Acenei com a cabeça, concordando com ele. Ele entrou no quarto e tirou o casaco, pude reparar que seu olhar estava muito fixado nas coisas ao redor. O quarto era bem simples, sem necessidade de comprar novos móveis, porque em tempos, dividia o quarto com alguém. A luz fraca que entrava pelas brechas das cortinas que tanto amava, diminuía a intensidade das luzes, deixando o quarto pouco iluminado. 

    O ambiente perfeito para alguém que somente dormia de manhã. A fraca luz amarela do abajur na mesinha esquerda, iluminava o ambiente e deixava-o mais envolto na escuridão. As paredes, revestidas com papel cor creme, um pouco desbotado, pareciam absorver a pouca luz que havia. 

    O mobiliário, simples e desgastado, típico de um apartamento antigo. A cama, onde eu repousava meu corpo cansado após um dia difícil, era um verdadeiro refúgio. Os lençóis brancos, com bordas floridas, me envolviam como um abraço acolhedor, permitindo que eu mergulhasse em um mundo de tranquilidade e esquecesse, por um momento, as preocupações do exterior.

    Aproximou-se, me pegou pela cintura e beijou tão suavemente que me fez derreter nos teus braços. 

    Colocou sua mão esquerda na minha mandíbula, apertando-a com força. Me puxou para frente e me beijou novamente, não muito suave como da primeira vez. Os nossos lábios entrelaçados transmitiam química, a respiração cada vez mais intensa. Tudo que importava naquele momento era ele e eu, nada mais. 

    O mundo ao nosso redor parecia desaparecer, como se estivéssemos envolvidos em uma bolha de intimidade. 

    Deslizou a sua mão para o meu pescoço, enquanto beijava a minha orelha. Desceu até os meus peitos mordendo suavemente, senti suas mãos descendo o fecho do meu vestido, estava ofegante. Sem notar, ele me tirou o vestido, deu um passo para trás olhando de cima a baixo, e simplesmente senti os seus olhos cravados no meu corpo. 

    Sempre tinha vergonha do meu corpo, achava os meus peitos pequenos e   meu corpo ligeiramente estreito. Mas, a maneira que ele me olhou, por algum motivo, não me senti envergonhada. Ele me fitava com puro desejo, louco para me devorar. 

    Eu estava usando um conjunto de lingerie preta com rendas nas bordas, havia comprado durante uma saída com a Susan. Ela adorava fazer compras. Ele se aproximou, como um gato manhoso cheio de amor para dar. Suspendeu-me para seu peito, cravando suas mãos na minha bunda. Quando ele apertou as minhas nádegas, senti o meu coração acelerado. Nem consegui me conter, e o beijei cheia de tesão. 

    Me jogou na cama e desabotoou a camisa me encarando com os lábios entreabertos, acabei ficando cheio de vergonha. Pude ver o seu corpo musculoso e as veias aparecendo nos braços. 

    Subiu na cama me beijando o umbigo até a minha orelha. Eu estava nervosa, comecei a tremer, eu estava tão tensa que até ele reparou. Se aproximou do meu ouvido e disse.

    — Calma, Karon… 

    A voz dele era tão suave e delicada que me relaxava a mente e o corpo. O seu toque, o jeito que ele olhava para mim enquanto me beijava e me possuía, era diferente. 

    Não havia muito que pudesse fazer a não ser me entregar totalmente a ele.

    Ficamos fazendo amor a noite toda. E acabei adormecendo no seu peito quente e musculoso. 

    Eu estava imersa em um sono profundo e tranquilo, um descanso prazeroso que me fazia sentir como se estivesse flutuando pelo universo.

    No entanto, durante o sono, houve um momento em que não sabia se estava sonhando ou acordada. O sonho parecia tão vívido e real que a linha entre os dois se desvanecia. Sonhei que estava sendo puxado para dentro de um buraco negro, um abismo escuro e sem fim. 

    Eu gritei, mas minha voz parecia se perder na vastidão, ecoando em um silêncio absoluto. Não havia ninguém por perto, ninguém para ouvir meus gritos, por mais que eu tentasse chamar desesperadamente.

    Quando eu estava prestes a ser completamente engolida pela escuridão do buraco negro, uma voz cortou o silêncio, trazendo-me aos sentidos. 

    —  Karon?… Karon… — Era a voz do Jack.

    Comecei a perder a respiração.

    — Karon, acorda! Karon, por favor, respira — repetia ele.

    O Jack estava apavorado, tentando me fazer respirar. Confuso e sem saber o que fazer, perguntou-me: 

    — O que faço, Karon?

    Comecei a sentir muita dor, parecia que o meu coração iria parar. Estava com tanta dificuldade para respirar que mal conseguia falar, então levantei a mão e indiquei a mesinha. Tentei murmurar algo, rezando para que ele compreendesse.

    — Re… remédio. — murmurei.

    Me pegou no colo cuidadosamente e colocou o remédio na minha boca, agarrou o copo de água que estava no  lado esquerdo da cama e me deu. Precisei de uns minutos para recompor os meus sentidos. Durante aquele tempo todo ele ficou ao meu lado acariciando a minha cabeça até que eu pegasse no sono.  

    Quando acordei já era de manhã e ele já tinha ido embora. Fiquei um pouco pensativa por causa da noite passada. Ele deve ter tomado um grande susto.

    Acordei com um pouco de dor de cabeça.  Ao me levantar da cama, reparei num bilhete na mesinha, escrito:

    Desculpa, mas tive um assunto importante para resolver. Espero que estejas bem.

    Pensei que assunto era tão urgente, para um ser humano levantar em plena manhã para ir resolver. Creio que era só uma desculpa para não ser grosseiro, acabei por  não ficar com nenhum sentimento de ira ou ódio, já sabia como aquilo iria terminar. Mas por algum motivo, tinha um pouco de esperança que poderia ser diferente.

    Ao me levantar, caminhei pelo quarto, fui em direção à porta de cor creme que se encontrava ao lado do armário, e finalmente cheguei ao banheiro. Peguei na minha escova, cor de rosa, coloquei a pasta e escovei os meus dentes enquanto via meu rosto no espelho. Abri a  torneira, levando um pouco de água até meu rosto e parei por um momento me encarando no espelho.

     Já fazia um bom tempo que não tinha uma experiência dessas, naquele momento comecei a reparar cada detalhe meu, o rosto redondo, cabelos negros e olhos escuros como a noite. 

    Achava que era mais escura, igual a minha irmã. Nascemos com o mesmo tom de pele da nossa mãe, não muito clara nem muito escura, diria o tom ideal. Passei a mão no meu corpo sentindo as curvas, desde quando tinha dezessete anos o meu corpo já havia ganhado uma forma que permaneceu até hoje. A Susan sempre gozava comigo, me chamando de lobo de açúcar por causa do meu bumbum empinado.

    Todas aquelas lembranças me vieram à cabeça e me fizeram dar um sorriso. Peguei a toalha azul e entrei no chuveiro. A água quente escorria pela minha pele e dava vida ao meu corpo

                                                                 ****

    Voltei à minha rotina, redescobrindo a beleza nas pequenas coisas. Muitas vezes, me perdia observar a natureza ao meu redor, tentando encontrar calma no simples ato de olhar para o mundo. 

    Mas, enquanto isso, eu também me encontrei lidando com os desafios do dia a dia, compartilhando momentos com alguns colegas.

    Foi então que, quando a situação começou a apertar para mim, recebi um bilhete do companheiro de quarto. Nele, estava escrito que não poderia mais continuar dividindo o aluguel, pois havia encontrado outro lugar para ficar. 

    Agora, eu tinha que pagar a renda toda. Quando pensas que a coisa não poderia piorar, elas simplesmente desandam.

    Fui destruída psicologicamente pelo diagnóstico e por aquele maldito jogador de basquete, que eu nem sabia se realmente era um.

    Na sexta-feira, tomei uma decisão: depois do trabalho, iria reservar uma noite só para mim. Assistiria a um filme, abriria uma garrafa de vinho branco, sairia da dieta, choraria e, finalmente, dormiria até tarde. Afinal, no dia seguinte iria ser o meu dia de descanso.

    Estava prestes a fechar o restaurante, virei de costa para pegar minha bolsa que estava algures dentro do bar, ouvi a porta do restaurante se abrindo e fechando. pensei que era mais um cliente chato, sempre que fico quase fechando o restaurante, aparece um para me tirar a paz. Imediatamente digo:

    — Já vamos fechar! — disse, continuando a terminar de conferir.

    — Uma bebida, por favor.

    A voz era familiar. Virei rapidamente e, para minha surpresa, encontrei Jackson na frente do balcão, segurando um buquê de flores e uma caixa de chocolates. 

    Não sabia como reagir a essa situação inesperada.

    Ele parecia diferente, o cabelo alinhado, a barba feita e o rosto um pouco mais alegre. Havia se passado três meses desde aquele dia em particular.

    Já havia tirado as esperanças de que ele voltasse algum dia. Ideias invadiram a minha mente com possíveis situações que fez com que ele pensasse em mim e decidisse voltar.

    Será que ele foi sequestrado por alienígenas e esse tempo todo  tentava escapar para voltar para mim!? Ou até mesmo estava em uma missão secreta?! 

    Até que ele tinha um físico ideal para um agente secreto, aqueles mesmo que só olhar dava para saber o que tinha por baixo. Seria bom ter um relacionamento com tanta emoção, iria dizer ao meu coração “ — sinto muito, meu caro, mas irei viver ao máximo” 

    Aproximei um pouco de balcão e disse:

    — Esse é o seu pedido de desculpas. — disse.

    Ele baixou a cabeça por um momento e começou a falar:

    — Desculpa pela minha covardia, confesso que senti medo. No começo não sabia como agir, passei por alguns problemas.  

    As coisas aconteceram tão rápido entre nós,que eu precisava de um tempo para pensar, embora não tenha passado um dia sequer que não pensei em ti. 

    — Se me deres uma chance, irei te mostrar que já não sou aquele covarde que fugiu. Vim para ficar, Karon. — Ele falou olhando nos meus olhos, mesmo que tentasse esconder o meu corpo ainda vibrava por ele. Eu aindo queria, por isso não consegui ser rude.

    Saí do bar e peguei as flores na sua mão.

    — Quem te disse que eu gostava de girassol?! – disse cheirando as flores.

    Ele sorriu e se desculpou de novo. Olhei para ele bem no fundo dos seus olhos e sorri.

    — Acho que já chega de desculpas, quer ver um filme comigo?

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota