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    Subiram ao topo daquela árvore, por uma escada de madeira em espiral encostados na parede. No topo, pararam em um corredor de madeira, com algumas janelas que permitiam ter uma visão de fora em uma grande altura, e entrar iluminação. Também tinham tochas nas paredes desse corredor, e também na subida, para fazer esse trabalho. Se depararam com uma porta que os levaria até a sala da chefe da aldeia.

    — Atrás desta porta, está a nossa chefe, Aisha,  junta da chefe da aldeia das Drill, Aura — falou Sora, ainda segurando Mem pela gola, que, a essa altura, só esperava que seu sermão não fosse tão pesado quanto provavelmente seria.

    — Muito obrigado por nos levar até aqui — disse o orc.

    “Drill?”, não passou nada na mente do garoto de imediato, que identificasse o que seria um ou uma “drill”. Nunca ouviu falar em uma raça de monstros como essa em algum RPG ou anime. Se esforçou mais um pouco para pensar, e só conseguiu se lembrar das Beedrill, de Pokémon, já que um nome lembrava um pouco o outro.

    Nesse momento, o jovem percebeu uma coisa e se questionou: por que em toda história de viagem para outro mundo tinha os mesmos monstros e magia, e como isso se refletiu na situação que estava agora? Havia muitos elementos iguais à ficção naquele lugar: dragões, magia, orcs, e tudo mais.

    Dante se perguntou se o criador daquele mundo não se baseou nessas histórias ficcionais para criar esse lugar, porque seria a única explicação lógica. “Mas por que ele escolheu esse especificamente?”, mais um questionamento surgiu em sua mente. Se o garoto fosse o tipo de pessoa que não tinha a engrenagem que fazia seus parafusos cerebrais funcionarem, sua cabeça estaria saindo fumaça agora.

    — Dante?

    — Hã?

    Todo aquele pensamento o tirou do foco para o motivo de estarem ali, o fazendo ir para o mundo da lua. Felizmente, Grond o salvou, o resgatando de questões que muito provavelmente ele não receberia a respostas.

    Percebendo que receber a resposta para essa pergunta poderia ser tão complicado quanto zerar Cuphead com uma mão, ele apenas desistiu de pensar nisso.

    — Vamos entrar.

    O jovem assentiu. O orc abriu a porta, se deparando com um escritório. Era um lugar de tamanho médio, com alguns vasos com plantas, servindo de decoração, e quadros com outras harpias desenhadas, provavelmente as líderes anteriores. Havia quatro cadeiras naquela sala, duas no canto, onde uma delas estava Aura, e outras duas em frente a outra, separadas por uma mesa. Atrás da mesa, lá estava Aisha, a atual chefe daquela aldeia, olhando para os dois que acabaram de entrar.

    Ela ficou confusa no início, pelo orc estar acompanhado de um humano, mas não questionou, e nem o temeu.

    — Muito bem-vindos, vocês dois.

    Ela se levantou, indo até os dois. Primeiro, levou sua mão no ombro do orc.

    — Você senta aqui.

    O fez sentar onde estariam cara a cara para conversar.

    Depois disso, foi até Dante, fazendo o mesmo, mas levando para a cadeira do fundo da sala, onde, ao lado, estava a drill.

    — Você senta aqui.

    Depois disso, a mulher andou em direção ao seu assento.

    — Você sempre vem aqui? — disse a mulher abelha, olhando para o jovem com curiosidade.

    — Não — respondeu Dante, de forma seca.

    — Nossa, sua vida deve ser uma merda, então.

    Ao ouvir isso, virou seu rosto completamente para o lado, ficando desconfortável ao lado dela.

    — Meu nome é Aura, prazer.

    Ela estendeu a mão, e o jovem a cumprimentou, ainda sem olhar para ela.

    — Dante Katanabe — respondeu.

    — Então, foi seu pai que o mandou para cá? — A Harpia começou com o assunto — Vejo que ele não tem tempo para vir aqui resolver isso, já que mandou o próprio filho. — A ideia que queria passar, era que o orc fosse preguiçoso, mas suas palavras fizeram parecer que ela quis dizer que ele tinha coisas mais importantes para fazer. Mais importantes do que evitar um confronto.

    — Na verdade, meu pai morreu. Eu sou o novo líder da aldeia orc.

    Quando ouviu, seu rosto embranqueceu, e depois se avermelhou. Se arrependeu de ter tentado alfinetar um homem morto, o chamando de preguiçoso.

    — D-desde quando?

    — Ontem.

    — S-sinto muito.

    A garota encolheu os ombros, ainda sem graça pelo o que disse.

    O local ficou silencioso por alguns segundos. Grond limpou a garganta, e decidiu tomar o assunto adiante.

    — Então, sobre o aviso de guerra, devo dizer que isso foi um baita de um mal entendido.

    Aliviada com a resposta do orc, ela suspirou alto.

    — Ainda bem… Um de vocês veio até aqui para passar essa informação falsa.

    — Você sabe me dizer quem foi que veio aqui? — Olhou para ela seriamente. Sua primeira hipótese para quem foi que fez esse falso aviso era Sullivan, então, queria poder confirmar.

    — Se não me engano, o nome dele é Sullivan.

    “Bingo…”, foi o que pensou, nada animado com o que aconteceu. Com isso, ele começou a pensar que o homem poderia trazer mais problemas, só por causa da birra que criou com Dante, então, teria que tomar cuidado.

    — Mas posso saber porque um dos seus fez isso? Se foi uma piada da parte dele, não teve a menor graça.

    O rapaz suspirou, extremamente decepcionado com a atitude dele.

    — O que aconteceu foi…

    Grond explicou o que aconteceu desde a chegada de Dante a aldeia até o exílio de Sullivan. E do porquê o orc fazer o que fez. O homem também chamou o garoto, que ficou em pé ao lado dele, para falar sobre a hora que foi esfaqueado.

    — Entendo. — Aisha ouviu com atenção toda a história, e disse o que achava ser o óbvio: — Esse orc provavelmente vai causar mais problemas pra vocês.

    Com a história resolvida, não era mais necessário se preocupar com uma guerra entre aldeias. Entretanto, o orc não queria acabar ali, e propôs uma ideia:

    — Aisha, o que você acha de nós assinarmos um pacto de amizade entre nossos territórios e resolver as nossas diferenças? Também iremos nos ajudar, no que for.

    A oferta era tentadora, e ela não via motivos para recusar. Aura, no fundo da sala, estava fazendo sinais positivos com as duas mãos, com um sorriso no rosto, chamando sua atenção.

    — Bem, por que não?

    Feliz com a resposta, o homem esperou pacientemente até que isso fosse feito. A mulher abriu a gaveta de sua mesa, pegando uma folha de papel, e uma pena com tinta na ponta.

    — Ei, posso perguntar o porquê de vocês ficarem entrando em guerra? — disse Dante, que ainda não sabia o motivo do confronto passado deles.

    — Bem, desentendimentos de nossos pais. — Assim como Grond, ela tomou o posto de líder após sua mãe não poder mais, só que, nesse caso, não era o seu pai — Um lado roubando comida do outro… brigas por territórios… Parando para pensar, sempre foi por motivos idiotas que poderiam ser resolvidos no dialago.

    Ao pensar nisso, se perguntou se esses eram realmente os principais motivos das guerras, e se sim, por que guerrear por causa disso? Coisas tão simples que poderiam ser resolvidas na conversa, e sendo terminadas em lutas sanguinárias. O orc também percebeu isso, e também se questionou se tinha algo a mais.

    “Parando para pensar…”, ele se lembrou de momentos em que podia ver seu pai resmungando sobre a chefe anterior da aldeia das harpias, mãe de Aisha.

    — Eu acho que… nossos pais se odiavam, e isso resultava nessaa guerras sem sentindo…

    Quando comentou sobre isso, a garota também se lembrou de momentos em que ouvia sua mãe falar sobre Gradel, as vezes lançandos comentários passivo-agressivos sobre ele.

    Mas se a guerra fosse movida só por uma relação de ódio entre os dois, ninguém estaria disposto a batalhar por um motivo besta, a não ser se fosse feito alguma chantagem de cada líder para isso, o que não era o caso de ambas as duas aldeias.

    — Sério? Que idiotice! — Aura exclamou — Por outro lado, minha aldeia nunca entrou em conflito com ninguém. — Estufou seu peito, se enchendo de orgulho.

    — Bem, tanto faz! O que importa é que vamos estabelecer uma amizade entre territórios. Além do mais, mesmo se voltássemos a brigar, algo que, sinceramente, não há a menor necessidade, os orcs não venceriam de nós de qualquer forma.

    — Perdão? Mas não foram vocês que perderam a última batalha? — falou o homem, levemente incomodado com o que ela disse.

    — Não sei do que você está falando, lembro-me bem de que vencemos a maioria.

    Grond se levantou da mesa, chocado com o que recebeu em resposta.

    — O quê? Além de não responder a minha pergunta, você contou uma mentira!

    — Não é mentira! — Ela também se levantou, batendo com força na mesa — Nós vencemos a maioria das batalhas, vocês, fracotes, que não foram pareis para nós.

    — “Fracotes”?! Quer que eu te mostre quem é o fracote aqui?

    — Ah, é? Você está querendo lutar comigo? Então só vem, seu bosta! Você é fraco! Eu te rasgo da boca até o cu!

    De repente, sentiram uma forte cutucada em seus olhos, o que fizeram levar toda a atenção para a dor que estavam sentido.

    — Já pararam com essa palhaçada?

    Quem fez isso foi Aura, que cruzou seus braços e emburrou o seu rosto, enquanto olhava para os dois em irritação.

    — Aura, mas que porra foi essa? — exclamou Aisha, indignada com o que sua amiga acabara de fazer.

    — Qual o problema de vocês? Estavam numa boa agora a pouco e começaram a se atacar verbalmente! Por que estão brigando para ver quem é superior ao outro? Ao invés de fazerem o pacto de amizade logo, que seria mas beneficiente? — Ela virou para Dante, que estava no canto, tentando ao máximo não se envolver — Concorda?

    — Uh… uhu! — Apenas concordou.

    Os dois viraram os rostos para lados opostos. Entenderam a reclamação da Drill, e envergonharam-se das atitudes que estavam tomando há pouco. Não fazia sentido e nem era beneficente.

    — Então, dá para vocês…!

    De forma repentina, a porta do escritório se abriu com força, fazendo um barulho estrondoso, e dando um leve susto em todos ali.

    — Senhorita, nós temos um problema! — Quem apareceu ali foi Sora, que estava ofegante e com o rosto cheio de preocupação.

    Essa reação da mulher significava que algo verdadeiramente ruim aconteceu. Ela analisou a grã-mestre de sua aldeia, vendo o medo em seu rosto. Mesmo temendo o motivo dessa reação, sua curiosidade falou mais alto.

    — O que aconteceu?

    — É o Cavaleiro de Pedra, senhorita! Ele acordou de seu sono de décadas!

    Todos daquela sala arregalaram seus olhos. Um medo genuíno tomou o corpo e a mente deles. Dante, que não sabia do que se tratava tal criatura, ficou aflitivo sobre isso, até porque, se todos ali temeram o nome desse monstro, era porque se tratava de um perigo em potencial.

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