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    A aldeia o olhava enojado. Todos se perguntavam como ele poderia fazer algo tão horrível por causa de seu pensamento sobre os humanos, e ser egoísta ao ponto de condenar o vilarejo a voltar a comer comida ruim novamente.

    No fim, não importava se você era um ser humano ou um monstro, sempre existiam boas e más pessoas no meio, até mesmo pessoas egoístas, que era o que mais se encaixava com Sullivan nessa situação.

    Ele sempre protegeu a aldeia com todas as suas forças, junto de outros guardas. Porém, era um orc arrogante desde que se tornou braço direito do chefe anterior, e também uma pessoa egoísta.

    Sullivan era levado por dois guardas para fora do local. Ao seu lado, podia ver os moradores rejeitando suas ações e atitudes, e aquilo o fazia ranger os dentes.

    Por fim, chegou ao portão de entrada, onde nunca mais poderia entrar novamente.

    No lado de fora, havia duas maletas de madeira.

    — Nós vasculhamos sua casa e juntamos todas as suas roupas aí dentro. Os itens que foram lhe dado, como espada e armadura, que é propriedade desta aldeia, ficarão conosco — explicou um dos guardas.

    O homem andou em poucos passos para frente, olhando para cima em seguida. O sol estava à vista, e quanto mais olhava em sua direção, mais seus olhos queimavam, o forçando a fechá-los.

    — Sullivan, você foi um bom guarda e guerreiro. Sempre lutou pelo nosso povo e salvou os cidadãos desta aldeia. Porém, dessa vez você vacilou. E não foi um simples vacilo, foi um gigantesco — O outro guarda disse.

    Sullivan sentiu um nó em sua garganta, e um grande desgosto por tudo que estava acontecendo. Ele não achava isso justo e queria saber porque ninguém via seu ponto.

    — Humanos… são seres desprezíveis, que mereciam ser extintos… — falou, sem demonstrar nenhuma emoção em sua voz.

    Os dois guardas se olharam. Eles queriam ter o mínimo de esperança de que o homem mudasse seu pensamento, mas parecia que isso não iria acontecer tão cedo.

    — Nem todos os humanos são desprezíveis, assim como nem todos os monstros são seres bondosos. Você sabe muito bem disso.

    Por fim, os dois partiram, entrando de volta na aldeia e trancando o portão.

    Ao ouvir esse som do portão se fechando, viu que já não tinha mais nenhuma chance de retornar ao seu lar, falar com seus amigos e cortejar garotas. Caiu de joelhos no chão, e ficou de quatro enquanto via a grama. Seus dentes estavam rangendo, e, em seus olhos, surgiam lágrimas de raiva.

    — Merda, merda, merda, merda, merda, merda!

    Começou a socar o chão enquanto gritava, tentando direcionar a raiva que estava sentindo em algo.

    — Merda! Merda! Merda!

    Cada soco fazia sua mão doer. Estava socando tão forte, que gostas de sangue apareceram na grama. Depois de uns segundos, as gotas aumentam.

    — Merda!!!

    Deu um último soco, gritando tão forte que sentiu sua garganta doendo no processo.

    Se levantou do chão, vendo a mancha de sangue que fez na grama. Depois disso, virou para as costas de sua mão, onde só via arranhões e sangue.

    Virou-se para trás, vendo o portão e as muralhas impedindo sua passagem.

    — Me escutem aqui! Vocês são todos idiotas! Humanos não são confiáveis e vocês terão conhecimento disso uma hora ou outra! Seus merdas!

    E a sua resposta para isso foi… nada. Ninguém respondeu, e Sullivan nem tinha certeza se alguém conseguiu ouvir, mas esperava fortemente que sim. Ele queria que tivessem ouvido, para quando o dia em que o humano dentro deste lugar se revelasse como alguém perigoso, fossem chorando e implorarem ajuda.

    Para falar a verdade, ele recebeu sim uma resposta, mas não a que desejava. Apenas sentiu um líquido caindo sobre sua cabeça. Quando olhou para cima, viu que um monte de aves estavam voando. Tinha uma ideia do que aquele líquido se tratava, mas, além de querer fingir que isso não aconteceu, estava muito irritado para pensar demais nisso. A sua resposta para isso foi mostrar o dedo do meio para as aves que passaram voando.

    — Droga…

    Andou até suas malas e a pegou. Continuou, indo para frente, sem rumo algum. Só conseguia pensar nos orcs e naquele humano.

    “Quer saber de uma coisa? Eu vou ferrar com vocês… Todos vocês, seus ingratos!”

    Ele parou em uma árvore, olhando para a entrada da aldeia mais uma vez.

    “Vou fazer vocês terem um pequeno conflito com uma aldeia vizinha.”

    Tudo que mais queria naquele momento era vingança pela humilhação que sofreu: perdeu um dedo, foi eletrocutado, todos o julgaram e os desprezaram no momento de sua saída e foi o primeiro orc a ser exilado da aldeia, o que o fazia sentir que tornava a humilhação que sofreu cada vez pior.

    “E para você, humano, não pense que irá sobreviver da minha lâmina outra vez. Vai demorar, mas vou pensar em um plano para fazer sua vida virar em um verdadeiro inferno!”

    Sullivan estava determinado a isso. Não importava quanto fosse demorar, ele certamente daria um tratamento especial em Dante Katanabe.

    — Tá na hora, de me encontrar com as harpias.

    Já sabia o caminho que tomaria, e o conflito que causaria para os orcs.

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