Capítulo 63 - Colapso Interno
O domo desmoronou, expondo uma cena aterradora: centenas de milhares de corpos flutuavam imóveis sobre a cidade. Koji limpou o suor da testa, cerrando os punhos ao ouvir Leal murmurar, cuspindo sangue — Vão embora… antes que seja tarde.
— E você?
— A Fundação me marcou. Se eu morrer… viro uma bomba nuclear. Não estou desistindo… só aceitando de vez.
Koji desviou o olhar, engolindo a frustração — Gawa não aprovaria isso.
— Eu sei…
Sem mais palavras, Koji se afastou com Tovah. Contudo, uma voz internamente — Por que não ficaste para ver? Não confiaste em Mim?
Ele estacionou — Ficar…? O Senhor quer que eu fique?… — questionou Koji, sussurrando.
— KOJI! VAMOS! — gritava Tovah, a alguns metros de distância e com a menina nos braços.
Os corpos aproximavam-se mais do solo da cidade a cada segundo e, paralisado e indeciso, Koji somente observava.
— Por que quer que eu fique? — e Yeshu’a respondeu — Eu não desejo apenas que fiques, mas que confies.
— KOJI! O QUE TÁ ESPERANDO? BORA! — Tovah esperneava, com um nervosismo nítido que até balançava a menina, o que acabou acordando-a.
Koji estava de costas para Tovah, e somente balançou a cabeça, negativamente — O que? O que ele tá fazendo? Ele não quer fugir? — pensou Tovah, levantando as sobrancelhas em desentendimento com o que via.
Nos braços, a garotinha, irmã de Davi, acordou de vez — Cadê… (bocejou) a mamãe?
— Ah, não! — Tovah não queria tornar as coisas mais complicadas, especialmente para a menina. Então voltou seu olhar para Koji, e gritou — KOJI! EU TENHO QUE FUGIR! SE FICARMOS, VAMOS MORRER… TÁ ME OUVINDO? EU ESTOU INDO… Droga!
Então, Tovah fugiu.
— Olhando daqui… (suspirou nervosamente) os corpos vão tocar o chão em menos de três minutos. Eu já tô há um tempinho parado aqui. Já não é o suficiente? — Koji encarava as centenas de pessoas caindo gradativamente, meio atônito.
Yeshu’a não respondeu.
— Se isso é um teste pra mim… não acha que é cedo demais? Eu sou um portador e, normalmente, portadores são paranoicos. Então… esse teste não precisava ser agora — Koji abaixou a cabeça.
— Os humanos também estão paranóicos, Koji. Muitos estão com medo, sem coragem até mesmo para dormir, temendo as criaturas. Mas Eu não te chamei para ser como eles. Eu te chamei para confiar. Então, diz-Me… ainda crês? — com uma voz tão serena, de fato acolhedora, Yeshu’a disse.
— Não é tão simples assim. Não… — Koji levantou a cabeça, olhando para os corpos que estavam a poucos segundos de tocar o solo e causar o maior ataque nuclear da história da humanidade, certamente. Superando os ataques americanos de 1945 — Olha… (deu um passada para trás) os corpos vão tocar o chão.
Doze, onze…
— Koji! — Yeshu’a ligeiramente reprovou o ato de Koji, quando deu um passo para trás, recuando.
Dez, nove…
— Não! Eu tenho que fugir — ele virou o corpo para ir e exclamou: Externar 10%!
Oito, sete…
Contudo, não havia necessidade de preocupação quando foi dito — Aos que nunca Me viram, crer em Mim é um ato de fé e de coração entregue. Mas aos que Me viram e contemplaram Minha Glória e Minha Luz, crer não é apenas fé, mas dever. Pois a Verdade foi-lhes revelada — proferiu Yeshu’a.
Sua fala tocou num volume tão alto na mente de Koji, que paralisou-o, desmanchando instantaneamente o Externar — O que aconteceu?
E então, os corpos tocaram o solo.
Nenhuma explosão. Nenhuma onda de calor. Nenhum clarão devastador.
Apenas um deslocamento de ar fraco, que balançou levemente os destroços e ergueu uma poeira fina ao redor. O silêncio que se seguiu era ensurdecedor. O mundo inteiro parecia ter se calado para assistir aquele momento impossível.
Koji piscou várias vezes e seu coração estava a mil. O olhar dele percorreu o cenário à sua frente, buscando alguma explicação, qualquer coisa que justificasse o que havia acontecido.
— Não… não é possível… — ele caiu de joelhos, com os olhos arregalados e fixos nos corpos que jaziam no solo. E Yeshu’a, silêncio.
— Isso…
— Acreditaste, então, que tua lógica era maior do que Minha vontade?
Koji não respondeu de imediato. Ele inspirou fundo, ainda de joelhos, e fechou os olhos por um instante. Do céu, ouviu-se com surpresa o barulho de hélices dos inúmeros helicópteros que aproximavam-se do local, com a marca da Torre, que brilhava nas fuselagens, pintada em preto sobre o metal cinzento.
Koji ergueu os olhos para o céu, observando-os — De fato não houve explosão — o tom de sua surpresa dava-se a sua desconfiança, agora exposta, sobre Yeshu’a.
E em meio ao forte vento, os primeiros helicópteros da Torre pousaram. Entre os militares que chegaram, estava Luke, um grande soldado das Forças Especiais da Torre.
“Mas ninguém acha que o governo vá fazer algo — disse Luke, sorrindo enquanto colocava o óculos escuro.”
Primeira Aparição de Luke, Cap 21
O experiente combatente, ostentava uma barba volumosa, aliada de óculos escuros. Ele caminhou à frente de outras dezenas de combatentes, e quando aproximou-se de Koji, falou — Você que é o portador que me falaram ser um dos nossos?
— É… Sou.
— É Koji, correto?
— Sim.
Para ajudá-lo a levantar, Luke estendeu sua mão direita — Preciso que levante — E Koji levantou com o auxílio do militar.
— Eu não sei o que fez, nem como fez, mas posso garantir que salvou esse país miserável — disse Luke, sorrindo e apontando para a bandeira brasileira no seu peito.
— Como tá em Brasília? — Koji ainda parecia atônito. Ele falava, mas assemelhava-se a uma pessoa com sono ou assustada.
— A capital está segura. Até o momento, só há suspeitas de prováveis ataques em São Paulo, e por isso praticamente fecharam a cidade inteira.
— São Paulo?
Koji virou-se, voltando a olhar para as centenas de corpos, antes explosivos, que não devastaram o país com o que seria a maior catástrofe nuclear já registrada.
— Eu não tenho mais motivos pra desconfiar, não é isso que Você está pensando agora? — sussurrando, Koji perguntou para Yeshu’a.
De repente, o militar tirou uma fotografia do bolso superior de seu colete e mostrou para Koji, falando — Conhece esse homem? — a fotografia mostrada era de Nikki Williams, soldado de elite das Forças Especiais da Torre e filho do falecido, Sr Williams.
“Caminhando sobre o solo devastado das bases e um céu escuro, estava Nikki Williams, um soldado atlético e disciplinado das Forças Especiais da Torre, além de ser filho do falecido Capitão Williams.”
Primeira Aparição de Nikki Williams, Cap 21-Cap 22
— Não. Não conheço.
— Não viu nenhum corpo parecido? Entre os mortos?
— Nada. E… como ele se chama?
— Nikki Williams. Mas tudo bem. Você já pode ir. Escolha um dos helicópteros para te levar a Brasília — disse Luke, guardando a fotografia no bolso.
Koji deu um último olhar para os corpos espalhados pelo solo. Aquela cena impactava-o de alguma maneira. Por alguns segundos, ele ficou paralisado, não literalmente, mas sem reação com uma quantidade tão grande de mortos, novamente.
— Ei! Koji, você tá me ouvindo? — Luke estalou os dedos.
— Sim, sim… eu já entendi — ele respondeu, piscando os olhos para afastar o transe.
Koji virou-se, ficou de frente com Luke, e deu um tapinha no ombro esquerdo do militar, quando começou a caminhar em direção aos helicópteros.
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