Arco 3 Capítulo 20 - Vamos Sair?
Após a conversa com aquela garota, Dante decidiu não pensar muito nisso e passar um dia com suas companheiras. Ele deixou tudo nas mãos de Angel, afinal, ela era seu Anjo da Guarda, e era uma mulher com força sobre-humana, não que isso poderia garantir 100% de sua proteção, mas pensar nisso do que ficar maluco pensando que poderia ser caçado a qualquer momento era mais conveniente para o garoto.
— Dante, por que estamos aqui? Você não disse que íamos há um restaurante? Aqui não parece ter um…
O garoto havia feito todas saírem da hospedaria e falou que iriam jantar em algum local. Alice estava com fome, e parecia que ele estava enrolando, por isso o motivo de sua reclamação.
A raposa Yuri não estava nesse meio, já que não seria tão convidativo levar um animal para um local que provavelmente não aceitaria, mas ela também não estava na hospedaria, algo que ficou normal ao passar do tempo, mas que deixava Dante preocupado.
Em poucos minutos o sol iria deixar um espaço para a lua no céu e a noite chegaria. O garoto tinha conhecimento disso, então ele queria ser o mais breve possível.
— Falei sim, mas quero fazer algo antes e preciso de vocês nessa.
Todas ficaram curiosas com essa afirmação.
— Aqui não era o local onde aquele demônio veio parar… O que você quer de nós, Dante?
Angel estava pensativa quanto a isso, e queria saber o que o garoto estava pensando em fazer, mas, se era algo que todas iriam se envolver, pensou que seria algo benéfico.
— Bem, a hospedaria não é uma casa pra gente ficar lá por muito tempo. Daqui a pouco, a nossa estadia irá acabar. Precisamos de um local para morar. Por isso, estarei pedindo ao chefe do vilarejo isso como a recompensa que ele está me devendo.
Todas gostaram daquela ideia que ouviram dele, e concordaram em ajudar.
Eles estavam chegando no novo vilarejo, o garoto soube como ir para lá por causa da Sabedoria. Dante já havia ido lá uma vez, mas foi para ajudar os cavaleiros a matar o demônio que apareceu recentemente, e está virando caso no país.
Ao chegarem lá, todos os cidadãos cumprimentaram Dante e as outras, principalmente o agradecendo por “matar” o demônio — mesmo que foi Angel que deu o golpe final — e o parabenizando pela recuperação no hospital. O garoto recebeu aqueles elogios de bom grado.
— Uma casa? Isso que você quer de recompensa?
— Sim, para quatro pessoas, uma fada e um animal.
Dante estava conversando com o chefe do local, e o senhor estava o ouvindo atenciosamente e concordando com ele. Sem nenhuma objeção, o chefe do vilarejo decidiu dar a ele aquela recompensa o mais rápido possível.
— Temos essa casa aqui. Ela está alugada, mas será de graça para vocês.
O senhor estava mostrando-os uma casa grande, não a maior daquele local, mas era de tamanho excepcional, pelo menos do lado de fora.
— Por favor, entrem — o senhor disse.
Entrando naquele local, eles viram uma casa com um grande cômodo a frente, o que poderia ser a sala de estar, um espaço que daria uma ótima cozinha e tinha até banheiro. Também havia quatro quartos, como Dante pediu. Só não havia um quarto específico para uma fada, mas era meio difícil encontrar algo do tipo em um local que, até então, não haviam fadas.
— É bem chamativa, né — Angel disse admirada com o lugar.
— Por que tem uma mesa aqui? — Alice indagou.
— Essa casa já vem com alguns móveis. Então, não precisam se preocupar em comprar camas — O senhor respondeu.
— Oh.
— O que vocês acham? — Dante perguntou para o seu grupinho, e elas acenaram afirmativamente com a cabeça — Vamos querer essa casa.
— Tudo bem. Jovem, só assinar esse papel.
Aquilo era para botar a casa no nome do garoto. Dante assinou e, naquele momento, aquela casa lhe pertencia.
— Foi muito bom fazer negócios com você meu jovem. E, mais uma vez, agradeço por ter salvo o vilarejo.
Já havia escurecido naquele momento, e eles estavam prontos para ir em um restaurante, o que deveriam ter feito há um tempo.
No restaurante e com seus pedidos feitos, eles começaram a conversar.
— O mestre é incrível! Ele gastou uma boa quantia de seu dinheiro com comida para a gente!
Dante ficou comovido com essas palavras vindas de Freya, mas ficou meio perplexo com o fato de ter pago comida pra Angel.
— Angel… você pediu coisas de mais… E anjos precisam comer?
Quando Dante disse que ela pediu “coisas de mais” não foi um simples exagero, a garota realmente pediu uma grande quantia de comida para comer só.
— Os anjos não precisam comer, mas eu adoro comida porque é prazeroso sentir um gosto tão incrível na sua língua, é uma questão de prazer. Tem muitas comidas muito boas aqui que eu nunca comi! Quero sentir esses grandes e gostosos pratos logo na minha boca!
— Grandes e gostosos, hm…
— Aliás — O anjo se virou para a súcubo —, Alice, você é um demônio, não? Deve ser bem velha.
— …Não acho que é educado falar a idade dos outros assim, mas devo ter a mesma idade do Dante no tempo humano. Sou mais velha do que ele é menos do que você.
— É mesmo? Você parece tão nova — Dante comentou.
Angel olhou para ele com um rosto sem expressão e pisoteou seu pé.
— Ei!
— Desculpe, mas lembro de você me chamar de velhota ou vovó… algo assim…
As bebidas haviam chegado antes da comida. Eram águas e um grande copo com alça cheio de cerveja.
— Você gosta de beber, Angel? — Flora disse.
— Adoro, fadinha! — respondeu e virou o copo a goela abaixo.
— Aí, Dante, quando a gente vai poder treinar com a nossa magia? — a fada falou.
— Ahn… como eu vou voltar a trabalhar, podemos fazer isso nos intervalos.
— Certo!
Angel bateu com o copo na mesa violentamente, por sorte, não o danificou. Seu rosto estava vermelho e parecia que ela iria cair no chão.
— Você já está bêbada?! — todos disseram com a maior surpresa.
— …Eeeeessa beeubida… é muais fuorte que eu pensei….
Por causa do efeito do álcool, ela estava falando de um jeito bem estranho. Ouvido com atenção, dava para entender as palavras ditas pela garota. Angel já estava embriagada. Realmente, seus pontos fortes não eram as bebidas alcoólicas, porém, dando a entender pelas palavras que disse, aquela bebida era mais forte do que normalmente estava acostumada.
— Só não desmaie aqui, não irei te carregar se você tiver caído sobre a mesa… — o garoto disse.
— Duante… seeeeeu ingratuuuu de meeerda! Depuois de dezesseis anus… protegenduuu tu! Tu naum pode… me carregar? Tu é lixo…
— Não carregarei tu, porque tu é maior do que eu e provavelmente bem pesada! Tu!
Um estranho apareceu na mesa deles e pegou o resto do que sobrou da bebida de Angel, a tomando.
— Ei… seuuuu babacon estranhuuu, issuuu era meuuu.
Esse estranho bateu com o copo na mesa. Ele estava visivelmente irritado com alguma coisa, mas ninguém tinha ideia do que seria.
— Ahn…? — Ele olhou para Flora — Uma fada? Estranho que não esteja sendo idolatrada… Fadas não são criaturas que os humanos gostam de idolatrar?
Surpreso, o garoto se virou para a Flora.
— É sério?
— Olha, eu nem sei ao certo, já que nunca tive tanto contato com fadas juntos de humanos… Mas evito chamar atenção, então não posso responder.
A fadinha tentou achar uma resposta para o questionamento do garoto, já que, aparentemente, ela não tinha muito conhecimento da própria espécie.
— Saiam daqui…
O rapaz disse em um tom severo.
— Ninguém aqui quer a porcaria de uma demi-humana comendo à mesa, correto? Cês não têm vergonha na cara, não?
Freya se agarrou ao braço de Dante, demonstrando muito medo daquele homem que possivelmente poderia ter ficado bêbado com o álcool que pegou do anjo.
Angel não estava entendendo muito bem, talvez porque não estava sóbria, mas ela viu que aquele cara não tinha boas intenções.
— Vaza daqui… seu véi! Nós… queremos comer…
Ela já não estava mais falando de um jeito que quase não dava para entender. O efeito do álcool em seu corpo poderia estar passando, mas isso era estranho, seria rápido demais. A mulher também estava esfregando seus olhos, parecia que queria dormir.
— Eh? Cale essa boca… ô, bonitinha!
— Você é muito… grosso…
O estranho começou a ignorar Angel e focou em falar com os outros na mesa.
— Sabem de uma coisa? Demi-humanos são o motivo de toda e qualquer desgraça! Esses bastardinhos só souberam ferrar com a humanidade! Não estou falando isso sem fundamentos… porque tem!— Socou a mesa furiosamente — E vejo que vocês não escravizam essa aí… O que foi? Querem brincar de família com essa escória?
A garotinha estava aos prantos de chorar ouvindo aquelas coisas horríveis sobre a sua espécie, e agarrou-se ao braço do garoto. Algo aconteceu com os demi-humanos há muitos anos, e isso levava a escravidão e ódio contra essa raça.
Ouvindo isso, Dante pensou em quem estaria errado nessa história. Obviamente, os demi-humanos não eram santos, como os humanos, haviam pessoas bem malvadas em meio essa raça, como o pai de Freya, por exemplo.
— Senhor, a gente está esperando uma janta já paga… e você está nos incomodando… Peço que se retire.
Flora deu a palavra que deveria ser a final para encerrar aquele assunto, mas aquele estranho era persistente.
— Que tal fazermos uma negociação? Quantos vocês querem por essa demi-humanozinha? Sabe, os demi-humanos são uma bela forma de lucrar.
Freya agarrou o braço de Dante com ainda mais força.
— Ela não está à venda!
— Que pena… Mas, reconsidere, meu nobre jovem, você pode ganhar um monte de dinheiro!
Alice estava se encolhendo no canto, enquanto só ouvia aquela conversa que, para ela, estava muito desconfortável.
— Que desconfortável… — Alice reclamou.
— Por que a gente não pede pra embalar tudo para comer em casa, hein? — Flora deu a ideia.
Todos concordaram com essa opção. Flora foi junto de Alice pedir para embalar a sua comida, enquanto isso, Dante estava junto com Freya entregando um copo de água para Angel.
— O álcool pareceu ter saído rapidamente do seu corpo — o garoto comentou.
— Coisa de anjo. Mas eu realmente nunca bebi uma tão forte assim… Não sou tão fraca com álcool.
Alice chegou perto deles junto de Flora, enquanto segurava uma sacola onde havia alguns potes com a comida pedida.
Todos estavam saindo do estabelecimento. Já era a segunda vez que Dante entrou em um restaurante e não pôde aproveitar sua comida.
Aquele estranho que os deixou desconfortáveis, ao ponto de saírem, ficou com um sorriso perverso no rosto. A súcubo e a fada perceberam isso e mostraram o dedo do meio para o rapaz.
— E no fim, vamos ter que adiar a janta, até chegar em casa… — Dante sentiu um peso subindo pelas suas roupas, chegando até o ombro — Yuri?!
— Cara, essa raposa tinha sumido… como que ela nos encontrou assim?
Angel falou com um certo olhar de estranheza.
— Não é a primeira vez.
— Dante, essa raposa é estranha para caramba…
De repente, eles foram abordados por três pessoas segurando facas no meio da rua escura. Não havia muitas pessoas naquela área. Uma delas era aquele homem de anteriormente.
— O quê? Esse cara de novo? Como ele chegou até aqui tão rápido? Isso é normal?
Flora ficou surpresa com esse acontecimento abrupto.
— Isso é um assalto! Passe a criança humana! — o estranho disse.
“Ou seja, um sequestro…” O garoto pensou.
Dante olhou para Angel, virando seu olhar rapidamente para os sequestradores à sua frente e voltando à garota. A mulher entendeu o recado e soltou um suspiro. Em seguida, andou em direção aos homens.
Antes que algum deles pudesse dizer alguma besteira, ela deu um soco no nariz de um dos sequestradores, quebrando-o instantaneamente.
Após isso, o anjo avançou para o segundo cara, acertando sua barriga, o fazendo cuspir no chão e desmaiar.
Nesse ponto, o homem que estava os importunando no restaurante, estava com muito medo para atacar. Ele não esperava aquilo, obviamente. Nesse momento o rapaz estava pensando em fugir dali o mais rápido possível.
Angel deu um tapa violentamente em seu rosto, o fazendo cair e agonizar de dor no chão.
— Que chatice… aquele cara aleatório com arma de fogo foi mais divertido…
Eles pegaram os homens que estavam no chão e os encostaram na parede de um beco próximo dali.
— Aí, se vocês começarem a perturbar qualquer demi-humano novamente, a nossa amiguinha aqui vai enfiar a porrada em vocês novamente!
Alice usou a mulher como uma ameaça. Depois de terem sido derrubados com com só um golpe dela, obviamente levaram essa ameaça a sério. Eles estavam encolhidos de medo e concordando com a cabeça.
— Hm… será que eles entenderam mesmo? Dante, dê um baita choque neles!
Flora incentivou o garoto a usar sua magia, mas ele não gostou muito dessa ideia.
— O quê? Não! Vamos embora!
Eles seguiram rumo à casa. Pelo caminho, Angel percebeu uma coisa.
— Pera, nós não temos talheres, né?
— Ah… verdade, temos que ir comprar… — o garoto reclamou.
— Bem, vamos aproveitar enquanto ainda está tudo aberto.
Após todos esses eventos, eles chegaram em casa e conseguiram finalmente jantar, sem atrapalhações ou coisa do tipo, só uma noite tranquila com muitas risadas.
Uma coisa boa era que a casa já tinha luz por causa das pedras mágicas de Kuyocha.
Angel estava no telhado daquela casa, pensando em Dante, que estava dormindo naquele momento.
— Diversão…
A garota desceu do telhado, e entrou em casa pela janela. Dentro, ela foi em direção a um quarto da casa, e abriu a porta. Dante estava dormindo naquele local, e o anjo cutucou seu rosto para acordá-lo.
— Ei, acorda.
— Uh… que foi?
— Vamos sair?
— Oi?
Eles saíram de casa em plena madrugada.
O frio estava castigando o garoto, e ele não entendia o porquê de a garota ter tirado da cama para sair no frio.
— Onde estamos indo…?
— Cê já vai descobrir.
Eles estavam no centro da capital. Até que os dois adentraram em um prédio que parecia estar abandonado.
“O que ela quer, hein?” O garoto pensou.
— Dante, percebi que ultimamente a vida não tem sido muito divertida para um adolescente como você, correto? — dizia enquanto subia as escadas — Se envolver em problemas… Lutar contra um demônio… Se preocupar com uma criancinha… Você não tem estado se divertindo, certo?
O garoto realmente não entendeu o motivo de tudo que ela falou. Apesar de algumas dessas coisas serem verdade, não significava que ele não se divertiu com a sua vida, que era o que Angel queria ou esperava. O jovem tentou encontrar uma resposta para o questionamento dela.
— Olha, não é bem assim… Eu me diverti bastante nesses últimos tempos, na verdade. Tipo, o meu trabalho na mansão foi legal. Rolou uma brincadeira de neve há alguns dias… Mas, onde você quer chegar com isso?
Eles já haviam subido todo aquele prédio abandonado. A distância entre o chão e o teto era gigantesca.
— Que alto!
— Né? Vi esse lugar por aqui, e decidi vim com você. Olhe o céu.
Olhando, ele viu um grande céu escuro banhado por estrelas. Foi algo lindo de se ver. Também, não era algo que se via em cidades grandes.
— Bem bonito, mas o que você…
Ele ia se virar para a garota, mas acabou sendo empurrado para fora da área segura daquele prédio, onde seu destino com certeza seria a morte.
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