Índice de Capítulo

    Com a morte do Cavaleiro de Pedra, um grande suspiro de alívio pairou no ar, porém, também estava carregado de dúvidas. “Para onde foram aquelas cópias?” e “elas retornariam?” eram as questões levantadas na mente de todos que presenciaram.

    No entanto, parecia que as cópias sentiram a presença da mulher que se denominava a dragoa Sion, e temeram por suas vidas. Apenas o original aceitou seu destino, por um motivo que não compreendiam.

    — Bem… trabalho feito. — A mulher nua logo pegou seu manto jogado no chão, cobrindo a sua pele e suas partes preciosas.

    Um gemido de dor agudo ecoou pelo local. Grond ainda segurava, em lágrimas, o resto que sobrou do seu braço.

    Era impressionante que ainda não havia desmaiado de dor, ou pavor com aquela cena macabra.

    — A coisa tá feia aí, não é mesmo?

    A garota foi até o orc, olhando o resultado. Isso não a chocou, já estava acostumada com cenas assim, mas isso não significava que achava agradável de ver.

    — Você é a dragoa Sion, né? Você pode ajudar ele? — questionou Aisha, com o orc em seus braços.

    — Hm… Precisamos estancar esse ferimento…

    — Deixa isso comigo!

    Uma fina voz ecoou no fundo, e, de repente, puderam ver uma fada brilhante voar rapidamente até o orc. Era Daisy, a médica da aldeia. Sobre o braço ensanguentado de Grond, ela bateu as asas, caindo pó de fada em cima de sua ferida, a fechando.

    — Prontinho!

    A fada também curou os outros feridos da batalha. A pequena criatura não fugiu como os outros, e se escondeu no meio da floresta, rezando para o deus daquele mundo que tudo ficasse bem. Aparentemente, deu certo, e essa luta teve um final bom, não completamente, mas teve.

    O orc ainda sentia a dor do corte, mas as chances de morrer por falta de sangue foram reduzidas a zero. Entretanto, com um braço a menos, seria difícil se adaptar para poder lutar pelo seu povo novamente, e esse era um de seus pensamentos no momento. Saber disso o frustrou profundamente.

    — O-obrigado… — falou Grond para Daisy.

    — Disponha, gostoso. — A fada se virou para Aisha, que ainda estava com o homem orc em seus braços — Aí, o fofinha, deita ele no chão. O nosso chefe precisa descansar agora, como todos vocês.

    — Ah, certo.

    Ela o deitou cuidadosamente no chão, se levantando logo em seguida.

    — Muito obrigada por nos proteger daquele monstro, senhorita Sion!

    Se alguém em volta tinha alguma dúvida quando a viu de primeira, essa dúvida logo se esvaiu quando viu a mulher tomando sua verdadeira forma. Era a primeira vez que a guardiã daquela floresta conversava com monstros daquela geração, e seu coração se encheu de orgulho quando os ajudou.

    — De nada.

    — Posso fazer uma pergunta importante? — falou a harpia.

    — E o que seria?

    — Por que tudo que você está usando é esse manto.

    — Ah, isso é bem simples, na verdade. Quando me transformo, meu corpo cresce e a minha roupa rasga. Para evitar isso, uso esse manto pra não ficar pelada, e porque para vesti-lo é bem mais rápido do que uma roupa comum.

    — Ah… entendo.

    A garota se sentiu um pouco estúpida por não ter pensado nesse motivo óbvio por si própria, afinal, era só somar dois mais dois que o resultado vinha em milissegundos. Entretanto, essa não era a questão mais importante a ser levantada.

    — Gente, e aquelas cópias do Cavaleiro de Pedra? — Quem levantou essa pauta foi Daisy.

    — Cópias? — perguntou Sion, que não as viu quando chegou.

    — Antes de você aparecer, apareceu cinco cópias daquele monstro, e elas fugiram sem tentar ferir ninguém.

    A garota colocou a mão no queixo, e pensou no que a fada lhe disse.

    — Obrigada por me avisar. Estarei em alerta sobre isso.

    — Ei! Pessoal! — Uma voz repentina veio do céu. Quando olharam, todos ali descobriram a origem daquela voz.

    — Aura?! — Grond e Aisha disseram, surpresos com a presença da garota.

    A drill, sem perder tempo, pousou no chão.

    — O que você está fazendo aqui? E onde está o grupo que estava com você? — perguntou a harpia.

    — Eu segui na frente. Pedi pra que eles acompanhassem atrás. Eu só voltei porque vi a Sion passando pelos céus. Inclusive, cadê ela?

    Todos apontaram para a mulher de aparência humana ao lado da drill. Ela não entendeu bem o motivo daquilo.

    — Eu sou a dragoa Sion. Essa aqui é só a minha forma humana — explicou.

    — Quê? — Franziu as sobrancelhas, com tal afirmação. Olhou para Aisha e Grond, que apenas acenaram com a cabeça.

    Ela deu uma olhada melhor em volta, vendo todo aquele local destruído e os orcs cansados de lutar. Reparou na falta de braço que o líder daquela aldeia tinha agora, mas decidiu falar nada, afinal, tinha outros problemas a tratar. Além disso, estava aliviada que o Cavaleiro de Pedra foi derrotado, ao menos, deduziu isso por como estavam as coisas no atual momento.

    — Já que você é a senhorita Sion, pode resolver o problema com monstros perigosíssimos aparecendo do nada na floresta?

    Não era comum aquela floresta ter monstros perigosos. A aparição deles foi um grande combo de desgraça que poderia ocorrer em um só dia. Felizmente, ninguém acabou sendo morto por algum deles.

    — Que saco… Esses monstros apareceram depois que a porcaria do Cavaleiro de Pedra apareceu. Acho que eles estavam tentando tomar o lugar dele como o “monstro mais perigoso” ou alguma coisa assim…  Vou ter que resolver isso…

    Era isso. Com a presença assustadora de um ser mais forte, os outros seres convencidos de suas próprias forças estavam indo até o monstro mais forte para adquirir esse título para si. Infelizmente para eles, Sion chegou mais rápido.

    — Muito obrigada! — Depois de falar com a dragoa, foi em direção à Grond. — Ei, sabe seu amigo humano? Ele foi sequestrado por outros dois humanos!

    — O quê?! — O orc se levantou.

    Não bastava ter que enfrentar um problema, a sua única fonte de alimento decente e um amigo que acabou fazendo foi sequestrado. Um problema vindo atrás do outro.


    — Kelly, por que você não o matou na primeira vez que se encontraram?

    — Ele parecia bem desesperado, Billyzinho. Não achei que pudesse ser considerado uma ameaça.

    — Não seja tola, todos os nobres são. Independente do motivo. Você sabe o que eles fizeram e fazem com aquelas pessoas, não viu? As pessoas da cidade subterrânea sofreram por muito tempo.

    — É, acho que você tem razão…

    Dante estava lentamente acordando, ouvindo essa conversa dos dois. Ele sentia seu corpo sendo balançado para cima e para baixo, e quando pôde ver com clareza o que tinha à sua frente, percebeu que estava em uma altura mais elevada do que deveria.

    Ele estava sendo segurado por Bill em seu ombro, enquanto o homem e a mulher pulavam de árvores em árvores.

    Tomou um pequeno susto, mas quando se lembrou do motivo de estar naquela situação, ao invés de alertar aqueles dois que estava acordado, decidiu contra-atacar com cautela.

    — Enfim, vamos levar ele até… — Bill interrompeu sua fala, quando sentiu uma mão afundar as suas costas.

    — Eletruns regulus! — o jovem gritou, explodindo as costas do homem e o fazendo ser arremessado para uma outra árvore com a força do impacto.

    Depois disso, o garoto caiu no chão, sentindo a dor de ser arremessado em uma superfície sólida, sem conseguir se mexer.

    — Idiota.

    Dante olhou para cima, vendo os dois andando em sua direção. O garoto ficou surpreso ao ver que a magia que usou diretamente naquele homem não surtiu nenhum efeito.

    — Eu ia te usar como exemplo para os nobres presos, mas acho melhor matar você aqui mesmo. — Pegou o garoto pelo pescoço e o suspendeu no ar.

    — Do que você tá falando? Eu não sou da nobreza! — o garoto gritou.

    — Pensa que me engana? Esse seu cabelo entrega sua posição social.

    — Meu ca… — Antes que terminasse sua frase, tudo que se ouviu foi um som de ossos quebrando. Depois disso, o som do corpo morto do jovem caindo no chão, com o pescoço mole.

    Os dois olharam para aquela cena, e não esboçaram nenhum sentimento quanto aquilo.

    — Vamos embora, Kelly… Ah?!

    Entretanto, algo chocou aqueles dois. O jovem que Bill acabara de matar, se sentou no chão.

    — O quê? Por que… eu não fui até a Himawari? — Dante com o tom de voz baixo, enquanto segurava seu pescoço.

    Estranhamente, quando morreu não foi até o quarto da deusa, o que era de costume. Chegou a pensar que foi a própria deusa que o ressuscitou tão rápido que acabou renascendo sem a ver. Porém, qual seria o motivo por trás dela fazer isso? Teria alguma lógica pensar que foi ela quem o ressuscitou antes do esperado? Bem, não importava agora, já que, neste momento, havia um perigo maior no lado dele.

    — Então você é um ser imortal? Talvez seja mais útil do que eu pensava — falou o rapaz, olhando para o garoto, que o olhou de volta com um olhar assustado.

    Logo depois, Dante recebeu um soco no rosto tão forte que o fez desmaiar novamente.

    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.

    Nota