Índice de Capítulo

    O som que o corpo dele fez ao bater no chão foi assustador. Todos que olharam aquilo ficaram assustados. O sangue derramado no chão se expandia cada vez mais.

    Era só pra ser um dia feliz para aqueles cidadãos. Comer uma boa comida depois de tanto tempo.

    Monstros desse tipo eram comuns em florestas, mas aquela foi a primeira vez que Gradel lutou com aquele louva-deus, focando em apenas tirar sangue o mais rápido possível, o cortando.

    Grond correu até seu pai, e os outros guardas vieram atrás dele. Logo depois, o restante das pessoas ali.

    — Parece que cantei vitória cedo demais…

    O orc ainda não morreu. Os espinhos atravessaram sua armadura, perfurando o seu corpo, acertando um de seus pulmões. Sua voz estava fraca.

    — Pai! — o homem segurou seus ombros — Aguenta! Vamos usar pó de fada para te curar e…

    Infelizmente, Gradel não o via e nem ouvia com clareza. Parecia que seus ouvidos não estavam funcionando direito, e sua visão estava embaçada.

    Sentiu algo querendo sair de sua garganta. Violentamente, sangue saiu de sua boca, quase o afogando.

    Isso foi causado pelo efeito da maldição. Aquele seria o dia em que Gradel morreria, de uma forma ou de outra. Já estava extremamente ferido, e essa maldição só ajudou a acelerar sua morte. Podia ser por isso que sua visão foi tão afetada.

    — Fi… lho.

    Com as suas forças, tentou dizer. Mesmo que não conseguisse ouvir a sua voz com clareza, tentou falar.

    — Você… é… o próximo… que guiará esse povo… Faça amizade com os humanos… prove que nem todos os monstros são ruins…! Assim como nem todos os humanos são bons… Era o desejo da sua mãe… e também o meu…

    Grond já não conseguia dizer mais nada. Não queria aceitar que isso era uma despedida. Queria acreditar que tudo isso era um sonho. Um sonho ruim que logo iria se dissipar… Porém, a realidade era infeliz.

    — E-eu estou feliz… que realizei meu objetivo…

    Além da dor, também conseguiu sentir gotas de água caindo sobre seu rosto. Ele sabia o que era isso: lágrimas.

    — V-você se tornou um guerreiro incrível… Eu te amo.

    Com suas últimas forças, deu um sorriso, e parou de falar.

    — Pai…?

    Grond colocou seus dedos em seu pescoço, para sentir o pulso do homem. Porém…

    — Pai!

    …Já não sentia mais o pulso. Já não respirava mais. Seu coração não batia mais. Ele morreu.


    Depois da morte de Gradel, seu corpo foi levado ao palácio de argila e coberto com um lençol.

    No dia seguinte, ele ganharia um grande enterro.

    — O… chefe… morreu…?

    Sullivan estava em um dos quartos que tinha no palácio, cerrando os dentes de raiva em um quarto escuro.

    — Humano…!

    Enquanto isso, Dante, Crim e Grond andavam de forma desanimada por um corredor com várias portas.

    Aquele corredor levava aos quartos onde os guardas poderiam dormir lá. Na época de treinamento de um orc, era obrigatório, mas depois que se tornava um guarda de forma oficial isso não acontecia mais.

    Eles estavam ali pois o orc iria pegar um quarto para cada um dos dois.

    — Grond, eu sinto muito pelo o que aconteceu… — disse Crim, olhando pro chão.

    — Obri… gado.

    Pararam em uma porta.

    — Dante, você pode…

    — Antes disso — o garoto entrou em sua frente —, eu também queria dizer que sinto muito. E sei como você está se sentindo neste momento.

    — É… mesmo…? — Cerrou os punhos.

    — Já passei pelo mesmo… Não sei se isso ajuda, mas seu pai disse que, se fosse pra morrer, seria lutando para proteger seu povo. Então, tenho certeza de que ele morreu feliz.

    O orc ficou surpreso com essa informação, mas logo abriu um sorriso.

    — Valeu, baixinho.

    Grond respirou e inspirou, olhando para Crim logo em seguida.

    — Vamos ver um quarto para você.

    — Certo! — respondeu a garota.

    O que o garoto disse levantou um pouco o astral do orc, e também o da sereia.

    Quando estavam se afastando, viraram para trás, e disseram:

    — Boa noite.

    Dante retribuiu, dizendo a mesma coisa.

    — Boa noite.

    E entrou em seu quarto.

    Se deparou com um quarto escuro, sendo iluminado apenas por uma vela em cima de uma mesinha. Só havia uma cama com travesseiro e um lençol.

    O garoto fechou a porta e foi até sua cama, se cobrindo dos pés até o topo da cabeça, ficando encolhido naquela cama.

    — Que dia cansativo…

    Não foi como o garoto esperava. Ele imaginou que simplesmente todos iriam comer e se divertir.

    — E por que… Ceifador…?

    Se lembrou que ele havia aparecido aleatoriamente, e em um piscar de olhos sumiu, como se estivesse em um filme de terror.

    — Acho melhor eu dor…

    Dante cortou sua frase ao ver uma luz saindo da porta e se apagando. Alguém havia entrado no quarto.

    — Gen…

    Antes que pudesse dizer alguma coisa, foi arremessado no chão e recebeu um mata-leão. Essa pessoa o suspendeu utilizando o golpe, o sufocando ainda mais. Depois disso, recebeu uma facada no estômago. Desceu lágrimas de seus olhos em reação à dor. E, antes que pudesse gritar, sua boca foi tampada.

    — Caladinho, seu humanozinho desgraçado…

    O garoto aproveitou a mão o impedindo de gritar, e tentou abrir a boca ao máximo, a fechando violentamente e puxando a pele da mão com o dente.

    Quando essa pessoa reagiu a dor, tirou a mão por um segundo de sua boca, e Dante aproveitou esse tempo para morder os dedos do agressor.

    Ele gritou de dor, enquanto o jovem usava toda a força de sua mandíbula.

    Até que, o garoto caiu no chão, levando junto um dedo verde na boca. O cuspiu no chão, junto do sangue.

    Tentou se levantar, mas não conseguiu, seu corpo não o obedecia.

    “Droga! Por quê? Por quê?”

    Virou sua visão para o agressor, e viu seu rosto.

    “Sullivan…”

    Viu o homem gritando de dor, e a sua mão completamente ensanguentada.

    O seu sangue estava saindo cada vez mais, manchando o chão. Sua visão estava ficando turva. Antes de desmaiar, pôde ver outros orcs chegando no local.

    “O que foi que eu fiz… cara?”, pensou, desmaiando logo em seguida.

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