Pela manhã a Susan, uma amiga que havia feito desde do secundário, ligou e me convidou para sua festa de noivado. Ela era negra e sedutora. Seus cabelos pretos acentuavam os seus olhos verdes. Apesar de magrinha, suas curvas acentuavam de forma notável o seu corpo. 

    Havia esquecido totalmente que ela tinha me dito algumas semanas atrás, agora faltava só um dia para a cerimônia de noivado. Claro que não deixei transparecer que esqueci, conversamos por vinte minutos e desligamos a chamada.

    Organizei o quarto, coisa que fazia uma vez por mês, mas nesses dias tenho me preocupado com esses detalhes, se bem que não vivia lá “sozinha”. Mas por um tempo vou ter que tomar conta de tudo.

    Me arrumei e fui fazer compras, tinha que encontrar um vestido para o noivado. Passei por três lojas, incluindo uma boutique e não encontrei nada que chamou a minha atenção, as peças eram extravagantes demais e eu não gostava de coisas extravagantes e continuo sem gostar. Porém, ao passar de uma esquina, uma rua não muito movimentada, avistei uma lojinha que era bem pequena, quase que nem me apercebi.

    Por fim encontrei o que procurava, uma peça não extravagante, mas que chamava a atenção, aliás era o noivado da única amiga que tinha que me produzir. Fui atendida por uma senhora que nunca iria imaginar que ela teria um ótimo gosto, as peças eram únicas, eram simples, mas chiques. 

    Escolhi um vestido vermelho de alças. Não era nem muito curto, nem muito comprido. Era perfeito para mim. Ao sair da loja tirei uma foto para não me esquecer e também para mostrar para a Susan.

    Quando reparei já era noite. Decide fazer algo diferente, sempre comprava fast food, mas naquela noite decidi cozinhar, mas não tinha uma cozinha. Lembrei de uma senhora lá perto que eu tinha ajudado ela a achar o seu cachorro anos atrás e que eu tinha passe livre para ir em sua casa. Passei na loja comprei frango, legumes, arroz e uma garrafa de vinho. E fui na casa dela.

    Bati a porta e esperei por uns minutinhos para que ela abrisse a porta. Foi uma surpresa ao me ver lá, ainda mais naquele horário, entrei e preparei o jantar e sentamos, mas antes de comermos fizemos uma oração. Ela era religiosa, e nunca se esquecia de fazer a suas orações. 

    Comemos, conversamos e fiz ela sorrir muitas vezes como antigamente. Senti a alegria crescendo e refletindo nos olhos mesmo com a idade já elevada ela era linda, dava para ver que fez muito sucesso quando era jovem. Olhei para o relógio e já eram 22h, já tinha passado a hora de tomar os meus medicamentos. Ela se despediu de mim com beijos e abraços.

    — Realmente foi uma surpresa te ver hoje, muito obrigada por se lembrar de mim — disse a senhora me abraçando com lágrimas de felicidade nos olhos.

    A senhora Margon era uma velha solitária, no início quando fui viver naquele prédio, acabamos por criar laços devido ao seu cachorro, o Mayko. Ele havia desaparecido de casa por três dias, a senhora ficou muito preocupada afinal era a sua única companhia depois da morte do seu marido. 

    Felizmente o Mayko se refugiou na lata de lixo e assim que o vi levei o cachorro para ela, me convidou para entrar na casa, me encheu de biscoitos e chá. E desde aquele dia sempre passava lá de manhã acompanhado de um saquinho de pão e uma caixa de leite, de vez enquanto variava a receita. Com as cargas horárias parei de ir lá até hoje.

    A visita não só tinha feito o bem para ela, mas para mim também. Assim que cheguei em casa, tomei os remédios, tomei um banho e fui me deitar. Demorei uns minutos até pegar no sono, a minha mente estava cheia de pensamentos aleatórios. Por exemplo, de como seria ter uma família, de ter alguém se preocupando em trazer flores e bombons para mim. 

    Sempre tive uma paixoneta por girassol, apesar de muitos não gostarem delas. Gostava delas porque contam a histórias de que elas florescem juntamente com o sol e acompanha o movimento do sol desde do seu nascer até se pôr. Fiquei relembrando as histórias antigas que ouvi até que por fim acabei pegando no sono. Após criar inúmeras histórias na minha cabeça. 

    Levantei de manhã com uma ótima disposição, peguei no celular e liguei para Susan para lhe perguntar se ela precisava que eu a ajudasse em alguma coisa.

    — Não é necessário se preocupar, já está tudo prontinho. Contratei uma ótima empresa de eventos. Vê se chega às horas — disse e depois desligou a chamada.

    Normalmente eu sempre me atraso para os encontros que marcamos, isso já era sabido para ela. Não sei o  porquê, mas estava muito ansiosa para a festa, estava sentindo que algo iria acontecer na festa, só que não sabia se era uma coisa boa ou má.

    A festa iria começar às 17h então eu tinha tempo de sobra. Fui fazer a minha caminhada matinal, ao regressar entrei na padaria para comprar uns pãezinhos e lá lembrei que era o aniversário do aparecimento do Mayko, comprei uma torta de chocolate e deixei na casa da senhora Margon. Ela ficou muito contente por eu ter me lembrado. 

    Mas antes de eu ir à casa ela me pediu para levá-lo para passear, e eu não tinha como negar.

    O ele era um cão bem-educado, gostava de brincar de bolinha. Eu jogava a bola e logo ele saía correndo para pegá-la, o problema é que nunca se cansava, totalmente diferente de mim. 

    Brinquei com ele por uma ou duas horas já não me lembrava, decidi parar quando senti uma leve tontura, era devido ao sol. 

    Estava um calor danado naquele dia, sentia o sol na derme da pele. Ao voltar para casa lembrei que tinha que comprar um presente para levar, não podia simplesmente ir de mão abanar a Susan iria me matar.

    Ela gostava de receber presentes mesmo sem nenhuma comemoração, ela amava receber presentes. Se quiseres fazer ela feliz lhe davam presentes. Levei o cachorro de volta para casa e regressei para o meu quarto.

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