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    — A propósito, Dante. Você estava tendo um pesadelo, ou algo assim? — Rishia, perguntou para o garoto — Você estava se contorcendo todo e gemendo.

    A garota ficou curiosa com o que o garoto estava sonhando, se é que podemos chamar aquilo de sonho. Enfim, o menino franziu as suas sobrancelhas por um momento, e pensou sobre o assunto.

    — Opa… opa… opa! — O rosto de Dante, ficou corado instantaneamente. Ele começou a se agitar e morder suas unhas.

    — E-Ei, eu não… não gemi que nem uma prostituta numa sentada não, né?

    Dante, perguntou para Rishia, enquanto mordia as unhas. A garota olhou para ele, e deu pequenas risadas de sua reação e pergunta.

    — Haha… Não, não! Tipo, você já não é um garoto que de fato se parece com um. Acho que esse tipo de gemido enquanto você dormia seria constrangedor.

    Dante, começou a ficar ainda mais corado. A sensação de vergonha que estava sentindo, era de alto nível.

    — Não se preocupe, estava mais para grunhidos… hahaha!

    O garoto sentiu um grande alívio ao receber essa resposta. Ele realmente não queria que as pessoas em sua volta pensassem que estava tendo sonho erótico, ou algo do gênero.

    — Ah, tudo bem… Por favor, pare de rir da minha reação precipitada!

    Seu rosto estava aos poucos tomando a sua cor de origem. Mas ainda tinha algo que lhe incomodava, e era Rishia, que continuava rindo do acontecimento recente.

    — Nã-Nã… não… não dá… hahahaha!

    O garoto ficou ainda mais frustrado com essa resposta dela, ao ponto de aparecer uma veia em sua cabeça.

    — Sério, pare! Você está rindo que nem uma retardada! Sua Hiena Retardada!

    — Hahahaha!

    A provocação dele não fez nenhum efeito, Rishia, ainda continuava a rir descontroladamente.

    — Qual é a graça nisso?!

    — Vo-Você!

    Rishia, não era a melhor pessoa para lidar com piadas de duplo sentido, ou coisas que envolviam esse termo, a garota não estava aguentando. Mesmo sendo uma pessoa inocente, ela entendia essas coisas, e achava engraçado.

    Na cabeça de Dante, ela estava agindo como uma criança do quinto ano agiria em uma aula de ciências. O garoto ficou com o rosto emburrado e corado, depois o virou para o lado. Então, ele pensou:

    “Só espere! Quando você for tomar banho, irei tirar uma foto sua completamente nua e, em seguida, irei mostrar para todo mundo!”

    Ela começou a dar tapas no ombro de Dante, uma atitude que o deixou levemente mais irritado. As risadas aos poucos estavam parando, e a garota estava com a mão em sua barriga. Foi quando Rishia, perguntou novamente:

    — Ma-Mas… fala aí, garoto. Qual foi o seu sonho? — Dante, decidiu pensar novamente na pergunta. Após pensar por alguns segundos, ele acabou tendo uma conclusão.

    — Não me lembro… mas mesmo assim, eu sinto?

    — Quê? — Rishia questionou enquanto franzia as sobrancelhas. O que o garoto percebeu ao pensar no seu último sonho, foi que não lembrava nada sobre ele, mas ainda sentia o sonho.

    O que ele especificamente estava sentido? O garoto estava sentindo uma mistura de dor, frio, calor e medo.

    — Não sei o que dizer… só sei que aquilo foi tão… real! Eu realmente não me lembro do sonho, lembro tudo o que senti…

    Dante, estava ficando desconfortável ao falar aquilo, era como se algo desconhecido estivesse o submetendo. Na verdade, o garoto mentiu no início, ele se lembrava sim de uma coisa: olhos tristes, que lembravam os deles antigamente.

    — E o que você sentiu?

    — …No início, um pouco de conforto comigo mesmo. Mas depois, senti um medo absurdo… e um pouco de dor? Não sei explicar…

    Ao ouvir o que ele disse, a cavaleira ficou com um frio na espinha. Rishia, vendo que Dante estava ficando desconfortável ao falar aquilo, deu um peteleco na sua testa e disse:

    — Tudo bem, é melhor esquecermos isso, por ora.

    O garoto começou a acariciar a sua testa, com o intuito de aliviar a sua dor. Ele olhou com o seu rosto que não estava nada expressivo no momento, e isso incomodou Rishia um pouco.

    — O que é isso? Assustador!

    — Só estou imitando o Ayanokoji. Inclusive, hoje é o dia de eu levar peteleco, por acaso?

    — Hã, o quê? Do que você… Quem é esse tal de Ayanokoji?

    — Esqueça, você não entenderia.

    O garoto visualizou vários guardas ao seu redor. O local estava um pouco escuro, por causa da escuridão da noite, a única coisa que iluminava o local, eram as tochas que os sentinelas usavam.

    O ambiente também estava bastante frio, e uma das provas disso era a neve que continuava a cair aos poucos.

    — Hoje está fazendo frio, né? — Rishia perguntou enquanto se aquecia com as mãos.

    — Sim… Olha, você ainda não me falou como acharam a localização do sequestrador… e por que estamos enrolando aqui?

    A garota olhou para Dante, que olhava para ela de uma forma séria. Rishia, coçou a cabeça e disse:

    — Eu te conto no caminho. Nós vamos caçar o safado assim que conseguirmos achar mais alguma vítima, daquela casa. Os senhores estão investigando.

    “Será que… neste caso… eu contaria como uma vítima?”

    Dante, começou a pensar sobre toda a sua situação, e sobre o que fazer no futuro. Foi quando o garoto decidiu perguntar:

    — Ei, você poderia me falar em que dia e mês é hoje?

    — Ahn? Você não sabe? 

    “Eu julgo que os dias e meses aqui sejam diferentes.”

    — Dia quatorze do mês quantizun.

    — …Entendo, obrigado.

    Após isso, Rishia, começou a bagunçar o cabelo dele. Dante, ficou um pouco irritado com essa ação dela, mas decidiu não fazer nada sobre.

    — Ei, Rishia. É impressão minha, ou você está me tratando como criança? Se for isso, por favor pare. Eu sou bem mais velho do que aparenta, talvez até mais do que você.

    — Huh? Eu te tratei como criança? Hm, é verdade que vejo você como uma pessoa mais nova que eu, mas não lembro de te tratado como uma criança alguma vez.

    — Esquece, foi impressão minha… Por falar nisso, você tem quantos anos? — Rishia se virou para ele, e respondeu:

    — Tenho dezoito anos.

    — Entendo.

    Após isso, um tempo se passou, e uma carroça apareceu no local.

    — Ah… Ahn? Aaah! — Dante ficou boquiaberto quando viu a carruagem. 

    Não era uma carroça linda quanto uma da nobreza. O que deixou o garoto boquiaberto, não foi a aparência da carruagem, mas sim os animais que iriam carregá-la.

    Era um animal musculoso que andava sobre quatro patas. Ele se parecia bastante com um homem-lagarto que via em animes e mangás, mas também se parecia bastante com um dragão-de-komodo. Podia se dizer que era uma junção dos dois.

    De qualquer forma, não parecia que o animal fosse um demi-humano, pois não mostrava a mesma inteligência de um. As portas do veículo abriram, e Rishia entrou dentro da carruagem.

    — Dante, venha. — disse Rishia.

    — Ah, certo! — O garoto entrou no veículo. Após isso, ele se sentou ao lado de Rishia, e viu mais duas pessoas no local.

    A primeira pessoa que ele viu, foi uma mulher que transmitia um olhar sério e assustador. Ela parecia ser uma mulher guerreira, e que passou por vários desafios e aventuras, essa foi a primeira impressão que Dante teve dela.

    A segunda pessoa era uma adolescente, que parecia ter a mesma idade que o garoto. A primeira impressão de Dante ao ver ela, foi de uma garota frágil, delicada e tímida, já que ela aparentava ser isso.

    Ele não entendeu muito bem o porquê dela estar naquele local, já que parecia uma princesa. De qualquer forma, Rishia se curvou diante a mulher que tinha um olhar que botava medo em Dante, e disse:

    — Boa noite, Senhorita Christine Aurora Asknes

    O garoto ficou confuso com a ação de Rishia, ele começou a  pensar melhor naquela situação, e entendeu o que tinha acontecido ali.

    “Se para uma cavaleira e dona de uma divisão, se curvar para aquela mulher, isso quer dizer que ela é importante… talvez uma nobre?”

    Foi um pensamento válido, até porque, qual seria um motivo melhor para uma cavaleira se curvar perante à uma outra mulher? Ela poderia ser uma nobre ou uma cavaleira veterana.

    “Ela não tem muito um perfil de cavaleira.”

    — Tolo! — Quem jogou esse insulto no ar, foi Christine Aurora Asknes. Dante, se virou para Rishia, e viu a garota com um olhar bem diferente do normal, como se estivesse pedindo misericórdia, inclusive, ela começou a tremer.

    — Você seria Dante Katanabe, não é mesmo?

    “Ela sabe o meu nome? …A Rishia conhece esta mulher, certo? Isso pode explicar, talvez ela tenha falado de mim.”

    O garoto ficou bastante surpreso com isso, e até arregalou os olhos. Ele levou o seu corpo um pouco mais para trás.

    — Por essa sua reação, eu posso confirmar.

    — Ahn… Si-Sim, eu sou Dante Katanabe, muito prazer! —

    O garoto estendeu as suas mãos, com o intuito de cumprimentar a mulher. Christine, em uma ação rápida, bateu na mão de Dante, fazendo ela se afastar.

    — Peço que não me toque. —O garoto ficou bastante incomodado com isso, e decidiu recuar.

    — Rishia… abaixe-se mais! 

    A moça se levantou de onde estava sentada e exclamou enquanto forçava a cabeça de Rishia para baixo. Dante, vendo aquela cena ficou assustado, era possível ver fúria nos olhos daquela mulher.

    — E você… quem pensa que é? — ela falou diretamente para Dante.

    — Curva-se, ou a sua amiga vai morrer! — Essa fala fez o coração de Dante se acelerar rapidamente.

    “Que situação é esta? Se eu não me curvar, Rishia morre? O que eu devo fazer? Ah, não, espere seu idiota, é só se curvar!”

    — Quer saber, cansei!

    Ela apontou uma espada em direção ao pescoço de Dante, basicamente a espada e o pescoço estavam encostando um no outro.

    “De onde saiu esta merda?!!”

    O garoto não tinha visto nenhuma bainha ou alguma coisa que guardava alguma espada no local, então isso foi uma surpresa. Dante, estava ficando desesperado, era possível ver a clara expressão de medo no rosto dele.

    — Tive uma ideia, caso tire esta espada de minhas mãos, eu poupo a vida de vocês — Christine disse em um tom que expressava elegância — Isto não é uma obrigação, você pode escolher entre fazer ou não fazer. Então, escolhe o quê?

    Ao som das falas que expressavam ameaças, naquela noite cheia de neve, a carruagem começou a partir.

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