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    Um som agudo saiu dos lábios do orc depois que juntou com seus dedos. O assobio que fez, atraiu mais um animal para aquele local. Sua sombra cobriu as duas pessoas que recém conheceu, chamando a atenção deles.

    Um lagarto gigante com quatro grandes bolsas amarradas em seu corpo apareceu ali. Desceu rapidamente o local, e foi até Grond, abaixando sua cabeça.

    — Muito bem, garoto. — O orc fez um cafuné em sua cabeça, e pegou uma maçã que tinha em uma das bolsas, usando para alimentar o animal.

    Aquele era um lagarto das montanhas. Geralmente gostavam de lugares húmidos, mas podiam suportar muito bem o calor e o frio. Era um animal muito dócil e energético. Se não existissem cachorros, esse com certeza receberia o titulo de “amigo do homem”.

    O rapaz o usava como montaria e bichinho de estimação, e mal esperava para os dois viverem mais aventuras juntos, morrerem velhinhos e contanto para os filhos de seus filhos as histórias que ainda iriam viver. Um parceiro, para vida toda.

    — Oh! — Crim pareceu super animada quando viu o lagarto. Ela tinha conhecimente dessa raça, e sempre quis, um dia, conhecê-la. Aparentemente, esse dia chegou — Um lagarto das montanhas! Onde você o encontrou?

    — Há alguns dias. Eu o encontrei em uma floresta perdido. É uma bela criança.

    “Criança?”, Dante franziu a testa, pensando em um animal para ter esse tamanho todo, como seria quando se tornasse um adulto.

    O lagarto das montanhas eram gigantes, mas nada absurdo. Quando esse carinha crescer, ele vai ultrapassar o tamanho de Grond, sim, mas nada que ultrapassase uma casa, por exemplo. O que também significaria que o orc e o animal poderiam continuar dormindo juntos em noites.

    Além disso, o jovenzinho tinha apenas cinco anos de idade. Ele era menor em seu nascimento, com toda certeza.

    — E qual é o nome dele?

    — Seu nome é Joe.

    — P-posso dar carinho nele?

    — Vai com tudo, sereia.

    A garota fez isso com gosto, e Joe pareceu ter adorado, abrindo um sorriso fofo com sua boca, sem dentes, de lagarto. Crim podia sentir que iria vomitar arco-íris de tanta fofura.

    — Tem mais maçãs nessa bolsa. — Apontou — Pode dar à ele se quiser.

    — É sério?!

    Ela rapidamente pego uma maçã, colocando-a na boca de Joe. Entretanto, ainda havia um problema, o lagarto não tinha dentes. A garota se perguntou como ele iria comer. Bom, o animal podia simplesmente engolir de vez a maçã, mas havia mastigado quando recebeu o fruto das mãos do orc.

    Foi aí que, de repente, das gengivas dele, pequenos dentezinhos apareceram. Respondendo, assim, a dúvida presente na mente de Crim, que deu uma risada ao ver Joe mastigando com o auxílio de seus dentes. Depois de comer, o lagartinho escondia os dentes novamente.

    — Por falar nisso, acho que não sei seu nome, minha jovem.

    — Ah! Sim! — Antes de se apresentar, ela se afastou — O meu nome é Crim, e eu sou uma sereia com um grande objetivo!

    A garota fez uma pose após sua frase, que fez Dante, seriamente, questionar se ela tinha a síndrome da oitava série.

    — Ah, e qual seria? — perguntou curiosamente o orc.

    — Buscar o que quero ser no futuro. E, por isso, que estou nesta viagem com este humano em nossa presença.

    — Oh!

    Isso fez Grond levantar as sobrancelhas e arregalar os olhos. O atual objetivo da jovem o despertou lembranças nostálgicas.

    Não era o mais novo o tão novo quanto os outros ali: Dante com dezesseis, Crim com dezoito e Joe com cinco. Tinha vinte e seis anos de idade, e estava destinado a liderar o vilarejo após a morte de seu pai, ou se tivesse alguma incapacidade.

    Porém, como futuro lider, ainda tinha questões mentais de como deveria continuar o legado de seu pai. Não queria ser apenas um governante de sua tribo que não fizesse nenhuma diferença. Queria evoluí-la, criar relações com outras tribos de outros espécies, e, no futuro, uma pequena comunidade com cerca de cem orcs, virasse uma nação própria com milhares de habitantes.

    Isso era sonhar alto, mas não fazia nenhum mal.

    O rapaz ficou nesses pensamentos por meses, talvez um ano e mais alguns meses, perguntando-se o que deveria fazer primeiro quando se tornasse um lider.

    Focaria em enriquecer seu território? Isso seria ótimo. Poderia comprar, negociar coisas com outras raças. 

    Criaria bordéis? Talvez, não seria nada mal.

    Entraria em uma guerra? Definitivamente, não. Isso seria péssimo, terrível, ainda mais para criaturas que queriam viver em paz, em seus próprios cantos.

    Era divertido fantasiar seu futuro eu trabalhando como lider, e isso que o deixava com nostagia, dessa fantasia e imaginação que criava mentalmente, e as situações malucas onde ele seria o personagem principal e salvaria o dia, na base do argumento ou na luta — as lutas em sua cabeça eram insamente épicas, onde saía delas sem nenhum arranhão.

    Enfim, decidiu parar de pensar muito nisso depois de um tempo, pois, na época, ainda iria demorar alguns anos para isso acontecer, e seria problema do Grond do futuro.

    Apesar das situações dos dois serem diferentes, tinham semelhanças. “O que farei no futuro”, era o forte desses pensamentos.

    O orc estufou o peito, com orgulho da imaginação do seu eu do passado. Como cresceu, ficou mais atarefado e acabou deixando essas fantasias de lado, sentiu vontade de fazer isso novamente, à noite.

    — Acho que está na hora de nós irmos. Pegarei a carne e pele desse tigre dentes-de-sabre, e partiremos. Só me deem um momentinho.

    Os dois assentiram.

    Grond andou até uma das bolsas, pegou um facão, e cortou a carne e pele do animal. Infelizmente, não consigiria levar toda a carne. Já a pele, conseguiu levar boa parte. Colocou cada um em cada bolsa, e o trabalho já havia sido finalizado. O resto que sobrou ali, seria devorado por animais carniceiros da área.

    As quatro grande bolsas serviam pra cada coisa em específico: uma servia para a comida e água por orc. Afinal, uma viagem longa sem comida ou água seria burrice. E, depois de encontrar Joe, os suprimentos da bolsa passaram a ser dele também.

    As outras duas bolsas eram para carne que acabara de conseguir e pele para roupas e outros coisas.

    Por fim, a última bolsa era apenas para alguns utensílios, como o facão que usou.

    — Tudo pronto. Vamos?

    Grond deu instruções para montar em Joe. Pressionar suas pernas e segurar em suas costas, apenas. Desse jeito, não cairiam no meio da viagem.

    Todos já sentaram em cima do lagarto, Dante estando na frente, Crim no meio e o orc, o maior dos dois, atrás.

    — Está tudo bem a entrada de um humano em um vilarejo orc — disse o garoto, após pensar um pouco sobre o primeiro encontro que teve com o homem.

    — Não se preocupe. Conversarei com o líder, meu pai. Ele entenderá a situação.

    — Quanto tempo você acha que vai levar até lá? — Crim perguntou.

    — Bem, quando eu vinha aqui sozinho, demorava uma semana de ida e volta. Mas, desde que encontrei esse carinha, a viagem se encurtou. — Acariciou a barriga de Joe, tirando um grande sorriso do lagarto — Talvez, quatro… Não. Três dias.

    — Hah! Tudo bem! Então essa será nossa jornada de três dias!

    Assim, partiram para sua viagem de três dias até o vilarejo orc.

    Dante e Crim estavam ansiosos para chegar lá. Enquanto estavam nas Terras de Laplace, ainda se depararam com alguns perigos, e um deles foi a centopeia terrestre escarlate, um animal tão grande quanto um dragão, e muito perigoso.

    Grond lutou contra o animal bravamente, usando sua lança e rasgando seu corpo enquanto corria das suas costas até sua cabeça erguida no céu.

    A centopeia tinha muito veneno em seu corpo. Ela era comestível, mas só seguro se fosse feita por um chefe especializado que pudesse tirar o veneno perfeitamente.

    Como tinham que passar a noite por alguns dias nessas terras, o orc sugeriu com que Dante preparasse a centopeia para a janta, mas o jovem se recusou por dois motivos: não tinha confiança em preparar um animal tão venenoso, e a aparência dele não o agradava. Só de pensar em comer uma coisa dessas o deixava enjoado.

    Então, o orc sugeriu que eles usassem o animal como fonte de fogo, mas o garoto e a sereia recusaram essa ideia, já que a bolsa de veneno dentro da centopeia iria se transformar em um gás venenoso.

    No fim, eles descartaram completamente o corpo do animal em algum lugar, e comeram um gigante pássaro terrestre que Grond encontrou. Crim se perguntou se os animais carniceiros iriam ficar bem se comesses centopeia

    Aliás, como ficaram três dias e três noites, cada um dos três fizeram vigias à noite. Caso o jovem ou a garota, dependendo de quem estava de vigia, encontrasse algum animal perigoso, acordariam o orc.

    E isso ocorreu apenas uma vez, no turno de Crim. Era mais um tigre dentes-de-sabre, que o rapaz lutou e matou bravamente. E Dante acabou cozinhando esse animal ao dia, ganhando uma certa experiência em preparar um tigre.

    Por fim, saíram das Terras de Laplace, nessa jornada de três dias, e eles chegaram em uma área mais florestal. Depois de andarem um pouco pela floresta, puderam ver…

    — Pessoal, aquele é o vilarejo orc, minha casa.

    Os três presenciaram um local grande cercado por muralhas de madeira. Claro, não era grande como uma cidade, mas estava aspirando em ser isso.

    Esse foi o local onde chegaram depois de dias de viagem bem sucedidos, divertidos e com perigos.

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