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    Alguns momentos depois de Sullivan dar uma notícia falsa para a aldeia das harpias, Dante estava andando pelo vilarejo, junto de Grond e Crim. Andavam em direção onde foi feita a refeição do dia anterior.

    No caminho, não tinha ninguém em volta. Parecia que não existia nenhum ser vivo naquele lugar.

    O orc chamou os dois para o acompanhar. O jovem não sabia o motivo, mas a sereia já tinha consciência, e não era algo muito animador.

    — Grond, nós vamos fazer o quê mesmo? — o jovem perguntou.

    Logo depois do julgamento, todos que estavam na sala começaram a se retirar, como se estivessem apressados para prepararem alguma coisa. Isso só aumentava sua curiosidade.

    — Desculpa, eu não te falei ainda, né?

    — Não.

    — Estamos indo para o funeral de meu pai.

    Ao perceber o que estava prestes a acontecer, por algum motivo, se arrependeu de ter perguntado. Não sabia ao certo o porquê disso, talvez preferisse descobrir sozinho do que perguntar para o filho que perdeu o pai há algumas horas.

    — Depois que isso acabar, farei um monte de comida gostosa para todos — falou, tirando uma risada genuína do homem.

    A garota, que apenas observava, deu um leve sorriso. Preferia ver seu amigo rindo do que com uma cara triste.

    Os três chegaram no local do funeral. Uma enorme fogueira foi montada, mas não acesa, e, em sua volta, todos os cidadãos, orcs e fadas, daquela aldeia observavam pacientemente em distâncias seguras. Alguns estavam com olhares tristes e outros com olhares que demonstravam respeito.

    O corpo de Gradel estava por dentro daquele amontoado de madeira, só esperando para queimar e virar cinzas.

    Um orc cavaleiro estava segurando uma tocha, contendo o fogo para acender a fogueira. Ele o entregou para Grond, e o rapaz se aproximou do amontoado.

    Antes de acender, levou sua mão para dentro da fogueira e encostou na cabeça de seu pai.

    — Eu te amo. Espero que fique bem, onde esteja agora.

    Depois disso, se afastou, e jogou a tocha, ateando fogo, que se espalhou lentamente pelo restante das madeiras em volta, queimando devagar.

    Todos ao redor fecharam os olhos, juntaram as mãos,  fechando-as, e levaram-as até suas testas.

    Dante e Crim se olharam ao verem esse ato repentino, porém, optaram por fazer o mesmo, mesmo não sabendo para que aquilo. A única resposta que vieram em sua cabeça, era que estavam orando para o falecido ex-líder. Basicamente, fingiram orar, porque não tinham ideia do que estava acontecendo neste momento em específico.

    Basicamente, estavam desejando que ele encontre felicidade no outro lado da vida. Que seja feliz, e que encontre sua esposa.

    O fogo estava aumentando, e aos poucos carbonizava o corpo do homem.

    Pararam de desejar boa sorte para Gradel no pós vida, e ficaram observando seu corpo queimando. Mais uma vez, Dante e Crim apenas copiaram seus movimentos, para não ficarem para trás.

    Isso deixou todos minimamente perturbados, principalmente Grond.

    Em sua frente, via o corpo de seu pai sendo queimado, tocado por chamas e destruindo sua pele. Metade de seu rosto já havia sido carbonizado, dava para ver sua carne e seu olho.

    As chamas aumentaram ainda mais, e mal dava para ver com clareza o homem sendo queimado lá dentro, mas o processo foi lento. Primeiro a pele, depois a carne e o sangue, por fim chegar aos ossos.

    Esse era o funeral de um grande guerreiro orc, que foi conhecido por todo seu povo como alguém que se podia confiar, mesmo em momentos difíceis. Agora, tudo que restou, foi deixado para seu filho, e era ele que continuaria seu legado.

    Após alguns minutos, os moradores da aldeia começaram a se afastar, e voltar a sua rotina diária. O funeral já foi feito. Agora, era só questão de tempo até o fogo se dissipar sozinho.

    — Ei!

    Uma vozinha repentina chamou a atenção do orc. Olhou para os lados, e ainda tinha pessoas ao redor. Procurava o dono daquela voz.

    — Aqui em cima!

    Olhou pra cima, vendo uma fadinha segurando uma carta.

    Grond já viu ela antes, era a fada que entregava as mensagens da aldeia das harpias.

    — Filho do líder, tome! Entregue isso para seu pai!

    O que ela disse o fez travar por alguns segundos, mas logo pegou a carta.

    — É só isso!

    E ela foi embora, batendo suas asinhas para fora daquele lugar.

    O rapaz abriu a carta, e o conteúdo que estava escrito o fez travar novamente. Dante e Crim se aproximaram de Grond, querendo saber o que ele tinha recebido.

    — Grond, o que é… Hã?! — A garota também travou ao ler aquela carta.

    Dante, mais curioso ainda, observou a carta, mas não a conseguiu ler. Era uma linguagem usada pelos monstros, a qual ele não aprendeu, diferente da humana.

    — O que está escrito aí?

    — …Terei que sair agora, se não teremos problemas… — foi o que o homem respondeu para o garoto.

    Naquela carta, estava escrito: “Senhor Gradel, fomos informadas que você está querendo uma guerra contra nossa aldeia. Porém, o anúncio que recebemos foi muito suspeito, e parecia que tinha alguma coisa errada. Então, peço gentilmente que compareça até minha residência ou mande alguém para explicar a situação, caso seja um engano, é claro! Não queremos guerrear, mas revidaremos caso aconteça algum ataque. Se demorar mais de dois dias para alguém comparecer, vamos nos preparar para o que vier a seguir. Assinado: Aisha.”

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