Índice de Capítulo

    “Aff, que saco.”

    Dante pensou, enquanto abria a porta da hospedaria.

    “No final… esse caso não deu em nada. Pelo visto, aquela mulher é uma masoquista e o tal do Spill Kim não era alguém que maltratava a mulher de verdade… na verdade, maltratava sim, mas só porque ela pedia…”

    O garoto começou a subir as escadas, ele estava indo até o segundo andar para chegar em seu quarto.

    “O que você acha disso, Sabedoria?”

    “Não sei dizer ao certo, mas não esqueça que o criminoso ainda está a solta. Então, não ligue muito para isso, pelo menos neste momento.”

    “Tudo bem, só sinto que foi uma perda de tempo.”

    O jovem estava achando que seu tempo inteiro foi consumido por causa de um acontecimento a minutos atrás. Mas Dante se esqueceu de um detalhe: uma investigação não começa e termina no mesmo dia. Precisa de bastante tempo para encontrar pistas e resolver algo do tipo.

    De qualquer forma, ele teria que se preocupar com outro fato que assombrava a sua mente: ter que cuidar da escrava. Ele não sentia que era responsável o bastante para ter que cuidar de outra vida, já que ele tinha uma escrava, a vida dela estava nas mãos dele, literalmente.

    Um escravo não podia desobedecer ou mentir. O dono poderia dar qualquer ordem para um escravo, e isso é fato. Se quisesse, o garoto poderia mandar a Freya se matar a qualquer hora, mas era óbvio que o Dante não faria uma ordem assim.

    — Gente, cheguei.

    O garoto entrou no quarto, e viu Alice correndo até ele.

    — Que bom que você chegou, Dante. Agora, vá dar banho na sua filha, ela está fedendo.

    — Não ouse falar uma asneira dessa novamente… E, como assim ela está fedendo?

    — Não percebeu?

    — Acho que nem prestei atenção nisso.

    — …Não importa, ela precisa se lavar.

    — Certo, certo. Mas como vou fazer isso? Tem algum rio por aqui, ou…

    — Do que você está falando? Dá banho nela no banheiro.

    Ao ouvir isso, o garoto deu um peteleco na testa de Alice, fazendo lágrimas saírem da garota.

    — Ô, qual é o seu problema?

    — Mas de que banheiro você está falando? Eu sei que tem um banheiro aqui, mas pode usar ele pra tomar banho?

    — Estou me referindo aos banheiros que ficam nos quartos.

    — Uh? Banheiros?

    Dante ficou confuso com a afirmação da garota, ele não tinha visto nenhum banheiro no quarto.

    Alice apontou para a parede, e o garoto viu que tinha algo estranho com a parede.

    — Não me diga que…

    Ele foi até a parede e viu que uma parte dela se movia. Dante empurrou a parede e viu um pequeno canto iluminado, tinha uma bacia e um saco no chão, além de ter duas toalhas penduradas na parede.

    — Cê tá de sacanagem, uma passagem secreta?

    O garoto ficou boquiaberto com a descoberta.

    — Sério mesmo que você não sabia disso? — Alice perguntou enquanto coçava a cabeça — Eu tinha reparado nisso ontem, e tomei um banho hoje.

    — Não… não tinha reparado.

    — Como você achou que iria tomar banho?

    — Um rio, banho público, sei lá.

    O garoto entrou dentro do compartimento e viu a sacola que estava no chão. Ele pegou a sacola e abriu, em seguida, viu pedras peculiares dentro dela.

    — Isso é!

    Era uma pedra que vinha especificamente do Reino da sua amiga Alfrey. Ele percebeu que aquilo estava numa área para tomar banho, ligou os pontos e falou:

    — Isso só deve ser uma pedra para deixar a água quente.

    — Acertou!

    Dante pegou uma por uma e pensou:

    “Cara, a Alfrey está vendendo isso daqui, aqui?”

    Dante pegou a bacia e levou para fora do compartimento e perguntou.

    — Onde é que eu pego água?

    — Lá embaixo. Mais especificamente atrás da hospedaria.

    — Tudo bem, então.

    O garoto desceu e depois de um tempo ele voltou, com uma bacia cheia d’água.

    — Pronto.

    Alice pegou uma das pedras que estavam na sacola, e jogou na bacia cheia d’água.

    — Por falar nisso, Dante. Onde está a Yuri? Ela sumiu, ela está com você? — Alice perguntou, virando o seu rosto para o garoto — Ah, aí está você.

    A raposinha Yuri botou a cabeça para fora da camisa de Dante, logo depois da súcubo fazer a pergunta.

    — Tá bom. Ô, Alice, pega uma toalha fazendo favor? Quero cobrir o corpo da Freya.

    A garotinha escrava estava sentada no chão. Como sempre, seus olhos estavam sem vida, e ela parecia triste.

    — Aqui.

    Alice entregou na mão do jovem uma toalha.

    — Obrigado. Ei, Freya, vem cá, vou te dar banho.

    A garota sem hesitar foi em direção ao Dante. Após isso, Freya estava dentro da bacia tomando banho, e estava usando a mesma toalha que Alice tinha dado para Dante, para cobrir a sua parte de baixo.

    — Aí, sabia que ensopou toda a toalha?

    — Se eu não gosto que as pessoas olhem as minhas partes, o mais justo seria o mesmo para ela. E, afinal, tem outra toalha ali.

    — Hm…

    — Por falar nisso, você usou algum potinho ou coisa do tipo para jogar a água em cima do seu corpo? Tem sabonete?

    — Ah, calma aí.

    A garota saiu da cama e foi para fora do quarto. Depois de algum tempo, ela voltou, junto dela; um sabonete, um pote, uma esponja e uma escova.

    — Voltei!

    — Onde você arrumou isso?

    — Pedi pro dono, é pra limpar ela.

    — Certo, valeu!

    Depois de alguns minutos, o garoto acabou de dar banho nela, ele enrolou ela em outra toalha e falou:

    — Pronto, acabei por aqui.

    — Ahn, ô Dante…

    — Que foi?

    — O que ela vai vestir agora? As roupas dela estão muito sujas…

    — Ih!

    O garoto tinha esquecido disso, e era um problema, ele não poderia deixar a garotinha só de toalha para sempre.

    — Bem, acho que você vai ter que gastar mais um pouco de dinheiro para…

    — Não!

    — O quê?

    O garoto recusou a ideia dela rapidamente. Dante não estava querendo gastar dinheiro, e ele teve uma ideia, que na mente dele seria a melhor.

    — Eu tenho uma ideia melhor, peraí.

    — Uh…?

    Ele tirou o seu casaco, deixando transparecer a sua camiseta preta, em seguida, ele botou o casaco na Freya, fazendo o corpo da garota se cobrir por completo.

    — Pronto, resolvido!

    — …Certeza que isso só foi um modo de você negar em emprestar dinheiro.

    Depois disso, ele começou a pentear com a escova. Enquanto penteava, um cabelo que de início se mostrava bagunçado, se formou em um lindo cabelo liso.

    — Oooh, seu cabelo é muito lindo!

    — …Você acha?

    — Claro!

    Após um tempo, a noite chegou, e já era a hora de dormir. Dante se jogou na cama e bocejou. Depois de descobrir aquele compartimento, ele tomou um banho.

    — Uh?

    Ele virou pro lado, e viu a Freya deitada no chão, tentando dormir.

    — Ei, o que você está fazendo?

    — Uh…? Escravos tem que dormir no chão, né…?

    — …Para com isso! Vem cá.

    Ele pegou ela e a botou na sua cama. A escrava ficou sem entender a situação e muito surpresa.

    — Se-Senhor…?

    — É mais confortável, né?

    Ao ouvir essas palavras, os seus olhos que pareciam tristes e mortos, ficaram com grandes brilhos de felicidade, e uma lágrima caiu de seu olho. Depois, ela falou o seguinte:

    — Sim, bem mais confortável!

    Assim, eles tiveram uma noite tranquila e um sonho feliz.

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