Índice de Capítulo

    — Chefe!! Chefe!!

    Um rapaz desesperadamente entrava de forma abrupta em uma sala iluminada por uma pedra mágica de luz presa ao teto. Além disso, aquela sala era grande e tinha alguns crânios humanos feitos de ouro nas paredes. Havia uma poltrona vermelha e preta, onde o “chefe” em questão estava sentado. Na frente da poltrona, uma mesa que, logo à frente, dava em outra poltrona idêntica à anterior. Também tinha um grande sofá no lugar e algumas cadeiras, onde as outras pessoas estavam sentadas.

    O “chefe” em questão era um homem musculoso vestindo um terno roxo e segurava uma bengala com uma grande joia para segurar — ele não usava a bengala porque necessitava, mas, sim, porque aquele objeto o fazia ter ainda mais cara de “chefão do crime”. Os homens atrás dele sentados no sofá e nas cadeiras eram seus subordinados, assim como o rapaz que acabara de entrar naquele local completamente desesperado.

    O homem olhou seriamente para aquele rapaz, e um pouco irritado com toda a gritaria de seu subordinado.

    — O que foi que houve, Maicon?

    — Chefe, problemas! Uma mulher está vindo aqui, exigindo falar com você!

    Todos olharam para o rapaz e começaram a rir, inclusive, o chefão do lugar.

    — Por que está tão desesperado, Maicon? Sinceramente, isso me deixou de bom humor. É só uma mulher. Zero problemas. E, afinal, o que essa mulher quer comigo?

    — Chefe! Aquela mulher deixou o Zangro inconsciente!

    Zangro é aquele homem que foi pedir informações para Dante mais cedo, e o mesmo que Angel pressionou contra a parede. Porém, isso que falou fez o humor da sala mudar. Todos que, segundos atrás, achavam graça e estavam se divertindo com a situação, ficaram calados, surpresos e sérios.

    — Ah, mas também o Zangro é um fracote. Se deixar, ele consegue perder até para uma criança. — Colocou a mão no queixo e pensou sobre a mulher que logo chegaria — Você não respondeu. O que ela quer com a gente?

    — E-eu não sei…

    — Será que quer pagar por um serviço? — um homem que estava lá atrás disse.

    — Não acho que seja isso. Se você quer contratar um grupo, como o nosso, primeiramente, por que deixar um dos membros inconsciente? A não ser que o Zangro estivesse agindo como um pervertido, aí sim faria mais sentido — o chefe respondeu.

    — E-ela tá vindo! — O homem, tremendo de medo, se afastou da entrada o mais rápido possível e se escondeu atrás do sofá.

    O chefe achava aquela situação toda ridícula e decidiu acabar com aquilo o mais rápido possível.

    A mulher entrou no local, olhando para todos seriamente e com um sorriso no rosto, enquanto segurava um saco de couro com uma das mãos.

    — Você é o chefão daqui, certo? — Aquela mulher era Angel.

    — O próprio. E quem é você?

    Ignorando a pergunta dele, a garota sentou-se na poltrona à sua frente, deixando o saco de couro ao seu lado, e os dois ficaram cara a cara.

    — Queria fazer algumas perguntas.

    O homem balançou a sua mão, indicando para Angel prosseguir.

    — O que vocês querem com o novo vilarejo e a mansão?

    — Mas que pergunta rasa. Se formos contar o tanto de…

    — Não faça-se de idiota. Você sabe muito bem do local que eu estou falando, tanto que mandaram um subordinado buscar informações.

    — Ah! Então é desse vilarejo que você se refere.

    A partir daí, o homem ficou um pouco mais apreensivo. Seria um problema se a informação de que queriam alguma coisa com o lugar vazasse.

    — Bem, como você, aparentemente, já sabe sobre as minhas intenções com aquele lugar, acho que não faz mal te contar um pouquinho.

    — Você contaria de qualquer jeito. Eu faria isso acontecer.

    — Hah! Que abusadinha! Você faria um cara como eu revelar as suas intenções porque sim? Hah! Ouviram isso, senhores? Temos aqui uma comediante! — Todos riram enquanto Angel continuava com um olhar sério e um sorriso no rosto.

    O homem não conhecia Angel e, por isso, a subestimava e não botava fé em suas palavras. Afinal, ele era um criminoso poderoso, tendo inúmeras pessoas em sua facção. Isso meio que se refletia nas outras pessoas daquela sala também, com exceção de Maicon, que permanecia com medo enquanto espiava atrás do sofá.

    Inclusive, aquelas pessoas dentro da sala, eram só algumas do tanto de gente que tinha como subordinado.

    — Sabe, coisas normais, saquear, matar algumas pessoas que irão nos

    atrapalhar no meio do caminho. Normal, coisa normal. — Ironizou suas palavras.

    — Desista, isso não vai acontecer, e posso garantir isso.

    Todos ficaram confusos com o que ela disse, mas também acharam graça em suas palavras. Se perguntaram como isso seria possível, subestimando a garota mais uma vez.

    — Hah! E como pretende fazer isso? E por que vai fazer isso?

    — Porque meu garoto trabalha na mansão de lá, e estarei evitando este perigo, por ora. — Ela não ignorou a primeira pergunta dele, só deixou para responder depois.

    Ao ouvir o que a garota falou, viu uma espécie de amor fraternal em sua voz, ou um sentimento acolhedor e de proteção.

    — Entendo. Seu filho está lá. Entendo como é uma mãe preocupada com seu filho, afinal, também tenho um filho, apesar de eu não ser uma mãe.

    — Não é meu filho. É a pessoa que tenho que proteger.

    — Huh? Entendo. Mesmo assim, ainda vamos invadir aquele vilarejo.

    Mesmo ouvindo isso, o homem não mudou suas intenções e ainda estava decidido atacar o local. Angel já esperava por isso. Última coisa que ela esperaria seria ter simpatia daquele rapaz e fazê-lo mudar de ideia com o que disse anteriormente.

    — Não estou surpresa. Por isso, respondendo a sua primeira pergunta agora, pretendo detê-lo com isso. — Colocou o saco de couro em cima da mesa.

    — Propina? Não é qualquer quantia que vai me fazer mudar de ideia, viu? — Pegou o saco e viu que era pesado — Uau! Deve ter uma boa quantia aqui!

    Levantou-se da poltrona e declarou a todos:

    — Meus homens! Hoje iremos beber até cair!

    Todos comemoram. Aquela seria a noite de bebida deles, então, estavam animados para tomarem um bom vinho até dizer chega. O único dos seus subordinados que não estava feliz com isso era Maicon, que permanecia com medo atrás da poltrona. Angel também não reagiu àquela cena com muita diferença, apenas manteve o sorriso em seu rosto e o olhar sério.

    — Ótimo! Agora vamos ver o que… Uh? Uh?! Uh?!! — Repentinamente, ele jogou o saco na mesa e, todos que estavam comemorando até agora, ficaram surpresos.

    Quando o saco caiu na mesa, todos puderam ver o que tinha em seu conteúdo.

    — I-isso é…

    — Isso mesmo, ô, poderoso chefão. Braços humanos.

    Tinha dois braços humanos naquele saco, junto do sangue seco que manchou apenas a parte de dentro. Quando foi aberto, o cheiro podre assolou o local. Mas ainda tinha o xeque-mate.

    Angel se levantou e andou tranquilamente até o homem.

    — Sabe o melhor de tudo? — chegou perto de seu ouvido e sussurrou: — São os membros de sua esposa e seu filho.

    Seus olhos se arregalaram. A confiança que tinha antes se foi, e começou a chorar.

    — M-mentira…! Isso é mentira!! — gritou enquanto tentava dar um soco em Angel, mas ela segurou seu golpe com apenas uma mão, o deixando surpreso.

    — Não é, não.

    A garota socou seu rosto. Não foi forte o bastante para deixá-lo inconsciente, mas o derrubou no chão.

    — Se fosse mentira, você não teria essa reação.

    Ela o colocou contra a parede, segurando o seu terno, e olhou para os subordinados. Ninguém estava disposto a fazer alguma coisa. Além disso, todos estavam com medo.

    — Maicon, né? — chamou o rapaz que espiava tudo de trás do sofá.

    — S-sim…

    — Quantos anos?

    — V-vinte e três, senhora…

    — Você é um rapaz novo, com uma vida inteira pela frente. Tá se envolvendo com criminoso por quê?

    — Porque… uh…

    Isso o pegou de surpresa. Ele não sabia o que responder.

    — Escuta só, Maicon, pela sua cara, você parece ser uma pessoa legal. Vai embora e muda de vida. Se eu souber que você está cometendo crimes de novo, irei te caçar.

    — M-mas…

    — Anda! Chamei as autoridades, e elas vão chegar aqui logo, logo.

    Maicon correu em direção a porta.

    — T-tudo bem! Obrigado!

    E fugiu.

    — Não se preocupe, não farei nada com você, deixarei com as autoridades. Muito legal saber que você ia comandar um grupo de criminosos para atacar um vilarejo onde tinha crianças. — Angel abriu um sorriso mostrando os dentes, fechou os olhos e inclinou sua cabeça.

    Após isso, largou o homem no chão, que rapidamente se encolheu e começou a desabar em lágrimas. A garota se levantou, pegou o saco que tinha os braços humanos e andou até a porta.

    — Tchauzinho! Espero que pensem muito bem sobre suas atitudes na cadeia! — falou com uma voz fina e animada, que todos viram de uma forma doentia.

    Depois disso, passou pela porta e a fechou, deixando o local.

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