Capítulo 681 — O Retorno de Asabanor

Quanto mais avançavam pelo corredor, mais a escuridão se adensava. A temperatura ao redor também caía constantemente. Ainda era primavera no Novo Mundo, e embora o clima não fosse quente, certamente não deveria cair a tal ponto.

Depois de tossir algumas vezes, Chen Dao reclamou: “Eu lembro que no Novo Mundo deveria estar fazendo pelo menos uns dez graus agora, então por que está tão frio?”

“Por causa da energia de morte”, respondeu Xiao Lin, franzindo ainda mais o cenho. Ele era mais sensível a essa energia que os demais e podia senti-la se intensificando. A energia de morte era extremamente fria e sinistra, e a presença de ondas tão grandes de mortos-vivos já indicava algo. Normalmente, para se invocar um exército daquela escala, havia de existir uma concentração incrivelmente densa dessa energia nas proximidades.

Porém, o cemitério havia sido escolhido como arena tanto pela Academia Real quanto pela Academia Dawn, o que significava que os altos escalões de ambas haviam confirmado repetidas vezes que o nível de perigo não ultrapassaria a capacidade dos estudantes.

‘O que Asabanor fez com este lugar?’ pensou Xiao Lin.

Todos sentiam uma sombra de apreensão em seus corações. Afinal, já haviam confirmado que as torres de ressurreição não estavam funcionando, e ninguém queria morrer nessas condições.

Ao menos o exército de mortos-vivos havia parado de persegui-los, mas a misteriosa névoa atrás deles começava a ganhar velocidade. Xiao Lin concluiu que Asabanor estava ficando impaciente e usava aquilo para forçá-los a avançar.

Mesmo frustrados, só lhes restava apressar o passo.

O tempo parecia se arrastar. Embora não tivessem relógios, todos sentiam que já caminhavam por tempo demais naquele corredor estreito, gelado e sombrio.

“Será que é uma ilusão?” questionou Cheng Ming, franzindo a testa.

“Não”, negou Xiao Lin.

“Pode ser algum feito de magia do tempo ou espaço, distorcendo para mudar o local. Não, isso não está certo. Magias de espaço e tempo geram flutuações muito fortes e, de qualquer forma, ainda estamos num cemitério. Com a minha percepção, eu sentiria isso”, murmurou Gu Xiaoyue, logo caindo em reflexão. Mesmo para alguém com sua inteligência, a situação já extrapolava seu entendimento.

“É astrologia! É um feitiço astrológico!”, disse Xiao Lin de repente. Ele não conhecia o assunto a fundo, mas as palavras de Gu Xiaoyue o fizeram lembrar de algo que Song Junlang lhe contara: Asabanor era um renomado Astrólogo, profissão equivalente a um astrônomo na Terra.

“E o que isso tem a ver com o que está acontecendo?” perguntou Chen Dao.

“Não… não sei”, admitiu Xiao Lin, balançando a cabeça. Sentia que estava deixando escapar algo, mas tinha informação demais em falta. Desde a nomeação do novo reitor, as restrições sobre ele haviam aumentado muito, e seu acesso a dados importantes diminuíra.

“Resumindo, é só continuar andando!”, concluiu Chen Dao com um suspiro resignado.

Não havia mesmo razão para complicar. No fim, aquele corredor provavelmente levaria a um confronto. E, independentemente dos truques do inimigo, se eles vencessem, poderiam sair dali.

Xiao Lin afastou as dúvidas da mente e se concentrou novamente. Não podia se permitir distrações. Mesmo estando no rank Bronze, ele ainda tinha suas cartas na manga. Além disso, pelo que sabia, Asabanor continuava em estado espiritual desde que saíra da lua de sangue, e seus poderes estavam limitados.

Se o enfrentasse, Xiao Lin acreditava poder vencê-lo, mas não podia deixar que seu grupo fosse desgastado por um exército de mortos-vivos antes disso.

Não importava quão longo fosse o corredor, haveria um fim. Depois de um tempo incalculável, a visão de todos começou a clarear. Eles fecharam os olhos instintivamente, reabrindo-os com alerta e se colocando rapidamente em formação. Mas a cena à frente os deixou atônitos.

Diante deles estendia-se um vasto cemitério repleto de caixões e lápides. Alguns jaziam expostos, outros estavam semi-enterrados. O corredor havia desaparecido assim que pisaram para fora. Isso, no entanto, não era o que mais os surpreendia — distorções espaciais eram feitiços de alto nível, mas dentro do esperado.

O que realmente os deixou sem palavras foi o que brilhava no céu noturno acima: uma lua completamente vermelha-sangue, sinistra e estranhamente enorme. Seu tamanho superava em muito o normal, e todos podiam distinguir três pontos luminosos sobre ela. Um deles emitia um brilho azulado, atrás do qual ardia um orbe semelhante a uma bola de fogo. O terceiro parecia apagado, mas envolto por um halo rubro.

Os três pontos formavam uma linha reta perfeitamente alinhada com a lua de sangue, um espetáculo que os deixou chocados.

“Bem-vindo. Estive esperando por você há muito tempo.” A voz grave ecoou de repente, e todos sentiram arrepios. Soava próxima demais, como se alguém falasse junto a seus ouvidos. Cheng Ming reagiu de imediato, liberando a Aura de Espada, enquanto Chen Dao lançou uma rajada de fogo contra o céu vazio.

As explosões seguintes levaram An Luo a atacar também, mas Xiao Lin os interrompeu. Ele estreitou os olhos: na imensidão escura, uma figura negra flutuava, indistinta, mas inconfundível para ele. Era o alto sacerdote do reino caído.

Era Asabanor.

“Não adianta. Ele está em forma espiritual, pura energia, e parece protegido por feitiços defensivos. Não desperdicem forças”, disse Xiao Lin com calma, sem se deixar abalar.

O fato de Asabanor se apresentar tão abertamente indicava que estava preparado. Os ataques anteriores haviam simplesmente atravessado seu corpo, sem causar dano algum.

“Cão sem dono, ousa pisar no território da Academia Dawn? Não teme perder a vida aqui?” provocou Xiao Lin, avançando para proteger os outros.

Ele havia notado as palavras do inimigo: “você”, e não “vocês”. O significado era claro — o alvo final era apenas Xiao Lin; os demais haviam sido arrastados por azar. Por isso, sua intenção era atrair a atenção de Asabanor para si. No pior dos casos, poderia ganhar tempo para que os outros escapassem.