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    “Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente.”

                  — William Shakespeare.


    Um homem encapuzado estava andando lentamente em direção a uma porta. Quando abriu ela, ele se encontrou em um enorme local, com várias cápsulas. Dentro das cápsulas, tinha um líquido vermelho bem parecido com sangue.

    O local era iluminado por vários lampiões que estavam atrás de pequenas paredes de vidro que ficavam nas laterais, e nas laterais do chão.

    O encapuzado continuou andando pelo local. Enquanto andava, ele viu um grande pedaço de metal que era possível abrir e fechar, bem parecido com um freezer.

    O rapaz olhou para o lado e viu uma quantidade considerável de troncos de madeira juntos, da mesma forma que geralmente ficava em acampamentos. Sobre essas madeiras, tinha uma viga de metal que era segurada por outras duas vigas metálicas.

    Ele também viu em uma mesa, um pote de madeira, tampado com uma tampa de mesmo material. Ao lado do objeto, tinha uma xícara.

    Depois de visualizar o local, o homem andou em direção ao compartimento e o abriu, e de lá foi retirado uma chaleira oval. O objeto de metal estava preenchido com água fresca. 

    Após isso, ele esfregou duas pedras uma na outra, fazendo uma faísca e, em seguida, uma fogueira. Depois disso, pendurou a chaleira na viga e, aos poucos, a água esquentava.

    O homem se levantou e foi em direção à mesa e, em seguida, abriu o pote. O encapuzado pegou um saquinho que tinha naquele objeto de madeira. Após isso, a água ferveu e o homem tirou a chaleira oval do fogo.

    Ele botou a água na xícara que tinha visto anteriormente, incluindo o saquinho. A água, aos poucos, se transformou em chá, e o homem bebeu. O homem botou a mão na boca e lágrimas saíram de seus olhos e deslizaram pelo seu rosto.

    “Não importa o que aconteça, eu irei trazer vocês de volta!”

    O homem pensou determinado e aflito, enquanto mordia os lábios, ao ponto deles saírem sangue. Durante isso, Dante estava ouvindo o que o demônio quadrúpede, Kaira, pensava sobre o seu mestre, que ironicamente era um humano.

    — Entendi. Bem, isso até explica o porquê dele estar sequestrando pessoas… mas mesmo assim, não dá para passar pano pra isso… mesmo ele ter sido persuadido — Dante disse enquanto se levantava do chão.

    — Eu não sei se ser persuadido a cometer algum crime reduz a pena. Talvez se o seu mestre admitir a pena… a pena pode ser reduzida… Aaaaah! Não sei! Não sou júri e nem policial!

    O garoto exclamou, se agachou e segurou com força a sua cabeça. De repente, ele sentiu a dor de uma mordida novamente. Dante gritou de dor e se virou para o lado, e viu o indivíduo que lhe mordeu.

    — Yuri! Por que você fez isso? — Dante pegou a raposa, e a botou em seu ombro.

    “Parando pra pensar… a Yuri não estava dentro do meu moletom quando eu caí? Estranho…”

    — Por falar nisso, garoto. Como você sobreviveu à uma altura dessas? — O demônio perguntou de forma preguiçosa e direta para Dante — Um humano certamente não sairia ileso dessa.

    “Bem… eu meio que não saí ileso…” Dante pensou.

    — E-Eu sou eu sabe? …E você? Um demônio consigiria cair dessa altura sem ao menos ganhar algum machucado?

    Kaira se levantou e mostrou a suas mãos. Dava para ver que elas estavam sujas de sangue.

    — Além de seu grupinho… ter pisoteado as minhas mãozinhas — O demônio comentou o evento que aconteceu há um tempo, de uma forma preguiçosa.

    — Ah… certo. — Dante sentiu uma certa pena do demônio, até porque ele realmente parecia não ter nenhuma intenção de atacar, mas a situação andou por um péssimo caminho.

    O garoto se afastou um pouco do demônio, e decidiu visualizar atentamente o local onde estava. Ele ligou a lanterna do celular. A besta demoníaca vendo isso, fez uma pergunta:

    — Que tipo de item mágico é esse que você está usando? Nunca vi nada parecido.

    Dante ficou paralisado com o que o demônio perguntou. “Como assim nunca tinha visto?” Dante perguntava para si mesmo, em sua mente.

    — Bem… isso é… Depois te explico.

    O demônio aceitou essa resposta de bom grado, e se deitou novamente, fechando seus olhos.

    “Alguns demônios não tem conhecimento em si sobre o mundo da onde você veio.” A Sabedoria relatou ao garoto, o deixando ainda mais confuso.

    “Por quê?”

    “Isso talvez seja pela influência do Rei Demônio. Talvez os demônios que residem aqui pensam que este local seja um mundo para eles, igual aos humanos.”

    Dante imediatamente se lembrou de quando tinha comentado que veio do Japão para Vergil, e o homem de idade não entendeu muito bem o que o garoto quis dizer.

    “Por falar nisso, percebi que você está evitando de chegar perto daquele demônio. Já não te disse que é seguro? Pode chegar perto dele.”

    “Sei não, viu? Acho que adquirir um trauma quando a gente fala de demônios… E, também, não estou muito convecido quanto à você… cê meio que me levou para a morte.”

    “Eu já pedir desculpas, não pedi?”

    Essa conversa estava acontecendo ao mesmo tempo em que o garoto iluminava aquela caverna escura e gelada, e via uma passagem mais à frente.

    “Mas algo me deixa curioso, esse tal de Rei demônio, ele realmente não é flor que se cheire?”

    “Bem, se estar se referindo ao Rei demônio que está fazendo guerras contra as deusas… eu diria que sim.”

    “Espera um pouco, o que você quis dizer com “ao Rei demônio que estava fazendo guerras”? Isso dá a entender que existe outros.”

    “Bem…”

    A frase da Sabedoria foi cortada pelo demônio que tinha se levantado e começado a andar em linha reta. Nesses passos que ele fez, acabou se aproximando de Dante. O garoto se afastou da besta demoníaca, com receio de que fosse lhe atacar.

    — Ei, garoto. Se quiser se encontrar com meu mestre, levarei você até ele — O demônio disse enquanto se deitava no chão, de um modo que ele servisse de cavalgadura — Suba nas minhas costas, serei sua montaria por enquanto.

    Dante ficou incrédulo com a situação que estava acontecendo à sua frente. O garoto ficou sem saber o que fazer. Até que ele decidiu perguntar o porquê daquilo.

    — Por que? Me diz o porquê de você está falando isso? — Kaira não disse nada, só olhou atentamente e com seriedade para Dante — E você está bem com o fato do pessoal que veio aqui querer prender o seu mestre?

    — …Não é algo que eu deveria me preocupar — Kaira respondeu preguiçosamente.

    Se for parar para pensar, em boa parte desse diálogo, o demônio falou de uma forma preguiçosa, claro que tinha vezes que não, mas isso mostrava o quão ele não estava preocupado com aquela situação.

    — Por quê?

    — …O mestre é um homem bondoso, ele já estava planejando se entregar quando isso tudo acabasse, independente de falhar ou não… E, pelo visto, as esperanças dele estão acabando, coitado.

    — Eu não sei dizer se você só está acobertado o seu master ou se ele realmente pretendia isso… Por falar nisso, você só me disse que o seu mestre está sendo persuadido a sequestrar mulheres e crianças, mas não me disse o porquê disso tudo.

    O demônio suspirou profundamente, e respondeu com um tom preguiçoso em sua voz:

    — Te explico no caminho. Então? Vai subir ou não vai?

    Era meio óbvio que Dante estava evitando ao máximo não se aproximar do demônio, mesmo tendo sido avisado algumas vezes que ele realmente não iria atacar e, aos olhos do garoto, o quadrúpede realmente parecia inofensivo. 

    Porém, o menino não tinha como ter tanta certeza, por isso, decidiu ser cauteloso.

    “Não se preocupe, Dante. Monte em cima dele.”

    “Sei não, viu? Isso não está me passando tanta confiança assim…”

    “Por favor, confie em mim desta vez. Não estou detectando nenhuma malícia vindo dele. Caso eu sinta algum sinal de ardileza, lhe avisarei o mais rápido possível.”

    O garoto também não tinha visto nenhum traço de malícia vindo dele.

    Dante ainda estava indeciso sobre qual decisão deveria tomar. Com uma montaria, ele chegaria bem mais rápido aonde queria, mas o problema é que o “cavalo”, na verdade, era um demônio.

    Contudo, seria bom para o garoto de fato montar na criatura demoníaca, isso pouparia esforços, além de saber mais sobre esse tal “mestre”.

    — Com licença? — disse o Dante, pois já tinha se decidido, ele iria confiar no demônio.

    O garoto montou em Kaira, e ele percebeu que os pelos daquele demônio eram fofinhos e cheirosos e, por algum motivo, isso lhe fez lembrar da sua escrava, Freya.

    “…Espero que a Alice esteja cuidando dela direitinho… Aquela súcubo é mais velha do que eu, espero que em mentalidade também.” Dante pensou receoso.

    — Tudo bem, demônio. Let’s go! E, por favor, me conte direitinho a história do seu mestre, pode ser? Quero entender tudo para não fazer cáca mais tarde.

    O demônio só acenou com a cabeça, sem responder o garoto. Yuri saiu do ombro de Dante, e foi para o seu local de costume, dentro do moletom do garoto.

    — Inclusive, acho que não me apresentei, Kaira, não é? Meu nome é Dante Katanabe. — O demônio acenou novamente para o garoto, e eles seguiram em partida.

    Nesse meio-tempo, o homem encapuzado já tinha acabado de beber a sua xícara de chá.

    — Ei, mestre. Percebi a presença de humanos aqui, e Kaira ainda não retornou. O que devo fazer?

    Uma voz que veio da escuridão se aproximava cada vez mais do homem encapuzado. Da escuridão, saiu mais uma besta demoníaca, mas diferente de Kaira, esse demônio não era um quadrúpede.

    — Você já sabe, Han.

    — Entendo, só não matar? Estou indo lá, mestre.

    — Certo.

    Após o demônio denominado de Han sair da sala, o homem se levantou da cadeira, e andou em direção à uma mesa, que de uma forma estava ligada às cápsulas. Nessa mesa, tinha alguns itens específicos lá, que parecia fazer as cápsulas funcionarem.

    — Hora de trabalhar — disse o homem enquanto se alongava.

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