto, aguardando quem iria aparecer.

    Zarek sentiu uma quantidade absurda de energia interna se aproximando e abriu um sorriso ainda mais largo e animado.

    — A brincadeira vai realmente esquentar. 

    O portador que se aproximava era Saik, que estava descansando na Avenida Central e não foi para as bases. 

    Utilizando sua energia interna de forma massiva e vívida, ele criou uma espécie de plataforma energética que o levou diretamente ao topo do prédio. Chegando à cobertura sem precisar pegar o elevador, ele aterrissou com firmeza, preparado para o confronto.

    Zarek observou a grande energia visível de Saik e começou a gargalhar, cobrindo o rosto com a mão e se contorcendo de tanto rir.

    — Ha! Ha! Ha! Ha! Pela quantidade massiva que senti, imaginei que fosse sinceramente um portador de respeito, mas sentindo de perto, apesar de acentuada, é fraquíssima. Eu deveria ter suspeitado que era um portador de última classe. Ha! Ha!

    — Drone, esse é o portador que ajudou nas evacuações. Relembre o nome dele, por favor — pediu Nahome, aproximando-se da pequena aeronave e observando a cena.

    — Ele se chama Saik, senhor Nahome — respondeu o drone.

    Nesse momento, Saik saiu de sua vasta energia interna e desceu na cobertura, ficando no mesmo solo que Nahome e Zarek. No entanto, em seu rosto, a tranquilidade era evidente e ele parecia muito calmo diante da situação.

    — Você é o agente da Torre, né? — perguntou ele a Nahome, enquanto coçava o ouvido direito com o dedo mindinho — Eu estava sentindo uma energia poderosa e vim te ajudar… ok, agente?

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