Índice de Capítulo

    Angel e Doug estavam na fazenda de um velho senhor, eliminando todas as ervas daninhas do local usando uma pequena foice. A fazenda inteira era cercada por uma cerca de madeira, com uma área extensa, tendo sua casa perto da entrada, e, atrás da residência, currais divididos para cada animal. Quando a garota viu isso pela primeira vez, ela ficou espantada com os animais.

    Um dos animais presentes eram duas aves do tamanho de um canguru, um macho e uma fêmea, juntos de seus filhotes que tinham o tamanho de cachorrinhos poodles. Os pássaros não voavam, eram gordos demais para isso, e tinham quatro olhos, os principais, e outros dois acima dos de baixo, com o tamanho bem reduzido do habitual para um bicho daquele porte.

    Os outros eram vacas vermelhas, além de ter um lagarto sozinho. Aquele réptil se chamava de skrug, e servia como montaria. Eram extremamente dóceis, gostando de coisas como cafuné na cabeça ou barriga, além de seus rabos serem longos e finos, com a ponta tão dura quanto metal, diferente do resto do seu corpo, que era bem macio. Caso entrassem em confrontos, seus rabos eram suas maiores armas. Nada de mordidas ou arranhões, já que não possuíam dentes ou garras. Sendo assim, para se alimentarem na natureza, nadavam em busca de peixes para engolir em apenas uma bocada, ou iam em busca de animais com o tamanho o suficiente para caber na boca e passar pela garganta sem problemas de asfixiação.

    Além disso, tinha um espaço maior reservado para sapos azuis com chifres, do tamanho de pitbull crescido. Esses anfíbios adoravam se cobrir de lama, e era o que esses animais daquela fazenda faziam.

    Definitivamente, uma visão que deixaria qualquer amantes de animais admirados com as espécies que habitavam neste mundo.

    Enfim, a parte em que arrancavam as ervas daninhas ficavam na plantação de pimentas azuis, que era bem extensa. Enquanto arrancavam, borrifavam um líquido chamado “mata-erva” que, como o nome autoexplicativo dizia, matava as ervas daninhas, causando apenas efeito nessas plantas. O único lado ruim era que precisavam usar um pano tampando o nariz, porque, além do cheiro daquele líquido ser extremamente forte, fedia.

    A sequência seguia dessa forma: arrancar e borrifar. Normalmente, essa tarefa demoraria um bocado, ainda mais que eram apenas duas pessoas, mas com Angel ajudando, o trabalho ficou mais rápido. Foi ela que mais arrancou e borrifou, e isso se deve a sua força e velocidade superior à de Doug, que, ao final da tarefa, já estava cansado.

    — Finalmente! — disse aliviado, descansando no chão, e olhando para suas mãos que estavam cobertas por luvas de borracha, assim como as de Angel.

    — Você tá bem cansado, viu? — falou Angel, o olhando.

    — Como que… você conseguiu arrancar mais do que eu e ainda ficar de pé? Pior! Não está nem soando!

    — Talvez seja porque nós somos de naturezas diferentes. — Ela estendeu a mão para puxá-lo, com ele aceitando.

    — Está me chamando de fraco?

    — Não. Só estou dizendo que isso é resultado de onde eu nasci e de onde você nasceu. Eu sou bem forte, olha só

    Ela levantou um pouco a camisa, mostrando sua barriga trincada.

    — Claro, isso não é o sinal da minha verdadeira força, mas é um índico. Quando mais nova, eu era bem dedicada em ser forte… Doug? Doug? Ei, Doug! Está me ouvindo?

    O rapaz acabou ficando hipnotizado com a barriga da garota, não conseguindo desviar o olhar ou escutá-la.

    — Terra pra Doug! Deadpool ligou e pediu pro Ryan Reynolds não lançar aquele filme do Lanterna Verde. Acorda! — Estalou os dedos perto dos seus olhos, chamando sua atenção.

    — P-perdão?

    — Vamos ir logo avisar pro proprietário que terminamos.

    — S-sim.

    Angel foi na frente, com o rapaz ficando para trás. Ele ficou alguns segundos se lembrando daquela barriga trincada, então, levantou sua blusa, para ver sua própria barriga, que definitivamente era tudo menos trincada.

    — Será que ela gosta de caras com uma barriga padrão? — sussurrou.

    Tentou esquecer esses pensamentos e seguiu a mulher.

    Andando diretamente à casa, puderam ver o senhor de idade, dono daquela terra, saída da residência e descendo as escadas da varanda com uma bandeja com dois sanduíches e suco.

    — Senhor Miller, terminamos o serviço — disse Angel, completamente satisfeita com o seu primeiro trabalho para guilda.

    — Ótimo. Muito obrigado, jovens. Por favor, aceitem esse agrado, enquanto isso vou escrever uma carta pra guilda avisando o bom trabalho dos dois.

    Deu a bandeja nas mãos de Angel, que ficou animada com aqueles lanches que recebeu.

    Os dois se sentaram na escada, enquanto aproveitavam o lanche e viam o céu, que logo iria escurecer. Chegaram naquele local pra parte da tarde, e acabariam tendo que voltar só a noite.

    — Ele disse que ia escrever uma carta para a guilda. Isso significa que não receberemos a recompensa agora, Doug?

    — Sim, a guilda vai analisar a carta para ter a identificação. Vão fazer isso analisando as digitais dele. Depois de dois ou três dias, receberemos o dinheiro.

    — Entendi, e isso é um problema…

    — Por quê?

    — Eu ia usar o dinheiro pra ficar em uma pousada, mas já que essa missão não é do tipo que basta levar os recursos necessários…

    — Oh, perdão, eu não tinha pensado nisso.

    Isso não havia passado pela cabeça dele, e quando viu o estado em que Angel ficaria, provavelmente tendo que dormir na própria guilda, ou na rua, se sentiu culpado. Entretanto, acabou pensando em uma solução para isso, mas era algo que, ao menos para Doug, teria que ter coragem.

    Sendo assim, bebeu todo suco de uma vez, e, com confiança, perguntou:

    — Você… gostaria de… dormir na minha casa enquanto não arruma um lugar pra morar? — Fechou os olhos, com medo da resposta que ela daria.

    Na verdade, ele queria perguntar se a garota toparia morar com ele permanentemente, mas não tinha a coragem necessária, além de que, na forma que queria propor, não fazia sentido já que não eram namorados.

    — Claro! Por que não?

    O homem se espantou com a facilidade que a garota aceitou. Esperava que fosse recusar e dar alguma desculpa para não ir, que ele entenderia perfeitamente., até porque eles acabaram de se conhecer.

    — S-sério?

    — Bem, sim. Esperava que eu não fosse aceitar?

    — B-bom, é que acabamos de nos conhecer, e seria estranho alguém aceitar tão rápido.

    — Ah. — Entendeu seu espanto, ponderando por alguns segundos sobre essa sua falta de despreocupação. — Bem, não é como se eu estivesse em risco dormindo na mesma casa que você ou qualquer outra pessoa nessa cidade. Acredite, sou uma pessoa extremamente treinada e forte.

    — É mesmo…?

    — Se eu quisesse, poderia derrubar aquela árvore ali no soco. — Apontou para uma árvore fora daquela fazenda.

    Doug riu.

    — Você está exagerando, Angel. Nenhum humano comum conseguiria derrubar uma árvore na porrada.

    — Será que estou? — Deu um sereno sorriso em sua direção, que fazia o coração do rapaz saltitar. Entretanto, esse sorriso também exalava um forte ar de confiança, fazendo o homem pensar sobre o que ela disse.

    “Ela tá brincando, não tá?”, talvez sim, talvez não.

    — Desculpe atrapalhar o casalzinho, mas já escrevi a carta. — O senhorzinho voltou.

    — Somos apenas amigos, senhor — falou Angel, rindo daquela confusão, enquanto Doug estava envergonhado.

    — Oh, mesmo? Desculpe minha ignorância.

    O senhor entregou a carta ao homem, enquanto Angel pegava os copos vazios e os entregavam junto da bandeja: haviam terminado o lanche.

    — Ai, esse mundo está uma loucura, não é mesmo? — disse o velho homem.

    — O que você quer dizer? — perguntou Doug.

    — Estava lendo o jornal essa manhã, e no em Schalvalt, o país do sul, foi avistado duas criaturas inimigas de Deus lutando em um restaurante. Sinceramente, assustador.

    Angel ficou incrédula. Aquela notícia era a mesma que viu com Dante há um tempo. Sobre a luta que o garoto teve com Altair, utilizando de seus poderes. Se preocupou, questionando se isso poderia ocasionar em algum problema, já que esse acontecimento estava nas mãos de outro país.

    — E você acredita que isso seja verdade, senhor? — Angel perguntou.

    — Eu não sei, mas sou bem cético. O jornal mente muito nos dias de hoje. Na minha época era melhor! O jornal era tão real que contavam até o preço dos bordéis. E eu fico triste por vocês, jovens, nascerem em uma época em que o jornal é mesmo que esterco.

    Angel riu, pensando em como isso era irônico. Entretanto, isso ainda a preocupava.

    “Dante não sabe que eu sei, mas tenho conhecimento de suas mortes… mas nunca achei o melhor momento para conversar com ele sobre isso.”, suspirou.

    “Já vacilei com ele tantas vezes… Não o protegi como deveria. Porém, se ele começar a ser perseguido por causa dos meus poderes…”, olhou para a palma da mão.

    “Se tiver que matar, eu vou. Humano, anjo ou demônio.”

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