Índice de Capítulo

    — Que nojo…

    A rainha reclamou, ao ver a carnificina na sala onde a impostora estava. Ficou enojada com o forte cheiro de sangue e com a visão que o local, naquele estado, proporcionava. Queria sair dali o mais rápido possível, mas ela teria que entender o que exatamente aconteceu.

    — Você disse que… quando chegou aqui… o quarto estava toda essa nojeira.

    Lyvia concordou com a cabeça, ainda perplexa com a imagem de alguém que estava perfeitamente disfarçado dela, ter sido vítima de um massacre como aquele.

    — Quem fez isso… — Alfrey tampou seu nariz com os dedos. O cheiro forte e nada agradável incomodava seriamente a garota.

    Ela olhou para os seus mordomos, e descartou a ideia que eles fossem os culpados. No caso de sua assistente, a garota nem pensou nessa possibilidade.

    Não aguentando ver mais aquela cena, Alfrey se dirigiu para fora daquela sala. Tanto os mordomos quanto Lyvia a seguiram.

    — Isso é preocupante…

    Ela estava esperando o pior naquela situação, tipo, uma guerra ou algo assim. Eles estavam subindo as escadas em espiral, e Alfrey estava pensando no que poderia fazer ou raciocinar com aquilo.

    Alguns minutos mais tarde, com o isqueiro em mãos, Dante estava andando pela capital, em direção ao hospital. Entrando no local, ele foi até a recepção.

    — Com licença, mas a senhorita Anny está ocupada a esse horário?

    O recepcionista olhou o garoto, franzindo a testa.

    — Você não saiu do hospital hoje? Se meteu em problemas?

    — Não é isso não. Na verdade, eu queria entregar uma coisa para ela.

    Ele queria entregar uma cópia do isqueiro que fabricou para a enfermeira.

    O homem pegou uma panilha, e tentou chegar até o nome da mulher.

    — Ah, sim. Pode ir sem problemas.

    Agradeçendo, o garoto foi até o local onde Anny estava.

    Depois de alguns minutos procurando, ele achou a sala dedicada à mulher. Entrando, ele viu um grande local cheio de portas.

    “Acho que aquela porta leva para o quarto que eu estava.”

    Uma das portas chamou a sua atenção, e era uma que levava ao escritório da garota. Dante pôde ouvir alguns sons de algo feito de madeira batendo, talvez, a porta de algum armário.

    Batendo na porta, uma voz feminina do outro lado disse:

    — Entra.

    Obedecendo, o garoto segurou a maçaneta, a girando e abrindo a porta.

    — É você, Dante. Que cê tá fazendo aqui?

    Ao abrir a porta, o garoto pôde ver a garota colocando calças, enquanto sua calcinha e sutiã estavam expostos.

    Um momento em que qualquer pessoa despreparada ia ser pega de surpresa. Além daquilo ser bem sensual, era bem surpreendente pensar que Anny teria feito alguém entrar justo nesse momento.

    Era uma cena minimamente atraente aos olhos. A garota era muito bonita. Com certeza, uma cena que muitos iriam querer ver.

    Dante tampou os olhos e gritou.

    — Você me disse pra entrar!?

    Sua reação poderia ser um pouco exagerada, já que ele conviveu com Angel com essas vestimentas. Talvez, o garoto não estivesse acostumado a ver outras garotas assim, além disso, a mulher o pegou de surpresa.

    — Acalme-se — ela disse, vestindo a a calça.

    Logo depois, a mulher colocou uma blusa.

    — Pronto, pode voltar a olhar.

    Olhando pelas brechas que fazia pelos dedos, Dante concordou, e tirou os dedos do campo de visão.

    — Por que você está aqui?

    Dante entregou o isqueiro para a garota.

    — O que é isso?

    — Se chama isqueiro. Vai te ajudar a acender materiais inflamáveis, como madeira.

    — Ah, é?

    A garota pegou um cigarro que estava em cima da mesa e o colocou na boca. Tentando entender como aquilo funcionava, ela percebeu o pedaço barbante que estava por fora da carcaça e o puxou. Saiu faísca, e a mulher havia entendido como aquilo funcionava.

    Levou o isqueiro para mais perto do cigarro, e ficou puxando.

    — Acho que tá funcionando não.

    — Não sei dizer se dá para acender um isqueiro só com a faísca, mas dá pra você acender madeira.

    — É tipo a técnica de bater uma pedra na outra pra sair faísca e, consequentemente, atear fogo?

    — Tipo isso, só que é uma lâmina que está no lugar da segunda pedra e, também, digamos que é um método “portátil”.

    Ela pegou uma caixa de fósforos, e usou um dos palitinhos para acender seu cigarro. Franzindo a testa, perguntou:

    — E por que você está me presenteando?

    — Bem, você cuidou de mim quando eu estava aqui.

    — Mas esse foi o meu trabalho.

    — Mesmo assim, não tem problema. Eu só quis dar um presente para você mesmo.

    A garota deu uma pequena risada.

    — Você é estranho.

    Após isso, Dante estava caminhando pela calçada, e observando as pessoas cuidando de suas vidas, andando pela rua ou conversando.

    “É um local bem movimentado, né?”

    Ele estava passando por um beco. Quando voltou a andar, sentiu duas mãos o segurando, e uma estava tapando a sua boca. O garoto foi levado para mais fundo no beco, onde as pessoas não iria ver o que ia acontecer.

    O garoto começou a ficar desesperado. Ele começou a se balançar para tentar sair das mãos de quem fosse o segurando. A pessoa que o levou para o beco o soltou, fazendo Dante cambalear e quase cair no chão.

    — É você!

    A pessoa que havia o levado até ali era a mesma que pertubou a paz no restaurante. Altair queria tratar de assuntos com o garoto. Dante se preparou para um confronto, mas o homem não parecia que iria fazer alguma coisa.

    — Calma aí, pirralho. Eu não quero brigar. Dante, você luta por alguma coisa.

    O garoto não entendeu o motivo dessa pergunta em uma situação tão aleatória quanto aquela.

    — Eu luto porque quero uma vida de paz. E você?

    Meio hesitante em responder, o garoto disse:

    — Não posso dizer que luto por algo. Mas, assim como você, também quero uma vida de paz.

    O homem riu daquela resposta e se sentou no chão.

    — É, garoto. Pelo visto, a gente realmente é muito inocente, para achar que consiguiremos uma vida de paz neste mundo…

    — Do que você…

    — Dante, este lugar não é pra qualquer um. Aqui não é um conto de fadas, quero que saiba disso.

    Franzindo a testa, o garoto pergunto:

    — E por que está me falando isso?

    — Você não é meu inimigo e, por ora, nem meu alvo, até a Bastet decidir se ainda vale a pena te entregar ou não para o Rei Demônio.

    O homem andou até seu lado, ficando de cara com a saída do beco.

    — Por algum motivo, o Rei Demônio quer te caçar, e não me pergunte o motivo, se cê não sabe, imagina eu. Só peço que, não se torne uma pedra no meu sapato, se não irei te matar.

    Dante não respondeu nada, ele nem mesmo pensou no que ia responder. Ao ouvir que o Rei Demônio estava o caçando, isso o deixou bastante preocupado.

    — Ah, e antes que eu me esqueça.

    O homem socou violentamente a barriga do garoto, fazendo os olhos de Dante se arregalaram e ele acabou cuspindo no chão. Após esse golpe, suas pernas tremiam. Foi tão forte que mal conseguia se manter em pé.

    Ele segurou com força a região onde sua barriga foi acertada. O garoto quase vomitou com a força desse ataque. Acabou caindo no chão, e tentou se recuperar daquele golpe feroz.

    — Isso é por aqueles chutes — o homem disse, enquanto ia embora.

    Lágrimas surgiram de seus olhos. Dante podia sentir que iria desmaiar a qualquer momento.

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