Capítulo 707 — Museu

Xiao Lin e Song Junlang chegaram à Cidade da Fronteira ao entardecer. A pequena cidade era um lugar bastante remoto na União Weier, mas graças ao desenvolvimento turístico dos últimos anos, possuía todas as instalações necessárias: hotéis novos, ruas limpas, várias lojas e até mercadorias chamativas.

Porém, devido à declaração de guerra da Academia Dawn, todas as lojas ao redor haviam decidido fechar. Na verdade, mais da metade das pessoas na Cidade da Fronteira era de diversas academias da Terra, mas os motivos da Dawn para a guerra desta vez eram vagos e poderiam ter como alvo as outras academias também, o que fazia com que todos se mantivessem cautelosos.

Como acontecia na maioria dos territórios sob colonização, a União Weier estava completamente coberta por torres de ressurreição, de modo que ninguém estava particularmente preocupado em morrer. Mas não era impossível que fossem restringidos de alguma outra forma. Além disso, era inteiramente possível que a Academia Dawn fosse ainda mais cruel, enviando suas tropas para guardar as torres de ressurreição e matando todos assim que ressuscitassem, até que esgotassem sua expectativa de vida — essencialmente os acampando no ponto de renascimento.

Sob uma atmosfera tão horrível, a Cidade da Fronteira era um lugar bastante deprimente, como se a noite estivesse prestes a cair. É claro que os próprios estudiosos da Academia Dawn pareciam muito mais à vontade, comendo e bebendo como se nada estivesse acontecendo.

Xiao Lin pensou que se hospedariam em um hotel, mas Song Junlang tinha outros planos. Não estavam com muito ânimo para admirar pontos turísticos. Assim, mais tarde, na parte sudeste da cidade, entraram em um museu de aparência antiga.

O museu estava fechado, mas Song Junlang levou Xiao Lin por um caminho lateral até uma pequena porta, entrando de forma bastante familiar.

Embora fosse noite, todas as luzes do museu estavam acesas. Eram todas lâmpadas mágicas de alto nível. Quando Xiao Lin passou às pressas, lançou um olhar a alguns dos objetos em exibição: em sua maioria, artefatos de milhares de anos atrás, vindos do Novo Mundo. O público-alvo do museu era, naturalmente, os colonos da Terra, já que os locais não demonstravam muito interesse por esse tipo de coisa.

Xiao Lin lembrava-se de ter ouvido em uma palestra que os nativos do Novo Mundo também registravam sua história, mas devido à grande quantidade de raças e países, além de várias informações perdidas, a verdadeira história havia sido compilada pelos colonos da Terra e os diversos museus eram a prova dessa pesquisa.

“Mais tarde, você vai conhecer alguém. É o curador deste museu. Prepare-se, provavelmente teremos que gastar algum dinheiro.” Sob a luz mágica, Song Junlang falou friamente.

“O quê?” Xiao Lin já estava suando.

Antes que pudesse perguntar mais alguma coisa, Xiao Lin conheceu o curador. E ele era completamente diferente da imagem que tinha em mente. Não era um historiador educado, nem um arqueólogo cercado de equipamentos para analisar antiguidades.

Era um homem russo incrivelmente robusto e careca. Ainda estava no início da primavera, e a temperatura no Novo Mundo era bem baixa, mas o homem estava de torso nu, segurando uma garrafa de bebida desconhecida. Xiao Lin sentiu o cheiro forte de álcool de longe e, talvez por ter bebido demais, o corpo inteiro do homem emanava calor.

“Oh? Song Junlang! Seu moleque atrevido, como ousa aparecer aqui! Você ainda não pagou a conta da última vez! Como ousa aparecer diante de mim?!” O russo arregalou os olhos assim que viu Song Junlang. Sua pronúncia era muito boa, até com um leve sotaque do norte, mas o calor em seu corpo começou a avermelhar-se como chamas — o sinal de uma Aura de Espada Flamejante.

Xiao Lin se assustou imediatamente. Pensava que o curador fosse amigo de Song Junlang, mas parecia pronto para lutar no instante em que o viu. Xiao Lin preparou-se para se defender, mas só pôde sorrir amargamente ao sentir-se impotente: estava sem poderes.

Song Junlang, por sua vez, não parecia assustado e nem tentou evitar nada. Apenas abriu os braços e sorriu: “Meu velho amigo, você não vai conseguir receber nada se me matar. Não vim justamente para devolver o dinheiro?”

“Oh? Veio pagar a dívida? Deixe-me avisar, os juros são bem altos!” O careca riu friamente, mas as chamas ao redor de seu corpo diminuíram um pouco.

“Não se preocupe! Vou devolver cada centavo. E mais: encontrei um novo negócio para você — algo que vai te render uma fortuna!” Song Junlang piscou e se moveu para o lado, empurrando Xiao Lin para a frente.

O homem careca semicerrou os olhos, examinando Xiao Lin. As chamas ao redor de seu corpo desapareceram por completo. Ele ergueu o queixo com curiosidade e assentiu: “O departamento de inteligência da sua academia já entrou em contato comigo, e vou receber uma boa soma se capturar esse garoto. Não é muito para mim, mas ainda é melhor que nada!” Dito isso, estendeu a mão para capturar Xiao Lin.

Xiao Lin arregalou os olhos. Por que sentiu que havia sido vendido para pagar uma dívida?

Song Junlang rapidamente se colocou entre os dois, afastando a mão do homem e baixando a voz com expressão severa: “Alexei, pare de fingir. Você sabe por que trouxe ele aqui. Apenas nos diga. Precisamos do Santo Graal.”

O homem careca — Alexei — mostrou surpresa ao ouvir as palavras ‘Santo Graal’. Pareceu sóbrio de repente, lançando um olhar de cima a baixo em Song Junlang e Xiao Lin. Então resmungou, irritado: “Song Junlang, você é mesmo um rato. Apenas um punhado de pessoas sabe disso. Enfim, entrem, vamos conversar.”

O escritório de Alexei era pequeno e bagunçado. O ar estava impregnado pelo fedor de álcool, e as garrafas vazias espalhadas pelo chão eram a prova do quanto aquele homem era alcoólatra.

Xiao Lin permaneceu em alerta, observando Alexei. Fazia sentido que Weier estivesse sob a influência da Academia Dawn, com as academias britânica e americana como apoiadoras, mas era muito estranho que um russo tivesse um museu ali. A Voyna Akademiya ficava extremamente distante da União Weier. No entanto, aquele sujeito parecia ter se adaptado bem, e por seu mandarim fluente, ficava claro que vivia ali havia muito tempo.

“Devolva primeiro o dinheiro da última vez, só então podemos falar de negócios. Caso contrário, esqueça!” Alexei deu outro gole na bebida e gritou.

Song Junlang tirou um cartão e o jogou na mesa, dizendo: “Passe você mesmo. O valor a mais vai contar como recompensa por este trabalho.”

Song Junlang agiu como se não fosse nada, mas Xiao Lin arregalou os olhos. Não havia dúvida: aquele cartão era dele! Ele o havia deixado na academia antes de partir para o torneio!