Capítulo 57 - Fluxo

Koji e Tovah permaneceram firmes frente a Leal, enquanto ele cruzava os braços, completamente à vontade em meio à tensão crescente.

— Então, Koji… — Leal começou, com a voz baixa e irônica — O que exatamente você busca trabalhando com a Torre? Um propósito? Glória? Uma desculpa para ter fugido de Dynami, sem ter matado o homem que eu mandei matar?

— Mate Mike Richers. Caso execute o alvo dentro de 24hrs, te recompensarei com $10 mil. Se demorar mais que isso, $5 mil será seu — estava escrito no bilhete, com assinatura de Leal, um gangster mandachuva na cidade.

Carta de Leal para Koji, Cap 02 Vol. 01

— Espero que o Leal pague tudo direitinho. Preciso juntar mais grana, só assim vamos conseguir ir para Umeke — comentou Koji, olhando com aversão para o bilhete em sua mão.

Fala de Koji sobre a carta de Leal, no Cap 02 Vol. 01

Koji respirou fundo, manteve a calma aparente, quando Tovah se inclinou ligeiramente na direção dele e sussurrou — Cuida dele. Vou atrás de encontrar a fonte do rito.

O sussurro mal havia se dissipado no ar quando Leal desapareceu em um borrão, reaparecendo instantaneamente diante deles, com a faca curta em sua mão brilhando.

— Não vai, não… — disse Leal, com um sorriso cortante, enquanto cravava a lâmina no pé direito de Tovah.

Tovah rangeu os dentes, abafando um grito de dor. Leal girou o corpo com precisão, desferindo um soco direto em sua direção. O impacto parecia inevitável, mas Koji, movendo-se com um reflexo instintivo, esticou o braço direito e agarrou o punho de Leal no último instante. As forças dos dois colidiram com um estrondo seco.

— Te prometeram algo? Por isso está no Conclave? — perguntou Koji, com a voz firme, mas cheia de acusação.

Com um sorriso que não vacilava, Leal retrucou com facilidade — Eu fiz uma primeira pergunta e ela ainda não foi respondida.

Com um movimento súbito, Leal usou a mão esquerda para agarrar o antebraço de Koji e puxá-lo para baixo. O movimento quase desequilibrou Koji, que pensou, surpreso — Ele teve força suficiente pra me puxar?

A resposta veio quase imediatamente pelo Spherea, soando dentro de sua mente.

— Não se esqueça, Koji, que Leal não é mais humano. Apesar de ser um portador falso, utilizando uma técnica emprestada, ele já não possui as limitações de um corpo humano comum.

O olhar de Koji se endureceu. Ele se preparava para reagir quando Leal movimentou o joelho com velocidade impressionante em sua direção, mirando seu abdômen. Antes do golpe acertá-lo, as esferas escuras emergiram atrás de Koji, e reagiram instantaneamente, moldando-se em uma barreira quase líquida que absorveu o impacto. 

O golpe foi repelido, forçando Leal a recuar alguns passos.

— Hmm… interessante. Essas coisas, né Koji? Essas esferas são chatinhas — disse Leal, ajustando a postura e olhando de maneira analítica para as esferas flutuantes.

Koji não respondeu, e Tovah, ainda com a faca presa em seu pé, arrancou-a com um puxão firme e jogou-a no chão. Seu sangue escorria lentamente, mas ele manteve a compostura, flexionando os dedos para testar a mobilidade.

— Vai precisar de mais que isso pra me parar, idiota — afirmou Tovah, enquanto limpava o suor da testa e puxava uma das espadas curtas que carregava na calça. Ele segurava a lâmina de forma casual, mas seus olhos estavam fixos em Leal, calculando cada movimento.

— Corajoso, eu gosto disso — o sorriso de Leal alargou-se.

Tovah aproximou-se e parou ao lado de Koji, e disse — Eu vou primeiro. Independente do desenrolar, não interrompa.

Ligeiramente e com uma raiva visível, Tovah avançou como um vulto, executando um corte em arco contra Leal, que desviou com facilidade, se abaixando e desferindo um chute lateral em resposta. O impacto atingiu Tovah no tórax, lançando-o contra uma pilastra, que se quebrou com o impacto.

O choque rachou o concreto e levantou uma nuvem de poeira, mas Tovah levantou-se com os olhos fixos no oponente “Fluxo Baixo!” murmurou ele para si mesmo, com os olhos fechados, seguido de uma respiração leve.

O corpo dele pareceu se tornar etéreo por um momento, quase como se a gravidade tivesse deixado de afetá-lo. Ele disparou contra Leal com velocidade sobre-humana, cortando no ar em um padrão imprevisível. 

Cada golpe era meticulosamente calculado, forçando Leal a se defender com giros ágeis e bloqueios precisos. E num certo avanço, Tovah parou ao lado de Leal e girou o corpo, trazendo a espada de baixo para cima em um corte ascendente. 

Leal deu um salto para trás, com o fio da lâmina passando a milímetros de seu peito. Antes que Tovah recuasse, Leal já estava ao seu lado, desferindo um chute veloz contra a lateral de suas costelas. O impacto o fez perder o equilíbrio, mas ele recuperou a postura e continuou pressionando, sem se afastar, desferindo cortes rápidos como trovões.

— Você está lento! — provocou Leal, desviando com facilidade de mais dois golpes consecutivos.

— Você não entendeu… era exatamente isso que eu queria fazer… — o olhar de Tovah era maldoso.

Ele desapareceu em um instante, reaparecendo atrás de Leal com um corte horizontal. Desta vez, Leal não esquivou por completo, e um rasgo surgiu na camisa do oponente, e um filete de sangue escorreu. Mas o sorriso de Leal não se apagou — Quase…

De repente, Leal segurou a espada de Tovah em pleno movimento. Seus dedos firmes travaram a lâmina, fazendo-a ranger. E com um movimento brusco, ele a arrancou das mãos de Tovah, girou o corpo e, em um gesto humilhante, quebrou a arma ao meio diante dos olhos de seu adversário, e os pedaços caíram ao chão com um som seco.

Tovah ameaçou reagir rápido, mas Leal estava sobre ele, e uma sequência devastadora de golpes o atingiu como uma tempestade. Chutes e socos velozes encontraram suas marcas no torso, no rosto, nas pernas, cada impacto mais brutal que o anterior. 

Tovah tentou bloquear, mas a agilidade de Leal era esmagadora. O sangue escorria de cortes em sua pele, e sua respiração tornava-se irregular.

Mesmo assim, Tovah se manteve de pé, cambaleando, mas com os olhos firmes. Ele se afastou alguns passos e puxou sua segunda espada, com o braço trêmulo. Contudo, Koji o interceptou, colocando uma mão firme em seu ombro.

— Não. Agora é comigo.