Índice de Capítulo

    A primeira coisa que viu foi um teto com base nas estruturas daquele lugar: argila. Tentou recordar o que havia acontecido. Quando se lembrou de que levou uma facada, levantou assustado da cama. Tirou o lençol que se cobria, olhando sua barriga.

    — Nada.

    O ferimento que deveria estar ali simplesmente não existia, como se nunca tivesse acontecido. Estava sem camisa, em um local maior do que o quarto que estava antes. Tinha várias camas, todas vazias. Aquele lugar completamente vazio, sendo iluminado apenas por tochas o deixava desconfortável. Como se estivesse em um filme de terror, com essa ambientação vazia.

    — Eu morri?

    Pensou na possibilidade de ter morrido e voltado a vida, explicando de não ter o ferimento da facada. Mas, não deveria se encontrar com Himawari antes? E se ela apenas o reviveu sem dar um oi, por que ela faria isso?

    — Não, você está completamente vivo.

    Recebeu a resposta de uma voz vinda acima de sua cabeça. Olhou para cima, vendo uma fada com um jaleco apropriado para seu tamanho. Ela desceu até ficar cara a cara com o garoto, que tinha um olhar confuso no rosto.

    — E parece que está bem vivo, com muita energia, né, jovem?

    — Quem é você?

    — Me chame de Daisy. Eu tratei de seus ferimentos — disse, enquanto ia pegar um mini copo.

    Pó de fada era usado para curar feridas. Eles saíam das asas, mas apenas conforme a vontade das fadas, então, mesmo que ficassem voando para lá e pra cá, não iriam desperdiçar nenhum pouquinho de seu pó.

    A cura desse pó era bem eficiente, e poderia ser utilizado na medicina atual, porém, não era comercializado e nem utilizado por humanos, mesmo as fadas sendo uma das poucas criaturas ou monstros que não eram odiados ou temidos por humanos.

    O processo de materialização era demorado. Elas podiam soltar em grande quantidade, mas quando acabava, demorava quinze dias para terem 100% do pó. As fadas eram muito contrabandeadas por causa de seus benefícios de cura. Muitas, em grande quantidade, e isso compensava a demora. “Se uma não está podendo curar mais, usamos a outra até podermos usar essa novamente”.

    Além disso, o pó não servia apenas como benefícios de cura. Também serviam como aromatizador e uma pequena fonte de luz temporária.

    Enfim, após ela pegar o mini copo, o colocou na região do coração de Dante, logo depois, colocando o ouvido na parte de trás do copo.

    — Uhum! Ótimo.

    — O que você está fazendo?

    — Checando se você não tem mais algum problema.

    Depois disso, ela voou até sua testa, encostando nela.

    — Parece que sua temperatura está normal, também. 

    Desceu novamente para frente dele.

    — Enfim, é isso. Irei chamar o novo líder. Ele queria falar com você quando acordasse.

    — Espera, novo líder?

    — Sim. Depois que Gradel morreu, Grond tomou o posto de seu pai.

    Isso era coisa de família. Depois que o pai de Gradel, avô do atual líder, morreu, o orc assumiu o cargo de seu pai naquela época.

    Não necessariamente precisava morrer para ser o próximo líder. Você também poderia renunciar o cargo ou abandonar por estar muito velho e se aposentar.

    Dante compreendeu isso, e se perguntou se deveria o tratar mais formalmente por causa disso.

    — Podem entrar! — disse a fada, da porta.

    Quem entraram ali foram Grond, Crim e o lagarto Joe, que ficou preocupado quando viu que seu amigo estava ferido.

    — Ei, Dante, você está bem? — disse Crim.

    — Sim, sim. Estou de boa na lagoa, tranquilo como esquilo.

    — Que bom! Mas o que é um esquilo?

    Joe foi até o garoto, e com sua grande língua, lambeu seu olho. Isso o fez se arrepiar e ficar paralisado, desejando que o lagarto nunca fizesse isso. Além de ter achado desconfortável, não conseguia mais deixar o olho lambido aberto com facilidade.

    — Obrigado… Joe…

    Dante olhou para o orc que estava com um olhar levemente preocupado.

    — Que bom que está bem, Danre. — Ele se virou para as pessoas que estavam al e disse: — Por favor, podem me dar espaço? Quero falar algo importante com ele.

    Elas assentiram, saindo do quarto, junto com o lagarto. Dante estava curioso quanto ao que o homem queria conversar com ele.

    Foi quando viu ele se agachando no chão, ficando de joelhos.

    — Eu lamento pela sua primeira noite em nossa aldeia ter sido tão ruim. Mas peço, não vá embora ainda, Dante! Os cidadãos daqui precisam de você para não voltarem a comer péssima comida.

    Dante ficou surpreso. A preocupação do orc fazia sentido. Ele pensou por qual motivo Dante ainda continuaria naquele local depois de ter recebido uma facada, após ter ajudado uma aldeia inteira.

    Se perguntou o que faria depois que o único cozinheiro for embora, sem ensinar seus ensinamentos para os moradores.

    Porém…

    — Não se preocupe quanto a isso. Não posso prejudicar uma aldeia inteira por causa da atitude de um cara. E se eu for embora, vai ser depois de ensinar algumas pessoas a cozinharem.

    Grond o olhou com alívio e felicidade nos olhos. Se levantou do chão e limpou a garganta.

    — Sendo assim, agradeço muito… Mas, tenho algo para te pedir.

    — Hã?

    —  Quando ficar descansado, participe do julgamento de Sullivan, o cara que te esfaqueou ontem.



    Enquanto isso acontecia, Angel ainda estava no meio do mar, deitada na jangada, enquanto o sol batia em sua cara.

    —  Que tédio…

    Ela levou a sua mão, de forma desanimada, até a cesta de peixe que fez. Pegando um peixe, que antes estava quente e crocante, frio e mole. Mordeu um pedaço.

    —  Ainda está gostoso, mas não como antes…

    Ela olhou para trás, e viu algo que a deixou animada.

    — Aquilo é uma praia?!

    Ela viu várias pessoas em  uma extensa área de areia. Tinha crianças brincando na água ou na areia e adultos curtindo com amigos ou outros familiares, desde conversar ou apenas relaxar.

    — Isso! Isso!

    A animação foi tanta que se levantou apenas para se jogar na jangada, o que a fez balançar.

    — Amigos, eu estou indo até vocês!


    Disse, levantando o braço e tampando a luz solar com a mão.

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