Arco 3: Capítulo 31 - O Anjo Elegante

— Imaginei que estaria aqui — quem disse isso foi Bastet.

A mulher estava em uma sala fechada, sem nenhuma janela e com o chão no estilo xadrez. Nesse lugar, havia uma única mesa circular e uma cadeira, onde um homem estava sentado.

— Bastet.

— Como vai, Vênus?

O homem com cabelos cacheados olhou para a garota com um completo desinteresse. Ele estava elegantemente sentado na cadeira, tomando uma xícara de chá. Também estava usando um elegante terno, que fazia exalar uma sensação de nobreza vinda dele.

— O que te trás aqui? — após tomar mais um gole de seu chá, ele a questionou — Se está aqui, ou quer só matar as saudades, ou é para algo importante…

— Uau! Você leu a minha mente, ou já está sabendo da situação.

A mulher andou em curtos passos até o homem, que não se incomodou com essa aproximação. Ela bateu com as suas mãos na mesa e fixou seu sério olhar até ele.

— Sabe da situação?

— …Resuma — deu mais um gole de seu chá, esperando Bastet começar a falar.

Por essa sua resposta, a garota logo deduziu que Vênus tinha nenhum conhecimento em que eles se encontravam, mas também havia uma chance dele estar se fazendo de bobo.

— Precisamos reunir forças, para nos protegermos do Rei Demônio e aos nossos familiares também!

O homem, que desde o início demonstrava uma expressão desinteressada e calma no rosto, franziu a testa ao ouvir a última frase que saiu da boca de Bastet.

— Ahn? E o que as nossas crianças têm a ver com o Rei Demônio?

— Eles serão afetados. O Rei Demônio nos odeia e nos vê como ameaças. Ele é cruel e tentará afetar os humanos que nós sete protegemos desde a infância.

“Nós sete” foi referido a ela, Angel, Vênus e os demais que ainda seriam contatados.

— Tenho conhecimento. Isto é fato. No entanto, por que eu deveria me juntar a vocês?

Bastet rangeu os dentes e levantou as sobrancelhas em surpresa. Vênus não parecia disposto a ajudá-la, e isso foi a última coisa que a mulher queria saber naquele momento. Porém, ela não iria largar a mão. Desistir era a última coisa que tentaria. Ainda mais em uma situação que via como crítica.

Em breve, o Rei Demônio iria jogar os dados no tabuleiro e começar a agir. Ninguém sabia seus reais motivos para comprar uma briga, isso permaneceria um mistério até o momento.

— Tá me dizendo que vai fugir?

— Se for o melhor jeito de proteger a minha criança, tenho outra escolha?

— Tem! Todos temos! Mesmo que você fuja, ele irá te encontrar uma hora ou outra! — Ela bateu com o dedo indicador na mesa — Temos que agir agora, para ninguém mais sofrer!

Ela tentou convencê-lo com este discurso, mas não parece ter funcionado.

— Hum… Mesmo assim, não é como se o Rei Demônio fosse uma grande ameaça. Se eu fosse você, estaria preocupada com o Olden por exemplo. Aquele cara é maluco.

— Por que está mudando de assunto? Vou ficar preocupada apenas com quem se mostre uma ameaça para mim, ou o garoto que eu protejo.

Falou de uma forma tão nobre que poderia ter mudado a expressão facial de Vênus, mas ela ainda se mantinha completamente desinteressada.

— Além disso, a Angel aceitou me ajudar com esse problema.

— Ah, é? — suspirou enquanto se levantava — Certo… vamos fazer o seguinte, me ganhe em uma luta e me juntarei a você.

O rapaz sabia que ela não iria desistir tão cedo, então fez essa proposta.

De início, Bastet não curtiu muito essa ideia, mas aceitou quando viu que Vênus se juntaria a ela sob essa condição.

— Tudo bem.

Suas asas angelicais apareceram, e a garota saltou para trás. Mostrando seus punhos, a mulher fixou seus olhos no homem, que andava lentamente enquanto suas asas também apareciam.

Dando um salto mais forte e veloz, ele a empurrou na parede, a quebrando. Bastet prosseguiu dando um soco em seu rosto, arrancando um dente e derrubando-o no chão.

Ela andou até ele, sentou sobre seu corpo e socou ferozmente o seu rosto repetidas vezes. Cada golpe quebrava cada vez mais o piso, revelando concreto sob, assim como foi na parede.

Vênus socou seu nariz, o quebrando e a desnorteando na mesma hora. Ela se levantou e apoiou-se com a mão na parede, enquanto tinha a outra mão cobrindo seu rosto.

O homem não permitiu que ela parasse ali. Segurou a sua roupa e a arremessou para o teto daquela sala, quebrando o mesmo. Bastet caiu, mas, quando estava prestes a se deparar com o chão, Vênus chutou suas costas, fazendo-a ser arremessada rapidamente e violentamente para o teto novamente, várias vezes.

Se cansando daqueles ataques, a garota voou sobre o salão em uma grande velocidade e, logo em seguida, socou o estômago do rapaz, fazendo-o ser jogado até a parede. No entanto, ela não parou por aí. Antes que Vênus pudesse fazer alguma coisa, Bastet pegou o corpo do homem e o jogou até outra parede.

Ela fez isso novamente, mas, desta vez, o jogando até o chão.

— Chega, você venceu…

Vênus disse, completamente esgotado daquela luta que ele mesmo propôs.

— Certeza? Ainda posso aguentar bem mais.

— Você venceu… Você bate bem mais forte do que antigamente.

Apesar de que foi o rapaz que a jogou várias no teto, Bastet era bem mais forte do que ele.

Essa luta não teve nenhum ódio sob ambas as partes, mesmo que a mulher tenha ficado com um pouco de ressentimento de ter seu nariz quebrado na batalha, e o rapaz de ter seu dente arrancado.

— Que coisa desnecessária. — Ela estendeu a mão para o anjo. Correspondendo a gentileza, ele se levantou com um pouco de dificuldade.

O local inteiro foi destruído e os dois estavam bastante machucados após essa curta luta. Não que isso fosse um problema.

— Então, você se juntará à gente?

— Como dito anteriormente, sim. — Ele estalou seus dedos, e o lugar que estava destruído se restaurou por completo.

Aquele lugar não estava em nenhuma parte do mundo de Olden ou do Planeta Terra. Aquele local era exclusivo de Vênus.

— Ótimo. Obrigado, meu amigo — disse a mulher, mostrando um enorme sorriso.