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    Por mais incrível que pudesse ressoar, de fato, a cidade inteira e as demais regiões foram salvas de uma destruição e evaporação nunca vista no país. De joelhos e fraco, Saik não conseguia levantar a cabeça e seus braços não tinham força alguma. O único suporte que segurava-o era Koji, que praticamente abraçava-o com força para mantê-lo levantado.

    — Ei! Ei! Tá bem? — apesar das tentativas de mostrar-se seguro, os olhos de Koji tremiam de nervosismo.

    — Tô bem… e a cidade? — Saik respirava com dificuldade, e esforçava-se para falar.

    — A cidade está quase intacta graças a você.

    O agente Nahome, de óculos escuros e fumando seu querido cigarro, olhava para a cidade com o mínimo de apreciação pelo feito. 

    — Saik, eu lembro da sua luta com o Zarek em Dynami, e confesso que não passou pela minha cabeça, que você evoluiria tanto de lá pra cá.

    Entre os corpos sem vida espalhados no chão, um movimento inesperado capturou a atenção de Tovah, que, com os olhos estreitados, murmurou — Tem alguém vindo…

    Koji ergueu o olhar, tentando localizar a figura entre os escombros e a poeira. A luz do entardecer projetava uma longa sombra à frente do homem que caminhava com uma calma perturbadora. Conforme ele se aproximava, seus traços tornavam-se mais claros.

    — Le-al? — Koji murmurou, incrédulo.

    Tovah virou a cabeça em sua direção, intrigado — Quem é esse, Koji?

    Nahome, encostado preguiçosamente numa pilastra quebrada, ajeitou os óculos escuros e deu uma tragada no cigarro, observando a cena com interesse.

    O homem finalmente parou a poucos metros de distância. Ele tinha um porte imponente, o sorriso tranquilo estampado no rosto contrastando com a desolação ao seu redor. Cabelos espetados, quase selvagens, e o olhar cansado, mas penetrante. Vestia uma regata branca simples, com os ombros e braços minimamente definidos, enquanto uma faixa discreta no braço esquerdo sugere marcas de um passado de batalhas. 

    O leve sorriso torto e a expressão neutra carregam uma confiança tranquila, como se nada pudesse realmente surpreendê-lo. 

    — Que honra minha ver agentes da Torre de tão perto. De onde eu vim, vocês não são tão bem-vindos — ele disse, cruzando os braços casualmente.

    — Koji, conhece ele? — perguntou Nahome, cauteloso.

    — Conheço. Ele era meu chefe. O nome dele é Leal.

    — É legal te rever, Koji. Quem diria que você ia crescer tanto na vida — comentou Leal, com um sorriso que beirava o paternalismo.

    — O que está fazendo aqui? — Koji perguntou, tentando conter a tensão que crescia em seu peito.

    — É sério? Não é auto explicativo? 

    Koji apertou os punhos — Não acredito que tá com eles. Você não sabe o que tá fazendo.

    Leal ergueu uma sobrancelha, como se estivesse se divertindo — É claro que eu sei, Koji. Para de ser idiota. Lembra a época que ainda era um pirralho ? As coisas não são tão simples quanto você pensa.

    A respiração de Koji acelerou — Pelo menos… sabe quantos inocentes já morreram por culpa do Conclave?

    — Exatamente isso. Por culpa do Conclave, e não minha — rebateu Leal, com firmeza.

    Koji cerrou os dentes, mas antes que pudesse responder, Saik, ainda de joelhos e com a voz rouca, chamou sua atenção.

    — Koji…

    Ele se ajoelhou ao lado do amigo, segurando-o pelo ombro — O que foi?

    — O Domo… é resultado de um rito, e certamente a irmã do Davi está sendo usada para a aplicação. Precisam achar onde está a menina… e salvá-la. Só assim… o Domo será quebrado.

    — Saik…

    — E se acharem a garota, saiba que somente um portador pode retirá-la do local do rito e salvá-la. Não… deixe que o Tovah toque nela. Ele vai morrer se tocar. É só você…

    Koji assentiu, lutando contra o nó que se formava em sua garganta — Valeu, Saik. Obrigado por ter feito o que fez.

    Saik forçou um sorriso fraco — Hum… não lembra que você me salvou contra o Alaric? Hoje eu só fiz minha parte.

    Koji passou a mão no cabelo de Saik de forma carinhosa e virou-se para Nahome — Nahome, por favor.

    O agente deu um último trago no cigarro e jogou a bituca no chão, esmagando-a com a ponta do sapato — Pode deixar.

    Nahome ajudou Saik a se levantar e guiou Davi junto a ele, mas antes de partir, o garoto ficou diante de Koji e Tovah, com os olhos cheios de esperança — Por favor. Tragam minha irmã e meus pais de volta.

    Os dois assentiram com seriedade, e o garoto seguiu com Nahome.

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