Arco 3: Capítulo 55 – No Dia Seguinte
A primeira coisa que viu foi um teto com base nas estruturas daquele lugar: argila. Tentou recordar o que havia acontecido. Quando se lembrou de que levou uma facada, levantou assustado da cama. Tirou o lençol que se cobria, olhando sua barriga.
— Nada.
O ferimento que deveria estar ali simplesmente não existia, como se nunca tivesse acontecido. Estava sem camisa, em um local maior do que o quarto que estava antes. Tinha várias camas, todas vazias. Aquele lugar completamente vazio, sendo iluminado apenas por tochas o deixava desconfortável. Como se estivesse em um filme de terror, com essa ambientação vazia.
— Eu morri?
Pensou na possibilidade de ter morrido e voltado a vida, explicando de não ter o ferimento da facada. Mas, não deveria se encontrar com Himawari antes? E se ela apenas o reviveu sem dar um oi, por que ela faria isso?
— Não, você está completamente vivo.
Recebeu a resposta de uma voz vinda acima de sua cabeça. Olhou para cima, vendo uma fada com um jaleco apropriado para seu tamanho. Ela desceu até ficar cara a cara com o garoto, que tinha um olhar confuso no rosto.
— E parece que está bem vivo, com muita energia, né, jovem?
— Quem é você?
— Me chame de Daisy. Eu tratei de seus ferimentos — disse, enquanto ia pegar um mini copo.
Pó de fada era usado para curar feridas. Eles saíam das asas, mas apenas conforme a vontade das fadas, então, mesmo que ficassem voando para lá e pra cá, não iriam desperdiçar nenhum pouquinho de seu pó.
A cura desse pó era bem eficiente, e poderia ser utilizado na medicina atual, porém, não era comercializado e nem utilizado por humanos, mesmo as fadas sendo uma das poucas criaturas ou monstros que não eram odiados ou temidos por humanos.
O processo de materialização era demorado. Elas podiam soltar em grande quantidade, mas quando acabava, demorava quinze dias para terem 100% do pó. As fadas eram muito contrabandeadas por causa de seus benefícios de cura. Muitas, em grande quantidade, e isso compensava a demora. “Se uma não está podendo curar mais, usamos a outra até podermos usar essa novamente”.
Além disso, o pó não servia apenas como benefícios de cura. Também serviam como aromatizador e uma pequena fonte de luz temporária.
Enfim, após ela pegar o mini copo, o colocou na região do coração de Dante, logo depois, colocando o ouvido na parte de trás do copo.
— Uhum! Ótimo.
— O que você está fazendo?
— Checando se você não tem mais algum problema.
Depois disso, ela voou até sua testa, encostando nela.
— Parece que sua temperatura está normal, também.
Desceu novamente para frente dele.
— Enfim, é isso. Irei chamar o novo líder. Ele queria falar com você quando acordasse.
— Espera, novo líder?
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— Sim. Depois que Gradel morreu, Grond tomou o posto de seu pai.
Isso era coisa de família. Depois que o pai de Gradel, avô do atual líder, morreu, o orc assumiu o cargo de seu pai naquela época.
Não necessariamente precisava morrer para ser o próximo líder. Você também poderia renunciar o cargo ou abandonar por estar muito velho e se aposentar.
Dante compreendeu isso, e se perguntou se deveria o tratar mais formalmente por causa disso.
— Podem entrar! — disse a fada, da porta.
Quem entraram ali foram Grond, Crim e o lagarto Joe, que ficou preocupado quando viu que seu amigo estava ferido.
— Ei, Dante, você está bem? — disse Crim.
— Sim, sim. Estou de boa na lagoa, tranquilo como esquilo.
— Que bom! Mas o que é um esquilo?
Joe foi até o garoto, e com sua grande língua, lambeu seu olho. Isso o fez se arrepiar e ficar paralisado, desejando que o lagarto nunca fizesse isso. Além de ter achado desconfortável, não conseguia mais deixar o olho lambido aberto com facilidade.
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— Obrigado… Joe…
Dante olhou para o orc que estava com um olhar levemente preocupado.
— Que bom que está bem, Danre. — Ele se virou para as pessoas que estavam al e disse: — Por favor, podem me dar espaço? Quero falar algo importante com ele.
Elas assentiram, saindo do quarto, junto com o lagarto. Dante estava curioso quanto ao que o homem queria conversar com ele.
Foi quando viu ele se agachando no chão, ficando de joelhos.
— Eu lamento pela sua primeira noite em nossa aldeia ter sido tão ruim. Mas peço, não vá embora ainda, Dante! Os cidadãos daqui precisam de você para não voltarem a comer péssima comida.
Dante ficou surpreso. A preocupação do orc fazia sentido. Ele pensou por qual motivo Dante ainda continuaria naquele local depois de ter recebido uma facada, após ter ajudado uma aldeia inteira.
Se perguntou o que faria depois que o único cozinheiro for embora, sem ensinar seus ensinamentos para os moradores.
Porém…
— Não se preocupe quanto a isso. Não posso prejudicar uma aldeia inteira por causa da atitude de um cara. E se eu for embora, vai ser depois de ensinar algumas pessoas a cozinharem.
Grond o olhou com alívio e felicidade nos olhos. Se levantou do chão e limpou a garganta.
— Sendo assim, agradeço muito… Mas, tenho algo para te pedir.
— Hã?
— Quando ficar descansado, participe do julgamento de Sullivan, o cara que te esfaqueou ontem.
Enquanto isso acontecia, Angel ainda estava no meio do mar, deitada na jangada, enquanto o sol batia em sua cara.
— Que tédio…
Ela levou a sua mão, de forma desanimada, até a cesta de peixe que fez. Pegando um peixe, que antes estava quente e crocante, frio e mole. Mordeu um pedaço.
— Ainda está gostoso, mas não como antes…
Ela olhou para trás, e viu algo que a deixou animada.
— Aquilo é uma praia?!
Ela viu várias pessoas em uma extensa área de areia. Tinha crianças brincando na água ou na areia e adultos curtindo com amigos ou outros familiares, desde conversar ou apenas relaxar.
— Isso! Isso!
A animação foi tanta que se levantou apenas para se jogar na jangada, o que a fez balançar.
— Amigos, eu estou indo até vocês!
Disse, levantando o braço e tampando a luz solar com a mão.
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